Izaias Almada
Izaías Almada é romancista, dramaturgo e roteirista brasileiro nascido em BH. Em 1963 mudou-se para a cidade de São Paulo, onde trabalhou em teatro, jornalismo, publicidade na TV e roteiro. Entre os anos de 1969 e 1971, foi prisioneiro político do golpe militar no Brasil que ocorreu em 1964.
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A importância de ser esperto, por Izaías Almada

Enquanto a sujeira se espalha e os ratos fazem a sua festinha pelo país, com ou sem cartões corporativos, a fome e o desemprego aumentam

A importância de ser esperto

por Izaías Almada

         Seis anos passados do golpe/impeachment da presidente Dilma Rousseff o Brasil mergulhou num pântano merdoso.

         O país cheira mal por todos os lados. Uma vez tirada a tampa do bueiro, além do fedor, vieram ratos de todas às espécies comemorar a liberdade do neoliberalismo entreguista de um povo sem a menor noção do que é viver num país desenvolvido, com instituições democráticas sadias, com pessoas competentes para os cargos que ocupam seja na vida privada ou na pública.

         Quanto pior, melhor, pensam os fascistinhas da era digital, mas não ousam dizer. Ou quando o fazem é com encenação da violência para mostrarem o seu machismo. E essa dissimulação, para a maioria de seus praticantes, não é nenhuma estratégia de ação política, mas – ao contrário – é pura ignorância: ignorância do que é viver em sociedade minimamente civilizada, ignorância da história de seu próprio país, ignorância dos direitos e deveres do cidadão, ignorância das leis sejam elas quais forem, ignorância da própria cultura, ignorância do que significam os três poderes da república, ignorância da Constituição do país, ignorância da luta de classes. 

         Em outras palavras: quando a ignorância é muita, a esperteza substitui a inteligência.

Por exemplo: ser esperto é comprar um imóvel de cinco milhões de reais sem renda para isso. Ser esperto é ser amiguinho de alguém do alto escalão de um dos três poderes e usá-lo para quebrar eventuais galhos que surjam. Ser esperto é pedir auxílio emergencial com um salário de dez mil reais por mês. Ser esperto é ter a concessão de um canal de televisão e não pagar os impostos devidos ao Estado. O caro leitor poderá se divertir completando a lista.

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         Enquanto a sujeira se espalha e os ratos fazem a sua festinha pelo país, com ou sem cartões corporativos, a fome e o desemprego aumentam, o aparato policial mata cidadãos em todo o território e um jornalista e um indigenista desaparecem na Amazônia, vítimas de um possível sequestro.

         O Brasil está em rota de colisão. Os próximos três meses e meio irão dizer aos brasileiros e ao mundo se o país deve continuar ao lado da rataiada esperta ou se encontra uma saída para retornar aos caminhos da recuperação econômica, do respeito às instituições, do combate à violência, da recuperação da saúde, da educação e da cultura, do combate sistemático ao fascismo caipira, esse que tem seus rodeios e festas regados a shows de cantores sertanejos que recebem milhares de reais através de uma lei que era combatida por ajudar aos esquerdistas.

         O caminho a ser percorrido até as eleições de outubro estará, com certeza, cheio de armadilhas antidemocráticas.

         Repito: a esperteza é o oposto da inteligência. Ela apenas encobre ou dissimula as más intenções e para ela seria de grande valia que fizéssemos um bom estoque de veneno para ratos.

Izaías Almada é romancista, dramaturgo e roteirista brasileiro. Nascido em BH, em 1963 mudou-se para a cidade de São Paulo, onde trabalhou em teatro, jornalismo, publicidade na TV e roteiro. Entre os anos de 1969 e 1971, foi prisioneiro político do golpe militar no Brasil que ocorreu em 1964.

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Izaías Almada é romancista, dramaturgo e roteirista brasileiro nascido em BH. Em 1963 mudou-se para a cidade de São Paulo, onde trabalhou em teatro, jornalismo, publicidade na TV e roteiro. Entre os anos de 1969 e 1971, foi prisioneiro político do golpe militar no Brasil que ocorreu em 1964.

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