Bolsonaro ignorou selo Anvisa quando Ministério se comprometeu com a vacina de Oxford

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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A vacina de Oxford ainda tem a aprovação da Anvisa, mas o Ministério da Saúde já se comprometeu a investir R$ 1,8 bilhão na produção de 100 milhões de doses

Foto: Agência Brasil

Jornal GGN – Jair Bolsonaro usou o Twitter nesta quarta (21) para desautorizar a compra de 46 milhões de doses da vacina chinesa, anunciada apenas um dia antes pelo Ministério da Saúde. “Não se justifica um bilionário aporte num medicamento que sequer ultrapassou sua fase de testagem”, escreveu o mesmo presidente que gastou centenas de milhares de reais na produção de hidroxicloroquina, que não tem comprovação científica contra Covid-19.

De acordo com a GloboNews, o Ministério da Saúde sinalizou o gasto de R$ 1,9 bilhão com a aquisição das doses de Coronavac e mais R$ 80 milhões para ajudar o Instituto Butantan, de São Paulo, a expandir suas fábricas e produzir o imunizante no Brasil.

Toda a declaração de Bolsonaro – inclusive chamando a Coronac de “vacina chinesa de João Doria” – é mais uma prova de que o presidente politiza sem qualquer pudor um dos imunizantes mais promissores contra o coronavírus, apenas por birra do governador que é seu desafeto político.

Bolsonaro não se escondeu atrás do selo de aprovação da Anvisa quando o Ministério da Saúde anunciou, em agosto passado, a compra antecipada de 30 milhões de doses da vacina de Oxford, desenvolvida pela Astrazeneca.

A vacina de Oxford ainda tem a aprovação da Anvisa, mas o Ministério da Saúde já se comprometeu a investir R$ 1,8 bilhão na produção de 100 milhões de doses. Assim como a Coronavac, o imunizante está na última fase de testes clínicos em humanos, só que em parceria com a Fiocruz.

Em seus discursos, Bolsonaro insinua que a vacina chinesa não seria segura. Na segunda (19), o Instituto Butantan apresentou um quadro comparativo entre a Coronavac, a Vacina de Oxford, a da Moderna e a da Pfizer, mostrando que a chinesa, que já atestou produção de anticorpos, é a que menos produziu, entre todas as concorrentes, efeitos colaterais adversos. A de Oxford vem em seguida nesse quesito. Agora faltam os resultados de eficácia.

Nesta quarta (21), depois da explosão de Bolsonaro, o Ministério da Saúde recuou e anunciou que não houve compra antecipada da vacina chinesa, nem “há intenção de comprar vacinas chinesas”. O que foi acertado com o Instituto Butantan foi um “protocolo de intenções” de adquirir o imunizante quando ele for aprovado pela Anvisa, e se a vacina de Oxford não chegar antes.

Em resposta, o governador João Doria declarou: “Peço compreensão do presidente Jair Bolsonaro e seu sentimento humano para compreender que seu ministro da Saúde agiu corretamente, baseado na ciência, na saúde, na medicina, priorizando a vida dos brasileiros. Não há razão para censurar um ministro por ter agido corretamente em nome da ciência e da vida. Há que aplaudi-lo, como ele foi aplaudido ontem por 24 governadores de estado [quando anunciou o acordo com o Instituto Butantan].”

O governador Flávio Dino afirmou que os governadores vão mobilizar o Congresso e acionar o Judiciário para garantir as vacinas contra coronavírus. O PDT anunciou uma ação no STF para garantir autonomia dos estados e municípios na compra e distribuição dos imunizantes.

 

 

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

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