Fernando Horta
Somos pela educação. Somos pela democracia e mais importante Somos e sempre seremos Lula.
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Texto 2 – O velho senhor do pijama listrado, por Fernando Horta

Gastos discricionários norte-americanos em 2015

Texto 2 – O velho senhor do pijama listrado, por Fernando Horta

Em 2008, o prejuízo mensurado pela crise financeira foi de US$ 22 trilhões apenas nos EUA. Quando o mundo tentava sair da imensa crise, em 2010 houve a crise da dívida da zona do Euro. O comércio mundial teve um refluxo de quase 40% em valor.  O preço médio da gasolina no varejo norte-americano no período, que estava a US$ a 4,12 em junho, chegou a US$1,61 em novembro de 2008, para se estabilizar em US$2,86 até 2010. O desemprego nos EUA que estava na ordem de 5 a 6% em 2007, atinge 10% em 2008 e se mantem no patamar acima de 8% até 2012. Para piorar a crise econômica norte-americana, a dívida interna fez com que entre setembro e outubro de 2013 ocorresse o “shutdown” da máquina pública. Por 16 dias o governo dos EUA deixou de pagar salários e pensões a todos os funcionários públicos, em todo o país e no exterior. A situação só é contornada com a votação do aumento do teto da dívida pelo congresso no final de outubro.

A maioria dos analistas internacionais e historiadores concordam que a hegemonia política e econômica mundial exercida pelos EUA está em declínio. Não apenas pela percepção de que “nenhum império é eterno”, mas também pelo fato de que, nos últimos anos, uma série de escolhas mal pensadas colocou os EUA em situação delicada. Desde o atentado ao World Trade Center, em 2001, os norte-americanos vêm ignorando organismos internacionais, tornando as suas ações cada vez mais custosas no cenário mundial. As coligações contra o Iraque, contra o Afeganistão, Líbia e Síria promoveram não apenas um desgaste político, mas também um monumental aumento nos déficits internos. Até 2014 estimativas davam conta de que os EUA teriam gasto quase 4 trilhões de dólares com as campanhas militares, com um custo diário de mais de US$ 200 milhões de dólares.

Experimentando oposição política de diversos “aliados” nos meios internacionais, os EUA criaram um sistema de recolhimento informações sobre diversos países, nada ortodoxo, chamado de NSA. O objetivo era inicialmente antecipar posturas de governos nos meios diplomáticos e, assim, poder estabelecer ações norte-americanas nos organismos internacionais. Inglaterra, Austrália, Alemanha, Suécia, Holanda, Dinamarca entre outros países, foram espionados e apresentaram, de uma forma ou de outra, críticas ao projeto americano. O Brasil, não foi, portanto, o único. A partir de interesses econômicos a NSA parece ter ampliado seus alvos. Snowden declara, por exemplo, que grandes empresas alemãs que competiam com as americanas foram espionadas (http://www.bbc.com/news/25907502). A NSA nunca teve foco no Brasil e não se registrou tentativas de golpe em outros países espionados.

Em 2014 é fato que vários grupos com atuação conservadora e financiados internacionalmente passaram a atacar o governo da presidenta Dilma Rousseff. O MBL, em especial, é uma cópia do Students for Liberty, um think tank conservador ativo nos EUA (http://operamundi.uol.com.br/conteudo/samuel/46627/de+onde+vem+e+para+onde+vai+a+ponte+para+o+futuro.shtml). Estas instituições, entretanto, atacaram tremendamente o próprio governo Obama nos EUA (http://www.newyorker.com/magazine/2010/08/30/covert-operations), tanto em questões econômicas como em questões climáticas (https://www.theguardian.com/environment/2012/may/08/conservative-thinktanks-obama-energy-plans) promovendo uma imensa campanha de desestabilização por lá, inclusive com ameaças de impeachment (https://www.mediamatters.org/blog/2014/06/03/five-years-of-conservatives-calling-for-obamas/199555). Seria paranóico acreditar que, no Brasil, estes organismos atuam por ordem do “governo americano”(dos “EUA”) e nos EUA eles atuam contra os próprios chefes. O fato é que o conservadorismo tem crescido muito no mundo financiado por grandes bilionários e empresas e usado para atacar governos por todo o globo, incluindo o próprio governo norte-americano.

O argumento sobre a embaixadora Liliana Ayalde, chamada de “senhora do golpe suave”, também não merece muito crédito dentro da narrativa do golpe yankee. Ayalde é diplomata desde 1981 tendo incialmente servido em Bangladesh e depois na Guatemala (1985), na Nicarágua (1995-1999), na Bolívia (1999-2005) e na Colômbia (2005-2008) (http://www.allgov.com/news/appointments-and-resignations/ambassador-to-brazil-who-is-liliana-ayalde-130622?news=850359). Não há indícios do uso dos poderes de Ayalde nestes países. Em 2008, ela foi enviada como embaixadora no Paraguay e é retirada no início de 2011 sendo que o golpe contra Lugo ocorre em junho de 2012. Ayalde nunca esteve em Honduras, e, depois de um período servindo em território norte-americano, foi designada para o Brasil chegando em agosto de 2013 (após os protestos de junho, portanto) e ficando até janeiro de 2017.

A postura brasileira de tornar o pré-sal um ativo nacional para desenvolvimento da economia interna certamente desgostou as empresas petrolíferas mundiais. O “livre mercado” é sempre um discurso na boca de bilionários que pouco ou nada tem de interesses nacionais. Entretanto, desde que Temer assumiu o governo, nenhuma empresa norte-americana conseguiu arrematar nenhuma parte do pré-sal. Se o golpe tivesse sido dado com este objetivo, então diríamos que foi um tremendo fracasso com empresas francesas, holandesas e até norueguesas participando do butim e deixando as norte-americanas de lado.

A questão dos BRICS, que é normalmente apontada como outro motivo para os EUA capitanearem um golpe sobre o Brasil, precisa ser vista com cuidado. Em primeiro lugar, os pesquisadores há muito afirmam que não há alinhamento político nos BRICS para além da retórica. Com economias mais concorrentes que complementares e com uma assimetria gigantesca entre China e Índia e Brasil e África do Sul, por exemplo, o discurso sempre foi muito mais afinado como propaganda do que como prática. Entretanto, mesmo depois do golpe, o Brasil vem mantendo estes vínculos fortes, aumentando, por exemplo a cooperação energética (http://www.sunvoltenergiasolar.com.br/banco-dos-brics-e-bndes-firmam-emprestimo-de-us-300-mi-para-energia-renovavel/). A ideia de que o golpe foi também por causa do BRICS é muito mais uma vontade de que fosse do que uma realidade empírica. Com o recuo do tamanho das economias ocidentais, maior ainda ficou a diferença para China e Índia. Hoje, com ou sem Brasil, os “RICS” teriam condições de agir internacionalmente, como de fato estão fazendo.

A verdade é que argumentos vagos como “o interesse do grande capital” ou a “geopolítica da hegemonia americana” são sempre apelativos, mas muito pouco explicativos. Moniz Bandeira argumenta, por exemplo, pelo interesse nas “bases militares” na América Latina exatamente quando Trump, em função do enorme custo de bases americanas pelo mundo, ameaça fechar inúmeras delas (https://www.washingtonpost.com/blogs/post-partisan/wp/2016/03/21/a-transcript-of-donald-trumps-meeting-with-the-washington-post-editorial-board/). Na realidade, em 2016 os EUA gastaram cerca de US$ 598 bilhões em defesa quando o valor para ciência e educação apenas US$ 100 bilhões. Os mesmos think tanks conservadores que financiaram o golpe no Brasil pensam que as bases ao redor do mundo devem ser fechadas (http://time.com/4511744/american-military-bases-overseas/). Seria um pouco ilógico que eles financiassem um golpe com o objetivo de fazerem exatamente o contrário do que dizem que deveria ser feito.

Diante disto, é importante reafirmar que a narrativa do protagonismo, liderança e mesmo controle estratégico norte-americano sobre o golpe carece de fontes primárias para seu crédito. A melhor indicação parecem ser os “cursos” do juiz Sérgio Moro nos EUA desde 2007 até 2009. Entretanto, é notório que os EUA realizaram diversos destes treinamentos desde o atentado de 2001, com diversos países, tendo como objetivo “enxugar” o financiamento para o terrorismo. Ademais, o Brasil tem milhares de juízes e seria bastante irracional treinar apenas um, num estado distante dos centros de poder brasileiros com o objetivo de dar o golpe. Creio que, os EUA com seus analistas podem ter ajudado em um momento ou outro e estão sim pensando em formas de obterem vantagem de toda esta confusão, mas não foram eles que planejaram ou mesmo executaram as ações que nos colocaram nesta distopia política. Procuremos as causas e os atores, pois, internamente. O velho senhor do pijama de listras brancas e vermelhas parece estar envelhecendo …

Fernando Horta

Somos pela educação. Somos pela democracia e mais importante Somos e sempre seremos Lula.

20 Comentários

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  1. Yes, but…

    Existem 3 forças independentes que atuam de forma aparentemente isolada mas que, em alguns momentos, se confundem e tem nos Estados Unidos seu grande vetor. A saber… O Estado americano, as grandes multinacionais americanas e o Grande Capital. O Estado americano cuida da geopolítica americana, as grandes multinacionais americanas cuidam de seus ganhos (que convergem para lá, total ou parcialmente, em forma de royalties) e o Grande Capital, que extrapola os Estados Unidos, e procura minar consistentemente qualquer inciativa de cunho socialista que possa, ainda que minimamente, colocar em risco os interesses seculares do Capital. Tentar apenas se concentrar no Estado americano e criar uma teoria unicamente em torno dele, parece-me um bom exercício acadêmico mas inteiramente desvinculado da realidade. Claro que o Império do velho senhor do pijama listrado um dia acabará… Mas estamos muito longe disso! 

    1. O Império de pijama….

      Concordo plenamente! Outro leitor condena o formato academico dos artigos e a provocação lançada pelo Fernado Horta. Penso, no momento, o contraditório não é mais  praticado nesse país, polemizar é, então, preciso! O debate, honesto, sempre constroi. No livro Legado de Cinzas: a historia secreta da Cia, Tim Wine (Pulitzer -2002), jornalista credenciado junto  a CIA, demonstra que a CIA e outros orgãos de espionagem, estão fora de controle do executivo ou macumado com ele em favor dos grandes grupos financeiros, comerciais e industriais. Se preciso, tirando e colocando os governantes de vários países pelo mundo afora. O relato sobre o Golpe de 64 começa na pagina 90. O filme O Dia que durou 21 anos, mostra a inauguração pelo Kenedy da nova sala de som e imagem exatamente com as tratativas para o golpe no Brasil. VIGIEMOS!

      1. Pois é, Péricles. Só que o

        Pois é, Péricles. Só que o autor não aceitou o contraditório de ontem. E hoje faz dois artigos “zoando” com as razões apresentadas pelos leitores do blog. Todos os impérios são intervencionistas e exploram as matérias primas de suas colonias. E impõe governantes submissos aos seus interesses. A história esta cheia de exemplos. Cartago resistiu a Roma e foi arrasado. A Cleópatra tentou salvar o Egito, que fornecia o trigo para o império romano,  tendo filhos com dois dos seus generais mais famosos: César e Marco Aurélio e foi derrotada. A Inglaterra se aferrou aos Estados Unidos no pós guerra e acabou uma colonia européia. 

        É preciso ser muito pragmático ou ingênuo para desconsiderar a influência americana no golpe brasileiro.

         

         

        1. Pois é Vera, fazer artigos Zoando dos leitores e ……

          Pois é Vera, fazer artigos Zoando dos leitores e comentaristas aqui do GGN é simplesmente um suicídio, ele não acha que com pequenas ironias, não tão irônicas nem tão pequenas, ele vai calar os seus detratores ou receber comentários mais raivosos que desqualifiquem a intervenção, pois bem, ele vai é irritar um monte de velhos que estão a décadas discutindo os mais diversos assuntos. O problema é que acadêmicos são acostumados a ou darem palestras em que há uma ou duas perguntas no final ou a discutir com alunos que estão começando a pensar.

          Minha avó que diria, é muita petulância!

      2. Formato acadêmico do

        Formato acadêmico do artigo?

        Tipo, dizer que Brasil e China não possuem economias complementares, ou que os Brics são mera propaganda?

        Polemizar por polemizar é trollagem, ainda mais com artigos com argumentos sem consistência, como dois citados anteriormente.

  2. GGN não é a Escolinha do Professor Raimundo!!!!

    O artigo irei criticá-lo mais tarde, mas a postura deste “articulista do GGN” foge totalmente a prática deste portal. Se ele quer dar aulas que dê na Universidade onde a imensa maioria dos alunos ou não tem condições de refutar seu pensamento ou simplesmente não tem disposição.

    Seu artigo anterior levou pau por todos os lados, e o mesmo articulista na sua sapiência ignorou olímpicamente as críticas e lança um segundo artigo.

    Terremos que ler dez artigos do mesmo para somente depois de solver as belíssimas idéias do lider ter condições de fazer algum comentário?

    1. Infelizmente, tenho que concordar…

      E digo infelizmente porque gosto da maioria dos textos do Fernando Horta que, reconheço, com esta ideia de virar articulista profissional vai cair na mesma armadilha que a maioria cai… Ter que ficar escrevendo todo dia alguma coisa mesmo quando não está inspirado mas, por obrigação de contrato, tem que escrever mesmo assim. Isso sem contar que por conta de uma vida acadêmica, construida em cima do que leu o que outros escreveram, pode tentar se aventurar em searas que exigem vivência, experiência prática e não apenas teórica… E aí, como nesta série de artigos onde tenta provar que mosquito não é elefante, passar uma evidente insegurança. Enfim… Que tenha humildade para entender que uma brilhante carreira acadêmica, como bem nos mostra Janaina Paschoal, não significa necessariamente sabedoria. 

  3. a História está sempre sendo

    a História está sempre sendo reescrita, porque relida, porque novos documentos vêm à tona. exemplo: uma carta de S.Freud escrita ao seu filho, só poderá ser aberta em 2032 (Schultz e Schultz). o que ela contém que poderá talvez e de certa forma mudar (ou não) compreensão acerca da pessoa Freud? por isso a Historiografia: as pesquisas, métodos e filosofia quanto ao estudo histórico. se o autor escrevesse sobre o golpe de 1964 (hoje chamado de civil-militar) no dia 02 de março de 1964, por certo sua análise (talvez convencimento) seria diferente se escrevesse hoje, quando alguns documentos “classified” (adjetivo) foram tornados públicos. é por isso que repetimos: só no futuro saberemos com mais detalhes acerca de todo esse movimento que culminou no golpe 2016 e na instalação de um governo de bandidos no poder (e isso inclui a recente e surpreendente mudança radical da rede golpista de comunicação em relação ao desavergonhado apoio dado ao sr.usurpador e seu desgoverno). muitas evidências estão claras, mas podemos ver estas como consequências (patentes) e não causas (latentes), ou apenas ingredientes para a desgraça que nos ocorreu. contudo, agradecemos ao S.A.L. 

  4. Wladimir Putin e Edorgam não
    Wladimir Putin e Edorgam não cobcordam com o artigo. Por experiência e fatos…Alias comecaram uns protestinhos sempre sobre corrupção na Russia nas portas da Copa das Confederações e há um ano da Copa, igualzinho aqui. Mas parece que Putin que não é Dilma tá dando um jeito nestes golpistas.

  5. Dilma, Temer e os interesses do EUA

    Já alertei outras vezes e não me custa falar novamente: o GGN está se tornando a Veja do campo progressista dada a agressividade com são recebidos quaisquer argumentos que tirem Dilma, Lula e o PT deste altar imaginário em que foram colocados. Já disse, também, que a fuga da realidade não nos ajuda a compreender o que se passa no Brasil e nem em encontrar soluções para os problemas. Ao contrário, se negar a enxergar leva, invariavelmente, a errar de novo. O artigo do Fernando Horta ajuda a nos livrarmos destes dois males.

    Até o governo Temer, o posto de principado dos interesses dos EUA no Brasil pertencia ao Governo Dilma. Na crise de 2008, quando os EUA resolveram torna-la “mundial” fabricando dinheiro fake e imundando o mundo de dólares frios para serem esquentados na especulação e nas privatizações (movimento que o economista Yoshiaki Nakano chamou de “guerra cambial”), praticamente todos os países do mundo ou seus blocos organizados adotaram medidas para se proteger deste ataque. O único país que não adotou tais medidas, mas ao contrário, atraiu esta onda de dólares especulativos para dentro de sua economia foi o Brasil, a partir de 2011, no governo Dilma. O resultado colhemos agora: 14 milhões de desempregados, a maior recessão de nossa história e a extorsão do Estado pela política de juros, os mais altos do mundo. 

    Quanto ao pré-sal, o primeiro (e acho que único) campo do pré-sal privatizado foi o de Libra, no governo Dilma. Ainda, foi no governo Dilma que a lei que garantia o conteúdo nacional e a preferência da Petrobrás foi alterada, em um acordo vergonhoso com o Senador Serra e outros próceres defensores da entrega do petróleo aos estrangeiros. 

    Por fim, em relação ao Juiz Sérgio Moro, ao que me consta não foi ele quem criou o maior sistema de corrupção eleitoral que já vimos. Ainda que ele fosse um agente da CIA infiltrado, se o PT, o PMDB e o PSDB não tivessem criado o esquema de corrupção que hoje conhecemos graças à Lava Jato, não haveria mágica capaz de provar o improvável – nem para a CIA. Quem roubou o dinheiro não foi o juiz, foram os partidos e não há ninguém preso pelo que não fez.

    Logo, o Horta tem razão quando diz que não devemos perder tempo procurando inimigos externos. Os problemas internos já nos são pesados o suficiente. 

    MOACIR DE FREITAS JR

  6. Tem-se os fatos

    Tem-se os fatos e praticasse a visão de realidade que se deseja de acordo com o que se quer como verdade

    Mas fatos são fatos…

     

    http://g1.globo.com/politica/noticia/2015/07/lista-revela-29-integrantes-do-governo-dilma-espionados-pelos-eua.html

    http://www1.folha.uol.com.br/poder/2016/05/1771016-wikileaks-diz-que-michel-temer-atuou-como-informante-dos-eua.shtml

    http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2010/12/101201_wikileaks_lula_fp.shtml

    https://jornalggn.com.br/blog/luisnassif/wikileaks-as-conversas-de-serra-com-a-chevron-sobre-o-pre-sal

    http://apublica.org/2011/06/wikileaks-consul-e-fhc-ironizam-movimento-%E2%80%9Ccansei%E2%80%9D/

    http://super.abril.com.br/blog/superlistas/13-fatos-sobre-o-brasil-revelados-pelo-wikileaks/

    https://www.brasil247.com/pt/247/brasil/274788/Assange-Golpe-no-Brasil-foi-constru%C3%ADdo-h%C3%A1-muito-tempo-com-apoio-dos-EUA.htm

     

    Existem muitas inverdades sobre a atuação dos EUA no golpe sobre Dilma, muitas de site de esquerda que elevam ao cubo uma simples menção do wikileaks sobre o fato, isso talvez tenha gerado as dúvidas de nosso amigo fernando sobre a atuação dos EUA no nosso país, lembrando que a atuação para o golpe foi feita de sobremaneira pelas empresas americanas com o apoio de organismos do governo americano, o povo americano é tão enganado quanto qualquer outro do planeta

    Jamais se acharão menções/provas diretas da atuação americana no golpe brasileiro, pelo menos não agora, divagar sobre isso é esperar pelo vazio, só pra se ter uma idéia as formas de implementação da operação condor demoraram décadas para serem reveladas e se há algo que devemos sempre levar em consideração é o nosso passado,  a própria atuação dos EUA na américa latina nos últimos anos já os gabarita por si só como co-autores…

     

    http://agenciabrasil.ebc.com.br/politica/noticia/2014-03/governo-norte-americano-participa-de-golpe-militar-no-brasil

    http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2017/05/1885332-eua-impoem-sancoes-a-integrantes-da-suprema-corte-da-venezuela.shtml

    http://www.bbc.com/portuguese/internacional-36407488

  7.  Não vejo razões para

     Não vejo razões para criticar a publicação desse texto – na verdade, sequer considero válido a censurar o fato de um texto de qualidade ter sido publicado. O que pode ser objeto de crítica são os argumentos, não a publicação. Ao contrário, opiniões divergentes da maioria dos que fizeram comentários é, a meu ver, bem-vinda, enriquece a discussão e nossa compreensão do golpe.

    Isso posto, coloco minhas discordâncias.

    Parece-me que o texto (I e II) apresenta uma narrativa consistente e interessante até que começa a expor conclusões que carecem de fundamentação mais robusta (ou seja, a partir da afirmativa “Seria paranóico acreditar que, no Brasil, estes organismos atuam por ordem do “governo americano”(dos “EUA”) e nos EUA eles atuam contra os próprios chefes.”).

    O autor atribui aos que consideram que o golpe no Brasil exige compreender a atuação geopolítica dos EUA uma visão algo primária. Ou seja, uma visão do golpe como uma conspiração na qual o governo dos EUA teria planejado e coordenado as ações que vivenciamos. Procura, então, refutar essa visão apresentando o que considera ser contradições (p. ex. a atuação de determinados think tanks).

    A parte sobre os BRICS, em particular, parece-me pouco fundamentada. A questão não é se existe um “alinhamento político” desses países. Evidentemente, que há interesses distintos e ações conflitantes, o mesmo ocorre, aliás, no bloco EUA/UE. Não é menos verdade, no entanto, que podemos considerar os BRICS com uma ameaça à “nova ordem mundial”. É claro que isso pressupõe aceitarmos a existência dessa ordem, como projeto e conjunto de ações, instituições, etc. Julgo que existem suficientes evidências para corroborar essa tese. Lembro do famoso discurso do Putin de 2007 em Munique e as reações que provocou – e os artigos no imprescindível Foreign Affairs são reveladores. Obviamente, isso não implica a aceitação da tese da participação dos EUA no golpe.

    Eu estou convicto que houve essa participação, inclusive pelas evidências apresentadas no próprio texto do Fernando Horta: financiamento de movimentos pró impeachment, espionagem, doutrinação ideológica, etc. Acredito, inclusive, que os EUA forneceram informações para diversos grupos envolvidos no golpe. É uma convicção que pode ser abandonada se novas informações vierem à luz.

    Em síntese, os argumentos apresentados para refutar essa participação parecem-me insuficientes. Reconheço que estamos muito longe de poder fazer um estudo amplamente fundamentado do golpe. Mas descartar a hipótese da importância da geopolítica, do conflito entre a “nova ordem” e o BRICS, etc. no golpe com base nas considerações dos Texto I e II é totalmente prematuro.

  8. Ser ou não ser…

    O republicanismo ajudou muito mais na concretização do golpe do que todo financiamento dos bilionários americanos. E a inércia do Zé Cardoso foi mais importante pros golpistas que a atuação da Srª Ayalde.

    Em 2013-16 devíamos estar muito mais firmes que em 2005, quando foram pra cima do Lula e o Governo resistiu. Taí o Erdogan, que sofreu tanto ataque quanto a Dilma, firme e forte.

  9. Continuo acreditando na

    Continuo acreditando na participação importante dos EUA no golpe. Agora não é por isso que deixo de ler e pensar sobre o que diz o autor. Acho interessante saber de opiniões que relativizam os Brics por exemplo. Enriquece o debate.

    O problema é o autor considerar que quem crê na participação americana necessariamente é adepto dos lugares comuns de Tio Sam por trás de tudo. Há argumentos sólidos na tese da intervenção (não direta) na maioria dos comentários dos colegas. Ninguém praticamente recorreu à clichês.

    Como dizem, nem tudo é preto e branco, há vários tons de cinza.

  10. Começa com besteiras, e depois continua.

    O texto pretende ser uma resposta às críticas levantadas no texto anterior, porém continua mais ingênuo ou mais mal intencionado como o primeiro, para fazer uma crítica vamos por partes.

    O primeiro parágrafo, além de citar dados que são conhecimento de todos, o articulista parece querer sustentar que a economia norte-americana vai mal como um sintoma do declínio do Império Norte-Americano, porém com estes dados escolhidos a dedo demostra toda a fragilidade não só das hipóteses mas sim do desconhecimento ou de um aparente desconhecimento da realidade econômica, por exemplo, a famosa taxa de desemprego que o autor coloca como um representação da queda do Império ele cita propositalmente as taxas de 2008 a 2012, esquecendo que os dados de emprego nos USA são bem atualizados e o desemprego no fim de 2016 fecha em 4,7%, ou seja, não nos níveis de 2012 como o autor cita. Se for por este índice o Império está mais vigoroso do que em 2007 antes da crise que segundo o mesmo variava entre 5% a 7%. Ou seja, mais uma vez o autor toma os leitores por imbecis.

    O pior de tudo é a citação do “shutdow” do governo em 2013 como fosse algo inédito na história norte-americana, o autor parece, ou faz parecer, desconhecer o histórico de fechamentos do governo norte-americano, que é uma característica que ocorre quando o congresso é de um partido e o governo do outro, só para mostrar o caso acrescento uma lista dos principais eventos ocorridos na história norte-americana:

    1790 – Financiamento guerra da secessão.

    1933 – Mudança de regras contábeis obrigando o pagamento em ouro as dívidas.

    1976 – Problemas de veto de lei durante o governo Gerald Ford.

    1977 – Vários problemas desde 12 de setembro.

    1978 – Governo Carter.

    1982 – 1987 Sucessivos shutdown do governo norte americano por diversas divergências com o congresso.

    1990 – George HW Bush de novo discordância entre congresso e poder federal.

    1995 – Governo Bill Clinton.

    2013 – Diversos “shutdowns” no governo Obama.

    Ou seja, o shutdowns surgem nos momentos em que a presidência é dos republicanos (ou dos democratas) e o congresso é do democratas (ou dos republicanos), o congresso num espírito mais ou menos tipo Aécio Neves, tranca algum refinanciamento que em outros governos seriam aceitos para “encher o saco” do executivo, logo não é um sintoma de crise coisa nenhuma.

    O preço da gasolina é um péssimo exemplo, pois este é mais de acordo com qualquer outra coisa do que uma crise no governo, pois o mercado não é regulamentado pelo mesmo nem há uma PetroUSA que regula os preços conforme as políticas governamentais.

    Cita no fim do primeiro parágrafo o aumento do teto da dívida, coisa que aparentemente vem ocorrendo já a mais de um século em determinados períodos, porém isto depois do fim do padrão ouro não tem grande significado, pois esta dívida é paga com uma coisa que não tem o mínimo valor intrínseco, o DOLAR.

    Conforme se pode ver, os argumentos do articulista são argumentos MAQUIADOS e completamente MENTIROSOS, pois lança a mão de períodos convenientemente escolhidos (como o desemprego), magnifica eventos que não representam nada mais do que querelas palacianas (Shutdown) e a partir disto começa a BOSTEJAR conclusões a partir de elementos falsos.

    É muita desonestidade intelectual para o meu gosto e não perderei meu tempo demostrando que as bobagens que são colocadas no que segue são bobagens, vai ser picareta assim no raio que o parta.

  11. Fernando Horta e a Arte da

    Fernando Horta e a Arte da Desonestidade Intelectual

    Concordo com o maestri, se, graças ao benefício da dúvida, o artigo anterior, cujas críticas motivaram essas duas patéticas respostas, pode ser considerado meramente ingênuo, neste, Fernando Horta deixa patente sua má-fé.

    Os erros são tantos que é até difícil comentar, a ignorância sobre os Brics é gritante, assim, vou limitar esse post ao “argumento mais poderoso” de Fernando Horta. 

    A melhor indicação parecem ser os “cursos” do juiz Sérgio Moro nos EUA desde 2007 até 2009. Entretanto, é notório que os EUA realizaram diversos destes treinamentos desde o atentado de 2001, com diversos países, tendo como objetivo “enxugar” o financiamento para o terrorismo. 

    UAU!!Graças a Fernando Horta, agora sabemos que Sérgio Moro foi treinado pelos EUA para combater o terrorismo no Brasil, SENSACIONAL, deve ser por isso que o Brasil não tem sido vitimado por ataques terroristas, Moro foi muito bem treinado!

    Em agradecimento ao nosso herói protetor do Paraná, que impediu a atuação da Al-Qaeda, Estado Islâmico e afins em solo brasileiro, recomendo ao blog que envie à República de Curitiba uma cópia autografada dos artigos de Fernando Horta, assim o nobre magistrado terá argumentos suficientes para contestar aqueles que o chamam de lacaio dos EUA, talvez até citar o ilustre Fernando Horta, troll do blog do Nassif, quando os advogados do ex-presidente Lula insistirem em fazer perguntas impertinantes sobre a cooperação da Força Tarefa com autoridades norte-americanas!

  12. Esse “argumento”(digamos que

    Esse “argumento”(digamos que seja)beira a imbecilidade: 

    Em primeiro lugar, os pesquisadores há muito afirmam que não há alinhamento político nos BRICS para além da retórica. Com economias mais concorrentes que complementares e com uma assimetria gigantesca entre China e Índia e Brasil e África do Sul, por exemplo, o discurso sempre foi muito mais afinado como propaganda do que como prática.

    Brasil e China(nosso maior parceiro comercial)não possuem economias complementares?Quais os grandes pesquisadores que sustentam essa posição?

    O comnetário do pretenso historiador demonstra apenas sua monstruosa ignorância do assunto. O ponto principal defendido pelos Brics se refere à reforma do sistema financeiro internacional, ponto convergente na posição de seus membros, e que, ao contrário do que Horta ignorantemente afirmou, vai muito além da propaganda e retórica, e se realiza em atos concretos, como a criação do Banco de Desenvolvimento, a Reforma do FMI e, principalmente, os acordos de swap promovidos pela China.

    Além disso, os membros dos Brics convergem em diversas questões centrais nas discussões da política internacional, como na defesa do respeito ao Direito Internacional, à soberania, a não intervenção, etc. Fernando Horta realmente acredita que países com as dimensões, riqueza e importância de Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul não deveriam se posicionar sobre esses temas?

  13. Muita gente se confunde com

    Muita gente se confunde com essa história de Estados Unidos. E que o Sr. Fernando não se sinta mal por confundir-se: a narrativa é feita para confundir, mesmo. Mesmo o vulgo daquele país se confunde, que dizer, então, do vulgo de outras nacionalidades?

    Se bem que ao vulgo estadunidense deve ser bem mais difícil: ele ouve que o seu país é o melhor do mundo – senão o único – desde que nasce e mesmo sem ter nada de real que confirme essa classificação. Mas temos que considerar que essas bobagens também são ensinadas ao vulgo de outros países.

    O que sei é que não dá para separar o eventualmente “bom” dos EUA do “ruim” desse país. Ou a gente fica com os dois ou abre mão dos dois. Se os EUA fossem um país insubstituível não tinha porque esse país investir tanto em impor-se através da força – moral e intelectual, propaganda, econômica ou bélica, armas – nem em sabotar o desenvolvimento alheio.

  14. Esse é o jogo

    Esse é o jogo: mexer com as contradições das partes envolvidas. Quer o exemplo maior do processo de cassação da chapa Dilma-Temer, imagine que fosse um jogo de xadrez. Será que os petistas sacrificariam a rainha (com a perda dos direitos políticos da ex-presidenta honesta e deposta injustamente) pelo xeque-mate de um rei-zumbi virtualmente morto; sendo que a partida continua em outros tabuleiros. Em meu íntimo, eu senti estas e outras contradições ao longo de todo estes processos políticos, mas esse é o jogo.

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