Umberto Eco, sobre a memória

Enviado por Gilberto Cruvinel

Um especial com Umberto Eco dirigido por Davide Ferraro, onde o escritor fala sobre a memória, nas suas diversas e possíveis abordagens, desde a memória do indivíduo, a memória enquanto identidade é a alma de cada um (sem a qual somos apenas vegetais), passando pela memória herdada dos antepassados, a memória histórica até a memória coletiva, como são as bibliotecas e como a questão da memória foi tratada na ficção científica. É possível ver uma parte da imensa biblioteca que o escritor mantinha em casa e que, certamente, será acessível ao público no futuro.

Há legendas em inglês, mas o italiano de Eco é perfeitamente compreensível mesmo para os falantes do português. O programa está divivido em 3 partes

 

Parte 1

https://www.youtube.com/watch?v=Hq66X9f-zgc]

Parte 2

 

Parte 3

[video:https://www.youtube.com/watch?v=B-M8V0PcCrw

Redação

4 Comentários

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  1. Humberto Eco faz uma

    Humberto Eco faz uma distinção entre a memória individual e a memória vegetal (pública, social). Tambêm faz uma referência rápida às doenças que afetam a memória individual. A perda da memória equivale a perda da alma, pois há uma identidade entre ambas. Infelizmente ele não fez qualquer referência às doenças da memória vegetal. Esta é uma questão importante, especialmente no Brasil.

    O nosso país está deixando de ter uma alma, pois a imprensa constantemente mutila o presente (escondendo as virtudes dos governos petistas) e mutila o passado (transformando em virtudes os defeitos terríveis do governo FHC). Ao tentar forçar resultados eleitorais, os donos das empresas de comunicação estão deliberadamente comprometendo a saúde da memória do país.

    Esta é uma questão que precisa ser debatida com urgência. Caso contrário tudo estará perdido. De fato tudo já está se perdendo, pois o sistema educacional está sendo destruído pelos governantes tucanos que transformam em “material educativo” os desmemoriantes jornais e revistas deliberadamente produzidos pelas empresas de comunicação. 

    1. Os historiadores farão uma falsa narrativa do período 1994-2018

      Se os historiadores fazem uso dos jornais como uma de suas fontes, no futuro, aqueles que se debruçarem sobre os anos que vão desde a posse de FHC até o segundo governo de Dilma (1994 a 2018) contarão uma falsa história do país, infelizmente. A imprensa deixou de ser fonte fidedigna dos fatos. Na verdade, lutou contra eles e criou uma realidade paralela.

      Apenas uma observação, Eco diz textualmente, sem memória, não temos alma (anima) e nos tornamos vegetais.

  2. Fantástico, Gilberto, obrigada

    Gosto muito do Eco pensador. Do romancista adoro O Nome da Rosa, mas acho que ele nunca conseguiu fazer outro do mesmo nível. Borsalino é agradável de ler, mas é um pouco como os livros de Jorge Amado depois de Dona Flor, é um auto-plágio. O Pêndulo de Foucault é chatésimo, na minha opiniao (parece que era o livro preferido dele, nao entendo por quê), e A Ilha do Dia Seguinte tb achei chato. Nao li o último. Agora, A Estrutura Ausente é um grande livro, e melhor ainda Kant e o Ornitorrinco.

    Aliás acho que boa parte do que é legal em O Nome da Rosa está no que reflete do Eco pensador. Para mim uma das dimensoes do livro, que nao sei se foi vista por mais alguém, é o diálogo que ele traça entre empirismo e racionalismo, com a linguagem como terceira via. O final da história do cavalo Brunello (que segundo me disseram ele tirou de Diderot) é um dos trechos em que o papel da linguagem (e portando da memória… ) se revela. Outro é a deliciosa discussao sobre o unicórnio, que, de símbolo do significado sem referente (usado pelo próprio Eco em A Estrutura Ausente), vai encontrar finalmente seu referente último no rinoceronte visto por Marco Polo. Como na brincadeira de telefone sem fio, rs. Amei. Outro trecho fantástico, e comovente, é quando o frei jovem, depois de uma longa exposiçao pelo frei mais velho de todas os vários tipos de heresias, se espanta, e pergunta como “os simples” fazem para escolher sua heresia. “Ora Adso” responde o frei mais velho. “Os simples seguem a heresia que passa pela aldeia deles”. Maravilhoso.

    Vendo o vídeo entendi melhor a relaçao de admiraçao/concorrência, de alter-ego, entre Eco e Borges. A Biblioteca como o grande tema comum. Fiquei tb pensando na sincronicidade do pensamento dele sobre os efeitos de uma possível falta da tecnologia onipresente, da qual nos tornamos dependentes, com o de Saramago em Elogio da Cegueira. Agora estranho que alguém com essa consciência da necessidade do conhecimento básico individual — saber fazer contas é o mínimo do indispensável — tenha ironizado, recentemente, a necessidade de se saber escrever a mao. É a mesma coisa, se a escrita depende de teclados e gadgets, nao está a nossa disposiçao independentemente deles, literalmente ao alcance da mao.

    Amei ter visto isso, obrigada novamente. Raro ver algo desse nível de qualidade na web.

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