“Vacina do Butantan” é a mais segura em teste no Brasil, anuncia Doria

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Diante da resistência de bolsonaristas, governo de SP rebatiza vacina chinesa e diz que ela tem menos efeitos colaterais que a vacina de Oxford

Jornal GGN – O governo de São Paulo, comandado por João Doria (PSDB), divulgou nesta segunda (19) dados que mostram que a vacina chinesa – agora chamada de “vacina do Butantan” – é a “mais segura em teste no Brasil”, inclusive em comparação com o imunizante desenvolvido pela Astrazeneca em parceria com a Universidade de Oxford.

“Os resultados dos testes demonstram até aqui que entre todas as vacinas testadas no Brasil, a Coronavac, a vacina do Butantan, foi a que apresentou o menor índice de efeitos adversos e a que apresentou os melhores resultados até o presente momento. A vacina do Butantan, portanto, é a mais promissora e a mais avançada no momento no Brasil”, disse Doria durante coletiva de imprensa.

De acordo com dados apresentados pelo diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, enquanto a vacina de Oxford apresentou efeitos colaterais adversos em 80% dos voluntários já testados, a vacina da chinesa Sinovac, a Coronavac, apresentou incidência em 35% dos casos, sendo que as estatísticas de efeitos adversos de grau 3 (mais graves) são irrelevantes, próximos de zero.

“A vacina Butantan é a mais segura em termos de efeitos colaterais”, afirmou Covas. “No total de 12 mil vacinações, a ocorrência de efeitos colaterais é de 35%. Das demais vacinas, nenhuma foi inferior a 70%. Todas tiveram efeitos colaterais grau 3, mas a vacina do Butantan não teve. Febre é outro indicativo importante: 0,1% na vacina Butantan e, entre as demais, a menor teve 18%. É a vacina mais segura nesse momento não só no Brasil, mas no mundo”, complementou.

Segundo Covas, após a vacinação, o voluntário é acompanhado por 7 dias. Depois desse intervalo, o sintoma mais frequente relatado em relação à Coronavac é a dor no local da aplicação, num patamar de mais ou menos 18% entre todos que receberam a dose – seja do placebo ou da vacina. Outras reações, como edema, inchaço ou prurido, “são absolutamente insignificantes frente os resultados estatísticos”, disse o médico.

No que tange as chamadas “reações adversas sistêmicas até o 7º dia após a vacinação”, 15% relataram cefaleia com a primeira dose. Na segunda, a taxa caiu para menos de 10%. Fadiga, mialgia [dor muscular] e náuseas são as reações mais comuns depois da cefaleia, ocorrendo em 5% dos casos ou abaixo disso. “A dor de cabeça pode estar relacionada à vacina ou não. Se a pessoa teve qualquer dor de cabeça nesses 7 dias, ela tem de relatar”, ressaltou Covas.

Os dados da segurança da Coronavac são relativos a mais de 12 mil vacinações em 8870 voluntários desde de julho de 2020. Os participantes têm entre 18 a 59 anos, sem exposição prévia ao vírus.

O médico José Medina, coordenador do centro de contingência da Covid em São Paulo, lembrou que a vacina chinesa já apresentou resultados positivos nas fases que avaliam produção de anticorpos neutralizantes e efeitos colaterais. Agora, é preciso aguardar os resultados de eficácia, que dependem da “dinâmica da pandemia” no Brasil. Os assessores de Doria relataram hoje preocupação com a queda no número de voluntários para testar a vacina.

O secretário estadual de Saúde, Jean Gorinchteyn, frisou que a Anvisa só irá liberar vacinas que comprovem eficácia superior a 50%. “Se tivermos numa pandemia uma vacina que proteja 50%, traremos diminuição da doença para muitos, bem como poderemos reduzir a mortalidade.”

CALENDÁRIO DE VACINAÇÃO

Para Dimas Covas, os dados sobre segurança da Coronavac são importantes, sobretudo porque o Instituto Butantan negocia a aquisição e distribuição da “vacina chinesa” via SUS com o Ministério da Saúde. “Neste momento, 46 milhões de vacinas em negociação com o programa nacional de imunização, uma sinalização muito positiva do Ministério da Saúde nesse sentido”, disse.

Covas afirmou que terá uma nova reunião para tratar do tema com o governo federal na terça (20). Na semana passada, Folha revelou que a Coronavac não aparece no calendário nacional de vacinação elaborado pela Pasta para 2021.

POLITIZAÇÃO DA VACINA

Mais cedo, Jair Bolsonaro reafirmou a seus seguidores que a vacina chinesa não será obrigatória no Brasil “e ponto final”. O presidente colocou a segurança da vacina da Sinovac em xeque, afirmando que a China, com seus mais de 1 bilhão de habitantes, deveria testar seu imunizante “em massa” antes de distribuir a outros países.

Na semana passada, Doria anunciou que, para a população de São Paulo, a Coronavac será obrigatória.

EXPANSÃO DA TESTAGEM

A Anvisa já aprovou a expansão dos testes clínicos da Coronavac. Mais de 4 mil idosos com mais de 60 anos, expostos ou não ao vírus. serão testados a partir de outubro de 2020. “Isto está em pleno andamento. É importante frisar que precisamos ainda de voluntários, estamos dependendo muito desses voluntários para dar rapidez a este processo”, comentou Dimas Covas.

Há também a previsão de testagem, a partir de dezembro de 2020, em grávidas no terceiro trimestre de gestação (501 participantes). Por fim, uma última rodada de testes da fase 3 será feita com crianças de 3 a 17 anos. Na China, essa testagem ocorreu com 514 participantes sem exposição prévia do vírus.

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Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

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