A resposta do repórter de Veja

March 25, 2011
Carta aberta a Luis Nassif
Caro Luis Nassif,

Foi com profunda indignação que, alertado por amigos, li há pouco em seu blog uma nota intitulada “Considerações sobre a entrevista de Arruda a VEJA”, publicada às 10h16 de ontem, dia 24 de março de 2011. Esclareço que, ao contrário do que você escreveu, eu:

1)  Nunca estive “em processo de ruptura” com a VEJA. Minha saída da revista foi amigável – não por acaso, alguns de meus melhores amigos continuam por lá. Apenas aceitei um excelente convite profissional: ser editor de Brasil na revista ÉPOCA. Nada além disso;

2)  Nunca tive “conflitos pesados” com o chefe da sucursal de Brasília da revista VEJA, Policarpo Junior, jornalista com o qual tive o privilégio de trabalhar por cinco anos. Muito aprendi com esse profissional extraordinário, certamente um dos mais brilhantes em atividade no país;

3)  Subscrevo integralmente – cada letra, cada vírgula, cada pontuação – da matéria de capa “Caraca! Que dinheiro é esse?”, publicada na VEJA em setembro de 2010. Meu nome não foi “incluído” nessa matéria: eu assinei a reportagem porque a apurei exaustivamente e também a redigi, ao lado do jornalista Otávio Cabral, outro profissional de altíssimo nível e caráter irretocável. É, portanto, falsa a afirmação de que eu “comentei com amigos que a matéria foi inventada”. Nunca tive qualquer contato com você, não lhe conheço, mas, se tivesse sido procurado para esclarecer essa suposta informação – como, aliás, determinam as regras do bom jornalismo – , teria lhe dito isso prontamente; e

4) Nunca “pedi autorização” da revista VEJA para publicar na revista ÉPOCA uma entrevista com o ex-governador José Roberto Arruda. Essa afirmação não é somente falsa como carece do mínimo nexo lógico com a realidade do jornalismo. As circunstâncias de minhas entrevistas com Arruda estão detalhadas na edição desta semana da revista ÉPOCA;

Ressalto, por fim, que tenho orgulho de todas as matérias que produzi durante meus cinco anos como repórter de VEJA. Elas resultaram de um trabalho jornalístico intenso e rigoroso, que muitas vezes demandava meses de apuração e criteriosa checagem. Ou seja: todas – repito: todas – minhas matérias foram norteadas tanto pelo padrão exigente que me imponho desde que comecei nesta profissão, há dez anos, quanto pelos cautelosos critérios que caracterizam o jornalismo praticado pela revista VEJA.

Atenciosamente,

Diego Escosteguy

Comentário

1. A matéria foi produzida com base em depoimento de fonte muito próxima do repórter.

2. Mais inverossímil que as matérias assinadas é a história de que a revista Época contratou o repórter como Editor de Política mesmo sabendo que ele passará um ano nos Estados Unidos, com bolsa do  Instituto Milenium. É o primeiro caso, que me recordo, de contratação antecipada.

3. O repórter é tão convincente na sua resposta que atropela os próprios fatos recentíssimos. Fato 1: saiu da Veja. 2. Fato 2o site da revista publica a entrevista com Arruda sem mencionar fonte. Fato 3: na edição seguinte da Época, o recém-contratado publica duas páginas sobre a entrevista de Arruda.

4. Infelizmente o jornalismo dos últimos anos obriga a esse equilíbrio extraordinário entre a reputação e o mercado de trabalho.

5. O repórter poderia aproveitar a oportunidade e postar as gravações que, segundo ele, comprovariam a parte mais espetaculosa das denúncias que produziu. Não vou perder tempo mostrando os absurdos de várias matérias. Tenho para mim – com base em depoimentos de conhecidos de Diego – que é um repórter talentoso,  que poderá reconstituir sua carreira em bases éticas e profissionais, agora que mudou de veículo.

Luis Nassif

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