Taxa de juros dos EUA deve começar a subir nesta semana

Tatiane Correia
Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.
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Jornal GGN – No comunicado emitido após a reunião de outubro, o Federal Reserve – o Banco Central dos Estados Unidos – afirmou que discutiria elevar a taxa de juros no encontro de dezembro, com base nos dados divulgados para o desempenho do mercado de trabalho, na redução dos riscos, externos e internos, e para as perspectivas de crescimento econômico. Diante da divulgação de números considerados favoráveis, tudo indica que o Fed deve começar a normalizar sua política monetária muito em breve.

“A recuperação do mercado de trabalho é o principal foco para a política monetária. Os resultados de novembro reforçaram o bom desempenho da criação de empregos, em ritmo suficiente para reduzir a taxa de desemprego ao longo do tempo”, explica o economista Marcelo Cirne de Toledo, do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos do banco Bradesco, em artigo. “Em novembro foram criadas 211 mil vagas, com revisões positivas nos dados dos meses anteriores. A média dos últimos três e seis meses permanece acima de 200 mil, superior aos cerca de 150 mil necessários para manter a taxa de desemprego estável”.

Outro fator apontado como relevante foi o aumento do disco de desaceleração econômica da China no meio do ano – em agosto, houve uma queda considerável da bolsa e aumento da aversão ao risco, muito por conta dos temores relacionados à queda da economia chinesa. “De forma atípica, isto levou o Fed a incluir em seu comunicado uma menção aos riscos no ambiente externo. Contudo, nos últimos meses houve arrefecimento da preocupação com uma desaceleração mais brusca da China. Com isso, as condições financeiras sofreram alívio, com recuperação das bolsas nos EUA, queda da aversão ao risco e redução de spreads de crédito”, explica Toledo.

Segundo o economista, o fortalecimento do dólar tem sido um elemento importante de restrição do crescimento dos Estados Unidos, refletindo-se na estagnação industrial vista ao longo do ano. Por isso, uma potencial preocupação da autoridade monetária seria sobre a divergência da política monetária nos EUA e em outras regiões – uma vez que havia a possibilidade que a elevação dos estímulos por parte do Banco Central Europeu (BCE) , efetivada semana passada, provocasse uma valorização adicional do dólar, o que não aconteceu.

“Avaliamos que o Fed manterá a indicação atual sobre o ritmo e o montante total de ajuste da taxa de juros pretendido para 2016. Isso significaria passos de 0,25 p.p. a cada duas reuniões, levando a taxa de juros para 1,375% no final do próximo ano”, diz Toledo. “Além disso, na entrevista concedida após a decisão, a presidente do Fed deverá indicar que não há decisões automáticas por parte do banco central e que a trajetória futura continuará condicionada pela evolução da economia”. A perspectiva de um ajuste suave da taxa de juros é reforçada pelo nível baixo da inflação corrente e das expectativas, além de novas quedas dos preços de commodities (em especial do petróleo).

A decisão de início de normalização da política monetária nos Estados Unidos é muito esperada, ainda que permaneçam dúvidas sobre eventuais repercussões sobre outros mercados, em especial nas moedas de países emergentes. “De todo modo, o fato de ter sido bastante bem sinalizada deverá tornar limitados os impactos. Por último, vale lembrar que além de normalizar a taxa de juros, será preciso, ao longo de 2016, discutir a estratégia para trazer de volta ao nível normal o balanço do Fed (atualmente em US$ 4,2 trilhões)”, finaliza Toledo.

Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

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