Roosevelt e o FED

Enviado por: Andre Araujo

Bracher é um banqueiro dos pés à cabeça o que não conflita com o fato de ser um brasileiro inteligente e patriota. A independência absoluta do Banco Central só existe em livros didáticos, na vida real a história é outra.

Quando Roosevelt foi eleito para implantar um politica monetária expansionista pró-emprego para tirar os EUA da Depressão o então Chairman do Fed, Eugene Meyer, renunciou ao cargo que exercia deesde 1930, tendo ainda quatro anos de mandato. E Meyer nem sequer era um monetarista fanático mas sentiu que a audácia de Roosevelt na Presidência não combinava com seu consrvadorismo. Saiu porque é impossível um presidente de BC operar contra o Governo. Se ele não consegue harmonizar sua politica monetária com a politica economica do Governo só lhe resta deixar o cargo, pois não seria concebivel o Chefe de Estado eleito renunciar e o banqueiro central ficar.

Essa situação ocorreu duas vezes no Fed, com Meyer e Thomas McCabe no Governo Truman. O Principio de Roosevelt é esse: quando um Governo tem uma politica economicae o Banco Central autonomo ou independente tem uma politica monetária conflitante, suspende-se a independência do BC ou o País entra em uma crise absurda e inaceitável. A independência do BC acaba onde entra a vontade politica dos eleitores representados pelo Governo. Isso não é teoria, é a lição da história.

Bracher pegou o ponto.

Luis Nassif

23 Comentários

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  1. Os moedeiros sagrados afirmam
    Os moedeiros sagrados afirmam que não têm nada a ver com coisas mundanas com resultados fiscais, câmbio e produto. Só com o Santo Graal da inflação. Miriam Leitão e outros oráculos terrenos de Suas Sapiências batem palmas.
    Mas eles não sobem os juros com base nos impactos que os resultados fiscais, câmbio e produto podem provocar na inflação – com a impressionando precisão de centésimos de pontos percentuais.
    É isso ou eu não entendi direito?

  2. O Henrique Meireles é o Paul
    O Henrique Meireles é o Paul Volcker do Brasil! Em retrospecto o BC talvez tenha sido conservador demais. A Selic talvez pudesse estar uns 2% abaixo de onde está. Mas em retrospecto tudo sempre é mais fácil. Não são 2% de diferença na Selic que vão fazer o país crescer 5%. O problema é de ordem fiscal, que basicamente reflete as tensões sociais de um país com uma das piores distribuições de renda do planeta. É inacreditável que o país consiga ainda avançar, mesmo aos trancos e barrancos, com o projeto de desenvolvimento nacional em meio a esta pesada herança social que recebemos. Qualquer outro país nas mesmas condições já estaria mergulhado na anarquia total. Criticar tudo bem, mas vamos manter um certo nível, este negócio de cabeça de planilha já passou dos limites Nassif. Estamos é dando um exemplo ao mundo de como acertar as contas com o passado sem ruptura institucional. Viva o povo brasileiro, viva a nossa democracia! Vamos pra frente que pra trás não dá mais.

  3. ” Bracher é um banqueiro dos
    ” Bracher é um banqueiro dos pés à cabeça o que não conflita com o fato de ser um brasileiro inteligente e patriota. ”

    A rasgação de seda poderia ser deixada de lado, até porque há controvérsias…

    De resto, procede, embora ninguém tenha coragem suficiente (ou falta de ambição compatível) para dizer em alto e bom som que estamos sob o Reinado Mabusiano dos Agiotas e Mercadores de Informação Privilegiada.

    Desses em que muitos, inclusive o personagem acima referido, costumam auferir gordos lucros.

  4. Incrível como a diversidade
    Incrível como a diversidade de opinião foi excluída da grande mídia.
    Frequentar este blog é um grande prazer.
    Em três parágrafos o A Araújo ampliou a discussão da política econômica, para muito além das análises tacanhas dos Maílson, Sardenberg, Leitão, Schvartsman…

  5. O BC está boicotando o
    O BC está boicotando o Brasil, com uma política fundamentalista de juros extremamente altos!

    Acho que o BC não tem um e-mail, mas podemos reclamar pelo site: Reclamação contra os serviços prestados pelo Banco Central: http://www4.bcb.gov.br/Pre/ouvidoria/sistema_reclamacao.asp. Vamos mandar protestos!!!

    Também podemos mandar protestos para os que são os chefes dessa turma, pois, ao menos teoricamente, o BC está subordinado ao Ministério da Fazenda ( ouvidoria: https://portal.ouvidoria.fazenda.gov.br/sisouvidor/autoatendimento/cadastro/formularioMensagem.jsp ) e à Presidência da Republica ( fale com o Presidente: https://sistema.planalto.gov.br/falepr/exec/index.cfm?acao=email.formulario ).

    Vamos divulgar os meios de contato com as autoridades responsáveis por esses juros absurdos!!!

  6. 1) A teoria econômica fala
    1) A teoria econômica fala que havendo deflação e recessão:
    a) a políitica monetária deve ser expansionista (taxa básica abaixo da natural); b) a política fiscal deve também ser expansionista (aumentar os investimentos públicos e os gastos sociais). Isto é aceito por todos. Havendo inflação e bolha de crescimento o raciocínio inverte.
    2) Não é missão dos Bancos Centrais operar a favor nem contra governos. A missão é preservar o valor de compra da moeda. Fazendo isto estará, por tabela, operando a favor dos governos e do povo.
    3) É sabido por todos que a política monetária sozinha não pode fazer crescimento consistente e sustentado (isto também é conhecido por todos).

  7. Ao prezado Marco Aurelio
    Ao prezado Marco Aurelio Garcia : o Fed tem por mandato (art.6º dos Estatutos) trabalhar para atingir o pleno emprego (palavras textuais) e a estabilidade economica. Portanto, no desenho do Fed americano, não copiado aqui, a missão inclue o crescimento para gerar pleno emprego. Mas não devemos nos prender a estatutos e livros-textos de teoria economica. A realidade do Fed é a extrema flexibilidade para adaptar a politica monetária aos ciclos economicos, ajustando essa politica à vida real e às necessidades do País.
    Quanto ao ser anti-natural o conflito entre Autoridade Monetária e o Governo, a história economica registra situações onde isso ocorre e geralmente o Governo vence a queda de braço. O contexto desse conflito existe geralmente nas mudanças de Governo, quando permanece o Presidente do BC do Governo anterior e o novo Governo tem outra politica economica que conflita com a visão do BC. Foram esses os dois casos que citei.

  8. Caro Andre Araujo,
    1)
    Caro Andre Araujo,
    1) Complementando (sobre o Bracher):
    Um empresário (banqueiro) que fez fortuna rapidamente (o que comprova sua sagacidade e competênciapara ganhar dinheiro). Nada contra. Mas pense: a) se o Bracher tiver fugido dos títulos selic e refugiado-se nos corrigidos por IGPs e INPC? É só uma hipótese. b) se tiver apostado em IGPs contra selic? Também só hipóse. Banqueiro falando de Banco Central, tenha sempre um pé atrás (pode até ser um patriota, mas como banqueiro não deveria falar).

  9. Caro Andre Araujo,
    1)
    Caro Andre Araujo,
    1) Inicialmente quero deixar registrada minha admiração por sua cultura acumulada em história da economia (o elogio não é limitador). Realmente acima da média (um papo seria agradabilíssimo e instrutivo).
    2) Na minha visão as autoridades econômicas americanas na crise de 1929/30, erraram ao combatê-la com redução de gastos do governo (correntes e investimentos). Mas vivi depois de Keynes ter ensinado isto (minha admiração pelo economista, financista e jornalista Keynes não vai até suas conclusões sociais das quais discordo). Da mesma maneira que a leitura de Marx é enriquecedora (mas não virei um comunista nem socialista). Convivi com muitos amigos comunistas que nunca tinham lido Marx (isto não diminuia suas convicções, mas impedia-os de falar sobre o pensamento do autor). Tive um colega que foi assassinado pela revolução, foi muito sofrido, revoltante, mas não mudou minhas convicções liberais (pelo contrário reforçou-as ainda mais). Meu curso de economia foi em escola federal (época da revolução, o auge da repressão). A maneira de segurar a turma foi colocar o horário das aulas de 7 às 12 de segunda a sábado, com provas de até 4 horas de duração à tarde (era barra). Tinha um colega militar, capitão do exército (claro que não era estudante). Na época eu já tinha um pensamento liberal (influenciado por Roberto Campos e Gudin). O militar era uma pessoa fina e agradável (confidenciou-me que tinha até vergonha de frequentar as aulas, não usava uniforme). O colega morto não foi por culpa dele, foi outra época (era da turma que foi libertada na troca com o embaixador americano).
    3) Voltando ao tema. A teoria fala:
    Teoricamente a taxa de juros deveria oscilar em torno da taxa de equilíbrio de longo prazo. Essa taxa, teoricamente, é aquela em que a economia atinge a sua mínima taxa de desemprego sem inflação. Evidentemente, se houver ameaça inflacionária, o BC coloca temporariamente a taxa de juros acima desse nível de equilíbrio, para fazer com que essa ameaça seja debelada. O inverso vale quando há ameaça de deflação e de recessão. Em resumo, a taxa de juros de equilíbrio de longo prazo depende de vários fatores, entre os quais: situação fiscal e endividamento público, credibilidade do BC, taxa de investimento e grau de abertura da economia, eficiência do sistema financeiro, etc.
    Quando os economistas falam em taxa básica pensam na mínima possível, em emprego, em nível de atividades (isto está implícito). É repetido exaustivamente nos cursos (pleno emprego, etc).
    4) Política Monetária é 50% razão e 50% expectativas (aí entra a credibilidade das autoridades monetárias). Se o Banco Central for independente a credibilidade aumenta e a taxa básica pode cair. As declarações intempestivas e indevidas do MF claro que atrapalharam o COPOM em sua decisão (o Mantega é considerado pelo mercado como despreparado, falou muitas bobagens que teve que desdizer, apesar de ser um patriota bem intencionado). MERCADO: somos todos nós (o Nassif que está muto rico e faz muitas aplicações também é mercado). Claro que a autoridade monetária tem que pensar nas reações do mercado (o que o Nassif fará com seus milhões aplicados e com sua renda mensal).
    5) Seus textos são enriquecedores e brilhantes.

  10. Ou seja, quem manda no Banco
    Ou seja, quem manda no Banco Central é a sociedade civil organizada e,até onde eu reparo, o Lula submete-se ao Banco Central, apesar da notável consagração nas urnas. Então, o Lula não acredita em seus eleitores e o Banco Central despreza os eleitores. E a sociedade civil brasileira não é uma sociedade organizada.

  11. André Araújo,

    Você
    André Araújo,

    Você escreveu:
    o Fed tem por mandato (art.6º dos Estatutos) trabalhar para atingir o pleno emprego (palavras textuais) e a estabilidade economica.

    Alguns dias atrás, a Míriam Leitão escreveu que nenhum BC tem por função se preocupar com crescimento.

    Considerando que você citou o estatuto do próprio FED, suponho que você esteja certo e a Míriam, errada. Mas fiquei curioso. Esse estatuto está no site do FED (o FED tem site?)? Eu gostaria de ler.

    Nem vou perguntar se você acha que ela escreveu isso de propósito ou por engano…

  12. Prezado Mauricio : O Fed tem
    Prezado Mauricio : O Fed tem um vasto site http://www.federalreserve.gov Os comentários da Miriam Leitão nesse caso pecam pela generalização, incabivel em economia. Não há dois BCs iguais no mundo, cada qual tem sua história e cada qual se insere de forma distinta no tecido social e politico. Portanto expressões do tipo “nenhum” , “em todo lugar do mundo”, etc são simplificações da realidade. Se vc entrar no site do Fed irá verificar a enorme diferença da operação do banco central americano em relação ao nosso. Aqui copiaram-se alguns rituais e encenações mas não o âmago, a essência do sistema. Lá o Fed tem uma interação com o Governo, com o Conselho de Economistas da Presidência, com a sociedade civil, com o Congresso, que aqui nunca houve. Meia duzia de burocratas e acadêmicos de rala biografia comandam a economia sem dar satisfação a ninguem, a não ser ao mercado financeiro. Nada a ver com o Fed, com o Banco Central Europeu ou com o Banco da França.
    Cópia mal feita dá nisso.
    Ao Marco Aurélio Garcia : Agradeço os imerecidos elogios. Todos nós estamos contribuindo para a ampliação do debate economico, que interessa a toda a sociedade.
    Suas contribuições são excelentes e todos devemos sempre partir do principio que em economia não há dogmas, apenas pontos de vista, a ciência está longe de ser exata e cada País e momento histórico tem seu contexto próprio, que não cabem em modelos e formulas prontas.

  13. Há uma argumentação que em
    Há uma argumentação que em parte não reproduz a história nesta discussão. Sustentar que os governos americanos não resolveram bem a crise de 29 é uma afirmação temerária, a não ser que o significado não tenha sido esse, ou seja parcialmente esse, pois o desenvolvimento industrial americano, que já era muito grande – crise de superprodução – reorganizou-se, enfrentou a Segunda Guerra, passou a dominar o mundo, como superpotência, e gerou a “década de ouro” dos anos 50, discussão esta que pode ser bem mais aprofundada. Mas os conflitos sistêmicos do Presidente com o Banco Central foram exemplarmente resolvidos pelos americanos.

  14. Nassif,
    Entre um banqueiro de
    Nassif,
    Entre um banqueiro de carreira, como boa formação, experiência, bem formado, bem falante e um operário semi-analafabeto que se demita o mais ridículo.

  15. Nassif,

    Segundo o Luiz,
    Nassif,

    Segundo o Luiz, deveria demitir-se o mais ridículo, no entanto eu gostaria de ver os resultados econômicos e sociais, proporcionais à sua formação, apresentados pelo subalterno letrado.

  16. Não peça o impossível
    Não peça o impossível Januário. É que nem o déficit da Previdência. Quando começa a detalhar, mata a fantasia criada anteriormente.

  17. Caro Nassif
    Em tópico tão
    Caro Nassif
    Em tópico tão debatido por economistas, faço aqui meu apelo de advogado. Precisamos fazer uma campanha, com adesivos e etc, com o mote “Eu quero votar para Presidente…do Banco Central”. Parece que é a única maneira de o voto valer alguma coisa.
    2. Quanto à matéria, o mais grave não é o Banco Central trabalhar contra o Presidente da República. É trabalhar contra o Brasil.
    Abraço

  18. Luiz,
    “Entre um banqueiro de
    Luiz,
    “Entre um banqueiro de carreira, como boa formação, experiência, bem formado, bem falante e um operário semi-analafabeto que se demita o mais ridículo.”
    O ridículo mora no preconceito. Não é privilégio de classe. Qualquer um pode cometê-lo assim como você comete.
    Lembre-se, a vontade democrática não elegeu nenhum banqueiro.

  19. TAXA DE EQUILÍBRIO (natural
    TAXA DE EQUILÍBRIO (natural ou neutra):
    1) Teoricamente a taxa de juros deveria oscilar em torno da taxa de equilíbrio de longo prazo. Essa taxa, teoricamente, é aquela em que a economia atinge a sua mínima taxa de desemprego sem inflação. Evidentemente, se houver ameaça inflacionária, o BC coloca temporariamente a taxa de juros acima desse nível de equilíbrio, para fazer com que essa ameaça seja debelada. O inverso vale quando há ameaça de deflação e de recessão. Em resumo, a taxa de juros de equilíbrio de longo prazo depende de vários fatores, entre os quais: situação fiscal e endividamento público, credibilidade do BC, taxa de investimento e grau de abertura da economia, eficiência do sistema financeiro, etc.
    TAXA DE LONGO PRAZO: é publicada todo dia nos jornais e BM&F.
    Quando os economistas falam em taxa básica pensam na mínima possível, em emprego, em nível de atividades (isto está implícito). É repetido exaustivamente nos cursos (pleno emprego, etc).
    2) Política Monetária é 50% razão e 50% expectativas (aí entra a credibilidade das autoridades monetárias). Se o Banco Central for independente a credibilidade aumenta e a taxa básica pode cair. Declarações intempestivas e indevidas de autoridadesclaro que atrapalharam o COPOM em sua decisão.
    MERCADO: somos todos nós (o Nassif que está muito rico e faz muitas aplicações também é mercado). Claro que a autoridade monetária tem que pensar nas reações do mercado (o que o Nassif fará com seus milhões aplicados e com sua renda mensal).

  20. …”É melhor arriscar coisas
    …”É melhor arriscar coisas grandiosas, alcam]nçar triunfo e glória, mesmo expondo a derrota, do que formar fila com os pobres de espírito que nem gozam muito,porque vivem nessa penumbra cinzenta que não conhece vitória nem derrota” Theodore Roosevelt

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