Que bom! Sou um Idiota!, por Pedro Augusto Pinho

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Por Pedro Augusto Pinho
 
Há uma velocidade na sociedade contemporânea que me assombra. Para ainda encontrar o “inimigo comunista”, é preciso ter parado no tempo dos anos 1970, e, mesmo assim, ser pouco afeito à busca e ao entendimento do que ocorria ao redor do mundo.
 
Um momento de inflexão, de virada, foi a década de 1980, quando Margaret Thatcher e Ronald Reagan aboliram os controles e regulamentações para o capital financeiro e pode, então, o sistema financeiro internacional acolher o capital acumulado por atos ilícitos – tráfico de drogas, de pessoas e órgãos humanos, de armas, das corrupções empresariais e políticas – que ficavam em cofres, armários e, alguns mais ousados, em contas secretas na Suíça e nos paraísos fiscais, que começavam a brotar em ilhas caribenhas e do Canal da Mancha.
 
A partir daí, acelerou-se uma estrutura de capacitação formada desde a II Grande Guerra. Além da óbvia expertise em finanças, foi desenvolvido um novo  entendimento para diferentes áreas do conhecimento, e um bom exemplo desta diversidade são os Colóquios de Royaumont (*).
 
Ressalto, nestes conhecimentos, um conceito amplo da informação, associado à teoria dos sistemas. Neste amálgama se desenvolveu a tecnologia e a capacitação política deste sistema, que está em evolução permanente.
 
Há dez anos escrevia sobre a existência de meia centena de famílias, e poderia enumerar boa parte, que controlavam os fluxos financeiros internacionais. Elas também respondiam pelo controle de governos e instituições internacionais, e eram as impulsionadoras, financiadoras e municiadoras da enorme quantidade de guerras que deflagraram, explodiram, desde 1990, no mundo.
 
Um manto de farsas e fraudes cobriu esta realidade. Ora atribuída aos islâmicos, ora à preguiça dos gregos, à incapacidade crônica dos latinos, tudo para que não ficasse claro, evidente, que havia uma força condutora da economia, das finanças, da comunicação de massa, da produção acadêmica, do poder político e de governos em todo planeta. Este poder, o sistema financeiro internacional,  eu abrevio na palavra banca, mas meu caro leitor encontrará com frequência sob a designação de Nova Ordem Mundial, ou, na sigla em inglês, NWO.
 
Como é óbvio, uma das escapulidas deste poder é atribuir as realidades a uma “teoria conspiratória”, ao que retruco com a frase brilhante do grande jornalista e perspicaz analista Carlos Alberto (Beto) Almeida: “não conheço teorias, mas constato muitas práticas conspiratórias”.
 
A área psicossocial foi das mais profundamente desenvolvidas pela banca. Inúmeros centros de pesquisa e institutos de análise e desenvolvimento foram criados nestas quatro últimas décadas. Afinal era indispensável não apenas convencer as populações do contrário da lógica ocidental, construída, o longo de séculos, pelas religiões, pela ciência, pelas universidades, mas saber o que poderia motivá-las, que perfis de pessoas seriam mais sensíveis aos diferentes estímulos dos órgãos de comunicação social, inclusive e especialmente daqueles que cresceram com a banca, os sistemas virtuais.
 
Façamos uma breve pausa tratando dos sistemas virtuais. Neste último meio século, os equipamentos e sistemas de informação e comunicação evoluíram extraordinariamente. Tomando a minha vida profissional, passei da dificuldade de conseguir uma ligação telefônica internacional ou, menos ainda, interurbana,  para a imediata transferência de valor de uma conta bancária na Ásia para outra na América Latina, ou seja, entre países menos desenvolvidos do que os Estados Unidos da América (EUA) e os da União Europeia (UE). E pelo meu aparelho celular.
 
Também foi neste período que a concentração de renda se acelerou e se modificou a tal ponto que já não poderei, em 2018, identificar as maiores fortunas, e, por favor, sejam um pouco mais exigentes do que repetir os exibicionistas da Fortune. Provavelmente os Windsor, os Oranje-Nassau  continuarão sendo das quatro ou cinco maiores fortunas do mundo e nunca comporão as listas da Fortune.
 
Esta permanente concentração de renda levou ao anonimato dos aplicadores bilionários ou, até, trilionários. Divididos em múltiplos fundos, este donos do mundo passaram, no entanto, sua gestão para a igualmente anônima e impessoal gestão dos conselhos e comitês dos trilionários Vanguard Group, BlackRock, Street State Global Advisors, Fidelity e outras empresas de captação e aplicações financeiras.
 
Estas empresas são inacessíveis, as vítimas jamais conseguirão responsabilizá-las por desastres ambientais, humanos, econômicos ou quaisquer outros, em corte ou tribunal de países ricos, desenvolvidos, o que dirá em pobres e colonizados como o Brasil.
 
Uma superestrutura financeira que tem o projeto colonizador universal. E como sabe que Estados Nacionais podem se libertar, por pressão dos povos famintos e desesperançados, sem ter mais o que perder, a banca tem também o projeto de redução populacional.
 
Há um século a população mundial não chegava a 2 bilhões de almas. Hoje avizinha 8 bilhões. Tenho lido, em diversas fontes, e apenas repito que a banca pretende reduzir a população a 10% da atual. Mas faz sentido para evitar a pressão demográfica, que desencadearia outras em oposição ao sistema financeiro.
 
E, para isso, além do recurso das guerras, já em vigor, seriam acrescentados desastres ecológicos, uso de inseticidas e pesticidas inibidores de fertilidade e até assassinos, a disseminação de pestes e doenças, como ebola e outras produzidas em seus laboratórios, as migrações recebidas com tiros e, caro leitor, não pretendo escrever mais uma distopia. Elas já estão nas redes virtuais e nos canais de comunicação de massa.
 
Mas você estará recebendo, pessoalmente, as informações necessárias para apoiar a banca. E isto porque ela estuda você, sua família, seus amigos, seus correspondentes nos facebook, twitter, instagram, whatsapp e todos estes sistemas de comunicação. Nestes institutos especializados são processados  os fluxos e manifestações das pessoas e ,como pesquisadores de mercado, que  não pretendem lhe vender produtos mas ideias, reações, que você as terá “espontâneas”. E será um militante da banca, com a confiança e entusiasmo de um pobre faxineiro analfabeto na igreja neopentecostal, cujo pastor (como um Bispo Macedo) fica, sem qualquer escrúpulo, com toda remuneração de seu trabalho.
 
Que bom! Sou agora um imbecil diplomado.
 
(*) A “Abbaye de Royaumont”, mosteiro cisterciense do século XIII, a cerca de 30 km de Paris, acolheu, entre as décadas de 1950 e 1970, inúmeros seminários, conferências, debates e colóquios. Esta atividade foi retomada, em 2003, sob o título “Entretiens de Royaumont”.
 
*Pedro Augusto Pinho, avô, administrador aposentado
Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

2 Comentários

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  1. Dissonância cognitiva

    ou Sindrome do Sapo Fervido?       

    Quando o mágico toma o nosso relógio de ouro e o faz desaparecer na nossa cara,  quando  depois  ele o “materializa” e  devolve, nós nem  vamos conferir se é o mesmo , nós sorrimos maravilhados e aplaudimos o espetáculo de “magia”.

    Com raras e honrosas exceções, parece que “adoramos” ser enganados.

    Partindo desse princípio, o mais, é decorrência.

    Deixamos que bancos internacionais de dados colham nossas informações pessoais, mentais, físicas, nossas preferências e intimidade para fazerem o que quiserem com nossas vidas e ainda sorrimos com alegria diante de suas câmeras.

    Deixamos que se apossem do nosso dinheiro, do fruto do nosso trabalho, cobrem juros para “tomar conta dele”  aceitando a alegação de que é “por segurança “, e quando damos fé, estamos cegos, surdos, mudos e aleijados na mão do sistema.

    De repente, fora do sistema, não temos acesso à vida.

    O “legal” disso tudo, é que “escolhemos” esse controle em nome do “progresso”, da modernidade e das facilidades de “não tirar a bunda do sofá”. Tudo vem na nossa mão, como se tivessemos um mordomo diuturno – desde que tenhamos posses, porque vai ficando cada vez mais caro e inarredável viver sem as “benesses” do sistema.

    Não se come, não se bebe, não se comunica, não se viaja, não se acende uma luz sem pagamento ao sistema.

    O sistema garante uma vida digna, saudável e limpinha a quem pode se beneficiar dele. É como um restaurante de luxo.

    Não importa se o restaurante de fachada limpa tem carniça  cozinhando na cozinha. Não queremos ver de onde vem o nosso bem estar.

    Assim, a fábrica de miséria que mantém a beleza do sistema só vira notícia quando interessa causar indignação, sem, entretanto, permitir que se faça uma conexão entre causa e efeito.

    Vivemos em dissonância cognitiva.

    Quando, e se isso acontece, ai daquele que denuncia.

    Assim, o crente miserável, que mora na linha do trem num barraco que estremece quando o trem passa, tem o celular da hora, a bíblia abençoada do malafaia, que ele recebeu “de graça” após uma contribuição de R$300,00 para a obra de deus.

    Esse crente também tem um filho traficante, porque não há outro emprego lá onde ele mora, e um outro que vive de pequenos furtos, que justificam a contratação de guarda particular em ruas e condomínios temerosos.

    A outra filha do crente, mora no barraco com a família e mais um ou dois filhos, um de cada pai, filhos da gravidez na adolescência  porque não teve educação sexual na “escola sem partido” e nem pode abortar porque é pecado e sem perpectiva de emprego, aumenta a família e a fé em deus que seus pais tem, porque o pastor disse que “deus vai dar vitória” e “em tudo dai graças”.

    Com essa vida difícil, o “chefe da família”, que tinha emprego numa obra,  ou numa fábrica, ou numa loja, é despedido.

    A esposa vai trabalhar como diarista, ele vai fazer bico de pedreiro e a culpa da crise é do PT ou de qualquer outro governo que a mídia lhe aponte, porque a vontade do trabalhador está para a do espectador do mágico – ele quer ser enganado.

    Mas, os protocolos estão aí para serem cumpridos e quem viver, verá.

    Quem puder, sobreviverá.

                                                                                                                    

       

  2. “Há um século a população

    “Há um século a população mundial não chegava a 2 bilhões de almas. Hoje avizinha 8 bilhões. Tenho lido, em diversas fontes, e apenas repito que a banca pretende reduzir a população a 10% da atual. Mas faz sentido para evitar a pressão demográfica, que desencadearia outras em oposição ao sistema financeiro.”

    Pois é, caro Pinho, já que, como você chama, a “banca” não tem como administrar 8 bilhões de pessoas, não tem como alimentar, vestir e garantir emprego para essa gente toda, ou mata ou deixa morrer uma parte.

    A alternativa é independer da “banca”. Por exemplo, a banca não produz comida para todo mundo? Que as pessoas se associem e produzam alimento para si mesmas Que outras associações de pessoas produzam tecido, também à margem da banca, e que essas duas associações encontrem uma moeda – sempre fora da da banca – e comercializem entre si comida com roupa. Isso pode ser expandido até a mais fina tecnologia, pode abranger a praticamente tudo, da Medicina aos aviões a jato.

    O que quero dizer é que, para além das aparências, o líder depende dos liderados muito mais do que os liderados dependem do líder. O que está acontecendo, num outro exemplo, com os EUA é a perda de sua liderança justamente pelo abandono dos que o tinham como exemplo. E o pior: quanto mais são abandonados, mais agridem os ex-liderados. Aquela história – arcaica e obsoleta, do tempo das monarquias – de que se não se lidera pelo amor, se lidera pelo temor. Só que essa reação só promove maior e mais profundo abandono… Para acabar com um líder, lutar contra ele é inútil. Mas abandoná-lo o mata por inanição. A independência depende dos dependentes, não dos achacadores.

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