Governo diz que ONU usa dados desatualizados no IDH do Brasil

Jornal GGN – Em coletiva de imprensa relizada ontem (24), três ministros afirmaram que a ONU utiliza dados desatualizados sobre saúde e educação para formular o Índice de Desenvolvimento Humano do Brasil. Tereza Campello (Desenvolvimento Social), Henrique Paim (Educação) e Arthur Chioro (Saúde) disseram que, com os dados mais recentes, o país teria um um IDH de 0,764, ao contrário do desempenho de 0,744 do relatório das Nações Unidas. Entre as diferenças apontadas, está a expectativa de vida da população.

Da Folha

ONU usa dados desatualizados sobre Brasil, diz governo
 
FLÁVIA FOREQUE
 
O governo brasileiro afirmou nesta quinta-feira (24) que as Nações Unidas utilizaram dados desatualizados sobre saúde e educação para a composição do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do país.
 
A crítica é recorrente: no ano passado, ministros também apontaram falhas na composição do indicador brasileiro.
 
Em coletiva de imprensa na manhã desta quinta, Tereza Campello (Desenvolvimento Social), Henrique Paim (Educação) e Arthur Chioro (Saúde) afirmaram que, se considerados dados mais recentes, o Brasil teria um IDH de 0,764, próximo a países como Venezuela e Panamá. No relatório das Nações Unidas, o desempenho é de 0,744, o que coloca o país na posição 79.

 
“O Brasil vem se esforçando em melhorar essa captação de dados dos organismos internacionais. (…) A maior parte dos dados que vem sendo utilizados ainda são, infelizmente, desatualizados”, disse Campello. Ela ponderou, no entanto, que o Brasil é um dos destaques do relatório, com referências positivas a programas como Bolsa Família e a lei de cotas nas federais.
 
“A gente recebe o relatório de forma bastante confortável diante dos dados e animado, porque na avaliação qualitativa o esforço que o Brasil vem fazendo é muito reconhecido.”
 
DIFERENÇAS
 
Entre as discrepâncias apontadas pelo governo está, por exemplo, a expectativa de vida da população. Se no relatório, ela aparece como de 73,9 anos, segundo dados mais recentes do IBGE ela chega a 74,8 anos.
 
Também foi apontada defasagem nos anos esperados de escolaridade –o dado brasileiro é de 15,2 anos, mas o governo afirma que o dado mais recente é de 16,3 anos. O argumento é de que o indicador usado desconsidera matrículas de crianças de 5 anos que estão na pré-escola e adultos com mais de 40 anos que frequentam o ensino fundamental e médio.
 
O ministro da Educação argumentou que, em anos recentes, houve melhoras expressivas no setor, como a universalização do Enem e, consequentemente, universalização do ensino. “Há uma mudança do imaginário jovem em torno da perspectiva educacional. Isso tem ocorrido em função de políticas afirmativas que estamos implementando”, disse Henrique Paim.
 
“O IDH brasileiro, na nossa avaliação, não reflete o que aconteceu nos últimos quatro anos, porque os dados estão desatualizados. Não dá pra gente comparar países que estão usando dados atualizados com outros”, resumiu Campello.

 

Redação

8 Comentários

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  1. Dados desatualizados. Um problema recorrente, nenhuma novidade.

    As falhas no Relatório IDH brasileiro

    Diogo Costa

    CRÍTICA AO RELATÓRIO DO IDH/2012

    Diogo Costa

    A falta de análise crítica da velha mídia é uma chaga nacional. As notícias veiculadas sobre o IDH referente ao ano de 2012 beiram a má-fé… Vejamos o caso de nossos vizinhos do Cone Sul. Chile, Argentina e Uruguai SEMPRE tiveram indicadores sociais melhores do que o Brasil. Onde está a novidade? A novidade é que o Brasil (que segundo a própria ONU tinha em 1980 um IDH similar ao do Paraguai) vai subindo e alcançando paulatinamente esses três países que SEMPRE tiveram indicadores superiores aos de Pindorama. 

    Segundo o relatório, os três países latino-americanos que mais avançaram percentualmente no índice de IDH entre o período 2000/2012 foram, respectivamente, Nicarágua, Venezuela e Cuba. Também segundo o relatório, os três países do mundo que mais avançaram percentualmente no índice de IDH entre o período 2000/2012 foram, respectivamente, Afeganistão, Serra Leoa e Etiópia. Constatações essas que não vimos serem veiculadas em nenhum ‘grande’ meio de comunicação. 

    O que causa espécie não é o relatório em si. Mas a base de dados que os organizadores utilizam para classificar, por exemplo, o Brasil. Como é possível que o relatório utilize dados de que apenas 26.000 crianças estão na pré-escola se o Brasil tem hoje mais de 4.600.000 crianças estudando na pré-escola? Como é possível que o relatório aponte explícitamente a utilização do FUNDEF em Pindorama, sendo que o FUNDEF sequer existe mais?! O FUNDEF foi extinto em 2007 e substituído pelo FUNDEB!  

     

    O FUNDEF era um fundo restrito ao ensino fundamental, onde o governo federal fazia repasses da ordem de 300 milhões de reais aos estados e municípios. O FUNDEF foi extinto em 2007 e substituído pelo FUNDEB, que é um fundo que atende a pré-escola, o ensino fundamental, médio e a educação de jovens e adultos (EJA). Os valores repassados pelo governo federal através do FUNDEB saltaram de 300 milhões (FUNDEF) de reais para 4,6 BILHÕES de reais! Os recursos aumentaram em mais de 15 vezes para a educação! O relatório simplesmente desconsidera a existência do FUNDEB e ainda está no longínquo tempo do já extinto FUNDEF. Isso é uma fraude estatística, não há outro nome para esse embuste do relatório do IDH. 

    Como é possível que o relatório utilize dados estatísticos do distante ano de 2005, sendo que estamos óbviamente em 2013? Enfim, o governo brasileiro tem que tomar providências sérias com relação ao pessoal que elabora esse relatório. Não é possível que as pessoas, em especial os cidadãos brasileiros, continuem sendo enganados por um pseudo relatório que utiliza antigas bases de dados, sem nenhuma serventia, como por exemplo, o FUNDEF. Se os organizadores utilizarem uma base de dados atual, veremos que o Brasil estará colado na Argentina e no Chile, aliás, permitam-me corrigir, penso eu que o Brasil já ultrapassou a Argentina e o Chile nesse quesito do IDH, mas isso carece de melhor verificação… 

    É preciso analisar críticamente esse relatório não porque ele agrade uns e desagrade outrosem função de posicionamentos ideológicos. É preciso criticá-lo porque entra ano e sai ano e a base de dados continua a mesma! É praxe dos relatórios de IDH a utilização de dados existentes dois anos antes do ano a que se refere o relatório. Por exemplo, agora em 2013 foi divulgado o relatório do IDH 2012, os dados (deveria ser assim) que normalmente se utilizam são os do ano de 2010, para todos os países. O relatório do IDH 2011 utiliza dados de 2009. O IDH 2010 utiliza os dados de 2008, e assim sucessivamente. Ocorre, no caso brasileiro, que desde 2007 os “gênios” que elaboram esse relatório utilizam dados do ano de 2005, que nunca mais foram atualizados! Como conviver com tamanho acinte, que torna o relatório para o Brasil uma estatística sem utilidade alguma? 

    Não é preciso ser nenhum expert em ciências estatísticas para saber que os recursos do FUNDEB são 15 vezes maiores do que os recursos do antigo FUNDEF. Tampouco é preciso ser um notável em matemática para saber que os índices de emprego, PIB, PIB per capita, inflação, mortalidade infantil, mortalidade materna, longevidade, entre outros tantos, da primeira década do século XXI, são IMENSAMENTE superiores aos mesmos índices obtidos nesses quesitos na década de 90. Os números estão aí, para quem quiser ver e conferir. Aí vem um relatório totalmente defasado e diz que o IDH brasileiro cresceu mais na década de 90 do que na primeira década do século XXI! Como é possível tamanha farsa estatística? Justamente porque o IDH 2012 utiliza dados de 2005 e não de 2010! É um absurdo sem nome o que estão a fazer com o Brasil. 

    Por fim, quero dizer que me sinto envergonhado, não pelos números obtidos pelo Brasil, mas me sinto envegonhado por ser obrigado a conviver com uma estatística falaciosa e constatar a impotência do governo brasileiro em sentar com os responsáveis pelo relatório e mostrar-lhes, educadamente, que o Brasil tem quase 200 vezes mais crianças matriculadas na fase da pré-escola, que o Brasil aplica 15 vezes mais recursos em educação básica do que o relatório aponta, que no Brasil não existe mais o FUNDEF (que o relatório cita inúmeras vezes) e que ele foi substituído pelo FUNDEB desde o ano de 2007, etc. 

    Enfim, mostrar para os organizadores que os dados que eles utilizam estão defasados há CINCO anos! Não dá para aguentar a paralisia do governo federal, mais precisamente do Ministério da Educação, em tomar providências contra uma situação que vem se repetindo desde 2007. O Brasil foi um dos três países do mundo que mais cresceram no índice PISA (de avaliação da educação) nos últimos dez anos! Como é que pode uma situação dessas não aparecer no relatório do IDH 2012? 

    Ministro Aloísio Mercadante, faça um bem ao povo brasileiro, mostre os dados corretos do país. O que estão fazendo com o Brasil com esse tal de IDH é indigno e ultrajante. E o pior é que esse ultraje vem desde 2008. Isso tem que ser corrigido! 

    Conheçam o Relatório de Desenvolvimento Humano de 2013. Leiam, comparem, tirem suas próprias conclusões! 

    http://www.pnud.org.br/arquivos/rdh-2013.pdf

     

  2. O que falta, então? Precisa

    O que falta, então? Precisa colocar gente do governo acompanhando essa coleta de dados na ONU? Precisa melhorar a comunicação com os responsáveis pelo cálculo do IDH?

    Se o problema já aconteceu no passado, precisa ser corrigido. Não dá pra simplesmente continuar indo na imprensa pra dizer que os dados estão desatualizados. Além da mídia usar os dados oficiais contra o Brasil, ainda vão dizer que é mimimi do governo.

  3. Evolução do IDH em 10 anos. Avançamos 36 posições!

    Saimos de um IDH que posicionava na 115ª posição em 2003 para a 79ª posição. Se levarmos em conta a desatualização, podemos avançar mais, mas não é pouco avançar 36 posições em 10 anos.

    Não creio que devamos nos desgastar com os dados, mas somente com o rompante dos que distorcem as informações.

     

    http://www.baraoemfoco.com.br/barao/politica/idh/idp003.htm

    1. Questão de ordem!
      A posição na lista é irrelevante. O dado relevante é o valor do IDH em si. Por motivos óbvios: vc pode subir no ranking se outros países piorarem. Mesmo que seu povo não melhore.

  4. Evolução do IDH em 10 anos. Avançamos 36 posições!

    Saimos de um IDH que posicionava na 115ª posição em 2003 para a 79ª posição. Se levarmos em conta a desatualização, podemos avançar mais, mas não é pouco avançar 36 posições em 10 anos.

    Não creio que devamos nos desgastar com os dados, mas somente com o rompante dos que distorcem as informações.

     

    http://www.baraoemfoco.com.br/barao/politica/idh/idp003.htm

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