Jurista Dalmo de Abreu Dallari morre aos 90 anos

Professor emérito e ex-diretor da Faculdade de Direito da USP, jurista exerceu papel relevante no combate à ditadura militar

Foto: Faculdade de Direito da USP

O jurista e professor Dalmo de Abreu Dallari faleceu nesta sexta-feira (08/04), aos 90 anos, na cidade de São Paulo. Professor Emérito e ex-diretor da Faculdade de Direito do Largo São Francisco, Dallari foi um dos mais importantes juristas do país.

Em uma de suas últimas entrevistas, Dalmo Dallari acentuou que o Brasil sofre com grande parcela de discriminações e de um peso social, mas sempre acreditou na possibilidade de mudanças efetivas. “Felizmente, está aumentando no Brasil o número de pessoas que tem essa consciência de direitos e que tem respeito pelos direitos pessoais. Estamos no bom caminho”, costumava dizer.

Dalmo Dallari também foi um principais nomes de oposição à ditadura militar no Brasil. A partir de 1972, ajudou a organizar a Comissão Pontifícia de Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo, ativa na defesa dos direitos humanos, e também teve participação importante duramente e após a reconquista democrática, com a Constituição de 1988.

Na vida pública, Dallari foi secretário dos Negócios Jurídicos da Prefeitura do Município de São Paulo de agosto de 1990 a dezembro de 1992 – período governado por Luiza Erundina.

Formou-se em Direito pela Universidade de São Paulo em 1957. Foi aprovado, em 1963, no concurso para livre-docente em Teoria Geral do Estado na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (FDUSP). No ano seguinte passou a integrar o corpo docente da universidade. Em 1974, venceu o concurso de títulos e provas para professor titular de Teoria Geral do Estado.

O corpo de Dalmo Dallari será velado na Faculdade de Direito do Largo São Francisco. Casado com Sueli Dallari, ex-professora da Faculdade de Saúde Pública, deixa sete filhos – entre eles os professores da Universidade de São Paulo Maria Paula Dallari Bucci (DES-FDUSP) e Pedro Dallari (diretor do Instituto de Relações Internacionais da USP) – genros, noras, netos e bisnetos.

“Perdemos um grande amigo. Dalmo sempre se dedicou a fazer o bem. Um defensor dos Direitos Humanos. Ele dizia, constantemente, que a construção desses direitos deveria iniciar desde cedo. Somente assim as pessoas poderiam ter consciência do que é ser solidário e fraterno”, assinala o diretor da FDUSP, professor Celso Fernandes Campilongo.

Orientando de Dallari na Pós-Graduação, o ministro Alexandre de Moraes, lamentou a perda. “A Democracia e os Direitos Fundamentais perderam hoje um de seus maiores defensores. Com inteligência, coragem e sabedoria, Dalmo Dallari foi um exemplo para gerações de professores e estudantes. Tive a honra de ser seu aluno e orientando na USP. Meus sentimentos à sua família”, ressaltou o ministro Alexandre de Moraes, orientando de Dallari na pós-graduação.

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Redação

1 Comentário

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  1. Grande jurista. Ele disse que enfiar o chicaneiro Gilmar Mendes no STF era um erro. Desde então, vários erros semelhantes ou piores foram cometidos. A Suprema Corte brasileira virou um depósito de lixo golpista (os dois Luises) e um puteiro evangélico (André Mendonça).

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