O pequeno Carlos Guilherme Motta

De Carlos Guilherme Motta a melhor definição é a inveja. A inveja perpassa toda sua obra.

Ganhou alguma visibilidade nos anos 80, surfando nas águas de um suposto pensamento crítico da USP. Depois, em um ataque de megalomania, supôs-se competente para escrever uma história do pensamento brasileiro.

Mas jamais passou de um mero candidato a vendedor de livros, prolífico, superficial. De sua vastíssima bibliografia não restou nada, apenas ecos de um ridículo profundo quando sua malandragem ficou exposta e a inveja passou a ser sua maior característica .

Tivesse mais envergadura serviria para um estudo de caso sobre a inveja na produção intelectual, assim como os que o mestre Antônio Cândido dedicou a Silvio Romero, analisando seus embates com Manuel Bonfim. Só que não tem envergadura. O máximo que poderá aspirar é ser personagem de algum romance, similar ao tipo que Eça de Queiroz descreveu em «A Cidade», do intelectual medíocre que quer a todo custo ser brilhante, que esforça-se, pena, sua, sonha, e não consegue sair da mediocridade.

Nos anos 80, a megalomania de Guilherme Motta o fez investir contra Sérgio Buarque de Hollanda e Gilberto Freyre. O primeiro, pelo fato de um editor com discernimento ter entregue ao maior historiador brasileiro, e não ao pequeno Motta, a incumbência de preparar uma nova história do Brasil. O invejoso Guilherme Motta tratou de desqualificar Buarque de Hollanda com a malandragem típica dos que só conseguem surfar em ondas: simulou uma defesa de Antônio Cândido, a grande unanimidade da USP, apresentando o mestre como o verdadeiro brasilianista, em contraposição a Sérgio Buarque, o falso.

Com isso pensava conquistar a adesão do pensamento uspiano para suas teses, como um chefe de torcida organizada. Em vez de adesão, conseguiu o ridículo.

Fez o mesmo com Gilberto Freyre, tentando surfar na onda anti-direita da USP. Mais uma vez criou uma falsa disputa com Antônio Cândido.

Até hoje o episódio causa constrangimento em Antônio Cândido, que costuma se referir a Guilherme Motta como «um rapaz irresponsável», que «escreve muito», no sentido da quantidade, obviamente.

Depois, tentou criar uma suposta «escola de pensamento da USP», da qual ele seria o líder, para desmoralizar o pensamento de Darcy Ribeiro. Foi desmoralizado por Darcy, em um artigo memorável. Vinte anos depois de suas incursões megalomaníacas, nada restou da sua produção intelectual. Apenas a lembrança ridícula do professor medíocre da USP que investiu contra três dos maiores pensadores brasileiros do século.

Sempre foi um puxa-saco empedernido da mídia – puxava o meu, inclusive, quando julgava poder conquistar espaço nos jornais.

Tempos atrás critiquei uma entrevista sua. Bobagem minha, aliás, porque de tão pobre a entrevista, de tão inexpressivo o autor, depois que o tempo se incumbiu de reduzi-lo à sua verdadeira dimensão, que não merecia ter perdido o tempo. Mas se tem algo que me irrita profundamente é a mediocridade emplumada, o sujeito que empina o nariz, saca o diploma de intelectual e só consegue escrever abobrinhas.

Hoje volta no Estadão, descontando, aproveitando o clima de caça às bruxas permitido por Marcelo Beraba para ataques desqualificadores. Apresenta-me como o coordenador do manifesto contra a mídia, sabendo que não sou, apenas como álibi para retaliar. O modo da ação é mesmo. Surfa no tema do momento, de catarses políticas ou intelectuais, que tornam as pessoas menos rigorosas em relação ao pensamento superficial, e abrem algum espaço para os candidatos a “chefes de torcida”. Aliás, tornou-se tão inexpressivo, mesmo no rarefeito ambiente intelectual da velha mídia, que hoje só se habilita ao papel de “torcedor-linchador”. Entrega o que o jornal quer, vinga-se da crítica recebida, sem precisar correr risco de levar a disputa para o campo das ideias, e consegue uma sobrevida para sua produção medíocre.

Mas apenas reforça a imagem de «pequeno Motta» que o acompanha desde os anos 80. 

Clique aqui para ler o artigo.

Aqui, alguns dos comentários no próprio site do Estadão:

José Szwako

CG, que tal comecar a criticar de fato ao invés de ficar só “alertando” e distribuindo rótulos preconceituosos… Povo despreparado? “Sociedade civil incipientíssima” “ou o que resta dela”?? “Neopopulismo pobrista”? (Para nao falar nesses “tais índices de crescimento” e nas mulheres-pera”[!!!]) Se essas fórmulas viessem de algum intelectual do DEM, vá lá, mas de um intelectual uspiano, pas posible! Euforia falsa, mera ilusão, pode ser, como tantas outras… Falta agora sair dessa fachada protointelectual (formalismo vazio) e fazer a crítica dessa ilusão – mas aí aperta muito, pois isso implicaria em reconhecer a própria posicao na atual incapacidade crítica.

Frederico Firmo de Souza Cruz

Caro Carlos Guilherme Mota

Talvez seja de seu conhecimento, Bourdieu fala muito sobre capital simbólico. De fato não sei se o tem ou não, mas sem duvida parece querer usar seus titulos como carteiraço simbólico. Eu pasmo de ver pessoas que como o senhor que tiveram todas as chances, que deve ter lido tudo sobre história, filosofia ciências e letras e aprendeu tão pouco. O tempo todo se fala de um desenvolvimento politico e cultural precário e o senhor não assume a responsabilidade por isto. QUando FHC estava no poder provavelmente o sr. falava em realpolitik, quando FHC atacou a universidade e quase a destruiu voce não falou nada sobre a estupidez das elites quatrocentonas. Sequer notou que apenas é mais um peão neste jogo sórdido de palavras que tentam criar uma realidade inexistente, pois não lhe agrada. Caetano ( que é otimo poeta e péssimo político) já disse – narciso acha feio aquilo que não é espelho.

Roberto Grün

É linda a afirmação de Mota..

” É perigosa a mobilização populista de uma população que ainda não entrou na antessala da sociedade democrática moderna – por falta de educação, saneamento, saúde, mas sobretudo por falta de exemplos de cima”

Cento e vinte anos de República e ele, grande intelectual, insiste em afirmar que o povo não está preparado. Talvez uma boa solução para isso fosse ponderar o valor dos votos. Mais branco e educado, vale 10…mais negro e menos educado, vale 1. Daí quem sabe a República do Brasil seria a dos seus sonhos..Menos importante, mas um pouco decepcionante é Mota concordar malaise no feminino. Se quer exibir todos esses títulos, seria melhor pedir para um revisor dar uma olhada. As instituições que lhe concederam os títulos sofreriam menos.

joão maurà cio rosa

Sinceramente, nunca li artigo tão pobre em argumentos e fundamentos. O Estadão parece estar esquecendo seu passado nesta tentativa absurda de golpear as eleições de outubro

Fernando Milliet Roque

De nada adianta um eruditismo de orelha de livro se você não entende o mundo que lhe cerca. A falta de credibilidade da mídia (segundo o IPESP 60% consideram as matérias de jornais, revistas, rádio e televisão tendenciosas) é porque ela mira apenas um candidato, com o seu mantra “O PT nãso pode vencer”. Infelizmente escreve-se o que os leitores querem ler. A mídia tornou-se formadora de opinião só de quem já tem opinião formada. Foi derrotada em 2006 e será novamente em 2010 porque não reflete no que faz. Acho que o Estadão finalmente assumir que apoia a candidatura Serra (esse segredo de polichinelo está no editorial de hoje) é um primeiro passo. Não é com os argumentos primários desse artigo que se vai chegar a um caminho de como a mídia possa novamente ser relevante na informação e formação de opinião de quem não a tem formada. 

Luis Nassif

0 Comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador