Minha Formação Política – Capítulo II – Um Observador Desatento

 

Como mencionei no post anterior, não dediquei muito do meu tempo a acompanhar a política depois da eleição presidencial de 1989. Iniciei minha carreia profissional logo em seguida e meus pensamentos não chegaram a ser atrapalhados por Collor, Itamar ou FHC. Tinha uma trajetória de crescimento consistente e  com perspectivas que não me incentivavam a jogar minhas frustações pessoais na conta de nenhum governo. Mas é claro que a política afeta nossa vida, mesmo que não nos preocupemos com ela.

 

Pelo período que descrevo abaixo passaram 3 presidentes . O primeiro sofreu impeachment, o segundo se esbaldou na Marquês de Sapucaí e o terceiro foi aquele que controlou a inflação.



Quem Derrubou o Caçador de Marajás?






As

Cara Pintadas?



ou as

Pernas da Cunhada?

 

 

Cassaram o Caçador



Dizem que, no esporte, o vice é o primeiro perdedor.

Parece que essa máxima não vale para a política brasileira.

Sarney e Itamar que o digam

 

Desculpem minha indelicadeza, mas a foto abaixo não pode faltar em nenhuma galeria de fotos dos nosso presidentes pós-64

 

Dizem que ele só pegou na mão



 

O Príncipe (dos Sociólogos) que virou Presidente



A lança que matou o Dragão

O primeiro apartamento

 ninguém esquece

Em 1993, foi lançado o Plano Real. Não me lembro o que pensava sobre ele, mas intrigavam-me as críticas do PT. Críticas sobre as quais teria uma leitura melhor mais tarde. A partir dali, entretanto, pude começar a fazer um planejamento financeiro de mais longo prazo e comprei meu primeiro apartamento em abril de 1996, pagando sua última parcela 12 meses depois. Apesar dos pagamentos serem feitos na nova moeda, os valores das promissórias eram indexados ao dólar o que, dada a política cambial do primeiro mandato de FHC, revelou-se um bom negócio. Imagino que o valor real das prestações deva mesmo ter caído.

 

 

Quando minha viagem era

‘in the economic interests of the United States’

Em 1997, tive oportunidade de morar durante 6 meses nos EUA. A empresa onde trabalhava representava, no Brasil, o software de uma empresa americana. Esta detinha expertise em desenvolver programas para venda na modalidade que chamamos “pacote fechado”, mas carecia de profissionais para trabalhar na modalidade de sistemas desenvolvidos “sob medida” para cada cliente. Nesta parceria, fui um dos escolhidos para fazer um intercâmbio e passei alguns meses em Tallahassee, capital da Florida. Atenção, muambeiros, Miami, NÃO é a capital da Florida!

 

 

 

 

 

 

 

Apesar de ter certeza que todos sabem exatamente

onde fica Tallahassee, inclui o mapa para entenderem

porque não conheci o Sea World de Miami

Desta experiência, além do convívio com uma cultura diferente, guardo alguns pontos interessantes. Ao convidarmos um casal de americanos para irmos à praia em um final de semana, ouvimos que eles não poderiam ir porque tinham que fazer a faxina de casa. Lembro de ter ficado envergonhado porque quem fazia a limpeza nosso apartamento alugado era uma empresa especializada, ou seja, não havia diaristas e casais de classe média, que não estavam em viagem com despesas pagas como nós, tinham que fazer sua própria faxina.

 

 

 

Jamais me venderia para o

imperialismo ianque

Ao final dos seis meses, recebi uma proposta para tornar-me um trabalhador assalariado na própria unidade de Tallahassee. Surpreendi-me com o valor, que achei pequeno, e apresentei-o a um amigo nosso que trabalhava na empresa para certificar-me não estar sendo instrumento de rebaixamento dos salários dos trabalhadores norte-americanos. O que eu não estava preparado é para o arregalar de olhos e imediata reação de meu espião americano: ‘That’s NICE’. Antes disso, já havia me surpreendido com a informação de que meu rendimento líquido seria de cerca de 67% do valor bruto, ou seja, 33% de dedução em folha de pagamento, conforme planilha de descontos apresentada por meus superiores. Caía, para mim, o mito da carga tributária elevada para o trabalhador brasileiro. Sem contar que o trabalhador americano tem direito a apenas 1 semana de férias em seus primeiros três anos de empresa, 2 semanas quando completa seu terceiro ano e 3 semanas de férias a partir de seu sétimo ano. Caso ele mude de emprego, a empresa só é obrigada a oferecer uma semana e reiniciar o período aquisitivo de sete anos, mas a prática é que o trabalhador ‘herde’ o mesmo período que já desfrutava na empresa anterior. De qualquer modo, viver no primeiro mundo não estava me parecendo mais coisa tão de primeiro mundo assim não!

 

O terceiro ponto foi mas conjuntural. Ao dar minha negativa inicial na proposta, fui chamado a conversar com o presidente da compahia. Ele tentou reverter minha decisão, expondo a falta de sentido em uma refeição no Brasil custar o mesmo que uma refeição nos EUA, dado que a produtividade da economia americana era maior que a brasileira. Ele sustentava que, brevemente, o Brasil seria obrigado a alterar sua política cambial, desvalorizando o Real e isso tornaria a proposta americana financeiramente mais vantajosa. Não dei ouvidos, acreditando ser uma estratégia para me convencer e mantive minha negativa.

 

FHC não sei se privatizaram a preço

de banana, mas pelo menos conheci

o carnaval de Salvador na faixa 

Voltei ao Brasil em Agosto de 2007 e permaneci na empresa por pouco mais de um ano, quando fui tirar minha casquinha na abertura do mercado brasileiro de telefonia feita pelo governo FHC. Fui contratado pela Maxitel, vinculado ao escritório de Belo Horizonte mas lotado, temporariamente, em Salvador onde se concentrava a equpe de TI da empresa. Como disse, mesmo sem prestar muita atenção à política ela influencia sua vida. Neste caso, foi FHC e sua privatização da telecom que me permitiram conhecer, sem pagar transporte ou hospedagem, o carnaval de Salvador.

 

 

 

Depois de FHC veio Lula, depois de Salvador vieram Rio, Santo André e Belo Horizonte, mas esses são assuntos para os próximos capítulos

Redação

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