“É plenamente possível o Lula e o Alckmin reconquistarem os direitos do povo”, diz Lula a sindicatos

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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"Quando o país estava em risco, o Brasil se uniu", disse Alckmin aos trabalhadores, com Lula, comparando governo Bolsonaro à ditadura

Foto: Reprodução/TVPT

De forma inédita, Geraldo Alckmin (PSB), vice na chapa de Lula à Presidência em 2022, teve que ouvir por cerca de 2 horas as reinvidicações da classe popular, dos trabalhores, dos sindicatos. Desta vez, na figura de aliado de Lula, comparou o momento do atual governo à ditadura de 1964.

“O Brasil está aqui, unido, nesse momento grave, onde nós temos um governo que odeia a democracia, um governo que tem admiração pela tortura e que faz o povo sofrer. É nesse momento de desemprego, de estômago vazio, de inflação, de fome, de morte, 662 mil mortos, que o Brasil se agiganta aqui nessa reunião histórica, com as mais importantes centrais sindicais”, afirmou Alckmin, diante de milhares de sindicalistas, já na cadeira eleitoral de vice de Lula.

Alckmin comparou, ainda, o momento de crise democrática do governo de Jair Bolsonaro ao que já ensinou a história do país. “Nós estamos num dia histórico, histórico. Reúnem-se as maiores centrais sindicais do Brasil. É um exemplo, e nos remete, presidente Lula à nossa história. Que quando todas as vezes que o país estava em risco, o Brasil se uniu, não se apequenou.”

“Quando a ditadura matou Manuel Fialho Silva, Vladimir Herzog, os líderes religiosos se uniram, dom Paulo Evaristo Arns, Henry Sobel, pastor Jaime Wright, para condenar a ditadura. Quando tentaram tirar o direito dos trabalhadores, o mundo sindical se reorganizou e ampliou sua presença nas indústrias, na cidade, no campo. Quando o Brasil precisava de uma Constituição cidadã, Ulysses [Guimarães], Florestan Fernandes, Mario Covas, Fernando Henrique”, exemplificou.

Em tom de agradecimento, o ex-governador de oposição no estado de São Paulo afirmou que quer “somar o meu esforço, pequeno, humilde, mas de coração e entusiasmo, em benefício do Brasil”.

Com maior tempo de discurso, falando de dentro do seu ninho eleitoral, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva admitiu que chegou ao evento com milhares de representantes de centrais sindicais “com dúvida”. “Em falei pro Alckmin, a eleição vai ser difícil, eu não sei se a gente vai ganhar”, disse. “Mas agora eu saio daqui com uma certeza de que nós vamos voltar a governar esse país em 2023”, completou.

Em suas falas, Lula ressaltou os retrocessos sociais do atual governo e lembrou de como eram estes cenários nas gestões do PT no país: “O país não merece estar passando o que está passando”. Mas ao se referir à presença, inicialmente incômoda, de Alckmin ao seu lado, o presidenciável foi sólido:

“É plenamente possível a gente ter um país mais justo. É plenamente possível ter um país mais solidário, acabar com a miséria, gerar os empregos que a classe trabalhadora precisar para viver com dignidade, é plenamente possível ter o povo mais humilde dentro das universidades, é plenamente possível fazer as pessoas tomarem café, almoçar e jantar todo santo dia. É plenamente possível o Lula e o Alckmin fazerem uma chapa para reconquistar os direitos do povo desse país.”

Lula elogiou a quantidade de centrais sindicais presentes, afirmando que “nunca tivemos uma campanha em que todas as centrais estiveram juntas para apoiar uma campanha a presidente da República”.

Sobre o projeto de governo que será apresentado, afirmou em diversos momentos a necessidade de “diálogo”, de “conversar não apenas com os sindicalistas, mas todos os setores da sociedade, para reconstruir esse país”. Olhando diretamente para Geraldo Alckmin, disse: “Eu acho que se todos os empresários brasileiros, do campo e da cidade, tiverem com o Brasil a preocupação que vocês [sindicalistas] demonstraram nesse documento, não haverá nenhuma dificuldade de a gente fazer as coisas que precisam ser feitas para o povo brasileiro voltar a ser feliz.”

“Ainda vamos tentar reconstruir esse país. E vamos juntar duas experiências e vamos tentar recuperar em 4 anos o que eles destruíram. Porque eles destruíram em poucos meses o que nós fizemos. E aí, meus companheiros, vamos ter que ter algumas obsessões, a gente tem que construir, o Genoíno diria ‘uma centralidade’ na nossa pauta de reivindicações. Nós vamos ter que ter a questão do emprego [como objetivo principal]. Eu sempre disse que o emprego é uma coisa sagrada.”

Ao se referir a essa “centralidade” de diversas frentes políticas dentro da agenda de governo Lula, foi realista e afirmou que “não adianta dizer que vamos mudar tudo e voltar a ser o que era antes”. Admitiu que as necessidades atuais são diferentes de anos anteriores. “Nós queremos adaptar uma nova Legislação trabalhista à realidade atual. A gente quer fazer um acordo, em relação à realidade dos trabalhadores em 2023, 2024. A gente não quer voltar para trás. E é por isso que nós vamos discutir. O meu compromisso e do Alckmin com vocês [sindicalistas] é que, a gente chegando ao governo, pode preparar a passagem de avião, que vocês vão ser convidados a Brasília para que a gente comece a discutir.”

“Vamos ter que trabalhar muito. Não é uma coisa fácil”, completou Lula.

Assista ao evento Sindicalistas com Lula, transmitido pela TVGGN:

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

2 Comentários

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  1. Não há solução política /
    Para nossa problemática evolução /
    Não há fé na Constituição /
    Não há uma revolução sangrenta /
    —————————–
    Nossos supostos líderes falam /
    Com palavras eles tentam te aprisionar /
    Eles subjugam os mansos /
    Mas é a retórica do fracasso /
    —————————–
    Onde a resposta está? /
    Vivendo dia após dia /
    Se isso é algo que não podemos comprar /
    deve haver um outro jeito /
    —————————–
    We are spirits in the material world

  2. O que mais enche o saco e o papo bobo de ser erro o Alckmin na vice. Só o Lula mesmo para costurar e ser o fiador da aliança. O mérito e do Lula, não do PT.

    PT ainda olhando em muitos locais o mundo pelo retrovisor. Mas isso so serve pra bater com o carro na parede.

    A união das Centrais, fato inédito, mostra mais uma vez que essa eleição é um plebiscito: Democracia contra o Fascismo

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