O ministro da Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom), Paulo Pimenta, confirmou a indicação do economista Marcio Pochmann à presidência do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na última quarta-feira (26), decisão que continua causando burburinhos na grande mídia, que acusa o novo presidente de intervencionista e que a sua presença no IBGE poderia comprometer os indicadores sociais levantados pelo órgão.
Mas enquanto as críticas se baseiam em posts no Twitter e visões ideológicas, a idoneidade de Pochmann foi comprovada pelo cientista social Francisco Mata Machado Tavares, em seu perfil nas redes sociais.
Mais conhecido como Frank Sociologia Fiscal, o cientista comenta que se canditatou em dois prêmios do Instituto Lula, na época presidido pelo novo presidente do IBGE.
Caso fosse intervencionista, Pochmann poderia vetar a participação de Tavares na premiação, tendo em vista que o cientista social admite ter sido um duro crítico dos governos do PT entre 2010 e 2015.
“Bastaria a ele ou sua equipe lançarem meu nome no Google e encontrariam até assinatura de manifesto pelo voto nulo nas eleições de 2010. Pois é, eu me arrependo amargamente, mas isso o Google não lhes diria. O que ocorreu, porém, foi bem diferente”, comentou o Tavares.
Autonomia científica
O antigo crítico do PT comenta que foi selecionado nos processos nas duas premiações e que, além de contar com “condições de plena liberdade acadêmica”, ouviu da equipe do Instituto Lula que a instituição não é partidária e que mantém autonomia científica.
“Vejam, portanto: se o @MarcioPochmann agiu de modo impessoal, cientificamente rigoroso e republicano em um instituto PRIVADO vinculado ao Presidente, imaginem como será a sua atuação em um órgão público de Estado. É por isto que considero ótima a nomeação”.
Francisco Mata Machado Tavares
Tavares finaliza a sua experiência defentendo que “quem prefere fofocas de twitter para criticar um doutor em Economia, docente da Unicamp, no IBGE, que siga seu caminho ideologicamente enviesado”.
Entenda a polêmica
A indicação de Marcio Pochmann à presidência do IBGE está sendo criticada, especialmente, pela jornalista Miriam Leitão. Nesta quinta-feira (27), ela publicou em sua coluna no jornal O Globo que o economista é um problema, por fazer “uma gestão intervencionista no Ipea, com demissões de pessoas que não pensavam como ele, e com um concurso dirigido ideologicamente”.
Segundo Miriam, o “tipo de modo de gestão” de Pochmann em um órgão como o IBGE “é muito perigoso, porque ele produz indicadores econômicos”, pois possíveis mudanças nos critérios e metodologias poderiam maquiar números e comprometer a confiança nos índices, fato que colocou a Argentina na crise econômica que o país enfrenta até hoje.
Pochmann teria ainda “uma incapacidade crônica de se atualizar”, devido às críticas do economista ao Pix em outubro de 2020.
O jornalista Luis Nassif explicou, nesta quinta-feira (27), o porquê das intervenções de Márcio Pochmann enquanto presidente do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (IPEA). Leia o texto na íntegra.
Perfil
O economista Marcio Pochmann está na sexta posição do ranking dos cientistas econômicos da América Latina, elaborado pela AD Scientific Index.
Formado em ciências econômicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e doutor pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Pochmann publicou mais de 60 livros ligados à economia e venceu o prêmio Jabuti na categoria Economia, Administração, Negócios e Direito, com o livro A Década dos Mitos, em 2002.
Filiado ao PT desde 2011, candidatou-se à prefeitura de Campinas duas vezes, mas não conseguiu se eleger. Pochmann também presidiu o IPEA e o Instituto Lula.
LEIA TAMBÉM:
Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.
Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.