Homenagem aos 80 anos de Sylvia Telles

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Por Mara L. Baraúna

Homenagem aos 80 anos de Sylvia Telles

Sylvia Telles (Rio de Janeiro, 27 de agosto de 1934 — Maricá, 17 de dezembro de 1966)

Nascida em 27 de agosto de 1934, filha de Maria Amélia D’Atri, francesa, e do carioca Paulo Telles, músico e conhecedor profundo da música clássica, e irmã de Mário Telles, também músico.

Aos dezoito anos, dividia-se entre as aulas no colégio Sacre Coeur de Marie e as lições de dança com a professora Madeleine Rosay, do Corpo de Baile do Teatro Municipal. Também estudava piano e já gostava de cantar, mas sonhava mesmo era ser bailarina. Nessa época, exibia seu talento para a música nas reuniões que seu irmão, o letrista e cantor Mário Telles, promovia na casa da família, na rua Farani, em Botafogo. Por intermédio de Mário, Sylvia conheceu João Gilberto com quem iniciou um flerte. 

Com apenas 19 anos, já demonstrava que teria um futuro brilhante ao microfone. Mas seria preciso vencer a resistência do pai, que já havia posto fim ao seu namoro com João Gilberto. Escondida, Sylvinha apresentou-se no programa Calouros em Desfile, comandado por Ary Barroso na Rádio Tupi. Para ajudá-la, seu irmão Mário induziu seu pai a ouvir casualmente o programa no rádio do carro. Quando Seu Paulo percebeu que a cantora que ele havia gostado era sua filha, viu que não podia impedi-la de seguir a carreira. Mesmo porque o primeiro trabalho que ofereceram a Sylvia foi como assistente de palco no ingênuo Circo do Carequinha, exibido na TV Tupi. Mas não demorou muito para ela receber propostas mais adultas como, por exemplo, apresentar-se na revista Gente Bem e Champanhota, na qual cantou a composição de Henrique Beltrão, Amendoim Torradinho.

O espetáculo Gente Bem e Champanhota, apresentado no Teatro Follies em Copacabana em 1955, marcou o início da carreira de Sylvia Telles e lhe rendeu um compacto simples no mesmo ano com as faixas Amendoim Torradinho e Desejo, de Garoto, José Vasconcelos e Luiz Cláudio. Durante essa gravação, Sylvinha foi acompanhada pelo namorado e futuro marido, o violonista Candinho, com quem teve sua única filha, a também cantora Cláudia Telles.

O casal também atuou junto na TV Rio, apresentando o programa Música e Romance. Durante a atração, recebiam convidados como Dolores Duran, Tom Jobim, Johnny Alf, Garoto e Billy Blanco, para cantar e conversar. Além disso, a própria Sylvinha exercitava o seu já impecável gosto musical interpretando canções como a então novíssima Chove Lá Fora, de Tito Madi.

Um grande momento do programa Música e Romance era quando Sylvinha interpretava a canção Foi a Noite, de Antônio Carlos Jobim e Newton Mendonça. Essa música fez parte do 78 rotações lançado pela cantora em 1956, trabalho hoje considerado um marco precursor da bossa nova. O lado B trazia a canção Menina, do iniciante Carlos Lyra. Outra curiosidade desse disco é que Candinho, mesmo já separado de Sylvia, acompanhou-a ao violão. O término do casamento não significou o fim da amizade.

Foi a Noite também fez parte do primeiro LP da carreira de Sylvia Telles, lançado em 1957. O disco intitulado Carícia, nasceu da decisão da Odeon de expandir o 78 rotações da intérprete para o formato LP de dez polegadas. Nesse trabalho, a cantora e o ex-marido Candinho reeditaram pela última vez o dueto na canção Tu e Eu com que abriam e fechavam o programa Música e Romance na TV Rio.

Em 1958, Sylvia Telles foi a atração principal do antológico show no Grupo Universitário Hebraico, que reuniu iniciantes como Carlos Lyra, Nara Leão e Roberto Menescal. O apresentador do espetáculo, Ronaldo Bôscoli, havia pensado em João Gilberto como nome principal, mas ele não estava disponível. Convidou então Sylvinha que, mesmo sendo profissional, se considerava como um daqueles garotos cheios de uma bossa muito nova.

Em 1959, ela gravou dois LPs num espaço de apenas quatro meses, com um total de 24 canções, das quais 18 eram de Jobim. O primeiro desses LPs – intitulado Sylvia Telles- trazia clássicos como Estrada do sol, parceria de Tom com Dolores Duran.

Sylvinha Telles era realmente dona de um faro musical invejável, principalmente, quando o assunto era garimpar novos talentos a serem lançados. Além de Tom Jobim, a intérprete deu força a Caetano Veloso para ele tentar a sorte no Rio de Janeiro. Aliás, foi recebê-lo na rodoviária.

Apoiou também Chico Buarque, Elza Soares, Maria Bethânia e, quando todos torciam o nariz para a Jovem Guarda, Sylvia parou na contramão e foi a primeira artista considerada chique a gravar uma música de Roberto Carlos: a romântica Não quero ver você triste. 

No começo dos anos 60, a Odeon abriu mão dos serviços de Sylvia Telles e também de outros artistas do quilate de Lúcio Alves e Sérgio Ricardo. Em solidariedade à esposa, Aloysio de Oliveira pediu demissão da gravadora, migrou para a Philips e levou Sylvia com ele. Na nova empresa, a cantora gravou o LP Amor em Hi Fi que, além da bela versão francesa de Por Causa de Você, traz clássicos como Se é Tarde Me Perdoa, de Carlos Lyra e Ronaldo Bôscoli.

Sylvia Telles foi a primeira cantora profissional da Bossa Nova. Sua carreira se confunde com a trajetória deste importante movimento musical, pois Silvinha sempre esteve presente nos seus principais eventos e foi a primeira artista a gravar um álbum somente com as composições de Tom Jobim, o antológico Amor de gente moça.

Ruy Castro em seu livro Chega de Saudade, à pagina 372 sobre Sylvia Telles. “(…) Ela estivera presente em todos os momentos importantes da Bossa Nova: gravara o 78 r.p.m. com “Foi a noite” em 1956; seu nome puxara o show no Grupo Universitário Hebraico, em 1958 fora a primeira profissional a fazer a ponte entre a turminha e a turmona, e quase ate o fim nunca cantara outra coisa que não fosse samba moderno. E Quer saber de uma coisa? Não é absurdo que na relação de incesto estilístico que os primeiros cantores da Bossa Nova mantiveram com João Gilberto, ela é que o tivesse influenciado e não o contrário. Lembre-se que os dois foram namorados em 1952, quando João ainda usava amídalas à Orlando Silva e a acompanhava todo dia ao violão. Não se pode ter certeza de como ela cantava naquele tempo, mas, desde os seus primeiros 78s a partir de “Foi a noite” em 1956 Sylvia já era a mesma cantora que em 1959 gravaria Amor de gente moça. Ela não havia mudado; João Gilberto, sim.

Sylvia chegou a manter uma carreira de shows e gravações no exterior, facilitada por sua fluência em inglês e francês.

Em 1964, sofreu um grave acidente de carro na rua Tonelero, em Copacabana, ao dormir no volante, voltando de um show.

Em 1966, no auge da carreira, vinda de uma turnê pela Alemanha Ocidental e se preparando para uma série de apresentações nos Estados Unidos, falece aos 32 anos, num desastre de automóvel no dia 17 de dezembro de 1966, no km 24 da rodovia Amaral Peixoto, no Rio de Janeiro. Seu acompanhante, Horácio de Carvalho Neto, também morreu no desastre.

Sua curta carreira nos legou uma discografia pequena, porém essencial para a modernização da música brasileira ocorrida na passagem dos anos 50 para os 60. Até hoje ela é lembrada como uma artista à frente de sua época, a primeira a romper com velhos preconceitos em nome da boa música sempre.

Suas interpretações contidas – comoventes ou divertidas – nos remetem ao tempo da delicadeza, em que o bom gosto e a elegância norteavam a escolha do repertório e dos arranjos. Deixou órfã a musica popular brasileira privando-a de seu talento.

Em 1997, Cláudia Telles gravou o CD “Por Causa de Você – Dedicado à Silvinha Telles”, com músicas gravadas anteriormente por sua mãe, e com Cláudia dividindo as faixas com sua mãe, tendo sido a voz de Silvinha extraída das gravações originais.

 Sylvia Telles. Estúdio F, programa roteirizado pelo jornalista Cláudio Felicio.

Dicionário Cravo Albin 

EMI encaixota os dez álbuns feitos por Sylvia Telles em três gravadoras 

Ouça Sylvinha Telles na Rádio UOL 

Uma intérprete e seu compositor ideal 

 

 

Discografia 

 

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

8 Comentários

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  1. Ai Dindi!!

    Sylvia Telles é uma cantora que me remete (pela sua morte precoce, por sua voz, seus discos) ao Rio dos anos 50. Ela ficou la, eternizada nos anos dourados carioca. 

     

  2. PAPO 10

     

    Raridades da gravadora Elenco são relançadas em vinil

    “Estava pensando em fazer um disco com eles, mas pensei que seria melhor chamar aquela menina de zona sul, classe média, para cantar os compositores do morro. A primeira reação de Nara não foi das melhores. Ela achava que eles ‘soavam ruins'” – Carlos Lyra, compositor e violonista

    Carlos Lyra - Divulgação

    “Eu disse a ela: Nara, tira qualquer música minha do disco e coloca ‘Diz Que Fui Por Aí’. Esses produtores são uns bestas, não entendem nada. Ela me ouviu e deu no que deu”, completa Lyra.

    Lucas Nobile | O Estado de S. Paulo | 24 de Março de 2014

    Capa do disco que marcou a estreia de Nara Leão

    Na primeira metade da década de 1960, muitos balconistas de lojas de discos do Rio deparavam com uma situação curiosa: clientes chegavam perguntando não pelo novo álbum de um artista específico, mas pelos lançamentos de uma gravadora.

    A tiragem era pequena, cerca de 2 mil discos. Não se tratava da quantidade, mas, sim, da qualidade que faria com que a Elenco marcasse seu lugar na história da música brasileira. De 1963 a 1966, a gravadora criada por Aloysio de Oliveira lançou cerca de 60 álbuns de nomes como Tom Jobim, Vinicius de Moraes, Baden Powell, Sergio Mendes, João Donato, Dick Farney e Sylvia Telles, além das estreias de Edu Lobo e Nara Leão.

    Agora, cinco LPs da Elenco são relançados pela Polysom, única fabricante de discos de vinil da América Latina em atividade. O box reúne as três “categorias” marcantes da gravadora: encontros, como Caymmi Visita Tom (1964) e Vinicius & Odette Lara (1963); shows, como Vinicius/Caymmi no Zum Zum (1966); e estreias, como a de Nara Leão, em Nara (1964), e Bossa Nova York (1967), primeiro disco de Sergio Mendes nos Estados Unidos.

    “O Aloysio foi inovador. Deixou de ser um grande artista para, na época da bossa nova, se tornar um articulador cultural da maior importância. Antes da Elenco, ele já vinha fazendo isso na Odeon, com o João Gilberto. Tive a graça de poder lançar o meu melhor disco pela Elenco”, diz Sergio Ricardo sobre Um SR Talento, lançado em 1963.

    Os cinco discos foram reunidos em uma caixa a R$ 349. Os álbuns tiveram o projeto gráfico original mantido. O que no caso da Elenco faz muita diferença, considerando-se a importância das capas da gravadora, com fotos de Chico Pereira e layout de Cesar Villela.

    Relançados em vinil, os álbuns reafirmam o bom momento deste formato no mercado. Desde que retomou suas atividades, em 2010, a Polysom já vendeu cerca de 100 mil álbuns, sendo quase 60 mil no ano passado. Na lista, LPs de Jorge Benjor, Moacir Santos, João Donato, Antonio Adolfo e Ronnie Von.

    Carmen e o Bando da Lua


    [ Carmen Miranda levou o Bando da Lua para os Isteitis, pois estava de “namorico” com Aloysio de Oliveira, um dos componentes do grupo – Aloysio é o primeiro da esquerda, em primeiro plano ]

    Coincidência

    “Não acredito que você me ligou para falar sobre isto. Neste momento eu estou exatamente no mesmo lugar onde começou a minha história aqui nos Estados Unidos”, diz Sergio Mendes, impressionado com a coincidência. Ao atender o telefonema da reportagem, está em um quarto do Fontainebleau Miami Beach.

    O espanto do pianista e compositor tem explicação. Na década de 60, ele se apresentava no Bottle’s Bar, no Beco das Garrafas, em Copacabana, quando conheceu Nesuhi Ertegun. O turco, produtor da famosa gravadora americana Atlantic Records, gostou do som e disse: “Se você for aos Estados Unidos, eu gostaria de gravar um disco seu, me procure”.

    Em 1964, surpreendido pelos militares que invadiram sua casa em Niterói para prendê-lo, Mendes se mandou para os EUA. Ao chegar, ligou para Ertegun do mesmo hotel onde está hospedado hoje, 50 anos depois. Com tudo acertado, Mendes partiu para Nova York, onde gravou seu primeiro disco nos Estados Unidos. O álbum, que projetou o brasileiro no exterior, teve participações de Tom Jobim (no violão) e de jazzistas como Phil Woods, Art Farmer e Hubert Laws.

    Lançado como The Swinger from Rio, o disco saiu no Brasil em 1967 com título Bossa Nova York, pela Elenco. Agora, o álbum de estreia de Mendes nos EUA é relançado no País em vinil pela Polysom, em caixa que tem outros quatro LPs e chega às lojas em abril pela Polysom, mas já pode se comprada no site polysom.com.br. “O Nesuhi foi uma figura muito importante na minha vida, um grande amante do jazz e de pintura surrealista, foi uma espécie de mentor”, diz Mendes.

    A trajetória do produtor e diretor artístico Aloysio de Oliveira já era longa até criar a Elenco, na virada de 1962 para 1963. Ele fizera parte do Bando da Lua, que acompanhou Carmen Miranda pelos Estados Unidos, e também trabalhara na Odeon e na Philips. Sem a liberdade que desejava para criar, decidiu montar sua pequena e própria gravadora, a Elenco.

    Upa Neguinho começando a andar…

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    Moacir Santos

    Além do disco de Sergio Mendes, a caixa traz também álbuns importantes da gravadora que ficaria conhecida como “a casa da bossa nova”. Entre eles, Vinicius & Odette Lara, lançado em 1963, com parcerias de Vinicius e Baden Powell e a atriz Odette Lara no vocal. O álbum tem canções como Berimbau, Labareda, Samba da Bênção, O Astronauta e Deixa, com arranjos do maestro Moacir Santos, que fora parceiro de Vinicius e professor de Baden. “Esse disco devia se chamar Vinicius, Baden e Odette Lara. Como eram modernos os arranjos do Moacir para sopros e cordas, a concepção dele é muito forte. O Baden era como um afilhado, o Moacir o considerava seu melhor aluno”, diz o violonista e arranjador Mario Adnet, autor de discos sobre a obra de Moacir, como Ouro Negro e Choros e Alegria.

    Uma das sacadas de marketing de Aloysio era a promoção de encontros entre artistas que estrelariam os álbuns. Na mesma linha de Vinicius & Odette Lara, o produtor bolou casamentos musicais entre Roberto Menescal, Sylvia Telles e Lúcio Alves, Edu Lobo e Tamba Trio, Baden Powell e Jimmy Pratt, entre outros.

    Da série de encontros da Elenco, dois envolviam Dorival Caymmi, e são relançados agora. Um é Caymmi Visita Tom, de 1964, com composições de Dorival, Jobim e jovens da época como Roberto Menescal, Durval Ferreira, Mauricio Einhorn e Bebeto Castilho. “A Elenco percebeu, por meio do Aloysio, que tinha um movimento surgindo”, comenta Menescal, também autor de discos clássicos pela gravadora.

    Caymmi Visita Tom marcou o primeiro trabalho em disco de Dori (violão), Nana (voz) e Danilo Caymmi (flauta) com o pai, Dorival. No repertório, canções como Inútil Paisagem, de Jobim e Aloysio, Das Rosas, Saudade da Bahia e Canção da Noiva, de Caymmi, que contou com a voz de Stella Caymmi, esposa de Dorival.

    Diz que fui por aí…

    [video:http://youtu.be/NNGfxU7PArY width:600 height:450]

    “Foi o primeiro trabalho de disco que fizemos juntos com o velho, um clima muito familiar. Ficou muito marcante no trabalho da Elenco naquela época. O Aloysio inventava muito, foi um início importante na minha vida”, conta Dori Caymmi.

    O outro álbum relançado e que traz também um encontro de Dorival é Vinicius/Caymmi no Zum Zum. Lançado em 1966, o disco teve outro insight de Aloysio: a gravação de um show. O espetáculo, que ficou mais de um ano em cartaz no bar Zum Zum, mostrava o encontro de Vinicius e Dorival acompanhados pelas jovens cantoras do Quarteto em Cy e pelo conjunto do violonista, guitarrista e arranjador Oscar Castro Neves. A tecnologia, precária na época, não permitia que o show fosse gravado ao vivo com qualidade. Assim, o produtor levou os artistas para o estúdio e reproduziu o roteiro e o ambiente espontâneo do espetáculo. O repertório dispensava maiores apresentações: Berimbau e Formosa (Baden e Vinicius), Minha Namorada (Carlos Lyra e Vinicius), História de Pescadores (Caymmi), entre outras. “O Aloysio e a Elenco foram um passo à frente na discografia brasileira, só lançavam grandes nomes. Esse disco é de suma importância na nossa carreira, é como se fosse Antes do Zum Zum e Depois do Zum Zum”, lembra Cynara, do Quarteto em Cy.

    Dos cinco relançamentos da Elenco feitos pela Polysom, o de maior destaque talvez seja Nara, levando-se em conta que o disco de 1964 marcou a estreia fonográfica de Nara Leão. Um ano antes, na boate Au Bom Gourmet, a cantora estreava nos palcos com o show Pobre Menina Rica, de Carlos Lyra e Vinicius. E foi o próprio Lyra quem a apresentou nomes como Zé Kéti, Cartola, Nelson Cavaquinho e Elton Medeiros.

    “Esses caras se reuniam na minha casa, ficávamos tomando cachaça até de manhã. E eu com o meu gravador, registrando as composições. Estava pensando em fazer um disco com eles, mas pensei que seria melhor chamar aquela menina de zona sul, classe média, para cantar os compositores do morro”, diz Lyra. Segundo o compositor e violonista, a primeira reação de Nara não foi das melhores. Ela achava que eles “soavam ruins”. Lyra então pegou o violão e mostrou aqueles sambas interpretados como bossa nova. Nara mudou de ideia.

    Tempos depois, ele se encontrou com a cantora, que já estava com o disco praticamente todo gravado. No repertório, canções de Lyra, como A Marcha da Quarta-Feira de Cinzas (com Vinicius), Nanã (Moacir Santos, autor e arranjador da música), Canção da Terra (Edu Lobo e Ruy Guerra), além de sambas dos compositores do morro, como Sol Nascerá (A Sorrir), de Cartola e Elton Medeiros, e Luz Negra, de Nelson Cavaquinho e Amâncio Costa.

    Lyra só sentiu falta de uma canção, que, segundo Nara, Aloysio de Oliveira e Lindolfo Gaya (arranjador do álbum) não tinham gostado. Era simplesmente Diz Que Fui Por Aí, samba de Zé Kéti e Hortênsio Rocha que, por insistência de Lyra, entraria no disco e se tornaria um clássico na voz de Nara. “Eu disse a ela: Nara, tira qualquer música minha do disco e coloca Diz Que Fui Por Aí. Esses produtores são uns bestas, não entendem nada. Ela me ouviu e deu no que deu”, completa Lyra.

    Upa Neguinho na estrada…

    [video:http://youtu.be/ftbfYVsQCPU width:600 height:450]

    Informações do Território Eldorado com imagens da Internet não inseridas no texto original

    Link: http://www.territorioeldorado.limao.com.br/musica/mus326447.shtm

  3. sylvia telles

    justíssima e bela homenagem a uma cantora de quem gosto desde que a conheci e que ouço ,praticamente , todo dia no meu carro.Voz serena, elegante em músicas eternas Sylvia Telles è um marco definitivo na MPB.

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