Contra crise economista propõe abandonar regime de câmbio flutuante

 
Jornal GGN – A pesquisadora do Peterson de Economia Internacional,  Monica Baumgarten de Bolle, propõe como saída à crise econômica que o país abandone o regime de câmbio flutuante adotando a medida apenas para a moeda. Em entrevista ao Estadão, a economista explicou que, com essa mudança, o Brasil poderá evitar a espiral inflacionária que ocorreu nos anos 1980. Se nada for feito,  pondera, a inflação poderá ir a 20% “rapidamente”. 
 
A pesquisadora apontou, ainda, que hoje o Brasil passa por uma “dominância fiscal”, termo utilizando quando a política monetária e a política fiscal invertem os papéis. “A política monetária [juros], em vez de ancorar os preços, passa a ficar passiva e submissa à política fiscal [contas públicas], porque da política monetária depende a solvência das contas públicas. E a política fiscal, por sua vez, passa a determinar o nível de preços”, explicou.
 
Estadão
 
Entrevista. Monica Baumgarten de Bolle
 
‘A gente pode ir rápido para inflação de 20%’
 
Vinicius Neder
 
A economista Monica Baumgarten de Bolle, pesquisadora do Instituto Peterson de Economia Internacional, em Washington, apresentou uma proposta radical em um artigo publicado na quinta­feira: abandonar o regime de câmbio flutuante e adotar bandas de flutuação para a moeda. A âncora cambial seria uma saída emergencial para evitar uma “espiral inflacionária”, como ocorreu com a economia brasileira nos anos 1980.
 
A espiral inflacionária seria resultado de uma situação que os economistas chamam de “dominância fiscal”. Quando isso ocorre, a alta da taxa de juros deixa de fazer efeito no combate à inflação. O motivo é que o governo fica com receio de elevar os juros, aumentar os gastos e elevar a desconfiança sobre a frágil situação das contas públicas. Como os juros não fazem mais efeito, a inflação poderia ir a 20% ou 30% rapidamente. A seguir, os principais trechos da entrevista:
 
Como é a proposta para o câmbio?
 
É banda cambial flutuante ou variável. Você tem um teto e um piso e embute uma desvalorização para o piso e para o teto da banda todo mês. Então, se ela é de R$ 3,88 a R$ 4,12, com o centro sendo R$ 4,00, se embutir uma desvalorização de 2% a 3%, ela vai (no mês seguinte) de R$ 3,95 para R$ 4,20, por exemplo. Você deixa que o câmbio se desvalorize, mas ele vai se desvalorizar de forma “controlada” e, desse modo, você “ancora” os preços.
 
Por que fazer isso?
 
Falta um plano fiscal, uma solução para as contas públicas. Isso não é simplesmente passar a CPMF e cortar uns gastos aqui e outros ali, mas pegar o sistema de Previdência e realmente acabar com as regras de indexação. Era o que o (ministro da Fazenda) Joaquim Levy estava pretendendo fazer até ser atropelado pela (presidente) Dilma (Rousseff) e pela crise política. Ele foi atropelado pelo sistema inteiro e agora há um impasse. Como o sistema político brasileiro bloqueou e o PT também não acredita que é preciso fazer nada disso, o que temos de proposta de política fiscal é insuficiente para resolver nossos problemas. Do jeito que as contas públicas estão no Brasil hoje, levam necessariamente ao que no jargão técnico se chama de “dominância fiscal”.
 
O que é isso?
 
É uma situação em que, de certo modo, a política monetária (juros) e a política fiscal (contas públicas) invertem os papéis. A política monetária, em vez de ancorar os preços, passa a ficar passiva e submissa à política fiscal, porque da política monetária depende a solvência das contas públicas. E a política fiscal, por sua vez, passa a determinar o nível de preços. 
 
À medida que a taxa básica de juros (a Selic, hoje em 14,25% ao ano) sobe, o déficit cresce?
 
Sim. E (o déficit) começa a subir num efeito bola de neve. Olha o que aconteceu com o déficit nominal (saldo entre receitas e despesas do governo, incluindo gastos com juros) nos últimos 18 meses: a gente tinha um déficit de 6% do PIB, que foi para 9,2% do PIB. Uma parte disso é explicada por queda de arrecadação, mas a maior parte do déficit nominal é pagamento de juros. Pagamento de juros responde por 7,5% a 8% do PIB. Se o Banco Central (BC) aumentasse os juros para combater a inflação, que ainda está muito forte no Brasil, iria acentuar muito esse problema das contas públicas e do déficit. Então, a política monetária fica inoperante. Não tem como aumentar juros, porque se fizer isso, detona as contas públicas. Isso é o que se chama de dominância fiscal e é o que está acontecendo no Brasil.
 
Por que, para resolver isso, é melhor mudar o câmbio?
 
A lógica do regime de metas de inflação é que a “âncora” nominal da economia, ou seja, aquilo que referencia os preços, é a própria inflação, porque o BC tem um compromisso de sempre elevar os juros mais do que a variação das expectativas da inflação. Só que, quando você perde a capacidade de fazer isso com os juros, perde a âncora nominal, a base de referência dos preços. Se ficar só nisso e não fizer nada para ancorar os preços, os preços relativos da economia desancoram muito rapidamente. Foi o que aconteceu nos anos 1980. Claro, numa magnitude muito maior, mas, nos anos 80, a gente sofria exatamente desse problema. A gente tinha dominância fiscal recorrente. Aí a economia indexou inteira e os preços relativos todos saíram do lugar e a gente ficou com aquele processo inflacionário horroroso. O ponto de partida hoje é diferente, mas a natureza do problema é igual. A âncora nominal, depois das besteiras que foram feitas nos anos 80, com os planos de congelamento de preços, foi o câmbio.
 
Foi a âncora do Plano Real?
 
Exatamente. O Plano Real, no início, foi uma “reancoragem” de preços relativos com uma âncora chamada taxa de câmbio. A partir daí, a gente convergiu para o regime de metas da inflação. Então, a minha proposta é voltar à estaca zero agora, porque voltou para a dominância fiscal. E aí precisa voltar à estaca zero e restabelecer o câmbio como âncora nominal. No momento em que fizer isso, ganhase um pouco de tempo. Com a amplitude de reservas que a gente tem, temos mais tempo para resolver o lado fiscal. Uma vez resolvido o lado fiscal, voltamos para o regime de metas de inflação.
 
Quanto tempo a gente teria?
 
A grande questão na banda variável é exatamente que o sistema não é sustentável, ele quebra, porque, para manter o sistema, vai ter de gastar as reservas. Então, é um tapa­buraco. Serve como uma forma de induzir o governo a fazer a coisa certa. Como a gente tem US$ 370 bilhões de reservas, embora vá haver um jogo com um mercado, há fôlego. Você queima muito menos reserva se você tiver uma banda razoavelmente larga, com uma taxa de desvalorização mensal embutida razoavelmente grande.
 
Esse parâmetro de R$ 3,88 a R$ 4,12, com de 2% a 3% de desvalorização mensal, daria quanto tempo ao governo?
 
Você consegue comprar (o tempo de) uma gestação. Em nove meses, talvez dê para algumas coisas se mexerem no Brasil. Não é possível que vá ficar mais nove meses na paralisia. 
 
Com a crise política, em nove meses é possível fazer o ajuste?
 
Da maneira ideal, que a gente realmente gostaria de ver, não. Mas tem algumas coisas que eu acho que a gente consegue mexer, sim. Consegue começar a mexer em uma parte dos benefícios previdenciários, quebrar algumas regras de indexação e avançar um pouco mais na desvinculação de receitas e despesas. Na verdade, o nosso regime de metas nunca operou realmente como um regime que tivesse uma âncora fiscal muito estrita. A gente teve uma postura fiscal muito mais relaxada do que o regime de metas requereria em condições normais e isso foi permitido por um cenário externo muito favorável, que fez com que o câmbio se apreciasse de tal forma a garantir um nível de inflação relativamente baixo. Esse problema da dominância fiscal, que cresceu ao longo do tempo, veio à tona de súbito porque o cenário externo mudou e os esqueletos estavam todos lá.
 
O que causa a dominância fiscal? 
 
Tem a parte da Constituição, que é um problema que a gente fatalmente teria de mexer. Foi o que sempre impediu, na minha visão, que a gente tivesse uma estrutura fiscal um pouco mais consolidada. Mas não acho que a culpa seja toda da Constituição. A partir do segundo mandato do (ex­presidente Luiz Inácio) Lula (da Silva) e no primeiro mandato da Dilma, então, ‘abriu­se as pernas’ completamente no fiscal, que foi jogado ‘às cucuias’. Esse governo simplesmente não acredita, e a presidente disse isso em algumas ocasiões, em âncora fiscal. O governo acha que, se está ali, é para gastar. E foi isso que eles fizeram. “A gente gasta para crescer”, esse é o mote. Só que, quando a gente gasta para crescer, e gasta mal, que foi o que a gente viu, fatalmente o governo vai ter de pagar a conta.
 
O que seria gastar bem?
 
Você quer fazer um plano de investimento público e em logística, como o governo propôs? A intenção sempre é boa, agora, você tem de fazer direito. O governo quis fazer tudo sozinho, com financiamento subsidiado do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), e criou um mega problema para si, porque o BNDES está dentro da dominância fiscal também. A partir do momento em que o BNDES passa a ser o carro­chefe do investimento público, o Tesouro passa a ter de financiar o BNDES. Foram 10% do PIB, de 2010 a 2015, de financiamento. Isso é um aumento brutal da dívida pública, que joga os juros lá para cima e induz à dominância fiscal. Teve um monte de erro de política econômica e muita má­gestão.
 
O que pode acontecer se o governo insistir no sistema de metas sem o ajuste fiscal?
 
A inflação desancora, com intensidade menor no início, mas começa a ter espiral inflacionária no País, o processo de indexação se reinstaura por completo na economia, a inércia volta e você começa a ter inflação entranhada. O câmbio reage, vai desvalorizar, vai realimentar a inflação e, desde que a inflação esteja sempre correndo na frente do resto, ela vai embora, vai para dois dígitos rápido, mesmo com recessão. A gente viu isso nos anos 1980.
 
A recessão aprofunda?
 
O quadro não precisa ser de recessão. Já que vamos ter queda muito forte do PIB neste ano e talvez no ano que vem também, qualquer respingo de melhora na economia brasileira vai gerar crescimento, resta o cenário “à la” anos 80: quase estagnação com inflação alta. Não é inflação de quatro dígitos, mas é inflação muito desconfortável, de 20%, 25%, 30%. A gente pode ir para isso rápido. 
 
O quão rápido?
 
Não demora para acontecer, não. É só ter bastante inépcia na condução da política econômica que isso acontece. Diria que é um pouquinho mais do que uma gestação.
 
E se o cenário externo piorar?
 
Os riscos que existem no cenário externo tornam mais urgente a gente sair da paralisia. Uma das coisas presentes em todos os círculos de conversa é a China. Todo mundo fala do Fed (o banco central dos Estados Unidos). Na minha visão, o Fed não vai aumentar os juros de uma forma que cause muitos prejuízos aos países emergentes.
 
Será diferente dos anos 80, quando a alta dos juros nos EUA desencadeou as crises das dívidas externas na América Latina, incluindo Brasil?
 
Completamente diferente. O ‘revival’ dos anos 80 é só no Brasil, a gente é que está gostando de ‘Roque Santeiro’ (novela de Dias Gomes, exibida pela TV Globo entre 1985 e 1986) de novo. Aliás, é uma boa imagem para o Brasil de hoje, porque é surreal o que está acontecendo. Só falta identificar direitinho quem é a Viúva Porcina.
 
A China é um risco maior?
 
O risco grande é a China. Tem gente que acha que a China está passando por um processo de transição mais turbulento, não tanto por causa dos desequilíbrios, e sim por causa da reação das autoridades. A maneira como as autoridades chinesas lidaram com o problema da bolsa e do câmbio, recentemente, gerou muito ruído. Tem uma linha de argumentação que diz que os problemas da China são perfeitamente gerenciáveis. Cabe às autoridades chinesas não fazer besteira.
 
E se essa linha estiver errada?
 
Tem outra linha que está com mais medo dos desequilíbrios, tanto no mercado de ações quanto na transição do câmbio e da liberalização financeira. Os chineses estão fazendo a liberalização financeira para o renminbi (moeda chinesa) entrar na cesta de reservas do FMI. Existe o risco de que, na hora que se retira os obstáculos, aquele dinheiro que está represado no País saia. Quando isso acontece, o câmbio desvaloriza. Resta ver se isso é uma coisa que pode desarticular muito, dependendo da intensidade, o cenário para os emergentes, que hoje não é bom. E aí, países mais vulneráveis, como o Brasil, ficam suscetíveis a sustos. Mais razão ainda para se ter urgência em agir e não ficar parado, como a gente está fazendo no momento.
 
Redação

18 Comentários

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  1. Essa Mônica do Bule é a Menina Maluquinha do PIG.Quando se junta

    m,ela a Juliana Rosa e o Rodrigo Constantino para esculachar o Brasil,ao fundo do trio,aparece o portal do inferno.Desse bule não sai nada que preste.Saravá!

    1. Monica de Bolle é uma

      Monica de Bolle é uma excelente economista com um curriculo excepcional, formada na London School of Economics, a escola onde Keynes e Hayek foram professores. Discordo de muitas teses dela mas nunca de sua qualificação.

      1. concordo com voce, mas

        Sim, tem um excelente curriculo, traduziu o livro de Piketty para o portugues (edição Brasileira) e certamrnte tem muitos trabalhos de monta. porem quando a ouvia na CBN (não ouço mais) a receita aos problemas era sempre: vamos fazer isso e aquilioe os que sobreviverem ás medidas alcançaram o céu. O problema é que não acho que tenha que sofrer sempre para alcançar o céu.

        1. Concordo com voce, ela segue

          Concordo com voce, ela segue a linha ortodoxa pura, trabalha na Casa das Garças e no Millenium, não precisa dizer mais nada, mas isso não lhe tira a qualificação profissional, fala bem, é educada e simpatica. Nesse ponto é muito melhor que os intragaveis Tico e Teco Schwartsman, purgantes das quintas, aliás para tralhalhar no programa do Sardenberg precisa ser

          mais ortodoxo do que o Banco Central, o programa não tem contraditorio, porque não fazem um horario com o Antonio Correia de Lacerda, que tem excelente curriculo e é de uma linha muito mais centrada do que esses radicais?

  2. Nem a Leitão…

    Nunca li tanta bobagem concentrada em tão pouco espaço. Em primeiro lugar, a alta da inflação em 2015 tem causas bem definidas e que não se repetirão. Vários preços básicos da economia, que estavam represados, foram realinhados e a alta do dólar já está precificada, ainda mais porque, no atual momento recessivo, não há margem para repasse de custos ao consumidor. Não vai haver nova bandeira vermelha na energia elétrica e nem os combustíveis vão subir acima da inflação do período. O BC já adotou uma ortodoxa subida dos juros e a inflação está recuando, embora com o custo de causar uma recessão.

    As finanças públicas, em termos estruturais, estão em condição MUITO MELHOR do que há 12 anos, pois a dívida líquida caiu de 58% para 34% do PIB e com um perfil muito mais tranquilo do que antes. O desequilíbrio de 2015 se deve a uma brutal queda na arrecadação, que assim como o realinhamento de preços, tende a não se repetir.

    Quanto à flutuação do câmbio, o governo pode baixar o dólar QUANDO BEM ENTENDER, pois as reservas atuais permitem fazer isso rapidamente. Para ter uma idéia, a quantidade de dólares em circulação na economia brasileira equivale a uns 5% das reservas. Basta ver que FOI SÓ FALAR na utilização das reservas, e o dólar já teve uma queda. A questão é que o governo NÃO QUER baixar muito o dólar, pois a sua valorização melhora muito a situação fiscal, já que somos credores em dólares e devedores em reais, e a rentabilidade (leia-se arrecadação fiscal) das exportações vai crescer bastante.

    O que ela chama de “dominância fiscal” é a política expansionista que permitiu ao país atravessar sem grandes sustos os primeiros 5 anos de crise mundial, quando NÃO HAVIA outros meios de financiar o crescimento e a infraestrutura. É claro que isso gera um passivo fiscal, mas como bem sabem os liberais, não existe almoço grátis.

    A cereja do bolo é o seguinte trecho: “O Plano Real, no início, foi uma reancoragem de preços relativos com uma âncora chamada taxa de câmbio. A partir daí, a gente CONVERGIU para o regime de metas da inflação.” Como se tivesse havido uma transição gradual e segura!!! A âncora cambial foi o maior desastre econômico da história do país. Quando tudo explodiu, o governo FHC ficou totalmente perdido, até fechar um acordo com o FMI que incluiu o regime de metas.

    Ou seja, logo agora que temos novamente um câmbio competitivo para a nossa indústria, que temos reservas suficientes para debelar qualquer ataque especulativo, que os cortes e reajustes estão sendo absorvidos e precificados, a gênia propõe voltar aos tempos de Malan e Gustavo Franco, como se o Brasil não tivesse avançado nada nos últimos 20 anos.

     

     

    1. Não entendi essa sua conta da

      Não entendi essa sua conta da divida liquida ter baixado para 34% do PIB, de onde vc tirou isso? A divida publica federal é hoje 67% do PIB.

      1. Conceito de dívida líquida

        Sim, no fechamento de agosto a dívida BRUTA do governo geral ficou em 65,3% do PIB, mas estou me referindo à dívida LÍQUIDA do setor público, ou seja, à diferença entre dívida bruta e créditos do governo geral, que ficou em 33,7% do PIB.

        É claro que o custo do serviço da dívida incide sobre a dívida bruta, mas a dívida líquida é um dado fundamental quando se quer aferir a solvência do setor público.

        1. Mas que creditos são esses?

          Mas que creditos são esses? Se forem os tributarios é uma ficção, 90% são meramente graficos e incobraveis, quais seriam os outos creditos com liquidez? O conceito universal de divida publica fundada é o que o governo deve, em nenhum tipo de conta se deduz creditos de governos que podem ser solventes ou não, enquanto a divida publica é uma certeza.

  3. Tem que trabalhar

    O governo (funcionários públicos) tem que trabalhar. Porque no jornalismo doméstico há só uma agenda: derubar a Dilma e que ela leve o PT junto. O massacre criminoso dessa pauta já envenenou grande parte do povo que agora reputa cada aumento especulativo ao PT. Inclusive o assalto praticado pelo Kunha vai ser entendido como culpa do Lula!

    Alguém tem que acompanhar os preços no varejo. A percepção da economia, pelo povo, é regida pelos preços nas feiras e supermercados. A mídia que poderia e deveria fiscalizar, joga no quanto pior, melhor. Qualquer aumento no preço do tomate ganha manchetes contra o PT.

    As grandes redes varejistas adotaram a tática do “se colar colou” e majoram produtos em 50% da noite para o dia. Alguém tem que informar a população dessa prática. Isso sem contar a variação de peso (sempre para menor !) percebida em embalagens tradicionais. Ex. uma barra de chocolate era por todos anteriormente fabricada com 200 gramas, hoje varia de 155 a 180, fator devidamente compensado com AUMENTO fantástico nos preços.

    Não há macro economia que se sustente contra uma ordem unida do salve-se quem puder. Em outras palavras, à China o que é da China, quero saber do meu almoço de hoje!

  4. Parece uma tese muito frágil

    A principal tese dela, de que o câmbio flutuante irá gerar um processo de acelaração inflacionária, parece bastante frágil. Nunca ouvi falar de nenhum modelo onde a espiral inflacionária fosse alimentada pelo câmbio flutuante.

    Isso só ocorreria se houvesse uma sistemática e prolongada desvalorização do câmbio acima da inflação mundial. Mas isso parece impossível, pois provocaria um aumento cada vez maior do superávit da nossa balança comercial, pois aumentaria muito a competitividade dos nosso produtos, e também um aumento cada vez maior do superávit da conta de capitais, pois os ativos brasileiros se tornariam cada vez mais baratos, e uma consequente entrada cada vez maior de dólares, o que levaria à valorização do câmbio.

    Além disso, o paralelo que ela estabelece com os anos 1980, principalmente em relação ao câmbio, são muito mais retóricos e emocionais (ela apela inclusive para a imagem de uma novela), pois o Brasil era uma econômia substancialmente mais fechada nos anos 1980, com muito poucas reservas cambiais, e o processo inflacionário daquela época teve muito pouco a ver com a política cambial.

    A defesa do controle de câmbio (e sem controle de capitais) parece mais parte de uma agenda oculta, talvez uma defesa de interesses dos setores prejudicados pela desvalorização do real.

    1. Se houver fuga de capitais e

      Se houver fuga de capitais e constante especulação contra a moeda nacional, isso é possível. Durante toda a década de 80, viviamos uma realidade semelhante a esta, até que os capitais especulativos começaram a vir para cá do meio para o final do governo collor.

  5. O que o país tem que ter, e

    O que o país tem que ter, e isso já foi dito num outro artigo de José Carlos de Assis, são controles de movimentação internacional de capitais, de maneira a inibir a especulação com a moeda nacional. De nada vai adiantar um regime como este quando o país for alvo de um ataque especulativo de verdade.

  6. Tenho uma solução muito melhor, definitiva, é só deixarem fazer!

    Eu que estudei derivativos hysteresis syncronous em Harvard, sugiro fazemos o seguinte, dentro desta put@ri@ generalizada: (1) O governo fixa o dólar na compra/importação a R$ 1,00 (+- 10%); (2) Faz o mesmo na venda/exportação a R$ 7,00 (+- 5%). Afinal é o que qualquer cambista já faz um tanto, né?

    Isso na “média” dá R$ 4,00 (ou seja: não mexe no “valor de mercado” atual). Portanto, sem intervenção! (hehe).

    Aí tudo que importamos ficará 4 vezes mais baratinho. E o que exportarmos fica 7 vezes mais rentáveis (e baratos lá fora).

    A economia brasileira vai bombar, os preços locais vão cair (mas não a renda), vamos exportar mais, o PIB vai multiplicar (além do crescimento econômico causado, a medição vai ser em US$ 1 x R$ 1,00). Etc, etc.

    Prontchiu! A metiméticas resolve tudo, kct!

     

     

  7. No conceito econômico, bem é

    No conceito econômico, bem é tudo que satisfaz nossas necessidades.

    Para os adeptos do câmbio flutuante, o dólar é um bem como qualquer outro, e que, portanto, o seu valor é determinado pelas leis de mercado, ou seja: se a procura da moeda for maior do que a oferta, ela tende a subir.

    Em meu modestíssimo entendimento, aí é que está o equívoco. EXPLICO: nenhuma moeda é um bem em si, já que ela não satisfaz nossas necessidades, mas ela é apenas um meio para tal fim. Desta forma, penso que o câmbio flutuante, que só beneficia os especuladores e a banca, deve ser abolido de nosso sistema, o que evitaria aquele joguinho sujo: eu compro na baixa e meu “laranja” vende na alta.

  8. Já ocorreu uma correção significativa da taxa de câmbio

    Agora é tarde, o Banco Central vai ter é que se esforçar para impedir uma nova queda significativa do dólar no Brasil.

    Já ocorreu uma correção significativa da taxa de câmbio, quase 90% em um ano, estas medidas poderiam ser adota quando o dólar estrava em R$ 2,00, de preferência informalmente, como atuações do Banco Central no mercado de câmbio, vendendo e comprando dólares.

    Daqui para frente teremos um aumento substancial do superávit da balança comercial, em função do aumento das exportações e queda das importações.

    Depois Haverá uma corrida para retomada dos financiamentos externos e das operações de carry trade, em função da perspectiva de estabilidade da taxa de câmbio.

    Neste momento o Banco Central precisará atuar firmemente comprando dólares para evitar uma nova queda do dólar no Brasil, impedir a continuação do ciclo vicioso.

    Lembrando que o Banco Central  tem todas as ferramentas para monitorar as entradas e saídas de dólares, principalmente os empréstimos, já que todas as operações legais precisam ser registradas no Banco Central, basta ficar acordado e de olhos abertos.

     

     

     

     

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