Por unanimidade, o Copom (Comitê de Política Monetária) aceitou um aumento de 0,25 pontos na taxa Selic. Um ato corajoso, já que o mercado queria 0,50. Mas, corajoso mas nem tanto, deixou aberta a possibilidade de mais aumentos futuros.
E o mercado usa de uma linguagem estranha para dar a impressão de uma leitura técnica.
- A mensagem geral do Copom veio possivelmente mais “hawkish” do que a maioria dos participantes do mercado esperavam. “O guidance para os próximos passos ficou em aberto, mas não parece tender a um ciclo gradual”.
E quem há de discordar de tanta sabedoria. Antes, as apostas em torno da Selic eram sobre o aumento ou não da taxa básica dos EUA. Em vez de aumento, veio uma queda. E o BC reagiu com “hawkish” (com dureza) em vez de “dovish”.
Imagine o jovem e entusiasmado repórter de finanças chegando no seu chefe dominando todos esses termos! Ninguém segura.
No fundo, o que houve é que o mercado apostou no desastre – taxas americanas em alta, economia brasileira em queda -, fez apostas erradas e se o BC atuasse da maneira correta, levaria um tranco dos bons. Assim, por um desses milagres de indução, forçaram as taxas para que seus erros fossem tratados como realidade.
Assim como a rede de Pablo Marçal, assim que as lideranças definem o julgamento, milhares de operadores atuam como propagadores da nova verdade para algumas dezenas de repórter financeiros que, através dos jornais, espalham os factóides pelo país.
Segundo o mercado, o BC foi mais duro do que a maioria do mercado esperava. Tudo isso porque, meses atrás, o presidente do Banco Central – Roberto Campos Neto, que não é nenhum Pablo Marçal em habilidade – deu sinais (o tal “guidance”) de que os bons ventos que o mercado via, seriam vistos como maus ventos pelo BC.
Armou a cama para o sucessor, Gabriel Galípolo. Se ele se fizesse qualquer manifestação otimista, seria taxado de pau-mandado do governo. Para sair da armadilha, Galipolo é mais duro do que seria o mercado e Lula dá uma declaração de “não estou nem aí”.
E o “hawkish” assume o comando, com 200 milhões de povão assistindo aquele admirável jogo de taxas. A ideia será fortalecer os instrumentos de que dispõe o Banco Central, para até um dia, até talvez, até quem sabe, trazer as taxas para um patamar civilizado. E assim, o país do futuro traz de volta o padrão KJ. JK propunha 50 anos em 5. KJ propõe -20 anos em 2.
No último ano, tentará alcançar níveis civilizados e o mercado em coro reagirá:
- A gente não quer mais Selic, a gente não quer mais renda fixa, a gente quer Petrobras, em negócio similar ao da Sabesp.
Como manter o sangue frio para mais um ano e tanto de juros altos? Lula acredita piamente que, tal como no segundo governo,, receberá ajuda divina. E, nos dois últimos anos de governo, repetirá o sucesso de Lula 2.
O milagre de Lula 2
Naquele período, não fosse a crise mundial, o Brasil teria quebrado no segundo semestre.
Consegui recuperar uma Coluna Econômica de 18 de maio de 2007
Doze anos depois, a tragédia se repete, com agravantes: é a segunda onda de destruição cambial sobre setores exportadores, mal refeitos dos desastres anteriores. Por que essa repetição reiterada do desastre?
A lógica é política. Nos últimos doze anos, a política brasileira foi dominada por três personagens imbatíveis: o chamado mercado (com domínio total sobre o Banco Central), grandes corporações e grandes centrais sindicais do eixo Rio-São Paulo. Fernando Henrique Cardoso e Lula movimentaram-se em torno desses três eixos, disputando o mesmo espaço.
Ao mercado foi dado o presente do livre fluxo de capitais. Com esse livre fluxo, os grandes investidores brasileiros mandaram seus recursos para fora, através de doleiros e contas CC-5 e trouxeram de volta para o país como se fosse capital externo, livre de impostos. Aqui, passaram a ser remunerados pelas mais altas taxas de juros do planeta.
Com esse livre fluxo de capitais, em um mundo com ampla liquidez, há o risco concreto da apreciação do real, enfraquecendo as empresas frente a concorrência externa. O correto seria colocar obstáculos a esse livre fluxo.
Acontece que esse livre fluxo é fundamental para manter viva a indústria da arbitragem financeira – para onde vão nove entre cada dez ex-diretores do BC.
Para reduzir a pressão das grandes empresas com a apreciação do real, o BC providencia taxas de juros extraordinárias. Essas empresas podem antecipar exportações e aplicar no mercado financeiro. Com os ganhos, é como se sua taxa de câmbio efetiva fosse de R$ 2,40, ao tempo em que o dólar estava a R$ 2,10.
As grandes centrais sindicais foram cooptadas com recursos do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador), tanto na era FHC quanto na era Lula.
Finalmente, a grande massa dos eleitores de baixa renda foram atendidas pelo Bolsa Família e pelo carisma pessoal de Lula.
Sem mais ninguém para pressionar, o restante do país ficou a ver navios, especialmente pequenas e médias empresas. O único momento em que Lula aparentou preocupação com o câmbio foi quando viu sua votação diminuir em estados mais diretamente afetados pela apreciação cambial.
Aí Deus recebeu um apelo de Lula e resolveu mandar dois milagres.
Um, a crise global que levou à explosão das commodities impedindo a implosão das balança comercial brasileira. Outra, o “mensalão”, para Lula aprender como se dão os golpes políticos-jurídicos.
Mas, talvez pelo longo tempo longe das comunidades eclesiais de base, Lula julgou que a vitória de 2008 foi fruto de sua intuição infernal (ops, perdão, Deus!). E o ensaio de golpe do mensalão, facilmente abortado por sua popularidade inabalável.
Dias atrás, eu soube por fontes celestiais que Lula buscou auxílio divino. E a resposta foi dura:
- Eu te dei uma enorme popularidade, com o boom das commodities. E o que você fez com ela? Porque não mudou a política monetária, porque não montou um plano de mudança econômica, em vez de ficar vidrado apenas em inauguração de obras e no Bolsa Família. Eu te dei o mensalão, para você aprender o que é um golpe. E o que você fez com os dois presentes? Agora, se vire!
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IH! você que é um cara bem informado dos meandros do pais recebeu informações de uma fonte celestial de que Lula buscou auxílio divino e recebeu de resposta:
“Eu te dei uma enorme popularidade, com o boom das commodities. E o que você fez com ela? Porque não mudou a política monetária, porque não montou um plano de mudança econômica, em vez de ficar vidrado apenas em inauguração de obras e no Bolsa Família. Eu te dei o mensalão, para você aprender o que é um golpe. E o que você fez com os dois presentes? Agora, se vire!”
nós, simples pagadores de impostos, estamos Phu …
droga, nem dinheiro tenho pra comprar um bote …
Não seria “Por que não mudou a política monetária, por que não montou um plano de mudança econômica, em vez de ficar vidrado apenas em inauguração de obras e no Bolsa Família?” ?
Justamente
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1 – GGN – Lula é aplaudido de pé em Genebra mas a imprensa brasileira ignora
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Publicado em 17 de junho de 2024, 12:09
2 – Na próxima terça, 24/09, Lula abrirá a 79ª. Assembleia da ONU, como ocorre todo ano. Segundo li por aí, o discurso começou a ser preparado há mais de 2 meses, e será na linha arrasa quarteirão, abordando temas de interesse mundial, como clima, desigualdades, pobreza, taxação dos ricos, por aí.
É muito provável que a cena de Genebra se repita, em nível muito superior, tipo consagração. A se confirmar, acontecerão duas coisas:
1) Lula se auto proclamará Presidente do Mundo;
2) Deus terá de tirar ficha e entrar na fila para falar com o Presidente do Mundo.
No plano internacional, é dos maiores pacificadores da história
Acho que o Nassif esgotou a paciância com o tio lula.
começou a debandada com isso ?
Que nada. Lula ainda és única esperança contra s direita
Sobre centrais sindicais… sei não; mas que o Brasil é dos banqueiros, isso é. Desde que em 1822 suportou a montanha de ouro da família Rothschild (juntada contra Napoleão e que não foi necessária) forjando um Tesouro novinho (o ouro nunca saiu da Inglaterra) para o calçar. E nunca deixou de sê-lo. Continuamos a gerar riquezas ‘através do açúcar’, no lombo do escravos, para lucro de banca, luxo e pose estúpida dos capachos capatazes e uns poucos apaniguados.
Entre as coisas que Lula não sabe, Nassif, inclua a seguinte regra consuetudinária: Deus não manda em banqueiros. Muito embora eu suspeite que ele nem sequer se deu conta de que presidentes também não mandam nessa gente. Mas, tudo bem. O que me leva a discordar, essencialmente, da visão arguta contida nesse post, é que a política brasileira, nesse período, teve dois personagens imbatíveis: o Mercado (que manda no BC) e as grandes corporações. As grandes centrais sindicais, como você mesmo diz, foram cooptadas, e personagens protagonistas – imbatíveis – não são cooptados, eles cooptam. Manda quem suborna, obedece quem é subornado. Tirando esses dois, o restante são coadjuvantes e figurantes.
No mais, é a eterna tristeza e depressão de constatar, repetidamente, que os rumos da imensa massa da população do mundo continua a ter seu destino – dentre outras coisas menores e insignificantes, como a sua possibilidade de fazer uma refeição diária, ou de ter um trabalho (que não chamarei de digno porque nenhum trabalho realizado a troco de um salário é digno, mas, meramente, esmola e sobrevivência) que lhe permita manter-se vivo e minimamente saudável, ou ter algum tipo de expectativa de felicidade – nas mãos de um grupelho de engravatados reunidos em salas assépticas e com ar-condicionado, em reuniões regadas a whisky e pó (ou qualquer dessas outras desgraças com as quais uns poucos deles, também, faturam bilhões), decidindo e fixando, ao sabor de suas próprias necessidades e conveniências, os juros, o câmbio, e todas essas excrescências que pouca ou nenhuma ligação tem com a vida real das pessoas.
E, fosse Deus quem nós somos ensinados a crer que é, creio que ele não se dignaria a responder ao nosso presidente. Ele não respondeu Pilatos, que fez uma pergunta gravíssima (que é a verdade?), e que, caso tivesse sido respondida, teria evitado todas as tragédias e calamidades da história da humanidade, porque então se daria o trabalho de dar conselhos sobre política monetária a um presidentezinho de terceiro mundo? A verdade é uma só: Presidentes não mandam em banqueiros. E os banqueiros e as grandes corporações mandam no mundo, sob a proteção de Deus.
Que necessidade de defender a indicação do haddad/lula ao bc… me parece forçação de barra.
Pois é! O engraçado (contando parece piada) é que o governo tira as calças para que os ricos fiquem cada vez mais ricos. Exalta seus pequenos acertos e esconde o papel de frouxo e otário. Para compensar parte do prejuízo que a falta de coragem lhe toma, ele se torna um terrível vilão para aposentados e aposentadas, quando: retira direitos, quando fala grosso, quando pratica o crime da Fake News se passa por mentiroso e alarmista.
A dívida de empresas privadas e empresas públicas; de bancos privados e bancos públicos ultrapassa 1,3 trilhões de reais, mas falta vontade, competência e coragem para cobrar. Então, desconta sua impotência em aposentados e aposentadas, que estão prontos para dar o troco, em breve.
Parece esperto, mas não vê que alimenta o seu próprio descrédito, aumenta sua ingratidão e perde a confiança diante de tamanha traição que pratica por absoluta omissão e covardia contra aposentados e aposentadas, na Revisão da Vida Toda.
Eita São Lula. Por que não nos socorre?
Por que não salva o Brasil da elite brasileira?
Por que não filia todos os congressistas no PT ou não convence o povo a votar em representantes progressistas e comprometidos com os interesses nacionais e da maioria do povo?
Por que você é tão mau conosco, São Lula?
Ora,porque os grandes personagens, para o bem e para o mal, não existem isolados dos movimentos históricos e não fazem história sozinhos.
Essa elite financeira e primário exportadora que suga as riquezas nacionais está ancorada numa ordem político-econômica global que lhe dá sustentação.
A Dilma só foi derrubada, o Lula preso, solto e depois conseguiu assumir, porque o principal desses atores, jogou seu peso nesse processo. Primeiro para endurecer, derrubando e prendendo, e depois para afrouxar, avalizando a posse de Lula.
Assim é a atual conjuntura histórica.
Lula é reflexo desse tempo histórico brasileiro, que nasce com Getúlio a partir da modernidade capitalista e de uma crise no centro de poder – no entre guerras.
Pós II Guerra, à medida que o EUA assume as rédeas do “sistema mundo” no lugar da Inglaterra, o Brasil é colocado no seu devido lugar.
Primeiro, caçando os comunistas via regime militar, depois privatizando, enxugando o Estado e concentrando riqueza financeira, via governos neoliberais.
Como os EUA acreditaram, num curto período, no fim da história, eles afrouxaram as rédeas e o Lula do ABC – herança do desenvolvimentismo industrial construído na crise do centro do sistema capitalista do entre guerras – consegue assumir. E a partir daí tenta resgatar o processo de desenvolvimento capitalista nacional inclusivo que emerge a partir de 1930.
Porém, a partir de 2010, com o soerguimento da Rússia e ascensão da China, o império desperta do sonho do “fim da história” e volta a agir. Não pela via militar, mas pela jurídico policial, aproveitando sua política de combate às drogas dos anos 80 e 90.
Para resumir. O pilar privatista, financeiro e internacionalista dos anos 90 do século XX não foi derrubado e é sustentado pela força hegemônica – anglo-americana.
O São Lula não existe.
É preciso surgir uma nova brecha no sistema mundo, para florescer essa tão sonhada mudança nacional desenvolvimentista inclusiva no Brasil.
Decifro o personagem Lula na básica e singela frase
– o diferencial Lula é sua sensibilidade para ver o caminho do centro entre os litigantes.
Por aí trafegam suas ações.
Não é líder para caminhos que não sejam aceitos pela maioria, não espero nada de espetacular, grandes viradas contra-corrente.
Apesar de tudo e por esta visão centrista temos o Lula.3 e teremos o Lula.4 sem grandes avanços e recuos .
De fora e de longe especulo duas pessoas com influência em suas decisões: Amorim e Janja.
Amorim é mais do mesmo, centro, Janja ainda é uma incógnita.
A ata excretada do último COPOM poderia servir de peça de acusação em ação civil pública contra o estupro à Língua Portuguesa, combinado com o atentado à ordem econômica nacional. Quem são essas pessoas? De que limbo escuro e viscoso emergiram para dominar o Banco Central do Brasil. Deveriam ter vergonha nas suas caras de peles brancas e bem tratadas e pedirem demissão em conjunto depois do atentado terrorista cometido à luz do dia. O “menino de ouro” do Lula é mais do mesmo. Faz a carreira no serviço público sem concurso, que odeia e combate, e depois se joga nos braços das grandes corporações financeiras para realizar sua vida inútil.Quem viver verá!