Fabrício Queiroz, o Mandrake
por Bruno Quintella
Mais forte do que pedra. Ou simplesmente o mais forte. Ou apenas uma pedra.
Sexagésimo lugar de uma lista onde estão registrados setenta e dois brasões das principais famílias da nobreza portuguesa, que foram pintadas no teto da Sala dos Brasões, no Palácio Nacional de Sintra, a família Queiroz também batiza uma cidade brasileira. Localizada a mais de novecentos quilômetros de distância da capital paulista, o município queiroziano tem quase três mil habitantes, sendo que não chegam a quinhentas pessoas o total da população rural – de acordo com o censo de 2010. Não se sabe se haverá outra pesquisa no futuro.
Quirós também é o nome de um conselho das Astúrias, comunidade espanhola autônoma, e há quem afirme que o sobrenome não tão comum em terras brasileiras, teve sua origem oriunda do norte da península ibérica. Portanto, uma pessoa que nascesse por lá poderia dizer que ela era ‘de Quirós’.
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Rachel, nordestina, foi a primeira mulher eleita para uma cadeira na ABL, e até então, seu sobrenome era referência no mundo literato ainda na primeira metade do século XX. Antes dela, em terras lusitanas, apenas o diplomata Eça, seu colega da escrita conhecido por suas críticas ao beatismo português e que adotaria o discurso de como a religião poderia atrapalhar o progresso da sociedade lusitana contemporânea. Eça e Rachel foram essenciais para as gerações futuras – e para a deles também.
Conterrâneo de Rachel, o cearense Emiliano, nascido apenas seis anos após a publicação do primeiro livro da escritora, é referência na dramaturgia brasileira. Fundou televisão, escreveu e atuou em novelas, assim como em diversos filmes nacionais, mas principalmente nos teatros brasileiros. Nos palcos, foi a Geni de Chico; foi tanto Veludo quanto o Tonho de Plínio. Referência de gerações. Flores para ti, mestre.
Queiroz é um sobrenome que pressupõe grandiosidade e pluralidade, seja na arte, no conhecimento. Ao ouvir o som das três consoantes sobre as quatro vogais, não é preciso ir muito longe para tentar contar nos dedos de uma mão quantos amigos ou conhecidos podemos puxar pelo fio da memória. Não são muitos, é fato. Ou seja, são quase raros. O vocábulo Kerós, de origem grega também pode significar…cera. Assim como sua variante poderia ser tão interessante quanto: querosene.
Fabrício José Carlos também é um artista. No entanto, a especialidade do rapaz é o ilusionismo. O truque que sustenta seu número principal é inspirado na performance do húngaro Harry Hudini, considerado o maior ilusionista da história, cuja premissa é amarrar braços e pernas por cordas e ter o corpo enrolado numa corrente. O objetivo da mágica é, depois de ser arremessado nas águas de um rio, desvencilhar-se das amarras e voltar a superfície. Vivo.
Porém Queiroz, o Fabrício, ex-policial militar e antigo assessor parlamentar de Flavio Bolsonaro é investigado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro por ser suspeito de ser o laranja de um desvio de recursos públicos, pela prática conhecida como “rachadinha” (devolução parcial de salário pelos assessores) e de lavar dinheiro fazendo transações imobiliárias fraudadas. Flavio, hoje senador, e Fabrício, hoje mágico, ainda não foram ouvidos pela polícia. Nem convocados.
Queiroz permanece submerso em águas turvas. Atado a fatos, algemado a extratos bancários, a torcida para que submerja, no entanto, é de apenas parte de uma plateia absorta num espetáculo estapafúrdio. Mas atenta. Muitos querem mantê-lo pelas profundezas.
Como o mágico indiano Chanchal Lahiri, morto por afogamento no fim de junho, a chance de voltar à superfície fica cada vez mais improvável. Devido à correnteza forte, a mudança de vento, e a falta de condições climáticas. Tudo conflagraria para o pior. Ao responder um jornalista, Mandrake, como era conhecido pelo público, respondeu: “’Se eu fizer corretamente, será mágica. Se eu cometer um erro, será tragédia”.
A Polícia Federal e o Ministério Público do Rio deveriam aproveitar a chance iminente e tentar limpar o nome de Queiroz, não o de Fabrício, mas o de Rachel, Eça, Emiliano, os querozianos de São Paulo, parte dos asturianos, e quem mais tenha um sobrenome tão bonito mas que remeta a um homem suspeito de envolvimento numa organização criminosa liderada por um senador, filho do presidente da República.
Mandatário esse, que, pelos mesmos motivos que levam para elucidar o caso, decide trocar o comando de uma instituição independente do braço do Executivo. Pelo menos até agora.
Ou Fabrício é mais forte que a pedra?
O dito popular ensina que garrafa que leva querosene nunca perde a catinga.
Se Flavio é a garrafa — Fabrício é o querosene.
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Brilhante. Então “cadê o Queiroz? “
quero ver se alguém oferecer 20.000 de preêmio para ver se alguém da vizinhança não dedura
Jamais qualquer ministericariocado ou não encontrará tal queiroz, talvez, acantonado em alguma milícia ou, pior, em algum palácio eou sítio… Se bobearem, quando se derem conta o encontrarão na chefia do cerimonial da embaixada em uáshiton, servindo ao patrãozinho desempre: haja bolsonadas.