Marechal Deodoro Michel Temer da Fonseca – o presidente, por Sérgio Saraiva

Um golpe que nos fará retroagir ao final do século XIX.

Pedro II

“O povo assistiu àquilo bestializado, atônito, surpreso, sem conhecer o que significava”.

Algo que vem me espantando no atual golpe é a sua previsibilidade e a sua aparente inevitabilidade. Aguardamo-lo como quem aguarda o passamento de um parente em estado terminal. Nada há a fazer.

Não por acaso lembra-me a queda de Dom Pedro II e fim do 2º Império.

A história repete-se, já nos ensinou Marx.

A primeira vez como tragédia e a segunda como farsa. Mas, neste país insólito, estamos a assistir a repetição farsesca de outra farsa culminada em tragédia. A proclamação da República.

Em 1889, um golpe da plutocracia de então, que sempre se locupletara com benesses do poder, insatisfeita com a abolição da escravatura, pois abaixo um governo decrépito e também acusado de incapaz e corrupto.

Nada diferente de agora.

Basta retroagir a 2012 e às reuniões dos empresários com Dilma pedindo e levando de isenções fiscais e trabalhistas à redução no custo da energia elétrica. Os banqueiros indicando o Ministro da Fazenda. Hoje patrocinadores do golpe.

Os personagens estão aí postos.

Dom Pedro II estudava sânscrito às vésperas do golpe, Dilma pedala pela esplanada.

Ocioso comparar os dois Legislativos

Aí está a imprensa golpista mais uma vez, como esteve em todos os golpes anteriores no Brasil. Para não negar sua natureza de escorpião.

O Exército de então, hoje “cansado de guerra”, substituído pela Polícia Federal e pelo Ministério Público fazendo o papel da elite da burocracia governamental revoltada contra o governo.

O Supremo Tribunal Federal cá como lá jamais foi obstáculo para golpes.

Seriam todos os movimentos sociais não mais do que uma nova Guarda Negra, impotente como o a primeira para deter o golpe em marcha?

Irresistível – Kim Kataguiri e Silva Jardim? Haja farsa na história repetida.

A mesma “elite branca” e o mesmo medo-nojo dos libertos.

O povo assistiu àquilo bestializado, atônito, surpreso, sem conhecer o que significava.

Benjamin Constant seria Janot? Quem seria o mentor intelectual do golpe atual? O Floriano flutuaria entre Serra e Eduardo Cunha?

E Lula, Conselheiro Saraiva ou Silveira Martins?

E Rio Branco? E Joaquim Nabuco? Quem seriam hoje?

Analogias. Melhores seriam feitas pelo professor Andre Araujo. Que além de ter a cultura necessária, assistiu os dois eventos como testemunha ocular.

Mas a figura de Deodoro é reservada a Temer.

Temer não tem estatura para ser Deodoro. Deodoro era respeitado. Temer está mais para um Café Filho e o lixo da história. Mas representará o papel.

O apoiador que jurou fidelidade e trai o juramento para assumir o poder ainda que simbolicamente. O homem posto na presidência, sem legitimidade, sem voto e sem poder pessoal. E sem a confiança dos aliados de que resistirá. Um “a rogo”.

Deodoro era maior e igualmente não resistiu.

Ao golpe da proclamação da República, seguiu-se outro golpe, o de Floriano, e uma luta sangrenta pelo poder – massacres. Fortunas feitas no encilhamento. A primeira intervenção americana nos nossos assuntos internos e uma oligarquia que durou até 1930, quatro décadas condenando o país a ser um periférico exportador de commodities. A tragédia.

Que farsa teremos agora?

Em 2018 quem será Prudente de Moraes? Haverá um outro Getúlio?

Deodoro da Fonseca, perna fina e bunda seca.

Alguém já reparou na bunda do Michel Temer?

 

PS: a Oficina de Concertos Gerais e Poesia votou pelo regime republicano e presidencialista no plebiscito de 1993 e hoje apoia o Movimento Golpe Nunca Mais.

golpe nunca mais1

Redação

1 Comentário

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  1. Me desculpa amigo mais,o que

    Me desculpa amigo mais,o que aconteceu com D.Pedro II segundo foi um golpe,um golpe que a gente sofre os efeitos até hoje,desde que perdemos o nosso imperador esse pais esta em uma vertical para baixo.O que aconteceu com dilma foi um processo democratico de impeachment que o povo apoiou,e jamais compare dilma roussef uma terrorista que explodia bancos com D.pedro II o brasileiro que mais fez na historia desse Páis que dedicou a vida inteira sendo um lider que os brasileiros amavam e apoiavam e sem duvida ele amou esse páis mais do que qualquer coisa na vida dele.

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