Fernando Horta
Somos pela educação. Somos pela democracia e mais importante Somos e sempre seremos Lula.
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Rezaram a missa sem o corpo presente, por Fernando Horta

Rezaram a missa sem o corpo presente

por Fernando Horta

“A explosão de vontade popular que o Partido dos Trabalhadores prometia ficou apenas na vontade. (…) Lula ficou muito aquém da expectativa. Esse malogro relativo complica bastante o futuro dessa legenda; se todo o carisma do líder metalúrgico não lhe trouxe o suporte que se esperava em São Paulo, como será a organização nos demais estados, onde não há Lulas disponíveis?”

O texto acima foi veiculado na Folha de São Paulo no dia 16 de novembro de 1982. Lula ficou em terceiro colocado, com pouco mais de 10% para o governo do estado. O PT fez 8 deputados federais e 12 estaduais no Brasil inteiro. Nenhum governador, nenhum senador. Os comentaristas políticos afirmavam que seria uma legenda “natimorta”. Se em dois anos que teve para se organizar o PT não tinha colhido bons frutos, a verdade é que nada ali indicava – segundo a mídia – que o partido “vingaria”.

Em 1989, Lula recebeu quase 12 milhões de votos para a presidência, fazendo pouco mais de 17% do total. Em 1994, Lula recebia 17 milhões de votos (27% do total) e em 1998 – antes de FHC liberar a crise do real – Lula recebia 21,5 milhões de votos perfazendo quase 32% do total do eleitorado. O PT, que havia recebido 3,1 milhão de votos para governador em 1986, recebeu 5,3 milhões em 1990 (elegendo seu primeiro senador) e em 1994 recebia 6,7 milhões de votos para governador, elegendo os dois primeiro governadores da sigla.

Para um partido que tinha “o futuro bastante complicado” sem “Lulas disponíveis” pelo país, o crescimento era homogêneo, tanto Lula quanto do PT amalhavam votos de forma semelhante. Em 1994, a bancada federal do PT era composta de 5 senadores (um eleito em 1990 e 4 em 1994) e cincoenta deputados federais. Nas eleições de 1998, dominadas pela polêmica emenda da reeleição, o partido faria apenas 59 deputados federais, três senadores e três governadores. O modelo do partido “amador”, na terminologia de André Singer, parecia esgotado. Em 1997, José Dirceu era eleito de forma indireta para a presidência do PT, e com ele surge o chamado “partido profissional”.

Nas eleições de 2002, o partido faria 91 deputados federais, crescendo mais de 70% e Lula seria eleito presidente com 39,5 milhões de votos no primeiro turno e 52,7 no segundo. Em 2001, o PT tinha cerca de quinhentos mil filiados. Qualquer análise séria destes números deve levar em conta a nova gestão feita por Dirceu, mas também o absoluto fracasso do segundo governo de FHC e seu receituário neoliberal. O PT havia crescido suas bases até o máximo que o convencimento oral e a manutenção do “partido-raiz” conseguiram até 1998. O salto dado em 2002 é certamente maior do que o PT. A classe média, cansada e empobrecida, não comprou mais o discurso engomado do PSDB. Lula por seu turno, deixou de usar camisa polo vermelha e figurar como um líder sindical, para vestir terno e gravata. O famoso “lulinha paz e amor”.

De 2002 a 2014, entretanto, durante o momento mais alto da Era Lula e depois o primeiro governo Dilma, o número de deputados federais que o PT elegeu caiu constantemente. Foram 83 em 2006, 73 em 2010 e apenas 70 em 2014. O PMDB mantinha-se como a maior bancada no plano Federal. Já nos municípios, o PT ameaçava seriamente o controle do PMDB. Em 2012 o PT governava 37 milhões de pessoas em termos municipais, batendo pela primeira vez na história da República pós-64 o PMDB, embora fosse apenas o terceiro partido em número de prefeituras. Para um partido que nunca havia feito mais do 5% dos votos totais nas eleições municipais este era um indício perigoso para o fisiologismo do PMDB.

Em 2006, em função do mensalão muitos declararam o Partido dos Trabalhadores “morto”. Inclusive há versões sobre análises internas da oposição à Lula, de que seria melhor evitar o impeachment e deixa-lo “sangrar”. Em 2006, após o primeiro ataque midiático-jurídico ao PT Lula se reelegia com 46,5 milhões de votos no primeiro turno (mais do que na eleição anterior) e 52,2 milhões no segundo turno. O aumento do número de votos supera o crescimento do número total de votantes, mostrando que Lula e o PT ganhavam votos em meio à crise. Ainda, o partido passava de 411 prefeitos eleitos em 2004 para 564 eleitos em 2008 e atingiria o auge de 635 em 2012.

A pergunta que se deve fazer é, este aumento do PT durante o período de crise é efetivamente “PT”? Penso que não. O tamanho de um partido de matriz rígida ideológica é sempre pequeno. O PSOL padece deste problema. Para crescer e amealhar espaços efetivos no sistema federal é preciso aumentar o conjunto de pressupostos ideológicos aceitos como válidos. Alguns dirão que o PT “aumentou demais” o seu conjunto, mas penso que aqui jogou ainda o papel da classe média, embalada pelo crescimento da economia. Em 2010, Dilma faria 47,6 milhões de votos no primeiro turno (mais que Lula em 2006) e 55,7 milhões no segundo turno. No início de 2013, Dilma atingia 79% de aprovação, em 19/3, segundo o IBOPE. O índice era maior que Lula e FHC em seus primeiros mandatos.

Em 2013, começa o ataque ao PT e ao governo Dilma. Primeiro as chamadas “Jornadas de Junho” e, em seguida a campanha presidencial do PSDB coloca em movimento as ferramentas das redes sociais. A economia já dava sinais de retração, seja pelo custo da crise internacional e o recuo das demandas de China e União Européia (nossos dois maiores compradores), seja pela fim do “superciclo” das commodities, o que se vê é que o orçamento brasileiro passa a diminuir. Logo em seguida, em 2014, temos a criação dos grupos protofascistas no Brasil (MBL e assemelhados), hoje se sabe que com financiamento internacional e de partidos como PSDB e PMDB. E recrudesce a Lava a Jato com a tática de Sérgio Moro dos vazamentos para “ganhar o apoio da população”, como ele indicaria em artigo escrito em 2004.

Mesmo com forte ataque midiático, jurídico e social (com os movimentos de internet direcionados pela histeria comunista) o PT faria nas eleições de 2014 seu maior número de governadores, cinco. O número de filiados em 2015 crescia mais de 80% em relação a 2014 e era o maior registrado entre os partidos no Brasil. O partido que tinha cerca de 840 mil filiados em 2005, vai atingir quase 1 milhão e seiscentos mil em 2014, aumentando ainda mais este número nos anos seguintes.

No ano de 2014 ocorre um fato que é cabal para o impeachment e o acirramento da campanha de criminalização do PT. Ao mesmo tempo que se discutia no judiciário a proibição do financiamento de campanha por meio de empresas, José Dirceu, José Genuíno e outros políticos do PT conseguiam levantar imensas somas em doações espontâneas e individuais para fazer frente às multas impostas pela justiça. Gilmar Mendes, o representante da oposição no STF naquele momento, perde a compostura diversas vezes, pois via que o PT teria como financiar suas campanhas sem as empresas (o “partido amador”, lembram?), já a elite não. O desespero toma conta de Gilmar, que não só vota contra o fim do financiamento como pede “vistas” ao processo para que a lei não valesse para as eleições de 2016.

Diante de toda a crise política, da lava a jato, da crise econômica, das traições do PMDB e do custo midiático do constante ataque, nas eleições de 2016 o PT ganha apenas 255 prefeitos e faz 2812 vereadores, pouco mais da metade do que fez em 2012 (5181). Parte dos analistas políticos, da mídia e dos intelectuais “ex-esquerda” vestiram preto e sorriam felizes no velório do PT. Vociferavam o fim do partido com felicidade semelhante ao espanto com que receberam a notícia desta semana, de que o PT era o partido mais preferido pela população e que crescia o número de simpatizantes. Vários intelectuais postaram-se a fazer verdadeiras ginásticas retóricas que envolviam desde “compra de apoio por cargos” até a velha “falta de memória do povo”. Tristes pessoas.

A verdade é que a campanha colocada em prática desde 2013 fez desembarcar do projeto nacional petista a classe média que o tinha alçado à presidência em 2002. Mas o custo desta campanha é imenso, seja para o Brasil seja o custo individual, e esta classe média já percebe que a economia do projeto neoliberal vai lhe colocar de novo em 1998. Ainda, estão evidentes os abusos contra Lula (e também contra Vaccari, condenado por Moro a 15 anos, preso por quase dois e depois absolvido no segundo grau!). Isto tudo ajuda na recuperação dos índices do PT, mas o principal ponto é sua militância.

Em toda a turbulência, o militante do PT tem se mantido fiel. Não precisou trocar de candidato nem apagar fotos correndo, conforme provas robustas iam sendo apresentadas na mídia contra PSDB e PMDB. Lula é sem dúvida o grande nome para 2018, mas não subestimem o maior partido de massas de esquerda da América Latina. Tampouco imaginem que a classe média é completamente manipulável. Quando começa a faltar comida na mesa não adianta vídeo no youtube, pastor entregando panfleto anticomunista ou palestra motivacional de “empreendedorismo”. A verdade é que alguns fizeram um velório sem corpo. Riram antes da hora e agora não sabem explicar o motivo do crescimento do PT. Desconfio, pela ética dos comentaristas, que vai acabar terminando no “povo”. Vão voltar a dizer que o povo é “burro” e “sem memória”. Tudo fazem para conseguir uma “democracia sem povo”, uma democracia “mais limpinha e cheirosa”. As máscaras caem mais rápido do que eles conseguem recoloca-las. 

Fernando Horta

Somos pela educação. Somos pela democracia e mais importante Somos e sempre seremos Lula.

24 Comentários

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  1. Mandou bem, Fernando

    “Tampouco imaginem que a classe média é completamente manipulável. Quando começa a faltar comida na mesa não adianta vídeo no youtube, pastor entregando panfleto anticomunista ou palestra motivacional de “empreendedorismo”” – Fernando Horta

     

    “Os estados médios – o pequeno industrial, o pequeno comerciante, o artesão, o camponês -, todos eles combatem a burguesia para assegurar, face ao declínio, a sua existência como estados médios. Não são, pois, revolucionários, mas conservadores. Mais ainda, são reaccionários, procuram fazer andar para trás a roda da história. SE SÃO REVOLUCIONÁRIOS, SÃO-NO APENAS À LUZ DA SUA IMINANTE PASSAGEM PARA O PROLETARIADO, e assim não defendem os seus interesses presentes, mas os futuros, e assim abandonam a sua posição própria para se colocarem na do proletariado.” – Karl Marx e Friedrich Engels, Manifesto Comunista

     

    Na Crítica do Programa de Gotha, Marx escreveu:

    “4. «A libertação do trabalho tem que ser obra da classe operária, em face da qual todas as outras classes são uma só massa reaccionária.»

    A primeira estrofe é tirada das palavras introdutórias dos Estatutos internacionais, mas «melhorada». Diz-se lá: «A libertação da classe operária tem que ser o feito dos próprios operários»; aqui, pelo contrário, «a classe operária» tem que libertar — o quê? «O trabalho.» Compreenda quem puder.

    Em compensação, a antístrofe é, pelo contrário, uma citação de Lassalle, da mais pura água: «em face da qual (da classe operária) todas as outras classes formam uma só massa reaccionária».

    No Manifesto Comunista diz-se:

    «De todas as classes que hoje em dia defrontam a burguesia, só o proletariado é uma classe realmente revolucionária. As restantes classes desmoronam-se e soçobram com a grande indústria; o proletariado é dela o produto mais próprio.»

    A burguesia é aqui apreendida como classe revolucionária – como portadora da grande indústria – face aos feudais e estados médios que querem manter todas as posições sociais que são obra de modos de produção antiquados. Não formam, portanto, juntamente com a burguesia, uma só massa reaccionária.

    Por outro lado, o proletariado é revolucionário face à burguesia, porque, crescido ele próprio do solo da grande indústria, se esforça por despojar a produção do carácter capitalista que a burguesia procura perpetuar. Mas o Manifesto acrescenta: que os «estados médios… (se tornam) revolucionários… em vista da sua passagem iminente para o proletariado».

    Deste ponto de vista, é, portanto, de novo um contra-senso que eles «juntamente com a burguesia» e, sobretudo, com os feudais, face à classe operária, «formem uma só massa reaccionária».

    Recordou-se, quando das últimas eleições, aos artesãos, aos pequenos industriais, etc, e aos camponeses: face a nós, formais com burgueses e feudais uma só massa reaccionária?

    Lassalle sabia de cor o Manifesto Comunista, tal como os seus crentes [sabem] os sagrados escritos da autoria dele. Se, portanto, ele o falsificou tão grosseiramente, isso só aconteceu para embelezar a sua aliança com os adversários absolutistas e feudais contra a burguesia”.

     

    Numa Carta de Marx a Pável. V. Annenkov consta que:

    “O Sr. Proudhon confunde as ideias e as coisas. Os homens nunca renunciam ao que ganharam, mas isso não quer dizer que nunca renunciem à forma social em que adquiriram certas forças produtivas. Muito pelo contrário. Para não serem privados do resultado obtido, para não perderem os frutos da civilização, os homens são forçados, a partir do momento em que o modo do seu comércio já não corresponde às forças produtivas adquiridas, a mudar todas as suas formas sociais tradicionais”.

    É o que a Classe Média pode fazer quando ela estiver na iminência da sua passagem para o Proletariado.

  2. Adorei

     Quanto mais bate no PT mais o Psdb se acaba, o juiz MOro ( amigo do Lula) esta o levando a ganhar no primeiro turno, o Mp esta cada vez mais mostrando sua incompetencia em acusar Lula com provas de disquemedisse, o MP esta provando para o povo brasileiro que Lula é inocente das acusaçoes mas nem tudo são alegrias, Moro irá invibializar a candidatura mdo Lula ,mas meu amigo Moro quem Lula indicar TAMO JUNTO.

  3. O que nos diz a nossa Historia

    Quantos Requiem ja não encomendaram para o PT e depois tiveram que enfiar… em alguma gaveta. Muito impressiona a forma tão agressiva com que a midia, parte do judiciario e os embustes que se autodenominam intelectuais referem-se ao PT nos meios de Comunicação. Isso explica o antipetismo radical em parcela da sociedade, justamente aquela que se pensa bem informada, intelectualizada, antenada, “empreendedora”. E essa parcela, muito presente na vasta classe média, tem influenciado às outras camadas, que na ultima eleição não votou ou votou menos em candidatos petistas. A derrota no primeiro turno de Fernando Haddad em SP tem claramente os componentes da manipulação midiatica, direcionada às classes CDE, feita diariamente via radio, para desconstruir qualquer possibilidade de continuidade do melhor quadro da politica brasileira da atualidade. Sendo reeleito para prefeitura, seria um passo para o governo estadual e em seguida, presidência da republica. Não sei se ja existe uma analise clara sobre o que ocorreu em SP com Haddad ( para além dos erros da propria administração Haddad), mas parece-me necessario esclarecer à classe média, pelo menos, o feroz combate da midia paulistana contra o prefeito petista (PT em geral) e a eleição de um simulacro chamado João Doria Jr, através da manipulação do real.

  4. o maior.
    o melhor.
    Eterno e

    o maior.

    o melhor.

    Eterno e na hsitória.

    perseguidos como Mandela.

    criminalizados como Marighella.

    gigante, lindo e heróico como Marisa.

     

    Lula fez oq fez .

    Dilma fez ainda mais.

     

    Dilma volta.

    Sem crime, sem imepachment. Canalhas em brasilia se desesperam pois sentem q babou. E já se mijam de medo.

    DILMA VOLTA.

     

    Ela passará a faixa pra eleee em 2019 e será lindo.

  5. Muito bom. O PT é o maior
    Muito bom. O PT é o maior partido organizado de baixo para cima no Brasil. Isso explica o porquê da preferência popular.

    1. Seja de baixo para cima ou o inverso, o verticalismo reina

      O PT teria que ser um partido horizontal, não vertical.

      Você não acha, Eudes?

  6. Bela análise e um corolário perfeito…

    Sim… Quando a crise arrebenta, até a classe média estrila. E, para o PT, ter uma direita tão suja e desonesta, tem lá suas vantagens… Nem mesmo quem pensa que está mais perto da riqueza do que da pobreza, aguenta. Infelizmente, sempre restará a Rede Globo e suas novelas. Até quando? 

  7. Eu já falei que
    a ficha da classe média não vai demorar pra cair. A classe média não vai querer perder o que conseguiu nos governos do PT. Se o PT voltar ao poder tem que ir pra cima do pig, taxar as grandes fortunas etc. Nada de Lulinha paz e amor e muito menos ser republicano.

    1. eu….

      E a ditadura dos fundamentalistas da esquerdopatia continuam a crer em Dom Sebastião ao invés da Democracia. O Poder nas mãos do Salvador da Patria, ao invés das mãos de todos brasileiros. E brasileiros contrários a este Messianismo, não são brasileiros. São coxinhas, classe média burra, malufistas ou outra coisa qualquer. Mesmo quando continuam sendo roubados por 30 anos consecutivos, 15 apenas no período messiânico, o culpado é o povo que não entendeu a mensagem. Resolver isto através da opinião soberana da Nação? Extremistas mostraram que não interessa em 1964. Será que aprenderam a lição? Jogar a culpa de sua mediocridade sobre as Forças Armadas, também estão vendo que não dará o mesmo resultado anterior. Até porque o tempo é senhor da razão e verdades foram reveladas nestas décadas. Cachorro atrás do rabo. Precisaram de apenas 30 anos de plena liberdade para retornarem ao mesmo lugar. Anistia. Redemocratização. Constituição Farsante Cidadã. Todas as figuras e facções políticas no exercício do Poder e garantidos no Orçamento Público. Toda uma nova classe de Elite Nacional. Descobrimos então que Democracia nunca foi o objetivo. 

  8. Bravo! e, ao contrário do que

    Bravo! e, ao contrário do que dizem os “analistas contorcionistas” o povo sabe muito bem o que quer e tem boa memória. Tanto é que elegeu o projeto que melhor atendia seus anseios por cidadania e direitos por QUATRO vezes seguidas. A banca (internacional) e seus prta vozes tupiniquins tiveram que dar um golpe, pra garantir seus lucros. A classe média é volátil, segue a manada até que comece a se afogar. Um milhão de pessoas já deixaram os planos de saúde, por exemplo. Novas medidas estão sendo propostas e mais gente vai perder esse símbolo de status. E não vai ter SUS

  9. Gilmar sentou a bunda para liberar a grana empresarial em 2014

    Gilmar sentou a bunda para liberar a grana empresarial em 2014

    ‘O desespero toma conta de Gilmar, que não só vota contra o fim do financiamento como pede “vistas” ao processo para que a lei não valesse para as eleições de 2016.’ (Fernando Horta)

    Na verdade, Gilmar sentou a bunda para permitir que a grana dos empresários bandidos rolasse pra valer nas eleições gerais de 2014. Seu pedido de vista para seu terceiro olho foi feito em 2 de abril de 2014. Naquele momento, se finalizada a votação no STF, estaria proibido o financiamento empresarial já para as eleições gerais de 2014. Não satisfeito, a bunda de Gilmar continuou sentada até 10 de setembro de 2015, um dia após a “Assembléia Geral de Bandidos” (segundo a imprensa internacional) no Congresso aprovar, de forma definitiva, as doações de empresa a políticos, no projeto de lei 5.735/2013. A lei foi vetada por Dilma, e o STF completou, em 16/09/2015, a proibição de financiamento de empresas, o que já ficou valendo para a eleição de prefeitos e vereadoes em 2016. ( (v. http://www.conjur.com.br/2015-set-10/gilmar-mendes-devolve-acao-questiona-doacoes-eleitorais )

    A sentada de bunda de Gilmar foi essencial para a eleição da “Assembléia Geral de Bandidos” em 2014 e, muito provavelmente, foi feita exatamente para isso, no que teve imenso sucesso. Mas o segundo objetivo era o de também ganhar a presidência da república, com qualquer um dos bonecos da plutocracia que se apresentaram – Aécio Neves, Eduardo Campos, Marina Silva etc. Mas, no segundo objetivo o povo disse “Não” e reelegeu Dilma Rousseff e o PT. Com mais de 2/3 de bandidos eleitos na “Assembleia Geral”, algo que seria difícil repetir, a plutocracia se viu, com a eleição de Dilma, na situação de perder todo o gigantesco “investimento” que havia feito para fazer retroceder o Brasil à colonia e os direitos sociais e trabalhistas do povo à semi-escravidão. E então a predominante plutocracia financeiro-rentista partiu para o tudo ou nada, resolvendo (após as eleições, em nov-dez/2014) trair os empreiteiros na lavajato, os primeiros, de fato, a serem comidos. Não se tenha dúvida que, eleito em outubro de 2014 um dos bonecos da plutocracia – Aécio,Marina etc – a Operação Lavajateira seria imediatamente interrompida e soterrada pelo STF/STJ, da mesma forma que foram soterradas a Satiagraha, Castelo de Areia etc, restando para os lavajateiros de Curitiba apenas a função de exterminar Lula, Dilma e o PT.

  10. Faz mais ou menos um ano

    Faz mais ou menos um ano quando Merdal dizia que o “PT e Lula acabaram, enquanto a Cegonhóloga dizia que “a economia agora sim vai se recuperar”. Só mesmo a Globo para contratar esses dois, se fossem videntes do centro espírita aqui perto de casa já estariam no olho da rua.

    Grande texto do colunista do GGN, já que passou ao largo da participação externa nessa confusão toda que vivemos.

  11. TODOS OS GOLPISTAS ESTÃO
    TODOS OS GOLPISTAS ESTÃO MORRENDO DE MEDO DAS ELEIÇÕES Q SERÃO LOGO,LOGO,E SE APROVAREM A RETIRADA DE DIREITOS DOS TRABALHADORES,MELHOR AINDA (desculpem a sinceridade) ENTÃO NÃO ESQUENTEM,TÁ NO PAPO!!

      1. Data folha 26 junho
        Está na folha de São Paulo de segunda-feira: num segundo turno entre moro (fascistinhas não merecem maiúsculas) e Lula, daria 42×40 para o primeiro.
        O povo é bobo: acredita na rede grobo.

  12. “Tampouco imaginem que a

    “Tampouco imaginem que a classe média é completamente manipulável. Quando começa a faltar comida na mesa não adianta vídeo no youtube, pastor entregando panfleto anticomunista ou palestra motivacional de “empreendedorismo”.”

     

    Há um ano e meio atrás eu talvez concordasse, mas agora discordo disso aí. A “classe média”, o “povo” é infinitamente manipulável. Infinitamente. Não apenas isso: ele é manipulável – sobretudo – contra os próprios interesses.

    A falta de comida e a miséria não são “fatores de revolução”, são “fatores de miséria” e subserviência mesmo. Já dizia o Camus.

    14 milhões de desempregados. Cadê a revolução?

    Não tem revolução nem revolta, porque há uma escassez de grandes homens/mulheres com poder no Brasil. Parece profano dizer isso hoje em dia, mas são os grandes homens (e mulheres) que fazem (e desfazem) a história.

    E chegamos a um ponto em que o niilismo impede que inclusive sejamos niilistas. Camus ficaria abismado.

    O povo… ah, o povo…

    O que seria da ‘Revolução’ Francesa sem um Saint-Just (que no fim, como ressaltou Camus, entregou-se a um silêncio que foi a ante-sala da morte)? O que seria do Iluminismo sem um Voltaire, um Beccaria, uma Mary Wollstonecraft? O que seria do Brasil sem um Vargas; da Inglaterra sem um Ricardo Coração de Leão, da Rússia sem um Katarina a Grande?

    Sem falar que o “povo”, neste mundo de hoje, manda bem pouco, cada vez menos. ‘Manda’ apenas aonde “Eles” querem/deixam (em lugares muito restritos, de maioria caucasiana europeia).

    É estranho observar, contra todas as nossas mais sagradas crenças, que às vezes a Democracia funcionou/funciona melhor nas mãos de certos “populistas”, “tiranos” ou “ditadores”, que se importaram efetivamente com seu país e com seu povo, do que nas mãos do próprio “povo”. Aliás, muitos desses “populistas”, “tiranos” ou “ditadores” foram sumamente satanizados nos livros de História pela mesma Plutocracia que anda esganando economias e vidas no mundo todo há pelo menos 2 séculos.

    Quanto à proeminência de Lula, o ‘problema’ é que o Brasil estava realmente bem com Lula. Ele não deu apenas “sorte” – a razão do sucesso de seu governo não foi apenas a coincidência com um ciclo de aumento de preços de commodities. Fosse assim, como explicar o não crescimento da economia nacional em ciclos anteriores de alta de preços? Aliás, estamos em outro período de alta de preços em 2017 e o Brasil está como está…

    Lula e seu governo não fez tudo que era necessário, porque, afinal, estávamos em uma “Democracia” (forma de poder que não é necessariamente ‘bonita’ ou ‘fácil’ – a Democracia moderna inclusive pressupõe a coexistência de atores antagônicos). Mas não dá para negar que ele inegavelmente fez algumas coisas elementares para o país: diversificou nossos parceiros econômicos no exterior, apoiou empresas nacionais estratégicas lá fora, deu atenção ao mercado interno, adotou largamente programas de distribuição de renda como o bolsa família, até um programa de defesa de nossas riquezas começou a ser elaborado, até um submarino para proteger nossa “Amazônia azul” estava nos planos. E nem a crise de 2008 foi páreo para nosso crescimento econômico.

    Não se trata de “messianismo”. Entre 2003/2010, como havia gente competente e interessada em algumas posições de poder importantes, o Brasil parecia ter um futuro. Hoje estamos simplesmente assistindo à destruição disso tudo.

    Vai ser difícil o PT superar o passado, mas em um mundo ideal concordo que ele deveria superar o Lula.

    Só que não estamos em um mundo ideal e eu, na verdade, me pergunto por que ainda não acabaram completamente com o Lula e, aliás, com o PT. Para mim há duas hipóteses: 1) porque podem muito bem usá-lo (e ao PT) como bode expiatório mais uma vez, para alguma coisa feia e grande. E a maioria, como sempre, vai aprender a odiar novamente quem mais a ajudou, porque é assim que a maioria funciona (engenharia social é um negócio poderoso e a maioria ingênua é suscetível a ela).

    Talvez as coisas cheguem a um “nível de guerra civil” no Brasil em um futuro próximo (2018, Lula, Bolsonaro e a polarização – idiotização – política estão aí) e vão dar um jeito de culpar a esquerda. Já li por aí de políticos e jornalistas que uma guerra civil é possível no Brasil, com PEC da morte, etc. (pode ser, mas a guerra não seria provavelmente ocasionada por miséria nenhuma, mas pela velha e boa propaganda). E nesse caso, talvez seja mesmo melhor dar vazão à raiva e morrer lutando, mas a morte vai ser por nada, afinal duvido muito que uma “revolução genuína” (do tipo que homens como Orwell e até Camus esperaram) aconteça no Brasil. O que teremos é apenas mais destruição, que parece ser o que eles querem. Sairemos derrotados, porque escolher os termos da derrota não é o mesmo que vitória. Viver talvez fosse melhor. Mas divago.

    2) aqui estou eu falando em morte, guerra civil e revolução, mas talvez algo assim seja improvável a essa altura, mesmo com 2018, Lula e Bolsonaro se aproximando. O mais provável é que o que aconteceu no Brasil no último ano e meio (e o que vai acontecer no futuro próximo) esteja mais para Lampedusa: “as coisas devem mudar para continuarem as mesmas”. Pois então. Mudaram/removeram o governo da Dilma e do PT para o Brasil voltar ser o que costumava a ser: anão internacional; além de um país de maioria escrava.

    Enfim, há também essa possibilidade, n. 2, de que transformem o PT em apenas mais um partido de esquerda inócuo, se já não se tornou lá em 2003 mesmo, como alguns acreditam (mas acho essa hipótese cruel e paranóica demais, até para meus padrões). Um partido de esquerda inócuo para uma Democracia em estado de coma.

    Mas isso não é privilégio brasileiro.

    A neutralização e o irracionalismo que toma conta da política, sua idiotização, sua transformação num show entediante, que não muda nada, apenas garante que “os de baixo” continuem oprimidos e quietos enquanto perdem direitos elementares, é um fenômeno mundial. Vejam o que fizeram com o partido trabalhista inglês ou com a ‘esquerda’ francesa, ou com os democratas americanos… há muito tempo “direita” e “esquerda” tornaram-se apenas estratégias para “dividir e conquistar” o povo – afinal a guerra é contra ele. Até onde essa guerra irá? Sei lá. Talvez cheguemos a níveis orwellianos ou pior aqui no Brasil. Mas, no fim das contas, o discurso é sempre fascista e é contra o povo e seus interesses. Coisas como ‘direitos de mulheres’, aborto, ‘direitos LGBT’ são  manipuladíssimos também, para gerarem discórdia e confusão o máximo possível. É irritante ver parte da chamada esquerda sendo usada de forma tão idiota.

    De todo modo, se ainda houver algo de livre e genuíno no PT e em outros partidos (e eu torço para que haja), é melhor que se preparem para o pior. Faz tempo que estamos em um mundo em que “não se pode governar inocentemente”.

    Basta ver o que fizeram com a Dilma, nunca conseguiu sequer falar em cadeia nacional enquanto presidente, nos momentos mais complicados. Até hoje me pergunto o porquê do silêncio dela.

  13. Só se foi quando o dia clareou

    Assim como o samba.

    Andam dizendo que acabou, só se foi quando o dia clareou.

    Excelente análise.

    O nobre articulista só manifesta sua miopia quando não enxerga a geopolítica aqui, bem diante dos nos nossos olhos.

    A Terceira Grande Guerra não virá, ela já é.

  14. Para entender o crescimento, queda e novo crescimento do PT.

    Penso eu que uma análise histórica do crescimento e queda do apoio social e da representação efetiva do PT nos parlamentos e governos municipais, estaduais e federais parta de um Sistema de análise de pesos e contrapesos de narrativas: virtual da velha mídia e a do PT no Poder (a realidade concreta); mais ilustrativo Sistema de análise para mim, e, talvez, sem a necessidade de uma compilação de base estatística de aumento e decréscimo de votos, militantes e parlamentares/governantes eleitos pelo partido.

    A disputa por narrativas do Brasil, a virtual da velha mídia e a do mundo concreto dos governos petistas pelos fatos do cotidiano são centrais para crescimento, queda e crescimento da intenção de voto no PT.

    O PT cresceu em 2002 certamente porque os tempos de FHC no Governo e o auge do neoliberalismo de então propiciaram uma conjuntura econômica e social favorável à vitória de Lula, para além da velha mídia.

    Lembram-se, por exemplo, da manchete de Jornal dos 50 milhões de famintos no Brasil e das reportagens no JN sobre a pobreza no Brasil, uma edição que durou alguns dias? Sem contar todas as manchetes, que de modo algum seriam possíveis de ser negligenciadas dos aumentos seguidos dos combustíveis, do pires na mão no FMI e as quebras da economia brasileira, do desemprego recorde, etc.

    A realidade concreta se sobrepôs ao interesse do andar de cima e de uma tentativa de narrar que o candidato ideal para modifica-la seria o candidato do partido de FHC. Ou seja, Lula pôde surfar no mundo real para além da velha mídia e de José Serra, o candidato do stablishment.

    A discussão da ascensão ou queda do PT se dá continuadamente e tem respaldo na narrativa mais forte do momento vivido, que pode ser a realidade virtual fabricada pelo Sistema mercado + Império ancorada na velha mídia oligopólica ou nos fatos reais.

    Em 2005 surgia o fabricado “Mensalão”, quase Lula caiu. Lula com faro político se aliou no Congresso de forças a procura de protagonismo político, teve apoio significativo de sindicalistas e movimentos sociais em defesa de sua manutenção e cresceu em popularidade, não caiu e decolou.

    Ajudada por 2006 e o tal do dossiê dos aloprados que se produziu às vésperas da eleição e tomou o lugar do acidente aéreo da GOL no noticiário, pasmem! a narrativa midiática cresce. Morrem mais de centena de pessoas num desastre aéreo e se dá destaque a uma foto de uma montanha de dinheiro que nunca foi provada a origem.  Vencia, em primeiro turno, de certa forma, a narrativa da velha mídia, por conta de seu oligopólio da informação no país. Alckmin teve muitos votos a mais a partir do dossiê e rendeu segundo turno.

    Lula foi para o segundo turno com Alckmin e inteligentemente desenharam a campanha com o fantasma das privatizações, relembrando FHC. O que aconteceu? A narrativa do real e do PT e seus marqueteiros suplantaram o dossiê dos aloprados e Lula se fez Presidente novamente inaugurando um fenômeno impensado, Alckmin, já não escudado pela narrativa virtual da velha mídia (horário eleitoral e debates aparecem) diminuiu sua votação em relação ao primeiro turno. Não adiantou vir uniformizado de defensor das empresas públicas, lembram-se do macacão e do boné com os logos da Caixa, BB e da Petrobrás?

    Lula tinha consigo uma vantagem, a capacidade inata de ser um gênio da comunicação, de ser, certamente, o maior Orador Político da História brasileira, e vencia a batalha do virtual versus o real, que era o PSDB privatista, da fome dos tempos de FHC e de não defensor do Estado como fomentador de políticas sociais para a população de baixa renda do Brasil. Lula que já estava realizando programas sociais de inclusão exitosos como o Bolsa Família e o Luz Para Todos e revitalizando e dando novo protagonismo aos bancos públicos e a Petrobrás. 

    Adiantemos no tempo.  

    2008 e a crise dos bancos mundiais, o crash do Sistema Financeiro em Wall Street foi uma nova disputa de narrativa.

    Uma crise lá no centro do Sistema evoluía para uma tentativa de dizer que Lula era incompetente porque não tomava as medidas certas para uma crise mundial, Serra e seus discursos de contenção de despesas e arrocho, em muito parecidos com os de hoje para empresários e banqueiros, se lembram?

    Lula fez o contrário do que sugeriam os homens do mercado e a velha mídia brasileira aliada da banca.

    Lula mandou o povo consumir e fez o BB gerar crédito mais barato para a população, entre outras medidas.

    Uma simples aparição na TV e reverteu a narrativa virtual de que era só na base do arrocho, da austeridade que sairíamos daquela crise de 2008.

    2009 o que aconteceu? O PIB teve crescimento de quase 8%.

    Continuamos no processo de pesos e contrapesos. Realidade virtual (narrativa oligopólica virtual) X realidade concreta. Lula neste período venceria a batalha da comunicação com êxito.

    2010 ao término do seu mandato em 31 de dezembro tinha 87% de popularidade. Não havia realidade virtual e velha mídia para derrotá-lo.

    Entramos na campanha eleitoral de 2010 com a máxima de que sem Lula o PT perderia a Eleição.

    Lembram-se que o Presidente do IBOPE, o Montenegro disse, no começo de 2010 ainda, que o Serra já tinha ganhado a Eleição, porque aparecia sempre com mais de 30% de votos nas pesquisas eleitorais muito antes da Eleição  acontecer? Dilma era uma ilustre desconhecida, que depois virou o “poste de Lula”.

    Quem poderia ir contra o PT de Lula naquele ano? Ninguém em sã consciência. A Política de alianças com o PT não seria difícil. Entremos sempre na discussão do horário eleitoral, dos apoios de partidos políticos, dessa engrenagem viciada do tempo de TV. O PT em alta e o PMDB não precisaria estar muito receoso de estar ao seu lado como vice na chapa nem outros partidos de direita existentes na campanha de 2010. Dilma chegou candidata com o tempo de TV de quase 11 minutos contra 7 minutos de José Serra.

    O “poste de Lula” venceu contra tudo e contra todos.

    Três fatos marcantes daquela eleição e que precisam ser elencados para uma análise que nos leve a entender os mecanismos seguros de uma primeira campanha com força de divisão social do País entre petistas e anti-petistas:

    1) A contratação de Serra do Guru indiano, já falecido, para sua campanha, o mesmo da campanha republicana contra OBAMA nos EUA em 2008 e que fazia uma “corrente do mal”, via internet, onde as pessoas se cadastravam para se aliar a campanha do Serra deixando seu e-mail num site estranho, que era da campanha, mas sem campanha. E o que acontecia com a sua adesão ao site do Serra informando seu e-mail, a “corrente do mal” invadia sua caixa de correio e você recebia e-mails apócrifos associando o PT ao Foro de São Paulo, dizendo que se o PT ganhar ia mandar o MST invadir fazendas e residências privadas Brasil afora, que o bolivarianismo chavista é quem iria comandar a presidência pós-Lula, a ameaça comunista nunca esteve tão próxima, que Lula perdera um dedo para ter uma aposentadoria precoce, etc. As classes média e médio-alta tradicionais adentraram nessa “corrente do mal”, ancoradas no mundo real com a narrativa Veja de comunicação e 2010 se proliferou a “corrente do mal”, o que tornou a campanha de 2010 na do medo da “invasão comunista do foro de São Paulo”. A Veja tem uma penetração social grande neste período nos estratos médios da população, não podemos esquecer este fato.

    2) Concomitante a este fato Serra adentraria na seara da campanha moralista do Aborto com a ajuda do Bispo, já falecido, de Guarulhos. Uma campanha recheada de factoides, desde a ficha falsa da Dilma, passando pela facciosa quebra de sigilo bancário da filha Verônica, passando pela bolinha de papel e outras barbaridades mais.

    3) E precisamos relatar, ainda, que Serra se fez candidato na aparência inicial, não anti-Lula, e sim, amigo dele. Ele deixou de ser José para ser apenas o Zé amigo de Lula e sua favela fake.

    Imaginemos que o mesmo Serra e sua mídia anti-petista do “Mensalão de 2005”, “dos aloprados de 2006”, “que dava receitas para o crash de 2008 achincalhando Lula e o Governo petista”, em 2010, adotou uma campanha do Zé amigo do Lula, tentando abocanhar o eleitorado na base do diversionismo e não dando certo a estratégia passou ao movimento moralista e terminando no movimento golpista da mentira televisionada da bolinha de papel.

    Mesmo com toda essa narrativa diversionista midiática Dilma venceu.

    Novamente a disputa realidade virtual e a realidade concreta deu vez e voz ao PT.

    Fique claro que a ausência de meios de comunicação de esquerda, efetivamente colocados ao lado dos da direita e extrema-direita dificulta a narrativa da realidade a se contrapor ao discurso midiático anti-petista e diário. O PT estava forte ainda, mas desde a campanha moralista de Serra e a presença do Guru indiano não se têm mais a chance de uma racionalidade tal, capaz de frear os instintos mais ligados ao ódio e a ausência de mínima reflexão, ancorado na realidade concreta apenas.

    O processo de produção do eleitor se desvencilhou de uma realidade concreta e adentrou numa narrativa virtual, que aos poucos funcionaria como divisionista e, que com o aprimoramento das redes sociais de peso, como o Facebook, foi capaz de dividir a sociedade em fraturas inconciliáveis, o que diminuiria a possibilidade de uma narrativa midiática e de redes sociais com seus textos apócrifos não ser comprada como “real” por parcelas inteiras da sociedade.

    Vem 2012 e as eleições municipais + o “Mensalão”, aqui o jogo de pesos e contrapesos se intensifica. A narrativa midiática do “Mensalão” quer vingar, definitivamente, sobre a realidade, porém, a realidade concreta vence a narrativa da velha mídia mais uma vez.

    2012 a base aliada do PT consegue 80% dos cargos em disputa nas eleições municipais. O “Mensalão” não influenciou nas eleições daquele ano. A economia tinha seu boom e estava alcançando seu auge de inclusão, ascensão e consumo social. O “Mensalão” não poderia competir com a realidade concreta dos shoppings, aeroportos lotados, viagens e compras no exterior em cifras astronômicas. Lembram-se da informação que os EUA até pensavam e retirar a necessidade de visto dos brasileiros para adentrarem em território americano?

    É preciso ponderar que os filiados ao PT cresciam ali, também, porque o “Mensalão”, nunca provado, angariou uma militância nova, advinda da indignação com o julgamento via “Teoria do Domínio do Fato” e do voto do “não tenho provas, mas o condeno porque a literatura jurídica me permite”. Muita militância nova adentrou ao partido a partir do “Mensalão”; o julgamento do “mensalão” associado da campanha eleitoral foi gritante, coincidiam datas eleitorais com condenações de petistas, se lembram? Só que o mundo real era imbatível, e as classes média e médio-alta tradicionais, apesar de já estarem, em sua grande maioria, do outro lado do rubicão e sem chances de volta não eram capazes de vencer no grito o PT.

    Só lembrando que 2012 continuou com a campanha eleitoral moralista de Serra, agora municipalizada para a cidade de São Paulo e o kit gay, nacionalizada via velha mídia, obviamente. Ajuda este moralismo a criar um divisionismo social e um clima de ódio social, aqui escudado, não mais na presença de um Bispo católico, mas de representantes neopentecostais como Silas Malafaia. 

    Depois em 2013 petistas eram presos e condenados a pagar multas em datas especiais, comemorativas de fatos históricos da nossa História. Retificando o texto do Fernando. Não foi em 2014 que se fizeram as “vaquinhas” para os petistas. Foi em 2013.

    Como o julgamento do “Mensalão” em 2012 não surtiu o efeito da derrocada do PT e aliados eleitorais em 2012 se aproveitou um fato marcante de 2013 para outra tentativa nesta direção de “acabar” com o PT.

    Foi através das Jornadas de Junho e os 20 centavos da passagem de ônibus, federalizando uma manifestação de cunho local (São Paulo) para uma insatisfação generalizada de um País, o que não poderia ser verdade com a alta popularidade de Dilma.

    Ali a narrativa midiática venceu a narrativa do real, os pesos e medidas do pêndulo bandearam do mundo real para a narrativa virtual da velha mídia. Talvez, por inabilidade de Dilma, que diferentemente de Lula em 2008 não teve a capacidade de comandar uma campanha definitiva para aprofundar as transformações sociais, econômicas e políticas necessárias para o Brasil estar imune aos golpes. Dilma não é o “Animal Político” Lula: o grande Orador e capaz de convencimento da população em um simples discurso de alguns minutos.

    Precisamos de um estudo mais aprofundado desta discussão dos caminhos traçados por Dilma, seu Governo e o PT e se faltaram meios de comunicação de esquerda fortes para comprar esta briga de frente sobre a narrativa das Jornadas de Junho de 2013. Dilma perdia ali parte da popularidade de seu Governo.

    Um exemplo da inabilidade do Governo Dilma em 2013 foi a discussão preparatória para a Lava-Jato e a compra da Refinaria de Passadena situada na rica Califórnia, nos Estados Unidos. Lembrando que venceu a narrativa virtual de que a compra foi equivocada e um erro da Petrobrás, de Dilma e que havia trazido prejuízos para os cofres públicos. A velha mídia aliada de Moro e do Sistema mercado e Império viram ali uma porta para adentrar de cara numa Operação que pudesse tirar o PT do comando do Governo Federal, iria nascer a Lava-Jato.

    2014 vêm com o Não vai ter Copa, a Lava-Jato e a Eleição presidencial, aqui se mostra como enfraquecia a narrativa do real versus a narrativa virtual da velha mídia.

    O que nos mostra uma situação em que o pleno emprego e o boom do consumo se desenhariam como uma catástrofe.

    Dilma venceu pelo recall das políticas sociais em uma eleição apertada. O anti-petismo e a campanha do ódio e da irracionalidade, centrada unicamente no moralismo da corrupção quase colocaram Aécio no Poder.

    Podemos continuar a discussão após estes fatos elencados, elencando outors, porém, são mais conhecidos e mais recentes e sabemos melhor deles, a memória recente falha menos, portanto, abreviarei os fatos. No momento eleitoral de 2014 o PT diminuía, certamente.

    Imaginemos a Lava-Jato com sua dobradinha com a mídia oligopólica colocando o PT como a “encarnação do demônio”, o partido mais corrupto do mundo, só poderia dar nesta situação, pois, não se tinha nenhum contraponto a esta narrativa virtual da destruição da Petrobrás, sequestrada pela Lava-Jato, e se tornou hegemônica a narrativa virtual: – Dilma e Lula sabiam de tudo. Até envenenaram o Youssef no dia da eleição, se lembram?

    Acontece que veio o Golpe de Estado e a realidade virtual foi sendo aos poucos contrastada com a realidade concreta, a dos tempos de bonança da população (tempos do emprego, do salário anualmente crescendo acima da inflação, do consumo, da  inclusão e ascensão social, do ensino universitário, etc.) com o PT no Governo Federal e o desnudamento de quem são os verdadeiros corruptos.

    A velha mídia e sua narrativa foram perdendo espaço para a realidade concreta e a memória popular sendo reativada e o PT, Lula e Dilma crescem novamente.

    O PT dobrou de tamanho de 2014 para 2017, não acabou como sempre quiseram narrar os meios de comunicação oligopolizados e capitaneados pela Rede Globo, Veja & Cia.

    Entender os pesos e contrapesos dos momentos históricos nos levam a entender a realidade em cada momento da trajetória do PT, dentro e fora do Governo Federal.

    Se tivéssemos uma organização social capaz de ser imune à narrativa única dos meios de comunicação brasileiros, talvez, a narrativa real se sobrepusesse no tempo integral: de 2002 até hoje, e não teríamos o Golpe nem o caos do Governo Temer.

    O PT cresce quando a realidade concreta adentra na vida dos brasileiros pela consciência da população e decresce quando a narrativa midiática se sobrepõe aos fatos reais e deixa meio imóvel a racionalidade dos indivíduos.

    Importa pouco a narrativa do PT acabou. Ela não se produz na realidade, se produz no desejo da realidade ser a melhor para quem narra com quase exclusividade a realidade no Brasil, a velha mídia em favor do Mercado e dos EUA, seus patrocinadores principais.

    Acontece que a realidade concreta teima em aparecer, pois, ela é real, e a falsa narrativa da velha mídia decai, porque ela é virtual.

    Esquerda e Direita para além do PT vivem neste pêndulo da narrativa real e da narrativa midiática. O PT cresce novamente porque o real lhe dá novo fôlego.

    O pêndulo da balança vira para a Esquerda novamente. E, o PT e Lula crescem.

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