Reforma da Previdência: um crime contra a Economia Local?
por Maurício Moromizato
A Vida acontece nos municípios. É na cidade que se nasce, se estuda, se adoece e se trata, se trabalha, se mora, se festeja, enfim, que se convive e….SE APOSENTA!
Com a Reforma da Previdência, chegou a vez de atingir comerciantes, prestadores de serviço, profissionais liberais, trabalhadores informais. Enfim, todos os envolvidos na circulação do dinheiro na Economia local.
Como a justificativa para tal Reforma é financeira, com um alegado déficit, precisamos raciocinar e entender o caminho do Dinheiro em se tratando de aposentadoria, pensões e demais benefícios.
O trabalhador da ativa gera sua cota de contribuição ao INSS por um tempo entre 15 e 35 anos. Esse é o tempo e a quantidade de “dinheiro que sai do município”, como uma espécie de poupança.
Ao se aposentar esse “dinheiro retorna à Economia local”, de maneira muito forte.
Aposentados, pensionistas e beneficiários sociais não poupam, a maior parte de seus gastos é local e com isso alimentam economia municipal e a arrecadação da Prefeitura. Abrem vagas no mercado de trabalho.
A Reforma quer economizar “um trilhão de Reais”em 10 anos. Então esse é o tamanho mínimo do “desajuste” que provocará na economia local, via perda de capacidade de consumo em todos setores. Trara junto um prejuízo social enorme com benefícios e pensões menores do que um salário mínimo e limitando o acesso a quem teria PIS a receber. Para exemplificar, apenas com um dos benefícios, o Benefício de Prestação Continuada (BPC), a Economia de Ubatuba (100 mil habitantes) pode perder até 17 milhões de Reais/ano com a reforma. Dinheiro que entra na cidade através das pessoas mais vulneráveis socialmente e vai para a economia do município.
Resumindo, teremos:
– Dinheiro “saindo do Município” por um tempo maior;
– Retorno do dinheiro para a “economia local” por um tempo menor e em menor quantidade;
– Aumento de desemprego entre os jovens (adultos se aposentando mais tarde também retardam a recolocação de sua vaga de emprego no mercado de trabalho).
A ECONOMIA LOCAL É QUEM FARÁ ESSE AJUSTE DE 1 TRILHÃO!
E PARA ONDE IRÁ ESSE 1 TRILHÃO DE REAIS?
Está muito claro que esse enorme volume de dinheiro será transferido dos mais pobres, dos trabalhadores, de pensionistas e aposentados para os mais ricos e para os bancos. Portanto para fora das cidades, prejudicando a vida real das pessoas e a Economia dos municípios.
Para fora dos municípios teremos os ricos mais ricos ainda, os bancos aumentando sua arrecadação com Previdência Privada e tendo seus ganhos absurdos com juros preservados e grandes empresários continuando a serem beneficiados com desonerações e renúncias fiscais.
Para nós, sobrará crise econômica local, maior demanda por Serviços Públicos e população mais vulnerável. Teremos nas cidades:
– Idosos sem aposentadoria
– Incapazes sem BPC (ou com valor diminuído);
– Juventude sem emprego;
– Trabalhadores “fragilizados”;
– pobres mais pobres.
Tudo isso sendo feito utilizando informações irreais e/ou distorcidas, sem considerar a importância da Seguridade Social para os municípios, sem discutir com população e atores locais, sem incluir nada sobre os devedores e outras formas de financiamento.
Como pode um grande Banco DEVEDOR da Previdência distribuir 22 bilhões em dividendos aos acionistas?
Por que manter desonerações fiscais e renúncias fiscais, que na maioria das vezes servem apenas para aumentar lucros dos setores beneficiados?
O governo e seu ministro BANQUEIRO já mostraram de que lado estão.
Prefeitos, Vereadores, Empresários, Políticos e movimentos sociais, esclarecidos, devem ser aliados na defesa da Economia Local.
Não há emenda parlamentar, cargo ou promessas de investimentos que compensem esse “estrago” social e econômico.
Temos que dialogar na BASE de deputados e senadores, nas suas cidades, nos escritórios de mandatos, junto aos seus assessores, nas redes sociais, junto a seus cabos eleitorais e por todos os meios que possam mostrar aos que vão votar e ao governo federal, que não aceitamos pagar sozinhos essa conta.
Respondendo à pergunta do título, SIM a Reforma da Previdência, se aprovada, será um crime contra a Economia Local.
Nosso objetivo deve ser a REJEIÇÃO da Reforma.
Maurício Moromizato – Presidente do PT de Ubatuba. Ex-Prefeito de Ubatuba (2013/2016). Ex-Vice-Presidente da Frente Nacional de Prefeitos para municípios até 100 mil habitantes. Ex-Vice-Presidente da Frente Nacional de Prefeitos para Economia Solidária.
Referências:
https://www.dieese.org.br/notatecnica/2019/notaTec202MulherPrevidencia.html
https://www.dieese.org.br/notatecnica/2017/notaTec287Substitutivo.html
https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2017/08/08/empresas-devem-r-545-bilhoes-em-imposto-responsavel-por-alta-da-gasolina.htm
http://www.administradores.com.br/artigos/negocios/analise-critica-a-reforma-da-previdencia/113793/
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Por esse assalto ao povo brasileiro são capazes tirar o zéruela e colocarem o zébotina no lugar….
O povaréu já provou ser bovino……aceita ir para o cadafalso sem reagir….desde que jornalixos digam que é necessário e urgente……
É por tudo que foi muito bem colocado pelo Mauricio que teremos de suportar, se aprovado e confirmado esse crime, tendo como agravantes o aumento da criminalidade e o desespero social dos desempregados. Por outro lado, políticas de desenvolvimento centradas em investimentos públicos, certamente traria o aumento de arrecadação e o equilíbrio de contas que eliminaria a necessidade de uma reforma criminosa.
Precisamos da reforma da previdência.