O foco educacional necessita de mudanças.

 

No fundo precisamos mudar a visão sobre: educação, saúde, cidades, mobilidade urbana, trabalho, economia e etc. Só aí então conseguiremos progredir na direção da justiça social.

Enquanto o foco for capitalista o ser humano não será tratado como humano, óbvio. O homo sapiens sapiens bom será sempre aquele que produz. O que gera riqueza. O herói será o que acumula mais capital. A humanidade é vista como uma mercadoria.  Viramos máquinas, e como máquinas somos tratadas.

A formação escolar brasileira um dia já foi humanista.  Agora é técnica. Ou era para ser. Assim o Tio Sam determinou. A USAID disse: o Brasil precisa é de técnicos e não de humanistas. Dessa forma foi feita pelos militares. As consequências bem sabemos: nem técnicos, nem humanistas.  O ensino fundamental se deteriorou.  E olhe que a palavra é pomposa: fundamental. A que dá fundamentos. Quais os fundamentos?

Pergunto: quem se forma no segundo grau se formou em quê? Pode ser considerado um… Está preparado para… É um… Sinceramente, não sei de que vale o diploma. A não ser para entrar numa faculdade. E quem não quiser continuar os estudos?  O que irá fazer? Como sobreviver? Será considerado um marginal? Um preguiçoso? Um vagabundo? Ou o quê? Que pague pelas suas escolhas? É isso? (Estas perguntas são típicas do capitalismo).

E caso o ensino superior continue contaminado pela unicidade de conceito mecanicista as discussões serão eternas. Quem veio primeiro o ovo ou a galinha?

Vou exemplificar com as duas profissões que mais dão status na sociedade e mais afetam o nosso dia-a-dia: engenharia e medicina. Os profissionais dessa área são formados sob a ótica capitalista.

Olhem essas passarelas.

passarela_07052011Ou essa outra passarelasaovicente

Isso aí foi feito pensando no ser o humano, facilita a travessia? Imagine um idoso tendo que utilizá-la cotidianamente. Desculpe, nem precisa ser da terceira idade. Claro que foi feita para evitar atropelamentos. Mas foi construída de modo a facilitar a mobilidade?

Agora percebam esta outra passarela a baixo, construída quando se muda o foco. Não mais o carro, mais a vida. Sabe para quem foi construída? Para os animais silvestres. São chamados ecodutos. Facilitam a travessia, certo? Por que para nós não poderia ser feita da mesma maneira?

ecoduto-na-argentinaE o cartão postal de São Paulo, a ponte estaiada, pensou no ser humano? Não. Por ela não pode transitar pessoas ou bicicletas.

E esta calçada foi feita para pessoas transitarem?

calçadaE quem tem o desprazer de utilizar a estação paulista do metrô sabe o quão cansativo é descer e subir as escadas. Cansaço físico ou mental, tanto faz.

Os engenheiros partem da planilha de custo para elaborar essas monstruosidades.  Do dinheiro.

Assim como na formação dos médicos.

Esses profissionais, turbinados pela mídia, passam a ideia de que não faltam médicos e sim condições de trabalho.

Numa recente reportagem apareceu uma profissional da saúde reclamando: como posso trabalhar, se nem um hemograma consigo fazer?  Tirar uma chapa? Fazer uma tomografia? E outras coisas mais.

Não consegue trabalhar porque a formação dela não permite. 

Quem tem mais de quarenta anos se lembra perfeitamente de como eram os exames. O médico auscultava o coração, o pulmão. Media a pressão. Examinava a garganta com aqueles palitinhos de sorvete. Analisava as vistas. Conversava mais. Perguntavam o histórico. Apalpava onde doía. Era outro conceito de clinicar. Eficiente não há como negar. Pois, eu estou escrevendo e você está lendo.

Dirão alguns: mas a expectativa de vida é muito maior hoje em dia do que antigamente. Não se iludam. É maior porque a mortalidade infantil diminui. E diminui por causa de vacinas, pré-natal, e melhor alimentação. Medicina preventiva.

Os médicos atuais não dão um passo sem exame invasivo. Se você levar teu filho, de um ano, dois anos, ao pediatra está arriscado a ele solicitar exame de sangue. Agora furar uma criança de tão tenra idade é muito triste. Talvez nem fosse necessário. Mas fazer o quê? Não somos médico, não é verdade? E tome sofrimento. Enquanto isso, os laboratórios de análises clínicas estão se proliferando. E enriquecendo.  Não é mesmo?

Os médicos cubanos são muito solicitados internacionalmente devido a terem esse tipo de formação humanista. Por isso a experiência em Tocantins deu muito certo. Independentemente da língua.

Por isso os grandes laboratórios e indústrias farmacêuticas trabalham contra a vinda deles. Eles não dão lucro.

E convenhamos. Os médicos brasileiros são provenientes da classe média alta. Eles não irão trabalhar nos rincões do Brasil, pode ter o aparato tecnológico que for. Se não for por falta de condições de trabalho, será por outra coisa. O estudo dos filhos, a esposa que não se adapta. A cidade que não tem infraestrutura. Teatro, cinema, pista de kart, praia, piscinas, shows da Madonna, Mickey Mouse, Cirque du Soleil e tudo mais de suma relevância para o progresso da medicina.

Não estou dizendo que a saúde no Brasil está bem. Não é isso. Estou questionando a falta de escrúpulo de certos conselhos. E a falta de informação, por outro lado.

Bem, na esfera educacional precisamos progredir muito. Falta chegar a democracia. Só assim teremos profissionais voltados para o bem estar da sociedade.  Não para sustentar a ganância de poucos.

Redação

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