Para desmentir dito, Lava Jato prende rico sem prova, por J. Carlos de Assis

Aliança pelo Brasil

Para desmentir dito, Lava Jato prende rico sem prova

por J. Carlos de Assis

O elemento ameaçador da Lava Jato quando se consideram os direitos civis é a atmosfera de poder absoluto que se criou em torno dela. Não há nenhum fator de Direito em seus fundamentos de um ponto e vista filosófico. É pura ideologia. Prende-se, no país da Lava Jato – o qual se tornou, na cabeça dos promotores e do juiz Moro, referência para todos os países honestos do mundo -, porque rico no Brasil não vai para a cadeia. Baseado nessa premissa, rico pode ser preso sem formação de culpa.

A ideia disseminada pela Lava Jato de que no Brasil rico não vai para a cadeia, que é falsa, tem como consequência incriminar todos os ricos; todos, por serem ricos, devem ir para a cadeia a fim de provar que o enunciado inicial tem validade. Rico honesto é um acaso. Nem importa muito que na avalanche de prisões feitas a partir de Curitiba haja alguns inocentes. Afinal, os justos pagam pelos pecadores. E o importante, em última instância, é tornar o Brasil absolutamente honesto, segundo a cartilha obsessiva de Moro.

Lembro-me de Proudhon: “A propriedade é um roubo”. Aqui, no país da Lava Jato, pode-se dizer que a riqueza, ou o lucro é um roubo. As penas impostas aos empresários envolvidos na Lava Jato não se equiparam às que a Justiça brasileira estabelece para crimes hediondos. Essas pessoas, empresários e executivos, não representam risco algum para ninguém. Certo, são riscos para os cofres públicos. Mas isso pode ser reparado com multas e indenizações, e alguma pena pessoal. Não a tortura psicológica, inquisitorial.

O sistema judicial de Curitiba exige, para funcionar, a investigação-espetáculo. Não houvesse isso não haveria cobertura de imprensa, e sem cobertura de imprensa a investigação teria que ser mais responsável. Há uma proteção mútua de irresponsabilidade pela qual o agente da Lava Jato, juiz, promotor ou policial, vazam informações confidenciais, e a imprensa as tornam imediatamente públicas. É impossível reagir eficazmente contra esse processo. Na essência, trata-se da ditadura judicial mencionada pelo ex-presidente José Sarney.

É verdade que a Lava Jato está limpando o país da corrupção. Mas ela está fazendo isso com a vassoura suja. Se atuasse de uma forma discreta, fora dos cânones da investigação-espetáculo, poderia ter eficácia maior, sem risco de questionamentos jurídicos e de nulidade. Naturalmente, a força de Curitiba tornou-se tão avassaladora que ela está em parte protegida de correção pelos tribunais superiores, intimidados diante dela. Mas no limite, como disse o ministro Marco Aurélio, “o chicote muda de mão”.

Do ponto de vista dos direitos de cidadania, ou, de forma mais abrangente, da democracia, estamos numa situação singular em que o sistema judicial transformou-se num tribunal de inquisição onde o réu é atacado pela polícia, pela procuradoria, pelo juiz de instrução e pela imprensa, ficando do outro lado apenas seu advogado. Nessas condições, aturdido por torturas psicológicas, ele se torna um delator, e como delator premiado, para escapar de parte da pena, delata tudo, até o inventado.

Curiosamente, esse processo gerou impunidade total ou parcial somente para os verdadeiros bandidos, os cinco diretores ou gerente da Petrobras apanhados em delito milionário. Eles é que foram os achacadores dos empresários em nome de partidos políticos. Eles é que representavam um comprador único, a Petrobras, que poderia ditar o preço da obra, inclusive o superfaturamento. Por que diabos são eles os principais culpados, quando só poderiam fazer obras de pagassem a propina exigida pelos delinquentes da Petrobras?

J. Carlos de Assis – Economista, professor, doutor pela Coppe/UFRJ, pioneiro do jornalismo investigativo no Brasil com quatro obras publicadas a respeito.

Redação

8 Comentários

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  1. “É verdade que a Lava Jato

    “É verdade que a Lava Jato está limpando o país da corrupção.”

    Perdoe-me a discordância: não se faz justiça com enviezamentos. Isso é coisa de ladrão. Mudança de foco. Apenas.

    1. Falácia digna de balcão de botequim.

      Essa afirmação:

      “…a Lava Jato está limpando o país da corrupção.”

       

      pode ser até tolerada e compreendida quando emanada das bocas umedecidas de cachaça em volta de balcões de milhões de botecos, em que são assistidos os ilusionistas da rede criminosa Globo/Mossack-Fonseca propalando essa falácia, enquanto seus patrões, verdadeiros delinquentes contumazes desfrutam do pacto de impunidade celebrado com as quadrilhas de servidores (?) públicos (?) de Curitiba.

       

      Mas é inaceitável quando emitida por uma pessoa supostamente bem informada como J. Carlos de Assis.

       

       

  2. Quando a justiça atua de
    Quando a justiça atua de maneira seletiva perde a credibilidade, muito mais grave é a proporção que a ilegalidade ganha ao ser instrumentalizada por juízes e representantes do mp, gravíssimo de todas as instâncias do poder judiciário, que agindo fora da lei se tornam justiceiros, feito os vingadores que participam de linchamentos.

  3. É quase assim,  José Carlos,

    É quase assim,  José Carlos,  a Lava Jato exclui da sua lista de “ricos culpados” os donos da Globo e os ricos tucanos ou tucanos ricos.

  4. “Eles é que foram os

    “Eles é que foram os achacadores dos empresários em nome de partidos políticos”

     

    tadinho dos empresarios, não sabiam de nada, o inocente!

    Eles não foram achacados. Eles pagam para ter os politicos na sua mão.

  5. Será que vocês não sabem que

    Será que vocês não sabem que esse paladino de Curitiba, Procuradores e Agentes da Polícia Federal, foram e continuam sendo preparados pelas mâos de Ti San, com cursos e palestras? Essa é a nova forma de desastabilizações de nações que vão de encontro aos ditames do irmão do norte. Eles sempre contaram com nossos lambe botas e capachos. E o intuito maior, são nossas riquezas e destruição das nossas grandes empresas. Não ãceitam governos progressistas e soberanos.

  6. Ricos e honestos

    Em 2014, tres novos brasileiros entraram para a lista de bilionários da Forbes.

    Eles são empresários e seus empreendimentos geram milhares de empregos no Brasil. E também no exterior.

    Eles levam o nome do Brasil lá fora com muita honra. Sua empresa é o que se chama de multinacional. Tem negócios worldwide.

    E o melhor, atuam em áreas que envolve tecnologia de ponta e vendem para governos do mundo todo, disputando pau-a-pau com concorrentes também de todo o mundo.

    Participam da cadeia óleo & gás. Só que não no Brasil, na Rússia e em mais uma dezena de países.

    São eles Eggon João da Silva, Werner Ricardo Voigt e Lilian Werninghaus. Conhecem ? Não ? Nunca estiveram nos noticiários políticos e policiais do Brasil ? 

    Que coisa ! São brasileiros, bilionários e o pior, honestos.

    http://gazetarussa.com.br/economia/2015/06/25/brasileira_weg_participara_de_30_grandes_projetos_na_russia_30777

    http://www.weg.net/

    Quando eu leio um texto como esse, fazendo a defesa de um grupo de desonestos que montou um cartel, provas já devidamente apresentadas e corroboradas por confissões, para assaltar um empresa pública, do povo, em conluio com políticos e diretores igualmente desonestos, fico horrorizado.

    Será que o autor, e também alguns comentaristas, pensa mesmo que a honestidade é algo impossível de ser alcançado ? Será que a corrupção está tão enraizada assim que se chega ao ponto de crer que não há vida possível fora disso ?

    E as dezenas de empresários honestos que foram durante todos esses anos alijados das concorrência da Petrobrás ? Como a prórpia WEG e tantos outros, o que será que o autor tem a dizer sobre eles ? Fodam-se !

    Lembro aqui de uma entrevista com José Alencar, que proporcionou ao PT e a Lula a chegada ao Governo Federal, foi o “fiador” sem o qual Lula jamais seria eleito, em que ele dizia ter “orgulho”, em sua carreira de pequeno comerciante até mega-empresário,  de nunca ter negociado com o poder público. De nunca ter vendido para o poder público. Quando perguntado porque pelo repórter, ele desconversou : Negociar com o poder público era sempre muito “complicado”.  Para bom entendor meia-palavra basta.

    Não tenho a menor dúvida que um dos motivos que levou milionário José Alencar a afiança a candidatura de Lula tenha sido o fato de acreditar que o PT no poder poderia tornar os negócios com o poder público menos “complicados”.

    Hoje seria mais um dos decepcionados.

    Em tempo, Jorge Zelada está preso e condenado, Nestor Cerveró está preso e condenado, Renato Duque está preso e condenado, Paulo Roberto Costa está Preso ( em domiciliar ) e condenado. A quem diabos o autor se refere quando diz que os diretores da Petrobras foram total ou parcialmente beneficiados com impunidade ?

    Os nomes, por favor.

     

     

     

     

     

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