Repressão no Paraná foi truculenta, covarde, idêntica a da Ditadura

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Sugerido por Webster Franklin

Nota da Associação Juízes para a Democracia 

A Associação Juízes para a Democracia, entidade não governamental e sem fins corporativos, que tem dentre suas finalidades o respeito absoluto e incondicional aos valores jurídicos próprios do Estado Democrático de Direito, vem a público, a propósito dos lamentáveis fatos que se passaram na cidade de Curitiba no último dia 29 de abril de 2015, manifestar seu apoio aos professores paranaenses, nos seguintes termos:

1. Os brasileiros assistiram estarrecidos, na referida data, a mais um covarde e truculento ataque do Estado a insatisfações populares manifestadas de forma republicana e democrática, tal como garantido na Constituição Federal. Tratou-se de reação ilegal e violenta, desta vez, inexplicavelmente, assacada contra integrantes de classe que deveria merecer o maior grau de deferência e respeito: os professores.

2. Decerto que as injúrias físicas – que não foram poucas – infligidas aos professores, que ousaram, em continuidade à sua corajosa faina diária em salas de aula pela formação de cidadãos, lutar também nas ruas por direitos que deveriam lhes ser garantidos pelo Estado, não foram o aspecto mais nocivo dos acontecimentos.

3. Decerto que o que mais calou fundo, no espírito de cada um dos manifestantes, foi a simbologia da resposta do Estado às reivindicações dos professores: o obscurantismo, trazido à tona pela utilização de armas, preponderando, à força, sobre as luzes, representadas pelos professores e suas convicções; a repressão, representada pela intolerância ao debate, às manifestações, ao povo nas ruas, sobressaindo-se, a marretadas, à liberdade.

4. Importante relembrar que as manifestações individuais ou coletivas, em vias públicas contra medidas ou projetos governamentais, assim como o direito de greve, configuram direitos previstos nos artigos 5o, incisos IV e XVI e 9º, da Constituição da Federal.

5. Sendo assim, às forças policiais cumpre, por dever constitucional de ofício, assegurar a realização de manifestações públicas e, ao governo, dialogar com a sociedade civil, não sendo balas de borracha ou bombas de efeito moral, respostas legítimas para a discordância popular.

6. A violenta ação do governo paranaense contra os professores configura mais um capítulo do recrudescimento da repressão oficial em plena vigência de Constituição Federal que consagra, como fundamento do Estado brasileiro, o pluralismo político (art. 1o, V). A lógica do eficientismo gerencial para o suposto enfrentamento de questões fiscais tem prevalecido sobre o direito da população de externar suas divergências no espaço público, de forma lamentavelmente idêntica ao que ocorria sob a égide da ditadura civil-militar que vigorou após o Golpe de 1964.

7. A construção de um Estado Democrático de Direito, na forma projetada pela Constituição Federal de 1988, requer o abandono definitivo de práticas policiais para o enfrentamento da questão social.  O dialogo objetivando a efetivação de direitos é a resposta legítima que se espera de todos os governos sob a égide democrática.

São Paulo, 30 de abril de 2015.

André Augusto Salvador Bezerra

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

24 Comentários

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  1. E a magistratura paranaense,

    E a magistratura paranaense, com o gamho de ‘auxílio-moradia’ e mais alguns ki sucos e cachorros quente com vina, calada? C a l a d a ? De que material é feito essa coisa? Ao diabo com vocês, gente ordinária!

  2. Idêntica a da ditadura ?

    Foi muito pior que isso.

    Na vigência da da Constituição de 67, a exceção era a regra, embora pareça ridícula a afirmação. Não se permitia uma manifestação contra os desmandos governamentais, como diz o texto acima.

    Agora brinca-se hipócritamente de Estado de Direito, de direito a manifestação, etc. Mas desde que isso não passe de uma manifestação inócua. Se for prá valer, é porrada.

    Há ativistas que são perseguidos pelo Estado desde junho/2013, como a Sininho e outros.

    No Rio a Maré está ocupada militarmente há quase um ano.

    Na semana passada o pessoal do CUT apanhou das forças repressivas do Estado em frente ao Congresso Nacional, e vai apanhar de novo se forem lá no dia da votação da tungada que a Dilma/Levy querem dar em viúvas e desempregados.

    Quantas vezes o Lula e os grevistas do ABC apanharam da polícia ???

    1. Vc nao tem limites né? Dizer q a repressao na Ditadura era menor

      Estava até indo bem antes da última frase. Mas, para condenar o governo (que nem deveria entrar no tópico…) vale tudo. 

        1. Pergunta IRRELEVANTE. A repressao da Ditadura nao se mede assim

          Ah, os sindicalistas nao entraram na porrada? Duvido um pouco disso, mas nem vou procurar pesquisar, porque é IRRELEVANTE para o caso em pauta. Lula foi preso, o que é um pouquinho pior do que entrar na porrada. E quanta gente foi torturada e morta? Só um destrambelhado de má-fé como vc para dizer que a repressao da Ditadura foi menor que esta de agora. Por pior que esta tenha sido, e foi horrenda. 

          1. Minha querida
            Igor Mendes está PRESO também.
            É um PRESO POLÍTICO.
            Ele e mais 17 foram presos por motivos políticos.

            Você não sabe disso apenas porque é uma alienada que não se informa e vive num conto-de-fadas onde o Brasil se resume a uma luta entre PT e o resto.

            Pensa que o Estado contra o povo acabou com a ditadura.

            E para a vergonha geral de todos nós, se alcunha a si mesma como anarquista.

            Toma tento, menha senhora.

          2. O tema nao é esse, mas por acaso ele foi torturado? Exilado

            Tome tento você, seu troll oportunista. 

          3. Você é que deveria se informar melhor

            No último dia 31 de março, data lembrada você sabe porque, o Igor foi homenageado pelo grupo Tortura Nunca Mais juntamente com vítimas do regime militar, com a medalha que homenageia as pessoas que sofreram ou sofrem violência praticada pelo Estado.

            Saia do seu mundinho cor-de-rosa PT contra o mundo e veja o que está acontecendo a sua volta.

             

          4. Toda vez que o troll Brandes é desmascarado, responde usando o vocativo meu (minha) querido(a), meu (minha) caro (a)   etc. E recomeça a trollar.  

            E com cada argumento ridículo que vou te contar. Patético.

            Façam como eu – ignorem-no, que é melhor.  É o que se deve fazer com todo troll.

    2. O objetivo do troll, como se

      O objetivo do troll, como se confirma na última frase, é atacar o PT e o Lula, como sempre, sendo o fanático antipetista que é. Mesmo no final da ditadura, a repressão era violenta: o pessoal apanhava da polícia e ia pra cadeia, claro. Veja se aprende um pouco de história, através de alguns documentários, pelo menos através dessas sínteses abaixo. Isso se sua má-fé permitir.

      [video:https://www.youtube.com/watch?v=n1LrCS1g3-Q%5D

      [video:https://www.youtube.com/watch?v=CaFmVs1t47E%5D

  3. Bestialidade no Paraná.

    Meu respeito, admiração e solidariedade aos professores do Paraná. Minha indignação contra os desmandos do poder público, em especial pela desumana, sanguinária e criminosa PM paranaense.

  4. Nada como um dia após o

    Nada como um dia após o outro.

    Há umas semanas esses tucanos estavam pedindo o impeachemente da Dilma,  hoje são eles que estão na berlinda.

    Se a imprensa fosse isenta esses tucanos teriam caido.

    A sabedoria popular é infalível, nada como um dia após o outro.

    1. Impeachment de Richa

      por muito menos as pessoas fazem campanha prá tirar a Dilma do governo. Não será o momento de todos os democratas do país sairem as ruas para pedir o impedimento e a prisão do governador do Paraná Beto Richa???

  5. Pelo fim da “bala de borracha “

      Coisas do Brasil.

       Os ” projeteis de elastomeros ” (  balas de borracha ), em toda a midia e na voz dos comunicadores das policias, são ditos como: “munições não – letais ” . MENTIRA

        Todos os fabricantes, nacionais e estrangeiros, assim como nas classificações para venda MilStd ( military standards ) , são absolutamente claros – inclusive esta escrito nas caixas – “LESS LETHAL” ou “Menos Letais”, pois dependem para sua utilização de um elevado nivel de treinamento, o que nas policias brasileiras está provado, pelos ferimentos causados aos atingidos, não existe. Dado interessante:

         Em RIOTS ( controle de manifestações publicas/sociais, com uso de força ), é comum no Brasil, pessoas terem sido atingidas, algumas repetidas vezes, nas costas, ou em partes dorsais do tronco, portanto, não precisa ser um gênio para analisar, que foram atingidas quando em fuga, portanto já dispersas, o que denota um flagrante despreparo, técnico, de comando e principalmente psicológico, de quem ordenou o disparo.

         Os nobres Procuradores dos diversos MPs, que entendem de tudo e mais um pouco, deveriam ajuizar uma ação contra estes procedimentos policiais, proibindo a utilização deste tipo de projetil.

    1. Apenas para constar

      Alguns Ministérios Públicos já pediram a proibição, alguns juízes de primeira instância já proibiram de maneira liminar o uso de balas de borracha e as secretarias de segurança sempre conseguem cassar as liminares através dos ilustríssimos desembargadores.

       

      1. Recorre

         As ações solicitando as proibições, cassadas nos TJs, foram pouco ou nada tecnicamente embasadas, tipo “muito papo furado e pouca comprovação “, portanto cabe aos MPs, alem de sua teórica competencia falastrona, corroborar suas ações, com provas, o que não é dificil, pois alem de estar claro na embalagem, diversos estudos internacionais, a analise em IML dos atingidos ( pelas costas e em fuga ), comprovam a equivocada utilização deste tipo de projetil, em todas as manifestações já ocorridas no País.

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