Confira os principais pontos da delação de Élcio de Queiroz sobre o caso Marielle

Delator confirmou que Ronnie Lessa assassinou a vereadora, mas não revelou o nome do mandante do crime.

Crédito: Reprodução/ Tribunal de Justiça

O ex-PM Élcio de Queiroz firmou delação premiada com a Polícia Federal (PF) e com o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), em que deu vários detalhes sobre o crime que vitimou a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes em 14 de março de 2018.

Preso desde 2019, Élcio revelou às autoridades que dirigia o Cobalt prata em que estava o ex-policial reformado Ronnie Lessa, autor dos disparos que mataram a vereadora do PSol.

O delator trouxe ainda a confirmação de mais um envolvido no caso: o ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa, o Suel, já condenado a quatro anos de prisão por atrapalhar as investigações.

Perseguição

Marielle era perseguida desde 2017 por Maxwell e Lessa, que tentaram matá-la em setembro daquele ano, mas na ocasião, o carro era dirigido por Maxwell e ele teria desistido do ataque, inventando uma falha mecânica no veículo.

Nesta primeira tentativa, Maxwell conduzia o automóvel, Ronnie estava no banco de trás e o PM Edmilson da Silva de Oliveira, mais conhecido como Macalé e morto em novembro de 2021, seguia em um carro atrás, para segurar o trânsito se fosse necessário.

Já a arma usada no crime pertencia ao Batalhão de Operações Especiais (Bope), que sumiu do batalhão após um incêndio na corporação.

“Como o Ronnie já havia trabalhado no Bope com essa MP5K e gostava muito dela, procurou saber quem havia ficado com a arma e comprou a arma dessa pessoa, reformou-a e tinha um cuidado muito grande por essa arma. Não sei informar quem estava com essa arma, mas imagino que possa ser alguém que estava na ativa na época do incêndio no paiol”, contou Élcio.

Dia do crime

Élcio revelou que trabalhava em uma loja de móveis quando, por volta das 12h, recebeu uma mensagem de Lessa. O ex-policial precisava de um motorista e chegou a enviar fotos de algumas mulheres, mas Queiroz garante que não chegou a vê-las.

O delator recebeu um novo pedido de Lessa às 16h: que ele evitasse o horário de pico do trânsito. O motorista também deveria encontrá-lo em sua casa, na Barra da Tijuca.

Queiroz chegou à casa de Lessa por volta das 17h, deixou o carro na garagem e seguiu para um ponto onde havia um carro à espera.

Lessa vestiu um casado preto, tirou uma submetralhadora da bolsa, instalou o silenciador, colocou uma touca e pegou um binóculo. Foi só então que o assassino revelou que a vítima seria Marielle Franco, por questões pessoais.

Crime

Élcio e Lessa permaneceram no carro até que Marielle, Anderson e assessora Fernanda Chagas, que sobreviveu ao crime, deixassem um evento.

Os criminosos pensaram que um carro preto, provavelmente da polícia, estaria escoltando a vereadora. Ronnie sabia que Marielle costumava frequentar um bar e cogitou matá-la no estabelecimento. Por isso, continuou a perseguição.

Mas no caminho, Anderson reduziu a velocidade enquanto esperava que um carro na contramão passasse. Foi neste momento que Lessa pediu a Élcio que emparelhasse o carro e efetuou os disparos.

Fuga

Após o crime, ambos foram para a casa da mãe de Ronnie Lessa, no Méier. De lá, seguiram de táxi para um bar na Barra da Tijuca, solicitado pelo irmão de Lessa. No bar, os criminosos encontraram Maxwell, onde beberam até 3h e viram as primeiras notícias sobre a morte da vereadora.

Já no dia 15, os três envolvidos se encontraram para descartar as cápsulas da submetralhadora e providenciar o descarte do veículo, realizado pelo mecânico Edilson Barbosa dos Santos, mais conhecido como Orelha.

Élcio contou à PF que Orelha tinha pavor de Ronnie Lessa e que teria dado fim ao Cobalt em um desmanche no Morro da Pedreira, mas desconversava sobre o assunto toda vez que ele vinha à tona e também se recusava a saber a origem do veículo.

Já a arma utilizada no crime estaria no fundo do mar, de acordo com as investigações da Polícia Civil. Sobre ela, Élcio diz saber apenas que Marcio Montavano, conhecido como Márcio Gordo, retirou armas da casa de Lessa em Jacarepaguá.

Mandante

Ainda não se sabe quem foi o mandante do crime, mas Élcio afirmou que foi Macalé quem apresentou a Ronnie Lessa o “trabalho” de executar a vereadora.

Morto em uma emboscada em novembro de 2021, Macalé também teria ajudado Lessa a desvendar a rotina de Marielle, monitoradas pelos ex-policiais por meses.

Prisão

Em 11 de março de 2019, Maxwell foi avisado pelo PM Maurício Conceição de que haveria uma “operação Marielle” no dia seguinte. O policial também avisou Lessa pelo aplicativo de conversas secretas Confide.

Como o envolvimento de Maxwell não tinha vindo à tona, ele não foi alvo da operação. Élcio conta que também não achou que seria apreendido pelos policiais. Já Lessa tentou fugir, mas ele e o delator foram detidos em 12 de março e serão julgados pelo Tribunal do Júri, ainda sem data marcada.

Quebra de confiança

A delação de Élcio de Queiroz acontece mais de quatro anos após a prisão e foi motivada pela quebra de confiança entre os parceiros de crime.

“O convencimento do Élcio (para delatar), foi porque o Ronnie garantiu que não tinha feito pesquisa em Marielle e isso gerou uma desconfiança por parte de Élcio”, disse o delegado Jaime Cândido, da Polícia Federal, durante entrevista coletiva nesta segunda-feira (24).

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5 Comentários

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  1. Apagaram o intermediário do mandante, o Adriano e sumiram com o porteiro. Quando vão “resgatá-lo”, protegê-lo e interrogá-lo de verdade?

  2. Falta também uma boa reinquirição/reinvestigação da facada (de mola?) do fakesquerdista Adélio, evento relevantíssimo para mergulhar o braZil nas trevas do bolsonarismo.

  3. Sei não, mas imaginar também não custa nada. Então, se em pouco tempo o Mauro Cid, preso em uma cela, recebeu mais de 70 visitas, pergunto: quantas visitas, encontros e reuniões poderia ter acontecido desde o dia da libertação de Elcio Queiroz, até a data de ontem? Quantas visitas pode ter recebido Ronnie Lessa,no mesmo período de Elcio?
    Parece tempo bastante para se fazer um planejamento de um álibi, que simule a impossibilidade de saber quem ordenou a execução de Marielle e Anderson Gomes. O carro que foram buscar no Méier, no dia seguinte ao assassinato, parece que estava próximo da 26ª Delegacia Policial, na rua Adriano. Pode ser uma simples coincidência, como pode ser uma coincidência para ser avaliada.

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