Fora de Pauta

O espaço para os temas livres e variados.

Luis Nassif

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  1. Saudades do bom futebol e do bom jornalismo

    do Conversa Afiada – 11/07/2014

     

    por Paulo Henrique Amorim

     

    Autor do imperdível “A vida quer é coragem”, uma biografia parcial de Dilma Rousseff, Ricardo Amaral nos oferece agora essa reflexão, na companhia de um mineiro que não fez do futebol um trapaça política …

    Por falar nisso, Aécio, por que voce não faz como o Drummond sugere e volta a trabalhar na segunda-feira, “que o ano já está na segunda metade” ?

    A partir do Scribd:

     

    SAUDADES DO BOM FUTEBOL E DO BOM JORNALISMO QUE NÃO EXISTEM MAIS

    Sou de uma geração privilegiada. Tínhamos o melhor futebol do mundo, e jornais que buscavam sintonia com a alma do país, na vitória e na derrota. Hoje não temos uma coisa nem outra. Basta comparar como os jornais brasileiros se comportaram em dois momentos de dor nacional: as derrotas da Seleção na Copa de 1982 e na de 2014.

    Jornalismo e sensibilidade na capa  do Jornal da Tarde em 82. Escárnio e grosseria nas capas de ontem:

    Em 82, fomos consolados pela crônica de Carlos Drummond de Andrade, elevada a capa de Esportes do Jornal Brasil e ilustrada por um Chico Caruso que não existe mais. Drummond lambia paternalmente as feridas de um país atônito, e nos convocava a retomar a vida:

    Ontem, na capa do UOL,rancor e xenofobia sem sentido contra a Argentina; resumo do incontido desejo de vingança contra a realização bem-sucedida da Copa no Brasil:

    Minha geração conheceu o JT, o JB e Telê. Não vou chorar.

    Aqui, a íntegra da crônica de Carlos Drummond de Andrade:

    Perder, Ganhar, Viver

    Vi gente chorando na rua, quando o juiz apitou o final do jogo perdido; vi homens e mulheres pisando com ódio os plásticos verde-amarelos que até minutos antes eram sagrados; vi bêbados inconsoláveis que já não sabiam por que não achavam consolo na bebida; vi rapazes e moças festejando a derrota para não deixarem de festejar qualquer coisa, pois seus corações estavam programados para a alegria; vi o técnico incansável e teimoso da Seleção xingado de bandido e queimado vivo sob a aparência de um boneco, enquanto o jogador que errara muitas vezes ao chutar em gol era declarado o último dos traidores da pátria; vi a notícia do suicida do Ceará e dos mortos do coração por motivo do fracasso esportivo; vi a dor dissolvida em uísque escocês da classe média alta e o surdo clamor de desespero dos pequeninos, pela mesma causa; vi o garotão mudar o gênero das palavras, acusando a mina de pé-fria; vi a decepção controlada do presidente, que se preparava, como torcedor número um do país, para viver o seu grande momento de euforia pessoal e nacional, depois de curtir tantas desilusões de governo; vi os candidatos do partido da situação aturdidos por um malogro que lhes roubava um trunfo poderoso para a campanha eleitoral; vi as oposições divididas, unificadas na mesma perplexidade diante da catástrofe que levará talvez o povo a se desencantar de tudo, inclusive das eleições; vi a aflição dos produtores e vendedores de bandeirinhas, flâmuIas e símbolos diversos do esperado e exigido título de campeões do mundo pela quarta vez, e já agora destinados à ironia do lixo; vi a tristeza dos varredores da limpeza pública e dos faxineiros de edifícios, removendo os destroços da esperança; vi tanta coisa, senti tanta coisa nas almas…

    Chego à conclusão de que a derrota, para a qual nunca estamos preparados, de tanto não a desejarmos nem a admitirmos previamente, é afinal instrumento de renovação da vida. Tanto quanto a vitória estabelece o jogo dialético que constitui o próprio modo de estar no mundo. Se uma sucessão de derrotas é arrasadora, também a sucessão constante de vitórias traz consigo o germe de apodrecimento das vontades, a languidez dos estados pós-voluptuosos, que inutiliza o indivíduo e a comunidade atuantes. Perder implica remoção de detritos: começar de novo.

    Certamente, fizemos tudo para ganhar esta caprichosa Copa do Mundo. Mas será suficiente fazer tudo, e exigir da sorte um resultado infalível? Não é mais sensato atribuir ao acaso, ao imponderável, até mesmo ao absurdo, um poder de transformação das coisas, capaz de anular os cálculos mais científicos? Se a Seleção fosse à Espanha, terra de castelos míticos, apenas para pegar o caneco e trazê-lo na mala, como propriedade exclusiva e inalienável do Brasil, que mérito haveria nisso? Na realidade, nós fomos lá pelo gosto do incerto, do difícil, da fantasia e do risco, e não para recolher um objeto roubado. A verdade é que não voltamos de mãos vazias porque não trouxemos a taça. Trouxemos alguma coisa boa e palpável, conquista do espírito de competição. Suplantamos quatro seleções igualmente ambiciosas e perdemos para a quinta. A Itália não tinha obrigação de perder para o nosso gênio futebolístico. Em peleja de igual para igual, a sorte não nos contemplou. Paciência, não vamos transformar em desastre nacional o que foi apenas uma experiência, como tantas outras, da volubilidade das coisas.

    Perdendo, após o emocionalismo das lágrimas, readquirimos ou adquirimos, na maioria das cabeças, o senso da moderação, do real contraditório, mas rico de possibilidades, a verdadeira dimensão da vida. Não somos invencíveis. Também não somos uns pobres diabos que jamais atingirão a grandeza, este valor tão relativo, com tendência a evaporar-se. Eu gostaria de passar a mão na cabeça de Telê Santana e de seus jogadores, reservas e reservas de reservas, como Roberto Dinamite, o viajante não utilizado, e dizer-lhes, com esse gesto, o que em palavras seria enfático e meio bobo. Mas o gesto vale por tudo, e bem o compreendemos em sua doçura solidária. Ora, o Telê! Ora, os atletas! Ora, a sorte! A Copa do Mundo de 82 acabou para nós, mas o mundo não acabou. Nem o Brasil, com suas dores e bens. E há um lindo sol lá fora, o sol de nós todos.

    E agora, amigos torcedores, que tal a gente começar a trabalhar, que o ano já está na segunda metade?

  2. Argentinos, em Copacabana, comemorando a derrota brasielira

    Pra quem tá torcendo pra Argentina… Aprendam a cantar junto com eles:

    Brasil decime que se siente / haber perdido de local / Te juro que aunque pasen los años / nunca nos vamos a olvidar / Que a Alemanha te goleó / Tu hinchada te silvo / Sin duda brasileiros sos cagon

    Brasil, me diz o que se sente / Ao ser derrotado em casa / Te juro que ainda que passem os anos / Nunca vamos nos esquecer / Que a Alemanha te goleou / Sua torcida te vaiou / Com certeza, brasileiro é um medroso.

     

    https://www.facebook.com/photo.php?v=10203397070346088&set=vb.1191788904&type=2&theater

     

  3.  Centro de Treinamento da

     

    Centro de Treinamento da Alemanha na cidade de Santa Cruz Cabrália-Bahia,construido com recursos próprios em cinco meses e agora doado a cidade para ser uma escola.

     

    Então, 6 meses atrás, os alemães chegaram e:
    – Compraram o terreno. 
    – Construíram um hotel. 
    – Construíram um centro de saúde. 
    – Fizeram um campo de futebol. 
    – Fizeram uma estrada para interligar o centro de treinamento. 
    – Não trouxeram funcionários alemães, contrataram as pessoas da cidade.
    Depois a seleção alemã chegou e:
    – Quando não estavam treinando, estavam socializando com as pessoas na cidade e na praia. 
    – Participaram de festas com a população.
    – Interagiram com os índios. 
    – Vestiram a camisa do time local (o Bahia).
    Sobre a vitória em cima da nossa seleção:
    – Combinaram no intervalo do jogo em diminuir o ritmo para não humilhar a seleção anfitriã.
    – Falaram que seus ídolos são os nossos jogadores do passado.
    – Pediram desculpas após a goleada. 
    – Estão postando nas redes sociais, mensagens de incentivo ao povo brasileiro e agradecendo a hospitalidade.
    E vão deixar tudo que construíram para a população da cidade.
     

    https://www.facebook.com/photo.php?fbid=10201270041911723&set=a.1141945727471.18011.1792301212&type=1&theater 

     

    1. Centro de Treinamento da Alemanha – Campo Bahia
      Alemanha vai deixar “legado” na Bahia: condomínio turístico e escola de hotelaria

      Dizem que o reduto da Alemanha no Brasil é espetacular

      Com 14 casas coletivas de dois andares com vista para o mar, 65 quartos, área de convivência e piscina de 700 metros quadrados, em aproximadamente 15 mil metros no litoral baiano, o Campo Bahia – atual centro de concentração da seleção alemã – vai virar empreendimento turístico após a Copa.

      Foi construído com o apoio do Grupo de Líderes Empresariais (Lide), presidido por João Dória Jr., em parceria com uma associação de empresários alemães. Foi concluído em apenas cinco meses de trabalho.

      Localizado na vila de Santo André, próximo a Porto Seguro, o Campo Bahia auxilia na gestão de resíduos sólidos, com suprimento de água potável, além de contribuir com tecnologia da informação para o desenvolvimento das escolas da região.

      Após a Copa do Mundo, o campo de treinamento será transformado em um empreendimento para o turismo brasileiro. Entre outros projetos, a ideia é que o estabelecimento integre uma escola internacional de hotelaria, que atraia investidores internacionais e visibilidade.

      Fonte: http://www.economyflat.com.br/noticias/alemanha-vai-deixar-legado-na-bahia-condominio-turistico-e-escola-de-hotelaria/

       

  4. Doe notas fiscais paulistas: os animais do Rancho agradecem!

    Você pode doar as notas pelo site

     nfp.fazenda.sp.gov.br 

    Nesse caso, elas devem estar COM o seu CPF.

    Ou enviá-las digitalizadas para o email [email protected]

    Nesse caso, elas devem estar SEM o seu CPF.

    No caso da doação via email, as notas de cada mês devem ser encaminhadas até o 5º dia útil do mês seguinte para que possam ser cadastradas. Por exemplo, as notas do mês de julho/2014 deverão ser enviadas por e-mail até 07/08.

    Qualquer consumidor, residente ou não no Estado de São Paulo, pode participar do programa e adquirir créditos em compras realizadas nos estabelecimentos comerciais paulistas, inclusive pela internet. Saiba mais sobre as doações.

    O Santuário Ecológico Rancho dos Gnomos é uma ONG, situada em Cotia-SP, que há mais de vinte anos abriga e protege animais silvestres e domésticos vítimas de maus-tratos, tráfico e abandono.

    O trabalho cuidadoso de recuperação e manutenção desses animais depende da ajuda dos que acreditam que eles merecem uma vida melhor, uma segunda chance.

    Sempre que possível, os animais são devolvidos à natureza. Quando isso não é viável, eles ficam abrigados no Santuário, recebendo cuidados específicos por toda a vida.

    Atualmente, o Rancho dos Gnomos abriga cerca de 320 animais (sendo 12 leões, 1 tigre-de-bengala, 1 onça-parda, macacos, veados-catingueiros, gatos-do-mato, jaguatiricas, bichos-preguiça, lontras, emas, mutuns, araras, papagaios, jabutis, cavalos, suínos, roedores, cães, gatos e diversos outros animais). Conheça o site do Rancho.

    Os animais do Rancho dos Gnomos precisam da sua ajuda! Colabore. Divulgue. Participe.

  5. Crônica de Drummond sobre derrota na Copa de 82

    Do Jornal do Brasil de 7 de julho de 1982:

    Perder, Ganhar, Viver 

    Vi gente chorando na rua, quando o juiz apitou o final do jogo perdido; vi homens e mulheres pisando com ódio os plásticos verde-amarelos que até minutos antes eram sagrados; vi bêbados inconsoláveis que já não sabiam por que não achavam consolo na bebida; vi rapazes e moças festejando a derrota para não deixarem de festejar qualquer coisa, pois seus corações estavam programados para a alegria; vi o técnico incansável e teimoso da Seleção xingado de bandido e queimado vivo sob a aparência de um boneco, enquanto o jogador que errara muitas vezes ao chutar em gol era declarado o último dos traidores da pátria; vi a notícia do suicida do Ceará e dos mortos do coração por motivo do fracasso esportivo; vi a dor dissolvida em uísque escocês da classe média alta e o surdo clamor de desespero dos pequeninos, pela mesma causa; vi o garotão mudar o gênero das palavras, acusando a mina de pé-fria; vi a decepção controlada do presidente, que se preparava, como torcedor número um do país, para viver o seu grande momento de euforia pessoal e nacional, depois de curtir tantas desilusões de governo; vi os candidatos do partido da situação aturdidos por um malogro que lhes roubava um trunfo poderoso para a campanha eleitoral; vi as oposições divididas, unificadas na mesma perplexidade diante da catástrofe que levará talvez o povo a se desencantar de tudo, inclusive das eleições; vi a aflição dos produtores e vendedores de bandeirinhas, flâmuIas e símbolos diversos do esperado e exigido título de campeões do mundo pela quarta vez, e já agora destinados à ironia do lixo; vi a tristeza dos varredores da limpeza pública e dos faxineiros de edifícios, removendo os destroços da esperança; vi tanta coisa, senti tanta coisa nas almas…

    Chego à conclusão de que a derrota, para a qual nunca estamos preparados, de tanto não a desejarmos nem a admitirmos previamente, é afinal instrumento de renovação da vida. Tanto quanto a vitória estabelece o jogo dialético que constitui o próprio modo de estar no mundo. Se uma sucessão de derrotas é arrasadora, também a sucessão constante de vitórias traz consigo o germe de apodrecimento das vontades, a languidez dos estados pós-voluptuosos, que inutiliza o indivíduo e a comunidade atuantes. Perder implica remoção de detritos: começar de novo.

    Certamente, fizemos tudo para ganhar esta caprichosa Copa do Mundo. Mas será suficiente fazer tudo, e exigir da sorte um resultado infalível? Não é mais sensato atribuir ao acaso, ao imponderável, até mesmo ao absurdo, um poder de transformação das coisas, capaz de anular os cálculos mais científicos? Se a Seleção fosse à Espanha, terra de castelos míticos, apenas para pegar o caneco e trazê-lo na mala, como propriedade exclusiva e inalienável do Brasil, que mérito haveria nisso? Na realidade, nós fomos lá pelo gosto do incerto, do difícil, da fantasia e do risco, e não para recolher um objeto roubado. A verdade é que não voltamos de mãos vazias porque não trouxemos a taça. Trouxemos alguma coisa boa e palpável, conquista do espírito de competição. Suplantamos quatro seleções igualmente ambiciosas e perdemos para a quinta. A Itália não tinha obrigação de perder para o nosso gênio futebolístico. Em peleja de igual para igual, a sorte não nos contemplou. Paciência, não vamos transformar em desastre nacional o que foi apenas uma experiência, como tantas outras, da volubilidade das coisas.

    Perdendo, após o emocionalismo das lágrimas, readquirimos ou adquirimos, na maioria das cabeças, o senso da moderação, do real contraditório, mas rico de possibilidades, a verdadeira dimensão da vida. Não somos invencíveis. Também não somos uns pobres diabos que jamais atingirão a grandeza, este valor tão relativo, com tendência a evaporar-se. Eu gostaria de passar a mão na cabeça de Telê Santana e de seus jogadores, reservas e reservas de reservas, como Roberto Dinamite, o viajante não utilizado, e dizer-lhes, com esse gesto, o que em palavras seria enfático e meio bobo. Mas o gesto vale por tudo, e bem o compreendemos em sua doçura solidária. Ora, o Telê! Ora, os atletas! Ora, a sorte! A Copa do Mundo de 82 acabou para nós, mas o mundo não acabou. Nem o Brasil, com suas dores e bens. E há um lindo sol lá fora, o sol de nós todos.

    E agora, amigos torcedores, que tal a gente começar a trabalhar, que o ano já está na segunda metade?

  6. O Discurso do Medo e a Oposição Brasileira

    Em 1945, após o término da Segunda Guerra Mundial, o então Primeiro Ministro britânico Winston Churchill, representante do Partido Conservador, que havia conduzido a Inglaterra à vitória contra a Alemanha proferiu um discurso às vésperas das eleições . Ao invés de expor suas propostas de governo, resolveu transformar seu discurso em um ataque ao Partido Trabalhista incitando o medo perante o povo inglês. Alguns trechos do seu discurso:

    “Meus amigos, a política socialista do Partido Trabalhista é abominável para os nossos ideais de liberdade… Não existe a menor dúvida que o socialismo está intimamente ligado ao totalitarismo e ao abjeto louvor ao estado… 
    Para eles é necessário que haja um Estado ao qual todos sejam obedientes em todos os atos de suas vidas. 
    Um estado socialista, uma vez completo, com todos os seus detalhes e sob todos os aspectos não é capaz de tolerar oposição… Porém ouso dizer mais ainda…que nenhum sistema socialista pode ser estabelecido sem uma polícia política, uma espécie de GESTAPO (polícia política nazista).”

    As mesmas táticas intimidatórias persistem ainda hoje na política atrasada da oposição brasileira, basta reparar nos comentários conservadores que temos visto proferidos pela nossa imprensa de direita e que tem contaminado nossas redes sociais.

    Sua fala acabou se revelando um tiro em seu próprio pé. O povo inglês não caiu no seu discurso do medo e naquele ano o Partido Trabalhista inglês conquistou 393 assentos enquanto que o Partido Conservador ficou com 210.

     

  7. João Sem Medo Saldanha

                          

                                                 João Alves Jobin Saldanha

                            (Alegrete, 3 de julho de 1917 — Roma, 12 de julho de 1990) 

    Misturando ficção e realidade, o jornalista Gustavo Grohmann apresenta uma crônica que conta um pouco da trajetória de João Saldanha, um marco no jornalismo nacional.

    Do Terceiro Tempo, blog do Milton Neves

    João Alves Jobim Saldanha foi um dos melhores jornalistas que o Brasil já produziu. Audacioso, crítico, astuto, João foi um marco no jornalismo brasileiro, principalmente com suas fantásticas histórias. Se verdade ou não, era apenas um detalhe.

    Certo dia, no ano de 1976, estava na redação do Jornal do Brasil. Na época, apenas um foca, seguia de pertinho os passos do botafoguense fanático Roberto Porto. João Máximo, então editor do JB, me chamou em sua sala e pediu pra que entregasse a Roberto Porto uma pauta sobre o Botafogo. Porto deveria fazer uma espécie de funéreo da sede do Botafogo, de General Severiano, vendida à Vale do Rio Doce. Lembro-me que o título da matéria era “Botafogo vende sua história a metro quadrado?. Roberto Porto me confidenciou que acha, até hoje, um dos melhores títulos já pensados por ele.

    Porto investigou, pegou informações aqui e ali, ligou para o pessoal do Botafogo, e mergulhou em seu texto. Lá pelas tantas, João Saldanha chegou ao lado de Porto e com a curiosidade que lhe era peculiar, soltou: “O que é que você está escrevendo tão absorvido??. Eu, menino novo, resolvi poupar Porto da resposta e expliquei toda a pauta, tim-tim por tim-tim. Foi então que Saldanha, fazendo um gesto espalhafatoso com as mãos, interrompeu as dedilhadas de Roberto Porto e, olhando em nossos olhos, falou: “Pois vou lhes contar uma coisa que vocês não sabem. Em 1912, quando o Botafogo recebeu o terreno por aforamento do Ministério da Saúde, um português que consertava carruagens e tílburis, tinha um barraco no meio do terreno, e de lá, não queria sair. Eu então, chamei uma rapaziada (nisso, virou-se para Sandro Moreyra, também jornalista do JB, como para confirmar a história), inclusive o Sandro, e à noite fomos lá e tacamos fogo no barraco. Só assim, o português deu no pé?.

    Após o relato, João se despediu e saiu. Eu e Roberto Porto nos entreolhamos, com uma única indagação, mas que não se fazia necessária: “Será que é verdade, ou é mais uma história de Saldanha??. Foi então que Sandro Moreyra, curioso sobre o assunto chegou perto e perguntou: “O que é que João contou a vocês e me fez confirmar??. Explicamos toda a situação e Sandro respondeu para Roberto Porto: “É melhor você não colocar isso aí. O João nasceu em 1917, e eu, em 1919. Ele disse que isso aconteceu em 1912, portanto…?.

    Depois da confissão de Sandro, Roberto Porto, logicamente, não escreveu nada sobre isso. E mais uma das fantásticas histórias de João Saldanha, passaria em branco… pelo menos, até agora.

    Esse era João Saldanha. Jornalista, crítico de arte, gastrônomo, crítico de cinema, enólogo, técnico de futebol… sobretudo, um excelente contador de histórias. Pra falar a verdade, não era necessária tanta criatividade. Sua vida era uma verdadeira história, mesclando ficção e realidade, causando sempre uma polêmica. E tudo começou muito cedo, logo com seu nascimento.

    O início

    João “decidiu? nascer em 3 de julho de 1917, em Alegrete, Rio Grande do Sul. Na verdade, seu primeiro registro de nascimento é uruguaio, na cidade de Taquarembo. Na época, o casal de maragatos federalistas Gaspar Saldanha e Jenny Jobim Saldanha, estavam exilados no Uruguai e registraram seu terceiro filho em terras estrangeiras. Ao completar 18 anos, João fez um novo registro de nascimento, tornando-se brasileiro e gaúcho por opção. Isso tudo graças à disputa entre os maragatos federalistas e os chimangos republicanos na Guerra Civil do Rio Grande do Sul.

    Por fazer parte de uma família de maragatos, que lutavam contra os chimangos, e contra Antônio Augusto Borges de Medeiros, presidente do Rio Grande do Sul no início do século passado, João é personagem da história brasileira desde criança. Em uma passagem do livro João Saldanha, do jornalista João Máximo, isso fica claro:

    “Toda a família Saldanha estava envolvida, de uma forma ou de outra, na beligerância entre chimangos e maragatos. João tinha apenas seis anos quando, com os irmãos mais velhos Maria e Aristides, andou trazendo armas e munições para os revoltosos, escondendo-as sob a roupa aparentemente inocente de criança. Os irmãos mais novos, Ione e Elza, ainda eram muito pequenos para se entregarem as mesmas estripulias, mas ainda assim, não ficavam totalmente imunes aos efeitos da guerra?.

    Continua aqui 

    Leia mais em:

    Wikipédia

    A confusão entre João Saldanha e o goleiro Manga 

    As despesas de um jogo no Maracanã, por João Saldanha

    12 de julho de 1990 – Morre João Saldanha

    Documentário João Saldanha 

    Entrevista para Geneton Moraes Neto

    João Saldanha: ditadura tem relação com demissão do técnico que montou seleção do tri 

    A modernização do futebol na crônica esportiva de João Saldanha na Copa do Mundo de 1962 

    Por que estádio João Saldanha? 

    Saldanha e os seis a zero 

    O sabe-tudo, por Sérgio Cabral

    Três histórias de João Saldanha

    Troca de nome do Engenhão para Estádio João Saldanha mobiliza o futebol do Rio 

    Livros e trabalhos acadêmicos:

    Com a taça nas mãos: sociedade, Copa do Mundo e ditadura no Brasil e na Argentina, por Lívia Gonçalves Magalhães. Tese de doutorado, UFF

    As feras de João Saldanha: o João Sem-Medo, por suas mulheres, por Thereza Bulhões 

    Futebol e outras histórias, de João Saldanha 

    Histórias do futebol, de João Saldanha 

    João Saldanha, uma vida em jogo, de André Iki Siqueira 

    Quem derrubou João Saldanha, de Carlos Ferreira Vilarinho

    Sobre nuvens de fantasia, de João Máximo 

    Vida que segue: João Saldanha e as copas de 1966 e 1970, organização de Raul Millet  

    Prêmios: 

    Troféu João Saldanha

    Taça João Saldanha

      Vídeos:                  

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    [video:https://www.youtube.com/watch?v=SPDYO49-o5g%5D

                            

                                                                                  

                                                                                                                                                                                          

                             

     

  8. Sobre os 7 X 1, nossa seleção, nosso sentimento…

    Sobre os 7 X 1, nossa seleção, nosso sentimento…

    Vi muitos bons textos sobre esse jogo, nenhum tocando num aspecto essencial do significado da vergonhosa derrota para a alma do povo brasileiro.

    Assisti ao jogo no apartamento de meu irmão, e por acaso, quando a Alemanha marcou os quatro gols em seguida, eu estava vendo o jogo da varanda da sala, para onde tinha ido fumar, a porta de vidro fechada devido ao frio, portanto eu só via os gols, não ouvia nada, e via o rosto de espanto e horror, de minha mulher, minha cunhada, meus filhos e sobrinhos, meu irmão ao meu lado, a princípio calado como eu, depois murmurando frases do tipo: “o que é isso? eu nunca vi isso em minha vida….” – nós dois atônitos, como, acredito, a maioria dos brasileiros.

    Lembro nitidamente, apesar da ausência absoluta de sentimentos ou pensamentos muito intensos, do enorme vazio que senti, principalmente no quarto gol, que parecia um replay do terceiro, que parecia um replay do segundo, apesar das diferenças, pela semelhança na facilidade, na impotência, como alguém descreveu, não me recordo qual autor: “parecia um bêbado apanhando, indefeso, na rua…”

    Foi isso o que mais me incomodou, percebo hoje: uma pena danada do que me pareceu uma impotência absoluta, daqueles onze jogadores, sendo surrados em campo, como bêbados, como crianças jogando contra homens, e aqueles eram os representantes do nosso futebol, a famosa e temível, historicamente falando, seleção brasileira! A segunda sensação que me veio, atrelada à primeira, foi vergonha! Por mim, por cada brasileiro que estava vendo aquilo, de novo pelos jogadores, pela comissão técnica, apesar da raiva embutida pela responsabilidade deles, vergonha aliada a um medo horrível que me dominou, daquilo não parar nunca, de virar dez a zero, do pesadelo não terminar…

    Os primeiros jornalistas e entrevistados que vi na TV falando após o jogo, usaram três palavras semelhantes para explicar o que estavam sentindo: “perplexo” “anestesiado” “catatônico” – interessante, que não ouvi de ninguém a palavra envergonhado, ou sofrido, não havia dor, não havia espaço para dor naquele instante, e por isso, por ter sido muito pior que a final de 50 ou a eliminação de 82, nós, que achávamos que “tínhamos sofrido tudo o que havia de pior no futebol”, de repente, víamos ali, na nossa casa, que não, que “o buraco era mais embaixo”, que pior que uma derrota sofrida, é a derrota impotente, é a surra inevitável, que atropela a gente (a seleção é nossa, é brasileira…) como um caminhão. O gosto é pior que o da dor, do sofrer, porque a dor tem luto, a catatonia é o vazio, o nada…

    Sei que somos um país em mutação, que o futebol não é mais “a paixão nacional absoluta” como era até uns anos atrás… Mas ainda temos, como povo, como nação, o futebol como uma identidade cultural, esportiva, fortíssima em nossa sociedade. É como o samba para o povo das comunidades do Rio, pode perguntar a um mangueirense de nascença, se algo é mais importante e sagrado para ele que o verde e rosa da sua amada Mangueira… Ele vai sorrir, com toda a sua alma e responder um cristalino: “claro que não!!! A Mangueira é tudo prá nós!!!”

    Talvez por, como bem ensinou Nelson Rodrigues, termos o famoso complexo de “vira-latas”, o futebol era (e ainda é!!!) tão importante para nós! Ora, que diabos!!! Tínhamos (temos!!!) que ser bons, maravilhosos em alguma coisa, todo povo é…. No século passado, criamos, alimentamos, amamos, vivenciamos esse mito, essa crença, esse valor, virou raiz nossa, ser “o país do futebol”…

    Quem mais teve Pelé e Garrincha, e logo depois, Zico, Falcão, Sócrates, e não satisfeitos, logo depois, Romário, Bebeto, Ronaldinho Gaúcho, Ronaldo Fenômeno, esses caras eram, são, os “nossos heróis”, nossa alegria, o “Brasil que deu certo”, o Brasil que “é melhor que todos os outros, digam o que disserem…”

    Então, depois de tantas glórias em mais de meio século de um fabuloso futebol, um único futebol de tantos gênios, como nenhum país sequer chegou perto na quantidade e variedade brasileiras, e agora, com o cracaço Neymar a mostrar ao mundo nossa ginga única, a esperança voltando aos poucos, na nossa casa, uma copa linda, linda!…… levamos a maior surra em cem anos, assim, de surpresa, quatro gols em seis minutos, nossos onze heróis, nossos onze representantes, (a)batidos de um modo que nunca havíamos visto mesmo em peladas de várzea!

    Não há explicação racional para um acontecimento tão bizarro e catastrófico, mesmo se levarmos em conta todos os erros cometidos pela dupla Felipão / Parreira, na convocação, e na escalação específica para esse jogo, era para perder, é claro, mas nunca por esse placar, nunca do modo que foi…

    Vai passar, como tudo passa, mas eu não me furto de pensar, sentir e dizer nesse texto, que não poderia ser diferente nosso sentir, ao menos, dos brasileiros que se identificavam e ainda se identificam, com o futebol, como sendo uma parte essencial da cultura do nosso país: estamos anestesiados, catatônicos e sofridos! Aquilo que elegemos por décadas como uma área especialmente querida e NOSSA, de excelência, na nossa casa, sofreu a derrota mais vergonhosa.

    Logo mais, vou torcer muito para que os que entrarem em capo comecem a “dar a volta por cima”, esquecerem o quanto puderem a dor, a anestesia, e honrarem a camisa que tanta glória esportiva, alegria, identidade trouxeram ao nosso país.

    No lado pragmático, torcer muito, muito, para que a derrota acachapante sirva como um marco de renovação, de saneamento, numa estrutura corrompida, corrupta e falida, chamada CBF. Tínhamos e temos futebol suficiente para jogar de igual para igual com qualquer seleção. Se os graves erros cometidos nos últimos vinte, trinta anos, forem sanados.

    Quem sabe, deixamos de ser o “país do futebol”, o que pode até ser saudável, mas podemos continuar sendo o país do melhor futebol do mundo!

    (eduardo ramos)

  9. Lei da mídia democrática

    Um vídeo didático mostra a necessidade de uma lei de medios ou, como o vídeo classifica, de uma lei da mídia democrática. Propõe a divisão do espectro eletromagnético em três sistemas de comunicação diferentes: estatal, público e privado. Acesse   http://youtu.be/DtKIGlW-QDE  e veja como a mensagem ficou palatável.

    Eu apoio esta ideia. Sem a democratização dos meios de comunicação nós sempre vamos levar de 7 a 1.

  10. A derrota do Imbecil

    A derrota do Imbecil Conectado
     

    A Copa do Mundo, como diz o clichê, desperta paixões. Todos os personagens inusitados saem da toca. O mais comum, em tempos de redes sociais, é o Imbecil Conectado, primo do Idiota Tecnológico, amigo do Patriota Aposentado de Chuteiras Novas, vizinho do Cretino Esportivo. Em algum momento, todos viveram em Palomas. Depois, ganharam o mundo. Obviamente que nem todo imbecil é conectado e nem todo conectado é imbecil. O mesmo vale para o Idiota Tecnológico.

    O Imbecil Conectado é aquele cara que, com muitos fakes, contamina a rede com suas manifestações de “moralina, o moralismo barato, e de senso comum:

    – Nenhum político presta – é a sua tese preferida e proferida.

    O Idiota Tecnológico é do bem. Crê no futuro do homem:

    – É só melhorar a conexão da internet.

    Já o Patriota Aposentado de Chuteiras Novas é um caso especial.

    Afastado da vida ativa, usa chuteiras em vez de pantufas quentes.

    – Não jogo, mas fiscalizo – repete todos os dias.

    O Cretino Esportivo não leva coisa alguma na esportiva.

    Sempre que alguma opinião não coincide com a dele, dispara o seu bordão:

    – A instituição futebol merece mais respeito.

    O Imbecil Conectado é o mais ativo desses personagens. As redes sociais são o seu universo. Nelas, ele defende o descumprimento das leis em nome do combate à impunidade. Neste mês de Copa do Mundo o Imbecil Conectado não perdeu uma só bola. Em caso de divergência, ele não tem a menor dúvida.

    Responde com a certeza dos que não sabem:

    – Quem fala assim só pode não ter visto os jogos.

    Radical, ele defende a moderação e faz a alegria dos internautas. Quando uma opinião coincide com a dele, elogia:

    – Parabéns pela opinião isenta.

    Quando a opinião contradiz a dele, parte para o ataque:

    – A sua obrigação como formador de opinião é ser imparcial.

    O Imbecil Conectado viu o jogo do Brasil contra a Alemanha de fraldão. O Idiota Tecnológico deu no pé. O Patriota Aposentado de Chuteiras Novas curte mesmo é o hino à capela. Enquanto o Brasil estrebuchava em campo, foi lustrar as botinas. O Cretino Esportivo burilou durante o jogo o seu discurso para explicar o vexame:

    – A instituição futebol está acima dos resultados.

    Esses personagens não estão imunes às ideologias. Depois de sofrer na frente da televisão, no aconchego da família, o Imbecil Conectado resolveu tirar a sua casquinha de sempre nas redes sociais:

    – Eu já sabia!

    Sabia coisa nenhuma. Estava dividido. Queria ganhar por patriotismo e instinto. Queria perder por cálculo político. Enxugando as lágrimas da derrota acachapante para os alemães, disparou:

    – Deu para eles!

    Eles quem?

    O Imbecil Conectado não diz. Cada um que tire as suas conclusões. Fazendo pose de vidente, dá a sua lição de moral:

    – Essa derrota vai nos servir de lição.

    Depois de alguns segundos de reflexão, ele complementa:

    – A gente aprender com a dor.

    http://www.correiodopovo.com.br/blogs/juremirmachado/?p=6165

  11. Os Homoafetivos de hoje e as

    Os Homoafetivos de hoje e as Bichas de ontem… (por Célio Golin)

    Neste artigo pretendo problematizar a forma como o “mundo gay” vivencia sua sexualidade atualmente em comparação com o modo de vida dos homossexuais (termo usado na época) das décadas de 60, 70 e 80. O desafio consiste em evidenciar essas diferenciações, traçar um paralelo entre homossexualidade e estigma social, levantando a questão da (sobre)vivência na margem¹ da sociedade.

    Conversando com gays que viveram intensamente as décadas de 60, 70, 80 em Porto Alegre, um discurso recorrente nestes personagens é de que naquela época era muito mais prazeroso viver a homossexualidade. Dizem que era fácil e até romântico conhecer garotos que circulavam por locais “específicos”, onde o centro da cidade era território do todos, inclusive o Cais da Mauá com seus estivadores, e sem aquele muro horrendo era local de encontros e flertes. Não havia motéis que aceitavam dois homens e eram poucas as opções para encontros íntimos, mas as festas aconteciam sempre na casa de alguma amiga. Umas mais atinadas e com acues (dinheiro) tinham AP no centro para este fim, ou seja, fazer festas e orgias. A clandestinidade exigia que estes sujeitos tivessem seus alvos bem mais delimitados e certeiros dentro da arquitetura social da cidade e usando os códigos de caça da época.

    Sabemos também que naquelas décadas o preconceito era muito maior e a exclusão também, e aí poderíamos pensar que ante esta afirmação, teríamos uma contradição em relação às declarações das bichas que falam com saudade e até nostalgia daquela época. Pois é, isto nos remete a pensar de como aqueles homossexuais puderam, mesmo numa maior clandestinidade e margem, encontrar arranjos e desfrutar desta situação. Na realidade a clandestinidade fazia com que a sociedade invisibilizasse estes sujeitos, o que os tornavam anônimos nos espaços públicos. Somente eles e seus pares sabiam o que estava acontecendo e é neste cenário que as histórias aconteciam.

    A necessidade de busca de realização de nossos desejos e impulsos sexuais fazem com que tenhamos múltiplas estratégias de sobrevivência. Isto é atemporal, está em todos os momentos históricos. Buscar esta realização e negociá-la com nossas condições morais, existências, medos, nos coloca em situações extremamente desafiadoras. A margem não necessariamente é fator de limitação de nossos desejos, até em muitos casos, pode ser um fator de excitação e de enriquecimento de nossa condição existencial. Talvez, seja por isto que a grande maioria da bichas que viveram as décadas passadas, tavez de forma inconsciente tenham tanta certeza em suas afirmações de que naquele contexto era melhor viver a sua sexualidade.

    Relatam que na época os rapazes, entre eles, muitos que serviam o quartel na Andradas, vinham até a Praça da Alfândega que na época era referencia social na cidade e ali em bares já mapeados se encontravam com as bichas, bebiam, jogavam conversa fora e depois saiam para encontros em locais mais íntimos. Contam as bichas mais tiranas que os bofes tinham namoradas, mas que não podiam transar com elas devido às regras morais da época. Isto fazia com que eles estivessem mais a disposição para encontros sexuais. Também relatam que davam algum presente pros bofes. É claro que estes presentes não significava somente um agrado, mas no imaginário deles, reafirmavam as diferenças dos papéis sexuais envolvidos nestas relações, sem comprometimento de sua masculinidade.

    Neste universo, podemos pensar que a metade de nosso prazer, fetiche está em nossa capacidade de imaginação e o resto está no corpo do bofe…

    Com as transformações que vieram já na década de 90 com o surgimento de um movimento organizado, visibilidade, conquista de direitos destes sujeitos emerge também uma nova lógica de espaço urbano, onde o mercado vai se adequando as novas exigências e nichos.

    O cenário e a forma de viver a homossexualidade tiveram um impacto muito grande nesse período de transição, e na própria arquitetura da cidade. Os guetos vão perdendo seu espaço, como locais de encontro e referência política para estes sujeitos, um espaço de construção identitária que hoje já está comprometido no novo cenário que está posto. Sem falar nas conquistas de espaços com visibilidade pública das paradas, pela mídia que já reconhece a legitimidade destes sujeitos e, é claro atrelá-los ao consumo e ao mercado “sem sexo, sem promiscuidade”, higienizado. Construiu-se no imaginário da sociedade e dos próprios Gays o rompimento da figura do homossexual marginal, perigoso de antes e emergiu a figura do Gay urbano e de bom gosto.

    A cidade já não é mais recortada pelos guetos, onde os frequentadores entravam rapidamente para não serem percebidos.  Hoje esta convivência ocupa outros lugares nos quais o público é mais miscigenado e plural, nos quais estes novos personagens que já não tem a referencia de décadas passadas. A lógica que ocupa tais espaços é a construção de um lugar para gay classe média, moderno, assimilado e padronizado dentro de uma nova urbanidade. Já não convivemos com as bichas loucas que antes faziam parte do cenário marginal, que não se adaptavam a esta lógica assimilada por padrões heterossexuais. Estas bichas loucas estavam sempre preparadas para dar respostas a qualquer situação de exclusão. Aprenderam com sua própria experiência a se posicionar e reagir a ataques que podiam vir de qualquer local e momento. Já não existe mais espaço para as loucas, bafonas. É bom registrar que as travestis ainda estão nesta margem, apesar dos avanços conquistados.

    A internet colocou outros personagens, além dos gays higienizados neste universo e deixou as relações ainda mais facilitadas através de encontros furtivos e até arranjos maritais. Hoje já não temos mais “improvisações sexuais”, tudo já está muito claro e mapeado. O prazer é combinado por clique em celulares via aplicativos específicos e via satélite. As imagens e o bate papo dão a tônica da pegação, que se seguirá ou não.

    Mas outro ponto fundamental neste debate nos remete a pensar as formas de afeto que as bichas procuram entre a lógica do prazer fortuito e o prazer legitimado, romantizado e possibilitado por esta nova conjuntura política. Tendo a pensar que esta adaptação conjugalidade nos moldes institucionais responde em parte a necessidade de legitimidade social e sexual. Pelo que vejo é uma procura que não encontra respostas, e que as negociações acabam criando relações funcionais para não dizer artificiais. Tudo para dar resposta a uma condição existencial pré-estabelecida, e que tem como norma e referência a heterossexualidade, que também não consegue responder as exigências sexuais e sociais.

    Neste contexto é que surgiu o termo homoafetivo. Enquanto as bichas desajustadas estão à procura de prazer fortuito na margem, nos bancos de praças, parques, esquinas e ruas, as outras estão atormentadas por uma relação que lhes garanta prazer, segurança, estabilidade emocional e principalmente legitimação social. Em qualquer uma das situações postas, o preço a se pagar é sempre relativo ás exigências pessoais e sociais de cada sujeito, afinal somos produto da cultura, como bem dito pela sociologia e antropologia.

    Por outro lado, sabendo que somos e seremos por muito tempo sujeitos desviantes, mesmo os assimilados, acredito que o prazer na margem possibilita a construção de um sujeito mais dono de si, autônomo e independente, na medida em que percebe o universo social e político da exclusão e dentro desta realidade consegue negociar, superar e enfrentar os dilemas existências, tendo em sua vivência sexual e social um prazer mais “real” e autentico, inclusive com a possibilidade de superar a síndrome da vitimização. O sujeito marginal tende a ter uma relação mais transparente e desafiadora consigo mesmo e com a sociedade.

    Pois bem, neste processo de “conquistas” as amigas saudosistas, irenes, que já passaram dos 60, insistem em afirmar que hoje não existe mais glamour, reclamam que já não tem festas e bailes onde elas possam ir montadas, sentar numa mesa com toalha de tafetá, pedir um bom otim, (bebida de álcool) se sentir poderosas, e de preferência acompanhadas com um belo bofe fazendo a linha falso romântico. Ainda reclamam que as gays de hoje não sabem o que é bom, nem sabem se comportar em ambientes finos. Bom, o que resta, então, é ver como as novas gerações vão se posicionar frente a este novo mundo.

    ¹ – Quando uso a palavra margem, me refiro à situação de exclusão que pessoas vivem na sociedade a partir de sua condição de gênero, classe social, cor. A ideia de margem neste sentido está ligada à possibilidade destes sujeitos olharem para a cidade a partir do local social a qual vivem. Neste contexto há uma possibilidade de arranjos sociais de sobrevivência. Isto pode, para muitos, ser um fator de ganho existencial.

    .oOo.

    Célio Golin é militante do Nuances.

    http://www.sul21.com.br/jornal/os-emhomoafetivosem-de-hoje-e-as-embichasem-de-ontem-por-celio-golin/

  12. Juca Kfouri

    Para quem acha que Juca Kfouri é um tucano disfarçado, só porque tem senso crítico suficiente para não aceitar como verdade absoluta tudo que sai do governo, segue post publicado hoje no blog dele:

    Aécio ama a CBF Juca Kfouri 11/07/2014 20:29Compartilhe1,0 mil9,4 mil  Aécio Neves é amigo de José Maria Marin e o homenageou, escondido, no Mineirão. Deu-se mal porque o que escondeu em sua página na internet, Marin mandou publicar na da CBF. Aécio também é velho amigo de baladas de Ricardo Teixeira e acaba de dizer que o país não precisa de uma “Futebras”, coisa que ninguém propôs e que passa ao largo, por exemplo, das propostas do Bom Senso FC. Uma agência reguladora do Esporte seria bem-vinda e é uma das questões que devem surgir neste momento em que se impõe um amplo debate sobre o futuro de nosso humilhado, depauperado e corrompido futebol. Mas Aécio é amigo de quem o mantém do jeito que está. Não está nem aí para os que reduziram nosso futebol a pó.   

  13. No Blog da Cidadania, o legado dos aeroportos

    http://www.blogdacidadania.com.br/2014/07/pediram-aeroportos-melhores-foram-atendidos-e-nao-reconhecem/#comment-906783

    Meu comentário:

    MATÉRIA CORRETA SOBRE OS AEROPORTOS, EDU. E SOBRE O RESTO DAS COISAS?

    Edu, esta matéria fala somente sobre os aeroportos. Mas eu acho que em breve serão divulgadas informações sobre os lucros imediatos (dinheiro grosso) com a Copa. E mais uma vez os imbecis vão constatar que só o que o governo arrecadou a mais com impostos no período da Copa, dinheiro vindo principalmente dos gringos que aqui aportaram, é uma quantia superior a que foi gasta em todos os estádios construídos ou reformados.

    Ou seja, a Copa, no que diz respeito a construção dos estádios e parte da infraestrutura básica, se auto financiou.

    Outra coisa: a Seleção brasileira perdeu feio para a Alemanha porque quem manda no futebol brasileiro é a CBF e a rede Globo de Televisão. É o chamado toque de Midas da Rede Globo de televisão: tudo que a rede Globo toca se transforma em merda ou em muito dinheiro para a família Marinho. Mas só para aquela família de mafiosos.

    Além disso, diante do sucesso da Copa fora das quatro linhas do campo, o PIG resolveu investir no desequilíbrio emocional dos nossos atletas que desde o início da competição choraram feito crianças abandonadas.

    Nunca na história do futebol de país nenhum do mundo se criou um clima tão desfavorável para a seleção da casa. E o resultado disso tudo foi o 7 x 1 contra a Alemanha, com a ajuda inestimável de um técnico teimoso feito um burro de carga. Teríamos perdido para Alemanha mesmo que o Naymar e Leandro Silva tivessem jogado. Mas o jogo teria sido mais equilibrado, mais disputado, mais aguerrido.

    E contra toda essa turma do CONTRA, DILMA NA CABEÇA. Essa mulher gosta do Brasil e demonstrou de forma definitiva ser uma extraordinária administradora. Fez o dever de casa e tirou nota 10 com louvor (a imprensa internacional que o diga).

    Em tempo: o único erro da Dilma foi não ter arranjado tempo para treinar a seleção.

  14. Soube que Dilma covidou

    Soube que Dilma covidou Joaquim Barbosa para seu camarote na final da Copa. Acho que vai se arrepender por ese passo mal-dado. Já estou imaginando a elite branca vaiando-a novamente, enquanto eudeusará com muitos aplausos aquele carrasco maldito. O sujeito esculhambou com o partido dela, prossegue perseguindo seus companheiros, na cara suja, e já nem pode ser considerado presidente de nada. Coisas que não se combinam. 

  15. A fabulosa geração de gays que nasceu para ser tudo que ninguém

    Texto provocativo, irônico e inteligente… Vai dar debates sem fim aqui, rs.

     

    A fabulosa geração de gays que nasceu para ser tudo que ninguém quer

    Apropriam-se de termos, criam linguagem própria e um andar específico, que desconstrói as prisões do gênero. Se libertam dessa hipermasculinidade tão incensada e tão insensata, que se julga séria, mas foi inventada

    Por Fabricio Longo, do Os Entendidos

    (Reprodução)

    (Reprodução)

    Procuro cara assumido, sem complexo de inferioridade por ser gay, que curta o que quiser na cama, sem achar mais bonito ser ativo que passivo. Pode ser efeminado ou discretinho, só não pode reproduzir homofobia e menosprezar quem não é machão. E que tenha consciência social, sabendo que ainda há muitos direitos a conquistar, além de não ser racista e nem misógino. Se malhar, que seja por gosto e não por pressão externa. Que respeite a todos, sem julgar quem “se dá ao respeito” ou não.*

    Infelizmente, essa chamada foi inventada. A rigor, só vemos gays procurando bem-dotado-dominador-macho-sarado-fora-do-meio. Não é curioso que essas preferências sejam exatamente as estimuladas pelo machismo, e que no entanto a justificativa pelo desgosto por tipos diferentes seja sempre “nada contra, questão de gosto”? Que “gosto” é esse, que se molda em uma cultura de opressão?

    Homens são criados para continuar comandando o mundo. Da mamãe que faz questão de estender a toalha largada na cama, passando pela educação sexual que manda “pegar geral”. Pelo salário superior no mercado de trabalho, até o “direito” de reagir violentamente quando suas vontades ou crenças são desafiadas. Tudo gira em torno do macho. A construção da masculinidade segue padrões rígidos que vão da primeira roupinha azul até a obsessão pelo tamanho do pau. O problema é que essa construção é frágil, ameaçada por qualquer demonstração de “fraqueza”. E nesse idioma, o afeto – e qualquer coisa que seja lida como “feminina” – vira sinal de fragilidade ou emasculação.

    É por isso que o papel da BICHA é tão baixo, tão ofensivo. É o homem abrindo mão de alguns dos seus privilégios – é impossível abrir mão de todos, já que o gênero masculino os carrega por si – para se nivelar por baixo. É como se a bicha desafiasse a estrutura de poder somente por existir. E uma ameaça deve sempre ser eliminada, seja a socos e lampadadas, seja através da desumanização provocada pela exclusão social.

    Só que há gays que resistem. São bichas destruidoras mesmo, viu viado?

    São os homens que andam de salto ou com maquiagem, que respondem às ofensas com um arquear de sobrancelhas. São os lírous, que levantam suas patas e batem o cabelo – mesmo quando o picumã é imaginário – ao som de Beyoncé. São os funkeiros, que se jogam no chão de perna aberta. Não admitem mimimi homofóbico e VRÁÁÁ, fecham! O quê? O tempo, meu amor!

    O choro é livre e nada é mais hidratante que as lágrimas das inimigas. Apropriam-se de termos, criam linguagem própria e um andar específico, que desconstrói as prisões do gênero. Se libertam dessa hipermasculinidade tão incensada e tão insensata, que se julga séria, mas foi inventada. São os xingados, os agredidos, os não curtidos e não procurados. Eles são considerados uma vergonha e responsabilizados por todo o mal que nos aflige. Não “se dão ao respeito”. Por isso, esses caras lacram.

    Respeito não se pede e nem se conquista, é um direito universal. Desde a criação da identidade gay – essa caixa na qual foram colocados os mais variados tipos de homossexuais – existe uma guerra por aceitação. Um grito urgente de “estamos aqui, somos assim e fazemos parte da sociedade também”. Adequar-se aos padrões do mainstream talvez seja uma escolha válida em âmbito pessoal, para alguns, mas resistir ao status quo também é preciso. Não há nenhum desrespeito em não se deixar invisibilizar por normas machistas de comportamento e desejo.

    Ninguém quer esse TIPO de gay porque ele é viado, é bicha, é boiola, é baitola e mulherzinha. É o filho do vizinho. Se for nosso, é homossexual. Esse “gay ideal” que é um cidadão comum, sem trejeitos, que não faz alarde de sua vida e que jamais ofenderia a sociedade com demonstrações públicas de afeto. É aquele amigo culto que você nem diz que “por acaso é”. É aquele gay inofensivo que fica muito revoltado quando uma bichona joga sua reputação na lama.

    Para começo de conversa, a homofobia é culpada por privar os sujeitos de sua identidade. Sempre que o indivíduo homossexual faz alguma coisa, o julgamento é de que a homossexualidade é a causa. Se ele é criminoso, é porque esses viados são uns degenerados. Se ele é educado, é porque esses gayzinhos são tão bonzinhos. E isso faz tanto sentido quanto dizer que todo brasileiro é malandro…

    Ninguém foi educado para aceitar o diferente. Fomos educados a temer e a reprimir – às vezes com violência – o que ameaça a nossa zona de conforto. É por isso que nem os próprios gays aceitam sua diversidade. Acontece que nós somos muitos, todos diferentes. Aceita, que dói menos.

    Drags, gírias, lápis no olho, passos de dança… São gritos de resistência! É a cultura que lutou para que gays pudessem até se casar, adotar crianças e viver discretamente atrás de cercas brancas, e que agora se recusa a morrer engolida por suas conquistas. Todos querem aceitação, mas ela não pode vir com imposições. É para aceitar, não para tolerar.

    By the way, quem só come também é viado.

    Liberte-se, seja qual for o seu caminho. Nós não devemos nada por sermos quem somos. E isso é fabuloso!

     

    * Livremente inspirado no texto “A incrível geração de mulheres que foi criada para ser tudo que um homem não quer”.

    http://www.revistaforum.com.br/blog/2014/07/fabulosa-geracao-de-gays-que-nasceu-para-ser-tudo-que-ninguem-quer/

  16.  
    Um artigo que parece que é

     

    Um artigo que parece que é mas não é.Comento brevemente no final.

                    

    “Guerra” entre israelenses e palestinos? A palavra certa é “massacre”

    Leonardo Sakamoto

              Mais de 100 palestinos teriam sido mortos e outros 700 feridos, pelo Exército israelense, na faixa de Gaza, por conta da ação “Limite Protetor”, na atual escalada de violência – que começou após o sequestro e morte de jovens israelenses e palestinos.

    As Nações Unidas definiram a situação como “uma emergência humanitária crescente”. Ao mesmo tempo, o lançamento de foguetes dos militantes do Hamas feriram moradores de Israel, alguns em estado grave. A maior parte dos alvos têm sido civis, incluindo casas em áreas povoadas.

    Número de mortes não deveriam ser comparadas, pois a dor não é algo mensurável. Mas isso serve para ranquear nossa ignorância e estupidez. Se esses mais de 100 mortos ocorressem durante uma ação violenta da polícia carioca ou paulista junto a favelas, mesmo as classes mais abastadas (muitas vezes lenientes com a morte dos mais pobres) já teriam chamado a situação de chacina ou massacre. Nesse caso, contudo, muitos de nós relutamos em falar em banho de sangue.

    Podemos chamar de guerra, batalha ou confronto quando um dos lados é tão superior militarmente ao outro, fato que se traduz na contagem de corpos, como no caso dos ataques israelenses? É normal considerar como “dano colateral” a morte de civis em confronto? Por que não montamos um telão de LED gigante, diante da sede das ONU, em Nova Iorque, mostrando – em tempo real – quantos anos o Exército israelense está roubando do futuro dos palestinos, tornando real a promessa de Eli Yishai, então ministro do Interior, de que o país pretendia “mandar Gaza de volta à Idade Média”?

    Concordo quando dizem que não há crise humanitária em Gaza, aquela pequena faixa de terra entre Israel e o Egito ocupada por palestinos. Crise humanitária existia antes do bloqueio decretado por Israel devido à eleição do Hamas e ao lançamento de foguetes contra seu território anos atrás. Hoje, o que há é algo próximo ao que ficou conhecido como campo de concentração.

    Em 2010, uma pequena frota de barcos com ativistas tentava amenizar, levando produtos de primeira necessidade, quando foi atacada pelas forças armadas israelenses, resultando em, ao menos, dez mortos e mais de 30 feridos. Ah, é claro, os barcos também levavam armas de destruição em massa, como estilingues e bastões, com os quais os pobres soldados, armados de simples metralhadoras, foram atacados ao abordá-los. As forças israelenses quase não resistiram às terríveis rajadas de bolas de gude, mais letais que as terríveis pedras lançadas manualmente por palestinos nos protestos em terra.

    Presenciamos um massacre unilateral e não uma guerra – civis, inclusive jovens e crianças, morreram desde o início da última operação miliar contra Gaza. E tendo em vista sua intensidade e forma, o que estamos presenciando soa como (mais uma etapa de) genocídio do que conflito. Guerra é inadequado, terrorismo de Estado seria melhor. E isso não sou eu quem diz, mas há milhares de israelenses que protestam contra a ação militar do seu próprio governo.

    Se de um lado, estúpidos extremistas palestinos não aceitam a existência de Israel, do outro estúpidos extremistas israelenses reivindicam Gaza e Cisjordânia como parte de seu território histórico. Para estes, árabes em geral são bem aceitos no seu território, desde que sirvam para mão de obra barata. A diferença entre esses dois grupos é que Israel tem poder de fogo para levar esse intento adiante, enquanto o outro lado não.

    O certo é que o islamismo radical vai ficando mais forte do que antes. E o Hamas não é o verdadeiro problema nessa equação, há outros grupos mais radicais que não obedecem a sua autoridade. Mesmo que a maioria dos seus líderes morram, surgirão outros, lembrando que as condições de vida em Gaza são uma tragédia, com crianças revoltadas diante de tanta violência social e física, prontas para serem cooptadas por grupos fundamentalistas.

    Os dois lados devem parar, mas é estúpido dizer que há um conflito com partes iguais e responsabilidades iguais. Israel acha que vai conseguir controlar os ataques contra seu território com mais porrada? Aliás, será que o governo de lá esquece que foi ele mesmo quem, historicamente, contribuiu com essa situação?

    Portanto, caso queira seguir essa política que adotou até agora, não é à Idade Média que Israel terá que mandar Gaza para se sentir segura e sim extirpar um povo do mapa.

    O tempo passa, os papeis se invertem.

    Quais as chances de jovens que vêem seus pais, irmãs, namoradas serem mortos hoje não tentarem vingar suas mortes amanhã?

    Nenhuma.

    Meu comentário: Se é imposspivel vencer com guerra por que não tenta o diálogo? O que o articulista chama de massacre,nada mais é que um pequenno bando da população palestina coloca um país interiro sobre risco.Parece o tempo que eu era moleque: Me mandavam provocar os grandões pra eles reagirem e todos nós apanhávamos. Hoje eu sei que o nome disso é masoquismo.Nunca parte de Israel as agressões físicas.Sempre dos fundamentalistas palestinos( poucos mediante a população) chamados de Hamas.           E não se iluda, se o Hamas continuar assim , muitos  ”massacres” acontecerão.

  17. Nem no play station!!

    Comentário de um menino de seis anos, neto de amigo meu após a derrota do Brasil para a Alemanha:

    – Pô, vô! 7 a 1 é demais. Nem no play station!

  18. A história que será contada

    A história que será contada para as próximas gerações. Como o Partido dos Trabalhadores, chegando ao governo, suprimiu o direito de greve com a ajuda do Judiciário:

    O braço forte da União

    Para garantir tranquilidade na Copa, AGU conseguiu na Justiça a proibição de greves, piquetes e bloqueio de aeroportos, rodovias e entornos de estádios; ação é criticada por defensores da liberdade de expressão

    (continua aqui: http://apublica.org/2014/07/o-braco-forte-da-uniao/ )

  19. Chomsky: Barbárie em

    Chomsky: Barbárie em Gaza

     

     

    Por Noam Chomsky

    – on 12/07/2014

     

     

    140712-Gaza4b

     

    “Tudo isso vai continuar, enquanto for apoiado por Washington e tolerado pelo Ocidente – para nossa vergonha infinita”

     

     

    Por Noam Chomsky | Tradução: Antonio Martins

     

    Às três da madrugada (horário de Gaza), de 9 de julho, em meio ao último exercício de selvageria de Israel, recebi um telefonema de um jovem jornalista palestino em Gaza. Ao fundo, podia ouvir o lamúrio de seu filho pequeno, entre sons de explosões de de jatos, atirando sobre qualquer civil que se mova e sobre casas. Ele acabava de ver um amigo, num carro claramente identificado como “imprensa”, voar pelos ares. E ouvia gritos ao lado de sua casa, após uma explosão — mas não podia sair, ou seria um alvo provável. É um bairro calma, sem alvos militares – exceto palestinos, que são presa fácil para a máquina militar de alta tecnologia de Israel, abastecida pelos Estados Unidos. Ele contou que 70% das ambulâncias haviam sido destruídas e, até aquele momento, mais de 70 pessoas [o número subiu para 120 na sexta, 11/7, segundo o Guardian] haviam sido mortas e 300 feridas – cerca de 2/3, mulheres e crianças. Poucos ativistas do Hamas, ou instalações para lançamento de foguetes, haviam sido atingidas. Apenas as vítimas de sempre.

     

    É importante entender como se vive em Gaza, mesmo quando o comportamento de Israel é “moderado”, no intervalo entre crises fabricadas, como esta. Um bom retrato está disponível num relatório da UNRWA (a agência da ONU para refugiados palestinos) preparado por Mads Gilbert, o corajoso médico norueguês que trabalhou extensivamente em Gaza, mesmo durante os ataques mortíferos de Israel. A situação é desastrosa, por todos os ângulos. Gilbert narra: “As crianças palestinas em Gaza sofrem imensamente. Uma vasta proporção é afetada pelo regime de desnutrição imposto pelo bloqueio israelense. A prevalência de anemia entre menores de dois anos é de 72,8%; os índices registrados de síndrome consuptiva, nanismo e subpeso são de 34,3%, 31,4% e 31,45%, respectivamente”. E estão piorando.

    Quando Israel está em fase de “bom comportamento”, mais de duas crianças palestinas são mortas por semana – um padrão que se repete há 14 anos. As causas de fundo são a ocupação criminosa e os programas para reduzir a vida palestina a mera sobrevivência em Gaza. Enquanto isso, na Cisjordânia os palestinos são confinados em regiões inviáveis e Israel tomas as terras que quer, em completa violação do direito internacional e de resoluções explícitas do Conselho de Segurança da ONU – para não falar de decência.

    E tudo isso vai continuar, enquanto for apoiado por Washington e tolerado pela Europa – para nossa vergonha infinita.

     

    http://outraspalavras.net/capa/chomsky-barbarie-em-gaza/

  20. 12 Julho

    12 Julho 2014
    http://anistia.org.br/direitos-humanos/blog/nota-p%C3%BAblica-anistia-internacional-manifesta-preocupa%C3%A7%C3%A3o-com-pris%C3%B5es-%C3%A0s-v%C3%A9sper

    NOTA PÚBLICA: Anistia Internacional manifesta preocupação com prisões às vésperas da final Copa do Mundo no Rio de Janeiro
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    Às vésperas da final da Copa do Mundo, quando há protestos marcados no Rio de Janeiro, a notícia de que cerca de 20 manifestantes foram presos hoje (12) na cidade (e outros estariam com prisão temporária decretada) é preocupante por parecer repetir um padrão de intimidação que já havia sido identificado pela organização antes do início do mundial.

    A liberdade de expressão e manifestação pacífica são um direito humano e devem ser respeitados e garantidos pelas autoridades em todas as situações, inclusive durante a Copa do Mundo. Ninguém deve ser detido ou preso apenas por participar de uma manifestação e exercer tal direito.

    A Anistia Internacional pede às autoridades do Rio de Janeiro que:

    – garantam o direito de reunião e manifestação pacífica e parem de agir de forma a intimidar os manifestantes;  

    – garantam que todos aqueles detidos tenham total acesso à assistência legal e aconselhamento jurídico, e que advogados sejam autorizados a exercer suas funções profissionais sem intimidação, obstáculo ou interferência imprópria.

  21. 110 anos de Pablo Neruda

     

                                               

    Pablo Neruda (Neftali Ricardo Reyes Basoalto) – 12 de julho de 1904, Parral, Chile – 23 de setembro de 1973, Santiago, Chile

    Retirado de O Canto Geral de Pablo Neruda, o poeta do mundo, por Maria Célia Barbosa Reis da Silva

    Meu caminho junta-se ao caminho de todos. E em seguida vejo que desde o sul da solidão fui para o norte que é o povo, o povo ao qual minha humilde poesia quisera servir de espada e de lenço para secar o suor de suas grandes dores e para dar-lhes uma arma na luta pelo pão. Pablo Neruda

    Em 12 de julho de 1904 — há cem anos — nasce Neftali Ricardo Reys Basoalto. No pequeno lugarejo em que nasceu, Parral, a 340 quilômetros de Santiago, ou em qualquer outro lugar, os nascimentos fazem parte do cotidiano. Nada há de especial. Seus pais são personagens comuns: ele é José del Carmen Reys Morales, maquinista de um trem lastreiro; ela, Rosa Basoalto Reys, professora, morta de tuberculose um mês depois de o menino nascer. Outra personagem entra no enredo de Neftali — Trinidad Candia Marverde — a segunda esposa de seu pai a quem ele acha incrível ter de chamar de madrasta já que ela é o anjo tutelar de sua infância, diligente e doce, com senso de humor camponês, e a bondade ativa e infatigável. Rodolfo e Laura — seus irmãos, filhos de seu pai e de Trinidad — são mais dois personagens do enredo nerudiano

    Nos primeiros cinco anos, Neftali corre sua infância pelas veredas de Parral ao sabor da chuva, do vento e do frio. Ternos anos, pouco registrados pela memória do garoto. Temuco — cidade pioneira, dessas sem passado, com grandes lojas de ferragem ostentando desenhos dos produtos à venda porque muitos compradores são índios e não sabem ler. Aliás, os araucanos, que lá vivem, são acossados primeiro pelos espanhóis; depois, pelos próprios chilenos. Neste mesmo ano, 1910, Neftali é matriculado no Liceu, cuja diretora, mais tarde, seria a escritora Gabriela Mistral — Prêmio Nobel de Literatura em 1945. Gabriela Mistral e seu tio Orlando Masson, poeta e fundador do Diário de Temuco, estimulam suas incursões poéticas.

    O pai, no entanto, opõe-se à vocação literária do filho, deseja vê-lo formado com vistas a um futuro promissor.  A vida encarrega-se de mostrar o quanto o prognóstico paterno falha. O próprio autor dos versos de A barcarola anula com a sua versão as várias existentes sobre o nascimento e a origem de Pablo Neruda.

    Quando eu tinha catorze anos de idade, meu pai perseguia denodadamente minha atividade literária. Não concordava em ter um filho poeta. Para encobrir a publicação de meus primeiros versos busquei um sobrenome que o despistasse totalmente. Encontrei numa revista esse nome tcheco, sem saber sequer que se tratava de um escritor, venerado por todo um povo, autor de belíssimas baladas e romances e com monumento erigido no bairro Mala Strana de Praga. (Confesso que vivi, p. 165).

    Os tempos do Liceu em Temuco cedem lugar a novos tempos em Santiago na Universidade do Chile onde o Instituto de Pedagogia e os novos companheiros universitários o esperam. Na mala, está a peça mais importante do seu vestuário: a capa negra de seu pai. Esse traje lhe empresta certo ar dos poetas do século passado e, com ele, tem a impressão de não estar tão mal de aspecto. Na cabeça, há muitos livros, sonhos e poemas que zumbem como abelhas.

    A pensão da Rua Maruri, 513 é seu primeiro abrigo em Santiago. Lá, inspirado pelo pôr-do-sol defronte à sacada, escreve de dois a cinco poemas por dia e termina, em 1923, seu primeiro livro: Crepusculario, cuja edição é custeada por ele e por alguns amigos. Pablo escreve mais de trinta livros depois desse, no entanto a singularidade do momento é relatada por ele, assim:

    Meu primeiro livro! Sempre sustentei que a tarefa do escritor não é misteriosa nem mágica, mas que, pelo menos a do poeta é uma tarefa pessoal, de benefício público. O que mais se parece com a poesia é um pão ou um prato de cerâmica ou uma madeira delicadamente lavrada, ainda que por mãos rudes. No entanto creio que nenhum artesão pode ter, como o poeta tem, por uma única vez durante a vida, esta sensação embriagadora do primeiro objeto criado por suas mãos, com a desorientação ainda palpitante de seus sonhos. È um momento que não voltará nunca mais. Virão muitas edições mais cuidadas e belas. Chegaram suas palavras vertidas na taça de outros idiomas como um vinho que cante e perfume em outros lugares da terra. Mas esse minuto de arrebatamento e embriaguez, com som de asas que revoluteiam e de primeira flor que se abre na altura conquistada, esse minuto é único na vida do poeta. (Confesso que vivi, p. 53).

    A vida pulsante da capital vai sendo aos poucos incorporada pelo jovem. Crepusculario patrocina a aproximação de estudantes, boêmios, poetas e loucos. Certa loucura anda muitas vezes de braço dado com a poesia. É tão   difícil as pessoas razoáveis se tornarem poetas quanto os poetas se tornarem razoáveis. Conhece muitos escritores: uns morrem no anonimato; outros se tornam famosos. Alberto Rojas Gimenez pertence ao primeiro grupo, é um dos mais queridos companheiros de geração, é diretor da revista Claridad para qual Pablo começa a colaborar como militante político e literário. O ambiente dentro e, principalmente, fora da Universidade já não lhe parece estranho. Mulheres, bares, boemia nutrem o futuro autor de Espanha no coração, mas debilitam quem, como ele, está literalmente com fome.

    Outros versos pululam. A juventude é rápida, Crepusculario já é passado. O próximo livro já corre pelas páginas e, em 1924, é entregue aos leitores o livro Vinte poemas de amor e Uma canção desesperada. Por falar em amor, uma jovem inaugura em Pablo o amor. Ela é Albertina Azócar, musa de seus livros inaugurais, universitária inteligente e tímida que não aceita os ardentes convites do vate chileno. Ela é a junção de Marisol e Marisombra, personagens criadas por Neruda para saciar a curiosidade dos leitores que tanto queriam saber a identidade da mulher de Vinte poemas de amor.

    Três grandes amores, depois de Albertina, navegaram pelas águas líricas de sua vida. Conhece Maria Antonieta Haagenar, em Java, Batávia, com ela se casa em dezembro de 1930 e dela se separa em 1936. No final da década de 30, inicia um relacionamento com a pintora argentina Delia del Carril com quem vive até 1955 e a quem evita magoar quando publica anonimamente, em 1952, em Nápoles, Os versos do capitão, dedicados à Matilde Urrutia sua paixão clandestina.

    A verdade é que eu não quis, durante muito tempo, que esses poemas ferissem Delia, de quem me separava. Delia del Carril, passageira suavíssima, cordão de aço e de mel que atou minhas mãos nos anos sonoros, foi para mim durante dezoito anos uma companheira exemplar. Este livro, de paixão brusca e ardente, ia chegar como uma pedra lançada sobre sua delicada estrutura. (Confesso que vivi, p. 226).

    Por volta de 1946, é apresentado à cantora Matilde, e ambos vão se enovelando gradativamente. Dos encontros fortuitos ou marcados, ao casamento simbólico, em Capri, sob o testemunho da lua e, finalmente, ao casamento oficial em 1966, com muitos convivas, a vida de Pablo e Matilde é regada sempre de paixão. Tudo lhes é aprazível: os passeios ao mercado Vega, as viagens ao exterior ou aos recônditos lugarejos chilenos, a construção e decoração das casas, as reuniões em Isla Negra. Essa paixão continua viva em Matilde mesmo após a morte de Pablo, como ela mesma registra em Minha vida com Pablo Neruda.

    Depois de sua morte, restou-me muito tempo disponível. Partira aquele menino grande, tão exuberante, que ocupava todas as horas de minha vida. Então, com imensa avidez, comecei a freqüentar a Biblioteca Nacional à procura de suas primeiras colaborações, enviadas para jornais e revistas da época. (Minha vida com Pablo Neruda, p.230).

    Os filhos perdidos deixam uma lacuna na vida do poeta. Com Maria Antonieta, tem uma filha, Malva Marina Trinidad, morta aos oito anos vítima de uma doença congênita; com Matilde, duas gravidezes interrompidas por uma fada má, invejosa de tanta felicidade.Tudo foi inútil; perdeu dois filhos tão amados, tão desejados, que já tinham uma infinidade de nomes lindos. Essas perdas prematuras assinalam o papel efêmero de pai ensaiado por Pablo.

    Um prêmio literário estudantil, alguma popularidade advinda dos novos livros e a capa preta outorgam-lhe certa respeitabilidade fora dos círculos literários. Pablo, porém, almeja ultrapassar os limites do Chile, cantar seus versos, sua pátria, seu povo; observar a América sob todos os lados; descobrir outras culturas e revelar a de seu povo. Seus feitos literários e, principalmente, a influência do amigo Bianchi, membro do clã nobre chileno, transformaram-no cônsul. Rangun, na Birmânia, é o destino por ele escolhido, em função do desconhecimento dos demais países mencionados e da sonoridade da palavra.

    Neruda, como representante oficial do Chile, exerce função diplomática em vários países: Birmânia (hoje, Myanmar), Cingapura, Ceilão (atual Sri Lanka), Argentina, Espanha, França e México. Não cabem, neste roteiro, todas as intempéries nem todos os acontecimentos grandiosos, mas cabem aqueles que mais influenciam o poeta e, por conseguinte, seus escritos. Pablo é um cronista de sua época. Registra, em seus versos, os momentos relevantes do século XX, sob a ótica dos que estão no centro e dos que estão na periferia.

    Também, não é admissível constar deste relato, a lista de todos os grandes artífices e/ou arautos da cultura e da política que, num ponto do planeta, estabelecem contatos, rápidos ou eternos, com o poeta andarilho. Algumas dessas figuras suscitam êxtase e entusiasmo; outros, repulsa e raiva. Muitos nomes são citados em dois dos mais de trinta livros publicados: Canto geral e Confesso que vivi.

    De 1934 a 1936, o autor de Canto geral é cônsul na pátria de Lorca. A escuridão do franquismo tolda sobre a Espanha. Assiste a desgraças que deixam marcas indeléveis em sua poética e mudam-lhe o rumo. Lorca é assassinado. O povo, espicaçado na agonia, perde seu poeta e sua liberdade.

    Texto completo aqui

    Neruda – página oficial

    Fundación Pablo Neruda

    Museu La Chascona

    A 110 anos após seu nascimento, Neruda voltou às ruas

    Bibliografia básica de Neruda

    Canto Geral, de Neruda

    Clarice Lispector entrevista Pablo Neruda 

    Descobertos poemas inéditos de Pablo Neruda

    Galeria de fotos

    O poeta Neruda e as dores do mundo

    40 anos da morte de Pablo Neruda

    A relação entre Pablo Neruda e a Espanha, por Terumi Villalba

    Soneto a Pablo Neruda, por Vinícius de Moraes. O homem que Vinícius amou 

    Vinte poemas de amor e uma canção desesperada e outros poemas

    Videos:

    O carteiro e o poeta, direção de Michael Radford 

    [video:https://www.youtube.com/watch?v=17AIqMN4EAY]  [video:https://www.youtube.com/watch?v=cSZJ6jYse-Y]

    O soneto A Dança

    [video:https://www.youtube.com/watch?v=yPwQw-cfGvc%5D

  22. NOTA PÚBLICA SOBRE AS PRISÕES

    NOTA PÚBLICA SOBRE AS PRISÕES ARBITRÁRIAS NO RIO DE JANEIRO

    Assinam: Chico Alencar; Jean Wyllis, Lindberg Farias, Marcelo Freixo e Luiz Eduardo Soares

    https://www.facebook.com/photo.php?fbid=830601060284524&set=a.278600718817897.78135.223382044339765&type=1

    Enquanto os brasileiros sofrem com a derrota da seleção, um resultado muito mais grave está sendo engendrado: a derrota da democracia e da Constituição. No Rio de Janeiro, por razões políticas, 17 pessoas foram presas, com base em mandados de prisão temporária, e dois menores foram apreendidos. Um representante do poder judiciário viabilizou a ação policial, evidenciando mobilização orquestrada com participação governamental. A operação foi justificada para prevenir ações que pudessem perturbar a ordem pública no dia da decisão da Copa do Mundo. Por esse motivo os advogados têm tido dificuldade em conhecer a substância de cada acusação: tudo foi feito para impedir que os presos se beneficiassem de Habeas Corpus antes de domingo. O chefe da polícia civil tem deixado claro, em seus pronunciamentos, que as prisões visam prevenir possíveis ações. Estamos diante de uma arbitrariedade inaceitável, que agride o Estado democrático de direito. As prisões constituem ato eminentemente político e criam perigoso precedente: a privação da liberdade individual passa a ser objeto de decisão fundada em previsões e no cálculo relativo ao interesse dos poderes do Estado. Foram golpeados direitos elementares individuais e de livre manifestação. Conclamamos todos os cidadãos comprometidos com os princípios democráticos, independentemente de ideologias ou filiações partidárias, a unirem-se contra o arbítrio e a violência do Estado, perpetrada, ironicamente, sob a falsa justificativa de evitar a violência.

    Chico Alencar
    Jean Wyllys
    Lindberg Farias
    Marcelo Freixo
    Luiz Eduardo Soares

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