Acordo de Paris: atraso nas metas faz custo para recuperar florestas saltar a R$ 228 bi

Renato Santana
Renato Santana é jornalista e escreve para o Jornal GGN desde maio de 2023. Tem passagem pelos portais Infoamazônia, Observatório da Mineração, Le Monde Diplomatique, Brasil de Fato, A Tribuna, além do jornal Porantim, sobre a questão indígena, entre outros. Em 2010, ganhou prêmio Vladimir Herzog por série de reportagens que investigou a atuação de grupos de extermínio em 2006, após ataques do PCC a postos policiais em São Paulo.
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O custo para recuperar 12 milhões de hectares pactuados pelo Brasil, no ato de assinatura do Acordo de Paris, em 2015, era de R$ 52 bilhões

Estrago deixado pelas queimadas criminosas na Amazônia. Iremos cobrar incessantemente que o governo Bolsonaro proteja as florestas e aja para barrar as mudanças climáticas. © Daniel Beltrá/ Greenpeace

Entre a assinatura do Acordo de Paris, em 2015, até o início deste mês, o Brasil cumpriu apenas 1% da meta de até 2030 recuperar 12 milhões de hectares com suas florestas nativas. De lá para cá, apenas 79,1 mil hectares foram recuperados, aponta estudo do Instituto Escolhas publicado este mês.  

Para cumprir a meta assumida no Acordo de Paris de plantar 12 milhões de hectares de floresta até 2030, o Brasil precisa agora investir R$ 228 bilhões. Ocorre que o retorno do investimento pode ser mais do que o dobro, além da geração de empregos e produção de alimentos.

Os últimos dois governos promoveram um acentuado retrocesso nas políticas de preservação ambiental, associadas à nula demarcação de terras indígenas e quilombolas e a criação de áreas de proteção ambiental, bem como o sucateamento de órgãos de fiscalização como o Ibama e o ICMBio.  

Para se ter uma ideia do tamanho do prejuízo gerado pelas gestões Michel Temer e Jair Bolsonaro, o Instituto Escolhas lembra que no ato da assinatura do Acordo de Paris, o custo para recuperar os 12 milhões de hectares era de R$ 52 bilhões.  

Receita bilionária com recuperação

A pesquisa do Instituto Escolhas revela que, além de viabilizar o cumprimento de uma meta climática importante, todo esse investimento poderia gerar R$ 776,5 bilhões em receita líquida e criar 2,5 milhões de novos postos de trabalho. 

A aplicação dos modelos propostos resultaria, ainda, na produção de 1 bilhão de m³ de madeira para comercialização e de 156 milhões de toneladas de alimentos. O estudo do Instituto Escolhas mostra ainda que a ação removerá 4,3 bilhões de toneladas de CO2 da atmosfera.

“A recuperação desses 12 milhões de hectares promete gerar índices expressivos de emprego e renda, enquanto remove 4,3 bilhões de toneladas de CO2 da atmosfera. É uma combinação perfeita entre a agenda socioeconômica e a agenda de mitigação da crise climática”, afirma o diretor-executivo do Instituto Escolhas, Sergio Leitão. 

Acordo de Paris 

Na 21ª Conferência das Partes (COP21) da UNFCCC, em Paris, foi adotado um novo acordo com o objetivo central de fortalecer a resposta global à ameaça da mudança do clima e de reforçar a capacidade dos países para lidar com os impactos decorrentes dessas mudanças. 

O Acordo de Paris foi aprovado pelos 195 países da UNFCCC para reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEE) no contexto do desenvolvimento sustentável.

 O compromisso ocorre no sentido de manter o aumento da temperatura média global em bem menos de 2°C acima dos níveis pré-industriais e de envidar esforços para limitar o aumento da temperatura a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais.

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Renato Santana

Renato Santana é jornalista e escreve para o Jornal GGN desde maio de 2023. Tem passagem pelos portais Infoamazônia, Observatório da Mineração, Le Monde Diplomatique, Brasil de Fato, A Tribuna, além do jornal Porantim, sobre a questão indígena, entre outros. Em 2010, ganhou prêmio Vladimir Herzog por série de reportagens que investigou a atuação de grupos de extermínio em 2006, após ataques do PCC a postos policiais em São Paulo.

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