A incrível delação de Palocci em que o “governo Dilma” anulou a Castelo de Areia

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
[email protected]

Cadeia dos acontecimentos reais e pessoas que precisariam estar envolvidas na narrativa esboçada por Palocci levantam dúvidas sobre a verossimilhança da delação

Montagem: Exame

Jornal GGN – Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, assinou no dia 24 de agosto um despacho distribuindo os 23 termos do acordo de delação premiada de Antonio Palocci para a Justiça Federal de diversos estados. Chama atenção o de número 6, que versa sobre suposto pagamento de propina pela Camargo Corrêa para que a operação Castelo de Areia fosse anulada.

A cadeia dos acontecimentos reais e as pessoas que precisariam estar envolvidas na narrativa esboçada por Palocci levantam dúvidas sobre a verossimilhança da delação.

[O GGN prepara uma série de vídeos para mostrar a interferência dos EUA na Lava Jato. Quer ser nosso aliado nessa causa? Clique aqui]

De acordo com a delação, campanhas do PT, incluindo a de Dilma Rousseff, em 2010, teriam recebido um total de R$ 50 milhões da Camargo Corrêa, para que o governo, se eleito em outubro daquele ano, ajudasse, no futuro, a anular a Castelo de Areia no STJ.

“Versa o Termo de Depoimento n.6 acerca do pagamento indevido de R$ 50 milhões de reais, por parte do Grupo Camargo Corrêa, às campanhas do Partido dos Trabalhadores (PT) no pleito do ano de 2010 e para o qual concorrera a ex-Presidente Dilma Roussef, com objetivo de obter auxílio do Governo Federal na anulação da ‘Operação Castelo de Areia’ junto ao Superior Tribunal de Justiça”, sintetizou Fachin.

No termo 12 da delação, Palocci afirma que do total pago, R$ 1 milhão da Camargo Corrêa abasteceram diretamente a campanha de Gleisi Hoffmann, em 2010.

Trocando em miúdos: o governo Dilma, incapaz de conter as baterias da Lava Jato contra o PT, teria sido remunerado, via doação eleitoral, para acabar com a Castelo de Areia.

Pago, com “vantagem indevida” de uma empreiteira, para interferir em um assunto fora de sua alçada, e que estava se resolvendo sozinho antes mesmo da eleição começar.

A Castelo de Areia já havia sido interrompida por decisão liminar do ex-presidente do STJ, Cesar Asfor Rocha, em janeiro de 2010.

Em setembro de 2010, ou seja, antes do povo brasileiro se dirigir às urnas para dar à Dilma seu primeiro mandato, o julgamento da Castelo de Areia começou na 6ª Turma do STJ, com a ministra Maria Thereza de Assis Moura – indicada por Lula para o tribunal – apontando que a liminar de Asfor estava correta.

Em abril de 2011, por 3 votos a 1, a turma do STF decidiu anular a Castelo de Areia por entender que os grampos da operação eram ilegais, pois foram autorizados apenas com base em denúncia anônima.

Em abril de 2015 foi a vez de a primeira turma do Supremo Tribunal Federal ratificar o fim da operação, com voto favorável de Luis Roberto Barroso, um entusiasta da Lava Jato.

A síntese da delação de Palocci não registra se haveria participação da ministra Maria Thereza e dos desembargadores convocados para o julgamento, Celso Limongi e Haroldo Rodrigues, no “esquema” para anular a Castelo de Areia.

Aliás, em agosto de 2017, quando falou do assunto pela primeira vez, Palocci não envolveu o PT ou a campanha de Dilma na delação.

Ele relatou suposto pagamento de propina da Camargo Corrêa a Asfor, no valor de R$ 5 milhões, que teriam sido depositados em conta no exterior. E mais: disse que ao ex-presidente do STJ foi prometido, ainda, um cargo no Supremo. Asfor ficou revoltado.

Palocci ainda inseriu no meio de campo da negociação o advogado e ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos, morto em 2014.

Todos os citados negaram as informações do delator da Lava Jato. Asfor acrescentou que “se Antonio Palocci efetivamente produziu essa infâmia, eu o processarei e/ou a quem quer que a tenha difundido. A afirmação é uma mentira deslavada que só pode ser feita por bandido, safado e ladrão.”

Fachin determinou que o termo 6 será enviado a São Paulo, para averiguar a conduta de obstrução de Justiça. Caberá ao Juízo da 6ª Vara da Seção Judiciária decidir se há elementos que corroboram a delação de Palocci.

Palocci
Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

16 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. O faquinha continua o mesmo “valoroso” defensor de tudo que possa atingir o PT e seus petistas. Tanto faz ou tanto fez se o palhoço falou a verdade ou não: coisas tão díspares, como essas depalhaçadas podiam poupar tempo e dinheiro público: manda arquivar por total velhacaria. Haja sacom com este país de merrecas.

  2. Um infeliz que usa esse Nick já mostra que é um lambe botas. A verdade é que o canalha do Palloci comprova o modus operando da Farsa Jato: se apertou o valor da cambada da República de Curitiba, é só vazar um delação do ex-petista, usado como cortina de fumaça para as negociatas de Deltan e Moro, ou mesmo das sujeiras do Biroliro, agora ator de mais um escândalo, que pode chegar aos bilhões de reais, o ItaipuGate.

    1. Ele sempre fala dobre outros, nunca narra participação. É sempre do tipo “teve uma reunião”, só que ele não estava presente, mas alguém disse pra ele. É típico de mentira arma da, para não se comprometer. A farsa a jato se desmoraliza a cada dia e a PF se mostra uma polícia política.

  3. Pessoal, como brasileiros interessados em um país melhor, é oportuno xingar, ofender, desacreditar do que Paloci apresentou!
    Quem melhor conhece vc, se é que é que isto é possível, do que, “quem com vc convive”?

    Paloci participava ou tinha conhecimento dos movimentos e estratégias que o governo à época costurava!
    Se lembrarmos o que aconteceu com os irmãos do grupo da JBS Wesley e Joesley
    Batista, verão que não é tão simples dizer sem nada provar!
    À época, o então procurador Janot, afirou que os colaboradores perderam os benefícios concedidos no acordo, que foram rescindido.
    O motivo foi a conclusão de que “houve omissão deliberada, por parte dos referidos colaboradores de fatos ilícitos, que deveriam ter sido apresentados por ocasião da assinatura dos acordos”.
    Então, aguardemos as investigações, afinal, ele fala inclusive de já condenados por exemplo, 22 tipos de provas;
    Veja; https://www.buzzfeed.com/br/filipecoutinho/estas-sao-as-22-provas-que-levaram-a-condenacao-de-lula
    https://g1.globo.com/politica/noticia/condenacao-de-lula-veja-as-provas-que-basearam-a-sentenca-de-moro.ghtml
    https://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/as-provas-da-lava-jato-contra-lula-no-caso-triplex/
    …e muitas outras!
    Tomara seja tudo apurado e que sejam punido os bandidos incriminados com bons anos de retenção, exemplares a quem quer se aventurar no uso do dinheiro público.
    Vamos andar, Brasil!!!

    1. Que provas ? matéria do jornal globo, ticket de pedágio? delator torturado ? Eis o problema Palocci nunca apresenta provas, muitas das suas “delações” vazam e nem são aceitas. Caso o processo do triplex fosse recheado de provas, o bandido do moro não precisaria recorrer a “atos de oficio indeterminados”, o proprio juiz já reconheceu que eles não possuem qualquer vinculo com desvios da Petrobrás. E o que abunda de provas é a inocencia do Lula, já demonstrada pela defesa. A OAS já mais poderia ter dado tal triplex para o Lula, sendo que ele foi usado como garantia em uma operação financeira. Até o DD sabia da fragilidade da peça que ele construiu, dai a necessidade das manobras para manter o caso com o Moro. Aqui nesse espaço tem material farto, debatido por jurista sobre a fraude da condenação do Lula, jurista que fundamentaram com base nas leis.

    2. Pois é, F d P, dei-me o trabalho de ver as “22 provas”. kkkkkkkkkk Nenhuma de que o triplex era dele nem de que teria origem de propina. Aí é brabo!

    3. …como brasileiros interessados em um país melhor, “não” é oportuno xingar, ofender, desacreditar do que Paloci apresentou!

      (Não se deve desacreditar e sim aguardar a quem compete, as investigações)

      1. O que vocês entende de patria! Brasil está sendo arrasado, e sua escoria,está aqui tentando passar pano para um delinquente, que provocou um assalto na petrobrás, maior que qualquer esquema de propinas.

    4. Ele sempre fala dobre outros, nunca narra participação. É sempre do tipo “teve uma reunião”, só que ele não estava presente, mas alguém disse pra ele. É típico de mentira arma da, para não se comprometer. A farsa a jato se desmoraliza a cada dia e a PF se mostra uma polícia política.
      Não existem provas na condenação de Lula, só a versão da delação do Léo. O MPF não encontrou nenhum vínculo do apto com os contratos da Petrobrás (só isto basta para anular o processo).

  4. Putz! Quando a cegueira e a incoerência fala mais alto. O que Moro fez foi ratificado por instâncias superiores. Acorda dessa cegueira profunda!

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador