O pacote de Obama

Do Guia Financeiro da Agência Dinheiro Vivo

Por Klinger Portella

Congressistas acertam pacote de US$ 789 bilhões para economia americana

Plano aprovado prevê US$ 507 bilhões para gastos correntes e US$ 282 bilhões em benefícios fiscais

Depois de cerca de 24 horas de discussão, os congressistas norte-americanos chegaram a um acordo para a aprovação do pacote de resgate da economia norte-americana. Segundo a imprensa local, ainda nesta semana o presidente Barack Obama deve assinar o pacote.

A proposta do governo havia sido aprovada na Câmara dos Representantes (Câmara dos Deputados) no valor de US$ 838 bilhões. No Senado, o montante aprovado havia sido de US$ 827 bilhões. Diante disso, os congressistas tiveram de se reunir para conciliar as duas propostas.

O acordo, oficializado na noite de quarta-feira (11), vai liberar US$ 789 bilhões. Os democratas concordaram em reduzir verbas destinadas a educação e programas de saúde para assegurar três votos republicanos e passar o pacote pela casa.

De acordo com o jornal The New York Times, Câmara e Senado devem votar – e aprovar – o pacote até sexta-feira, liberando o caminho para que Obama assine o programa até segunda-feira. Representantes da Casa Branca, inclusive, estariam preparando uma grande cerimônia para a assinatura e consultaram as emissoras locais para uma cobertura na próxima quarta-feira.

Nas contas do presidente Obama, o pacote de US$ 789 bilhões vai ajudar a preservar 3,6 milhões de empregos nos Estados Unidos.

Segundo o NYT, o plano aprovado prevê US$ 507 bilhões para gastos correntes e US$ 282 bilhões em benefícios fiscais, incluindo a proposta inicial de Obama de liberar ajuda de até US$ 400 a indivíduos e US$ 800 a casais dentro de uma determinada faixa de renda. O governo também liberará US$ 250 para os beneficiários da Previdência Social.

Apesar de o pacote ainda não ter sido oficialmente detalhado, congressistas confirmaram que o projeto prevê, ainda, a liberação de US$ 150 bilhões em projetos de obras públicas de transporte, energia e tecnologia, e outros US$ 87 bilhões para um programa de saúde do governo norte-americano, chamado Meidicaid.

Na versão aprovada pelos congressistas, foram cortados US$ 25 bilhões que seriam destinados a um fundo fiscal estadual. Além disso, uma linha de US$ 16 bilhões para a construção de escolas e para subsidiar seguro saúde para os desempregados foi cortada.

Os democratas não ficaram satisfeitos com os cortes propostos, principalmente, nos recursos voltados à construção de escolas. “Não havia dúvidas de que a nossa maior prioridade na Câmara era um compromisso forte com a construção de escolas. Esse ainda é o plano”, disse Nancy Pelosi, porta-voz dos Democratas.

O acordo final também reteve a US$ 70 bilhões o benefício fiscal para poupar milhões de norte-americanos de renda média de pagar o imposto mínimo alternativo neste ano. Na avaliação de alguns congressistas, a proposta não garantirá o reaquecimento da economia, já que não há garantias de que a isenção de impostos significará aumento de consumo por parte das famílias.

O senador democrata Tom Harkin, de Iowa, criticou a medida. “Teve um monte de coisas que ficaram de fora. Saúde, educação, construção. Coloca-se mais recursos em questões fiscais”, considerou. “Trata-se de cerca de 9% de todo o pacote”, disse ele, “Isso não tem nada a ver com estímulo. Não tem nada a ver com a recuperação (da economia)”, concluiu.

Luis Nassif

11 Comentários

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  1. Ou seja, a primeira coisa
    Ou seja, a primeira coisa sacrificada continua sendo o interesse dos trabalhadores. Dentre os vários bilhões para socorrer o sistema bancário, não foi possível manter alguns outros para escolas e saúde. Lamentável.

  2. Nassif, enquanto o Obama
    Nassif, enquanto o Obama tenta salvar o quebrado sistema financeiro dos EUA, os bancos suiços sofrem uma verdadeira sangria de recursos.

    Notícia

    GENEBRA – A Suíça vive um verdadeiro terremoto e seus bancos sofrem uma hemorragia de capital equivalente a 50% do PIB do país alpino. Os principais bancos da Suíça – o Credit Suisse e o UBS – viram milhares de clientes os abandonarem e retirarem mais de US$ 200 bilhões, metade de tudo o que a economia suíça produz em um ano. Com isso, somaram perdas em 2008 de US$ 23 bilhões, o maior rombo na história financeira do país. Os prejuízos já são equivalentes a metade do orçamento do governo federal suíço.

    http://www.financeone.com.br/noticia.php?lang=br&nid=24523

  3. Esta proposta e um
    Esta proposta e um “fortificante” pra economia. Nao esta incluso a “maozinha” pros bancos que deve ir a estratosfericos 2 trilhoes de dolares ou mais. Ja ouvi falar em 5 trilhoes. E din din mais que suficiente pra eu comprar um sitiozinho em Monte Santo.

  4. Apesar da enxurrada de
    Apesar da enxurrada de oferta, os títulos norte-americanos se valorizam.

    A Forbes publicou um artigo intitulado: “Teflon Bonds”

    Big issue of 10-year Treasuries goes well, a sign that impending supply is not frightening investors.

    Massive government borrowing didn’t dampen demand for the U.S. Treasury’s auction of 10-year debt on Wednesday, indicating that investors still see American bonds as a safe haven.

    Although the yield on the benchmark 10-year U.S. Treasury has grown since dropping to 2.08% late last year, security still holds sway among investors awaiting a decisive government plan to remove toxic assets from the financial system.

    The 10-year yield had run up past 3.0% in recent days, raising questions about investor appetite for the coming flood of U.S. debt, which could total $2.5 trillion this year. (See “No Safety In Treasuries.”) The Treasury is auctioning $187.0 billion in government debt securities this week.

    http://www.forbes.com/2009/02/11/treasury-bond-auction-markets-economy-0211_benchmark_45.html

    Um gráfico demonstra a evolucão dos yields pagos pelo tesouro norte-americano ao longo do último ano:

    http://online.wsj.com/mdc/public/npage/2_3051.html?mod=2_3002&sid=1224040&page=bond

    A grande queda aconteceu entre novembro e dezembro; a partir de janeiro, porém, o yeld passou a ter nova alta — o que significa que os investidores querem um retorno maior sobre o investimento.

  5. Aqui do Alto Xingu, os índios
    Aqui do Alto Xingu, os índios consideram esse o maior assalto de todos os tempos. E, o que é pior: os envolvidos são facilmente identificáveis, mas, ficarão impunes, porque pertencem a uma estirpe fora da lei: os banqueiros. Um assalto estimado entre US$ 5 trilhões e US$ 10 trilhões, cifra que será debitada no lombo dos contribuintes, inclusive brasileiros. Sem mencionar os efeitos indiretos causados pelos efeitos da crise não só nos Estados Unidos, como também no mundo inteiro. Tudo computado, o prejuízo global, o qual será lançado às costas de todos os países — inclusive o Brasil — será de dezenas e dezenas de trilhões de dólares. Será extremamente difícil imaginar que a banca e seus professores de aluguel terão suficiente capacidade criativa para operar outro assalto comparável. Para a economia voltar a funcionar, bastaria deixar quem especulou quebrar e criar bancos públicos fortemente regulados, com a estrita missão de financiar setorers produtivos. É um espanto que os arquitetos da catástrofe sejam os mesmos que estejam à frente das “iniciativas” para resolver a crise.

  6. Caro Nassif,

    O que pensa o
    Caro Nassif,

    O que pensa o nobel de economia, Paul Krugman em seu blog sobre esse pacote do Obama, ironia pouca é bobaem ela transborda:

    February 11, 2009, 8:25 pm
    Talk like a pirate
    Am I wrong in believing that the final name of the stimulus bill will be the American Recovery and Reinvestment Reconciliation Act, or ARRRA? Arrr!

    Eu estou errado em acreditar que o nome final desse estimulo projeto de lei, será Ato de Reconciliação Reinventimento e Recuperação da America (ARRRA) ? rsrsrs!

    Certa fez você escreveu: De onde não se espera nada, daí é que não vai sair nada mesmo.
    Li no log do Rodrigo Vianna, que a globo não deu a pesquisa CNT de populaidade do Lula e em outro post, muito sintomatico, que compararam Lula com Jango e não com Vargas, somando com a dupla treme-treme do congreso, com o supremo do supremo, será que esse frouxo vai sentar em cida da popularidade, aceitando passivamente o que falou Maria da Conceição Tavares, esqueça o BC” (estrategicamente errado no meu entender), ou que esses acrescimos no PAC vai salvar a laoura, e depois da terra devastada, dizer que a culpa é da elite e da mídia somente?

    Estou aqui, de volta com as cenas do filme do Glauber, “Terra em Transe”, dos anos 60’s.
    “Terra em Transe” Global e particularmente no Brasil e sua Mídia-Elite:O Diapasão Está em Diferentes Páginas da Historia da Nação
    http://blogln.ning.com/profiles/blogs/terra-em-transe-global-e

  7. esqueci

    Lemro que li em
    esqueci

    Lemro que li em novembro (ou out.) artigo de Joseph Stiglitz, no FT, onde ele dizia em forma de denúncia que o déficit do PIB-US séria acima de 1,5 trilhões os próximos dois anos.
    Na época se falava, se adimitia na hipocrisia da mídia, $700 bi, levou mais de mês para o assunto chegar na discussão aberta, onde admitiam que seria de $1,2, semanas antes do Obama tomar posse, mas depois da posse, semana passsa, falou-se em algo de $@2 Tri, agora ja se admite que já é $1,6 tri.

    http://www.marketwatch.com/news/story/US-Jan-budget-deficit-840/story.aspx?guid=%7B66E74623%2DDEBF%2D4E6C%2DA12D%2D944D8134F66A%7D

    Lula e Obama, querendo sentar arabes e israelences, e agregar gregos e troianos.
    Sabe aquela marchinha de carnaval, “vai, com jeito vai, se não um dia a casa cai”, mas isso é no longo prazo, e no longo prazo, estaremos todos mortos, como disse Keynes.
    Quem viver verá!

  8. Creio que agora é pau na
    Creio que agora é pau na máquina.

    Os investimentos públicos irão gerar muitos empregos diretos e indiretos, assim como os incentivos fiscais.

    A recuperação de parte dos empregos pode dar a confiança de que a depressão será evitada, a demanda reprimida nos últimos meses seja despertada.

    Do ponto de vista da política econômica estamos no caminho correto para evitar a depressão, o debate ideológico foi definivamene vencido, pelo menos nos EUA e na Europa.

    No Brasil saberemos o resultado desta disputa na próxima reunião do COPOM, principalmente se lea for antecipada.

  9. Nassif,
    Veja, a visão do
    Nassif,
    Veja, a visão do professor da FGV Marcelo Cortes Neri sobre o PAC (reproduzido do blog do Eduardo Guimarães);
    “(…) O PAC, Programação de Aceleração do Crescimento, é um plano que talvez não fizesse muito sentido quando ele foi lançado como um plano de aceleração do crescimento, porque a economia estava muito aquecida, e hoje em dia é visto quase como um New Deal americano [programa de aquecimento econômico do presidente americano Franklin D. Roosevelt implementado entre 1933 e 1937] numa época em que comparações com a grande depressão americana [de 1929] começam a se tornar mais comuns. Então, é meio como se o Brasil criasse um New Deal antes que a depressão fosse anunciada. Aqueles que acham que o Brasil estava com sorte, alguns anos atrás [conforme diz a imprensa e a oposição para desmerecer o crescimento continuado dos últimos anos], que sorte temos agora, porque é como se tivéssemos um bilhete de loteria, um seguro que não sabíamos que tínhamos (…)”.

    Caiu a ficha do PSDB agora e o Serra lançou o “Paquinho”

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