Alckmin busca argumentos em vez de saídas para a água

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Jornal GGN – Alckmin continua na mesma ladainha da época de campanha pela reeleição ao governo do Estado de São Paulo.

Reportagem da Folha retrata bem o perfil administrativo de Alckmin. Ele só consegue olhar uma árvore de cada vez, sem nenhuma capacidade de enxergar a floresta.

Em vez de conduzir planos macro para enfrentar a crise, limita-se a perguntar sobre o consumo de alguns prédios estaduais  e a acompanhar o noticiário. Está literalmente travado, enquanto a crise vai se aprofundando.

A publicação evidencia a preocupação atual do governador ao instalar um aplicativo em seu celular que anuncia se existe ou não probabilidade de chuva, ou ainda quando cobra de seu subordinados esta ou aquela medida de economia. A campanha rumo a 2018 começou. Acompanhe.

da Folha

Em meio a críticas por crise hídrica, Alckmin parte para embate político

Para o governo, falta de água em outros Estados abre brecha para distribuir responsabilidades

Desfecho do problema pode determinar as chances de governador paulista concorrer à Presidência em 2018

DANIELA LIMA DE SÃO PAULO

Todos os dias o governador Geraldo Alckmin (PSDB) checa a previsão do tempo. No computador de seu gabinete e no tablet que carrega consigo, instalou um aplicativo que indica a possibilidade de chuvas em São Paulo.

Esse hábito é só mais um na rotina de verificações que o tucano implementou desde o acirramento da crise hídrica.

Ele avalia dados da Sabesp sobre as represas diariamente. Tem mapas com indicações de reservatórios e mananciais em sua sala e no material que leva para reuniões com subordinados e, não raro, afere, secretaria por secretaria, o consumo de água nos prédios da administração.

“Estou aqui com o governador e ele quer saber por que o gasto no Cidade 4 disparou”, disse, no ano passado, o então secretário de Planejamento, Júlio Semeghini, a um servidor. O Cidade 4 é um edifício no centro que abriga várias secretarias do Estado.

Ironicamente, a austeridade que exige da própria equipe no “dever de casa” reflete também, na avaliação de alguns aliados, a maior debilidade do tucano como gestor.

“Ele tem muito apreço pelo micro, controla com lupa esses pequenos indicadores. Mas demorou para encarar a situação no macro”, diz um ex-secretário. “Ele vê a árvore, mas tem dificuldade em enxergar a floresta”, resume.

A resistência em decretar um rodízio e em dimensionar o impacto que um agravamento pode ter na economia são parte das críticas. Há ainda a avaliação de que ele demorou a ver que era preciso, além do embate técnico, o político.

Em um ano, o nível do Cantareira caiu de 22,4% para 5,1% –apenas o segundo número inclui as duas cotas de volume morto já acionadas. Durante a campanha eleitoral, Alckmin negou a necessidade de racionamento.

“Pode até chover menos do que a média que ultrapassaremos o novo período seco. Temos as demais represas cheias, sistemas de substituição crescentes e há mais reserva técnica”, afirmou à Folha, em setembro. No dia 14, quando ele usou o termo racionamento para se referir à redução na captação de água, foi acusado de “estelionato eleitoral” por Alexandre Padilha (PT), rival na eleição.

‘GUERRA POLÍTICA’

Nesta semana, auxiliares viram uma “guinada” na estratégia de Alckmin, motivada por dois fatores: o sentimento de que estaria pagando sozinho por uma crise que considera nacional e o pronunciamento da presidente Dilma Rousseff na terça (27).

A petista disse que sua gestão “apoiou, apoia e apoiará” os “governos estaduais, responsáveis constitucionalmente pelo abastecimento”, frase decifrada como modo de jogar nos Estados todo o ônus.

Após a fala, Alckmin chamou seu vice, quatro secretários e um marqueteiro. “Há uma guerra, uma guerra política, uma guerra de comunicação e nós estamos perdendo”, disse, segundo relatos, o vice, Márcio França (PSB).

Do encontro saíram determinações: água é “questão estrutural para todo o governo”; escolas terão campanhas; a Sabesp lançará novas propagandas; a publicidade trará “prestação de contas” do que foi feito pelo governo.

Foram as primeiras medidas do que se chamou de reação à “saraivada da oposição e da imprensa”. Alckmin quer martelar a versão de que reagiu antes dos outros Estados.

Ele determinou que os secretários saiam em defesa das ações da gestão e pediu estudos que mostrem quanto o governo federal investiu em abastecimento no Sudeste. “Vamos nos antecipar aos ataques”, disse um auxiliar.

Para o governo, o fato de Rio, Minas e Espírito Santo também terem adotado medidas para conter o uso de água deu a São Paulo a chance de distribuir responsabilidades.

“Parece que o Pezão [governador do Rio] descobriu ontem que acabou a água. Onde é que estava a ANA [Agência Nacional de Águas] quando o Sudeste inteiro secava, e só São Paulo apanhava?”, diz um integrante do governo.

As acusações de que assistiu apático ao esvaziamento dos reservatórios são das que mais irritam o governador.

Alckmin já havia criticado a “politização da crise” na eleição. Boa parte da propaganda eleitoral de Dilma em 19 de outubro foi dedicada à falta de água no Estado como indicativo da incapacidade dos tucanos de planejar.

A preocupação com a crise, descrita como “obsessiva” por aliados, tem motivo: o desfecho determinará a estatura que Alckmin terá como presidenciável em 2018. Hoje, no PSDB, seu nome desponta ao lado de Aécio Neves (MG).

Se contornar a crise, pode sair maior do que entrou e desequilibrar a disputa interna. O insucesso terá efeito contrário. Alckmin está, agora, entre a árvore e a floresta.

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

17 Comentários

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  1. Nao eh crise!  Crise teria

    Nao eh crise!  Crise teria sido se ele tivesse feito seu trabalho como janela da Sabesp.  Nao fez.

    Sao Paulo nao esta em mera crise.  Sao Paulo esta enfrentando uma catastrofe.  Totalmente desnecessaria, exceto pelo governador e seu partido.

  2. “Todos os dias o governador

    “Todos os dias o governador Geraldo Alckmin (PSDB) checa a previsão do tempo. No computador de seu gabinete e no tablet que carrega consigo, instalou um aplicativo que indica a possibilidade de chuvas em São Paulo.”

    Ele está precisando aprender a tocar e carregar consigo é um “pau de chuva”.

    O pau de chuva não deve ser feito com papelão ou PVC, tem que ser de embaúba (preferencialmente) ou de bambu, sob pena de São Paulo continuar na seca severa em que se encontra.

  3. O GOLPE contra DILMA, a

    O GOLPE contra DILMA, a PETROBRAS e o BRASIL e o COLAPSO total de São Paulo, se aproximam em câmera lenta…

    “O BRASIL PARA TODOS não passa na REDE GLOBO DE SONEGAÇÂO & GOLPES – O que passa na REDE GLOBO DE SONEGAÇÃO & GOLPES é um braZil-Zil-Zil para TOLOS”

  4. Lição a ser aprendida

    “Após a fala, Alckmin chamou seu vice, quatro secretários e um marqueteiro. “Há uma guerra, uma guerra política, uma guerra de comunicação e nós estamos perdendo”, disse, segundo relatos, o vice, Márcio França (PSB).”

     

  5. Uma vantagem para o meio ambiente.

    Sabemos todos que uma das indústrias mais poluidoras é a indústria do papel.Com a falta de d’água em S.Paulo , sendo o estado mais populoso do Brasil,o papel higênico será produto desnecessário para a população paulista, será substituido por um bem mais econômico e sem poluição – o ESPANADOR!!!

    Viu? tudo tem seu lado positivo.

    Espanem-se a vontade!!!  Alkmin para o prêmio Nobel do  clima – quem poderia imaginar um combate tão significativo e genial como o de Alkmin e cia?

    Abrirei minha indústria em SAMPA – ESPANADOR COM DUPLA PENAS, O MAIS AGRADÁVEL.

    Pedro Luiz

  6. O gpvernador dos acionistas
    O governador dos acionistas da Secabesp não vai admitir que a privatização da empresa foi uma cagada e que a mesma deveria ser estatizada por 1 real já que não investiu seus lucros para ter a única coisa que fornece aos consumidores: Água.. Geraldinho Terraseca vai morrer fiel aos seus amigos.

  7. Tenho medo

    Que ele faça que nem o procurador argentino. Ao se ver sem saída de um imbrólio gigantesco busque a alternativa do diabo (apesar da formação).

  8. O Dr. Chuchu não passa de um

    O Dr. Chuchu não passa de um prefeitinho de cidadezinha do vale do paraíba, que por ironia da sorte teve a chance de se tornar vice governador do Mário Covas.

    Simples assim. Depois disso, falou o conservadorismo dos eleitores de São Paulo, anti-petistas até a medula.

    Não esquecer o Almirante do Tietê nesse imbroglio, que agora está vaticinando a deposição da presidenta. Deve saber de coisas…

    Tem razão o Maringoni – tem que processar essa cambada. 

  9. Reclamam de que?

    Geraldo,o enxuto,foi TRIELEITO com 70% dos votos,este pobre homem foi praticamente obrigado a aceitar ser governador de São Paulo.Tomara que não falte água na casa do Geraldo,coitada da Dona Lu!

  10. O governante age de acordo

    O governante age de acordo com os seus eleitores.

    Se os eleitores são combativos, fazem cobrança ao governo, o governo tende a ser pro-ativo.

    Caso contrário o governo não está nem aí.

    A atitude do Alkimin é compatível com os seus eleitores, que cegamente acreditam nele.

    E sem contar que ele ainda tem o apoio da mídia.

  11. Grandes frases, grandes (e pequenos) homens.

    Atribuem ao Presidente Washington Luís a frase “Governar é abrir estradas”. Eu atribuo ao Geraldo Alckmin a frase: “Administrar as águas de São Paulo e São Pedro é teclar no iPad Air 2”.

  12. Eh so ir até a janela e olhar para o céu

    “Alckmin parte para embate politico”. Alckmin parte para fazer o que mais saber fazer: politicagem. Como foi e é irresponsavel em relação à crise hidrica em seu Estado, vai sair atirando no governo federal. Ja deve ter ligado para o RJ e ES (o PMDB sempre foi um aliado natural do PSDB) para contar com o apoio deles, na hora em que começar o bla bla bla de que “o governo federal sabia e nada fez para ajudar São Paulo”. Não dira para ajudar ele, Alckmin, que nada fez, salvo consultar seus brinquedinhos para saber se “hoje vai chover”.

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