Primeiro Joyce, depois Guedes: a narrativa de invasão hacker contínua convém a Moro

Desde que a Vaza Jato caiu no colo de Moro, o ex-juiz vem trabalhando para criar a ideia de crime em andamento. Por que?

Jornal GGN – Quando o dossiê com as conversas de Telegram que colocam a Lava Jato na berlinda veio à tona por meio do Intercept Brasil, a estratégia de Sergio Moro já estava pronta: associar o vazamento ao site de Glenn Greenwald a um ataque hacking que o ministro afirmou ter sofrido dias antes. O mesmo teria ocorrido com Deltan Dallagnol, e a Polícia Federal abriu 4 procedimentos investigativos por conta disso.

Jornalistas do Intercept nunca deram pistas sobre a natureza da fonte do vazamento, muito menos sobre ajuda de qualquer hacker. Além disso, até agora, Moro não apresentou uma evidência robusta que confirme esse suposto vínculo entre os ataques aos celulares que a PF investiga e o dossiê.

Mas a cada nova matéria divulgada pelo Intercept, a estratégia de Moro é reforçada com frases que criminalizam a atividade dos jornalistas. Em uma de suas primeiras entrevistas defensivas ao Estadão, o ex-juiz da Lava Jato chegou a provocar Greenwald diretamente, questionando por quanto tempo mais ele iria continuar recebendo a colaboração de um criminoso, participando de um “crime em andamento”.

Moro teceu com fios de pós verdade a ideia de que o ataque hacking é o que abastece o Intercept, e procuradores logo entraram na onda para manter a história do crime em andamento bem viva. Basta lembrar do episódio do “hacker aqui” em um grupo do Conselho Nacional do Ministério Público.

As notícias de que Joyce Hasselmann teve o celular invadido no final de semana e, agora, que Paulo Guedes, ministro da Economia – Pasta que tem o Coaf sob seu manto – também foi vítima de um ataque hacking igual a Moro, devem ser lidas no contexto dessa estratégia de defesa da Lava Jato.

Conforme o GGN já explicou neste texto aqui, dizer que há um crime em andamento garante a Moro uma carta na manga: poder recorrer ao “estado de flagrante delito” para, mais cedo ou mais tarde, avançar com ações policiais ostensivas contra o Intercept.

Uma jogada arriscada porque, segundo especialistas, poderia configurar o uso do aparato de Estado em causa própria, por parte de Moro. Na opinião do professor de Direito Rogério Dultra, da Universidade Federal Fluminense, o ministro poderia ser alvo de dois tipos de ação: uma por crime de responsabilidade – em que o Congresso será chamado a se manifestar e processar – e outra por improbidade, cuja tramitação é teoricamente mais “eficaz”, pois se dá no Supremo Tribunal Federal e pode ser movida por qualquer cidadão.

Moro pode ter começado a testar a temperatura de uma ação contra o Intercept quando o portal O Antagonista – seu porta-voz informal desde os tempos de Lava Jato – vazou a informação de que a PF solicitou um relatório completo, ao Coaf, sobre as finanças de Greenwald. O objetivo seria o de encontrar qualquer indício que possa levar a supostos pagamentos feitos a um suposto hacker, e arrastar o jornalista para a investigação formal.

Houve reações por parte de instituições nacionais e até internacional, e o Coaf foi provocado a responder se estava, de fato, fazendo uma devassa nas contas de Greenwald. O feedback foi evasivo, e depois a Folha de S. Paulo passou a publicar notinhas dando conta de que tudo foi um “balão de ensaio”.

De chamar atenção, ainda, a sequência dos fatos. Dias antes da deputada Joyce Hasselmann alegar invasão em seu celular – e também associar com o que aconteceu com Moro – Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, acolheu um recurso de Flávio Bolsonaro que impede o Coaf de ser utilizado em investigações sem prévia autorização da Justiça. Como isso teria afetado a possível ação da PF contra Greenwald?

Folha trouxe nesta terça (23) a novidade sobre Paulo Guedes também ter entrado na lista de hackeados, sem apresentar um detalhe sequer sobre qual foi a “providência” tomada pelo ministro.

Mas é evidente que os dois casos fazem parte da grande narrativa construída por Moro com apoio dos procuradores, pois tanto Joyce quanto Guedes tiveram número registrado no Telegram, sem que sejam adeptos do aplicativo, e houve, com a parlamentar, tentativa de conversar com jornalistas.

Redação

17 Comentários

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  1. Estas declarações de invasão, é para desmoralizar o site intercept, agora todos estão sendo reckeados, é incrível, principalmente partindo desta deputada, eleita na onda Bolsonaro, é uma tremenda ignorante, pensa que sabe tudo, tanto que a revista veja demitiu-a, este país sofre com estas peças que assumiram o poder, assim que o mercado se der conta de que não terá seus lucros, abandona este governo, aí a merda vai feder.

  2. Este papo furado não cola. É até mais avexador que a história do ecoterrorista da veja, que avisa do falso ataque e dá entrevista para publicação que mostrou que tem de se submeter até a decadente lavajato. Fosse verdade esta do hacker que só pega gente do lado escuro da luz, basta perguntar se eles não atualizam seus sistemas operacionais. Fosse verdade, os amadores são eles e mereceriam a invasão. Ainda mais a Joyce Copia e Cola, tem o que a oferecer? Para esvaziar isto é só fazer uma “operação” em massa. O maior número de pessoas tirar fotos com a legenda “fui hackeado, mas tudo bem, minha vida é limpa”.

  3. A fonte das informações publicadas até agora pelo The Intercept Brasil, com a colaboração da Veja e da Folha de São Paulo na semana passada, é o verdadeiro enigma que ameaça devorar a intentona fascista que se prolonga até hoje. Quem amealhou o tesouro informativo que vem sendo dado a conhecer, aos poucos, ao respeitável público? Como fêz? É um particular? É estrangeiro? Vem de dentro da Lava Jato? Do Judiciário, porque não? É uma parte do aparato de espionagem de algum governo estadual ou do governo federal? Ou é todo ele? Quem sabe?
    As manobras de Moro analisadas pelo Nassif, embora críveis, parecem mais o alvorôço das águas dos esgotos, agitadas pelas seguidas descargas informativas havidas.

  4. O possível crime do eventual Hacker não anula os crimes dos Jatoeiros, principalmente depois que o Barroso reconheceu como autêntico o teor das mensagens, ao confirmar o jantar; depois que os autores das mensagens vazadas não negaram a autoria, mas apenas reclamaram da descontextualização, depois que o $érgio Moro pediu desculpa aos Militontos do MBL.

    A sociedade não está interessada nos assuntos que não foram tratados no jantar oferecido pelo Barroso, mas nos que foram tratados. É muito mais sensato o Barroso dizer à sociedade do que foi tratado no banquete oferecido em sua mansão do que dizer sobre o que não foi tratado. Eles também não trataram de física quântica nem de navegação de cabotagem. Ou falaram?

    Portanto, $r. Barroso, nada obstante a máxima discrição, não nos diga do que não se falou, mas do que se falou durante a cumelança que o $enhor ofereceu aos Capos da República dos Pinhais.

  5. Prezados Nassif e camaradas

    Mas quem é o retardado que vai invadir o celular dessa gorda? Só se for alguém que tiver perversão por baixarias

  6. Recebo a todo momento ligações espurias, inclusive de Beijing e sem contar os tais “numeros privados”. Simplesmente bloqueio.
    Centenas de numeros já bloqueados e garanto que ninguem tenta hackear.
    Muito papo furado, valendo lembrar que mentiras precisam de mais mentiras para sobreviver. Seria mais facil a turma lava-jateira ou entregar os fones para perícia ou admitir logo a parcialidade da operação .

  7. Isso só é possível com a conivência de um Judiciário bundão e conivente. Isso sem falar na mídia corporativa, Globo, Estadão, Folha etc. todos a serviço de um Brasil escravo.

  8. Já pegou o kit gay, a mamadeira em forma de pênis, entre muitas outras loucuras.
    48 horas por dia nas grande mídias, nos templos, igrejas, nos zapszaps….pega, os pancados acreditam em tudo isso, e ainda ajudam na divulgação.
    Moro nos EUA já recebeu a nova ordem contra Glenn e o Intercept.
    É uma nova guerra em andamento.
    O golpe não veio para parar.

  9. ora, e qual seria o problema? Desde Wikileaks q todos sabem q são espiados full time pela NSA. E como eles, os q dizem q foram hackeados, devem obediência cega à CIA, está tudo em casa e tudo em ordem

  10. Isso é crime! Hackear celular de celebridade ou não é crime!
    Guedes, Hasselman, Moro, Dallagnol e todos os citados pelo The Intercept devem imediatamente entregar seus celulares para averiguação. Porque se esses hackeamentos não forem verdade, essas pessoas estarão cometendo o crime de ser mentirosos!

    Hein?! Ser mentiroso não é crime? Tem certeza?

    Ufa… Moro, Guedes e Joyce podem respirar aliviados.

  11. E Noblat está certo, tem algo sendo preparado: a vitimização dos golpistas, algo parecido com a facada do Bolsonaro. É que o golpe precisa arranjar uma desculpa, ainda que esfarrapada, para cometer o crime de censurar, perseguir e intimidar a imprensa.

    Bolsonaro foi esfaqueado, esses celulares foram hackeados… e la nave vá.

  12. Será que os hackers, não são da gang do Adélio esfaqueador? Não andam frequentando clubes de tiro? Quaquaquá…
    Não, não, eles se encontram numa lan house, no interior de SP, para receber ordens dos russos…quanta asneira deste desgoverno de ASNOS!

  13. Cadê o Queiróz, a PF e Sérgio Moro, não encontra, ainda tem uma deputada do partido do governo usando fala de Cid Gomes, dizendo:os hackes estão presos babacas.
    Acho que babaca é ela, plagiando os outros babaca, acha que os documentos revelados são do Brasil, babaca.

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