Fora Temer, sim!, por J. Carlos de Assis

Movimento Brasil Agora

Fora Temer, sim!

por J. Carlos de Assis

Fora Temer, sim! Perdi meu tempo nos últimos dois meses e meio tentando convencer meus camaradas progressistas a assimilar o Governo Temer, por pior que ele seja, em nome da legitimidade formal da Presidência e da necessidade de nos prepararmos para as eleições presidenciais de 2018. Inútil. O Governo ilegítimo se revelou também corrupto. Está contaminado pelo fisiologismo mais abjeto, expresso nas figuras patéticas de Eliseu Padilha e Moreira Franco. Portanto, fora Temer, já!

Fora Temer, sim! Esse presidente contorcionista, que embala numa linguagem empolada os propósitos mais abomináveis no que diz respeito aos interesses da República, tem que ser colocado imediatamente para fora do Palácio, a fim de que, desde cima, sejam varridas as cavalariças do rei, e o próprio rei sujo. Na entrevista coletiva concedida excepcionalmente neste domingo, ao lado das figuras patéticas de Renan Calheiros e Rodrigo Maia, Temer gastou boa parte de seu tempo a desqualificar uma gravação que não conseguiu negar.

Fora Temer, sim! Só um governo espúrio poderia armar a pantomima da entrevista coletiva convocada para um domingo oficialmente destinada estabelecer, entre Executivo e Legislativo, um compromisso em relação a algo que, segundo os próprios entrevistados, nunca existiu. De fato, Maia e Renan negaram peremptoriamente o acordo contra a chamada anistia para o caixa dois, numa linguagem que, da parte de Maia, se revelou ininteligível. Entretanto, a essência de seu discurso é que nunca houve acordo. Então, por que a entrevista?

Fora Temer, sim! Que usou a pantomima da entrevista para defender a aprovação pelo Senado da espúria PEC-55, ou PEC da Morte, cujo resultado final, se aprovada, significaria a perpetuação por 20 anos da depressão econômica e do alto desemprego no Brasil, assim como a total degradação do setor público, principalmente de saúde e educação. Tirar Temer imediatamente do poder é varrê-lo, junto com Henrique Meirelles, de uma posição responsável pela continuação da degeneração da economia e do Estado, agora por lei.

Fora Temer, sim! Já é insuportável no país ouvir discursos presidenciais recortados de ideologia barata como a ideia difundida pelos neoliberais, citada por ele, segundo a qual “o governo não pode gastar mais do que arrecada”. Esse mantra associado à economia doméstica, que contraria as necessidades de toda a economia em depressão, só se justifica na boca de um presidente quando ele está encharcado de compromissos para atender os interesses de banqueiros e financistas, que exigem gastos do Estado, mas a seu favor.

Fora Temer, sim! Pois é insuportável um governo que reúne, em seu ministério e a partir da própria Presidência, fenômenos de corrupção e incompetência. A sociedade brasileira não suporta mais uma situação de alto desemprego e de que de renda, já da ordem de 5% num ano, constatada pelo IGBE. É que este Governo não tem nem vontade nem competência para fazer reverter a depressão econômica. Sua preocupação são negócios privados, conforme mostrou Gedel Vieira. E quais seriam os negócios de Moreira Franco e de Padilha?

Diante da inevitabilidade da saída de Temer, por renúncia ou por deposição, e já nos próximos dias, muito provavelmente entraremos na síndrome argentina que, depois de Menem e com a eleição do fraco De La Rua, significou o rodízio de cinco presidentes sucessivos em dez dias.  Tendo precedentes podemos fazer melhor. Constitucionalmente, se Temer cair ainda este ano, terão de ser convocadas eleições gerais, no contexto de um descrédito geral das instituições.

Mais do que apenas promover uma eleição cujo resultado venha a ser questionado por falta de legitimidade popular, a saída é o Congresso aprovar uma legislação eleitoral de emergência que resulte de um grande acordo para se eleger um Presidente de credibilidade inequívoca capaz de conduzir o país até as eleições gerais de 2018. Nada de eleição indireta manipulada para fazer Fernando Henrique Cardoso ou Nélson Jobim o presidente de ocasião. Agora, diferente dos tempos da Diretas-Já, é o povo que deve ditar as regras eleitorais.

Redação

6 Comentários

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  1. PQP!Assimilar o golpe ao

    PQP!Assimilar o golpe ao invés de lutar para derruba-lo?

    Com Brasileiros assim,pretensos formadores de opinião estamos fadados ao bunda molismo MESMO!

    1. Pena que só dá pra dar 5

      Pena que só dá pra dar 5 estrelinhas. Ninguém quer encarar os golpistas, e olha que o momento é oportuno, fragilidade internacional e nacional.

  2. Depois de recaídas, é bom recobrar a razão.

    Prezados,

    O professor José Carlos de Assis quase sempre escreve artigos contundentes, conscisos, com ácidas críticas aos que merecem ser criticados. Mas, inexplicavelmente, ele escreveu grandes besteiras, na vã tentativa de justificar o apoio que deu a Marcelo Crivella, prefeito eleito do Rio. Levou muitas cipoadas dos leitores, que lhe fizeram implacáveis e impiedosas críticas; eu fui um deles.

    Agora, José Carlos de Assis recobra a razão. O que o profesor faz agora é o que todos os intelectuais, pesquisadores, estudiosos, professores e pessoas conscientes deveriam estar fazendo desde que a trama golpista tomou força. Mas antes tarde do que nunca. 

    FORA TEMER!, FORA GOLPISTAS! FORA FHC!, FORA PSDB! FORA NEOLIBERAIS PRIVATISTAS E ENTREGUISTAS! FORA FMI! CADEIA PARA SÉRGIO MORO E COMPARSAS DA FRAUDEA JATO! 

  3. “O Governo ilegítimo se

    “O Governo ilegítimo se revelou também corrupto.”?

    Como se revelou? Então ninguém sabia, desde sempre, que Temer=Cunha=Geddel=Moreira Franco=Padilha?

    Cid e Ciro Gomes já haviam adiantado isso há muito tempo.

    Infelizmente tenho minhas dúvidas, não sobre o cartáter corrupto deste governo impostor, mas sim sobre o momento no qual nos encontramos, para a realização de uma campanha eleitoral resultante de um “fora Temer” ou de um “fora todos”.

    Receio que após uma “renovação geral” do Congresso e de uma nova eleição presidencial, acabarmos por legitimar o golpe: um novo Congresso pior do que este e um governo tucano, tão corrupto quanto o do PMDB, mas legitimados pelas urnas e pela força da mídia.

    Quero muito estar errado e peço que me convençam do contrário. Aviso, desde já, que a minha disposição para aceitar meu erro de avaliação é muito grande.

     

     

  4. Sobre o fim do Golpe

    Duas leituras essenciais em linha com o post de J. Carlos Assis:

    Ao PMDB só restou sacrificar a ala golpista e renascer com o Brasil. Wellington Calasans, em O Cafezinho, 29/11/2016: https://goo.gl/64ZaDx

    Devemos desculpas a Dilma pelo que deixamos que fizessem a ela. Paulo Nogueira, em Diário do Centro do Mundo, 29/11/2016: https://goo.gl/T7pHBk

    O fim do Golpe coloca uma questão candente, o dilema da bifurcação, os únicos caminhos possíveis: o acirramento da barbárie ou o consenso civilizatório.

    Nassif resumiu isso no Xadrez de ontem, como a necessidade de um pacto entre Lula e FHC, incomodando a muitos. Não sei se funcionaria: FHC é medíocre demais e Lula está o próprio Rei George VI, do seriado The Crown. Mas a ideia em si é o que nos resta de esperança. Exigirá que a esquerda umbigocrática aceite ser liderada e que a classe média coxinhocrática supere a repulsa e se disponha negociar. Não é impossível, pois o que está em jogo é a sobrevivência da Nação, mas ambos os lados precisarão cortar a carne da alma para dar certo.

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