Ao demandar do Supremo Tribunal Federal a abertura de um inquérito para investigar o senador e ex-juiz federal Sergio Moro e aliados pelo crime de fraude em delação, organização criminosa e outros, a Procuradoria-Geral da República abriu caminho para ouvir o depoimento do doleiro Alberto Youssef sobre o grampo ilegal que supostamente foi instalado em sua cela, na superintendência da Polícia Federal em Curitiba, enquanto ele esteve preso em virtude da Lava Jato.
O pedido da PGR para investigar Sergio Moro, Rosangela Moro, Deltan Dallagnol, Carlos Zucolotto, Januário Paludo e Carlos Fernando dos Santos Lima em função das denúncias feitas pelo ex-delator Tony Garcia foi acolhido pelo ministro Dias Toffoli em meados de dezembro de 2023, mas só veio a público nesta segunda (15).
No ofício, a PGR usa a investigação da Polícia Federal para traçar um paralelo entre o caso Tony Garcia – que foi supostamente usado como espião informal de Moro e dos procuradores de Curitiba – e o de Youssef, cuja defesa alega que havia um grampo em sua cela, a mando da Lava Jato, captando informações de maneira ilegal.
“Por fim, a autoridade policial pontuou que os fatos narrados por Tony Garcia é consonante com o narrado por Alberto Youssef, que envolveu a alocação de uma escuta ambiental clandestina na cela que ocupava na Superintendência da Polícia Federal do Paraná, ao que tudo indica para gravá-lo em conversas com seus advogados.”
“Nesse contexto, dada a semelhança com os fatos objeto desta petição, entende como uma oportunidade investigativa importante a oitiva de Alberto Youssef, como forma de se entender melhor o funcionamento de um mecanismo investigativo clandestino operado pelos gestores, de fato e de direito, da Operação Lava Jato.”
Segundo a PGR, contra Tony Garcia, Moro e os procuradores de Curitiba lançaram mão de medidas invasivas, cooptação de delatores pré-selecionados, negociações espúrias visando à homologação dos acordos e chantagens, coações, ameaças e constrangimentos para manter a delação, sendo que esses mesmos métodos foram usados posteriormente na Lava Jato.
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