O valioso tempo dos maduros

Contei meus anos e descobri que terei 
menos tempo para viver daqui 
para a frente do que já vivi até agora.
Tenho muito mais passado do que futuro.

Sinto-me como aquele menino que
recebeu uma bacia de cerejas.As primeiras,
ele chupou displicente, mas percebendo
que faltam poucas, rói o caroço.

Já não tenho tempo para lidar com mediocridades.
Não quero estar em reuniões onde desfilam
egos inflamados. Inquieto-me com invejosos
tentando destruir quem eles admiram,
cobiçando seus lugares, talentos e sorte.

Já não tenho tempo para conversas intermináveis,
para discutir assuntos inúteis sobre vidas alheias
que nem fazem parte da minha.

Já não tenho tempo para administrar melindres
de pessoas, que apesar da idade cronológica,
são imaturos.

Detesto fazer acareação de desafetos
que brigaram pelo majestoso cargo de secretário
geral do coral. ?As pessoas não debatem conteúdos,
apenas os rótulos?.

Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos,
quero a essência, minha alma tem pressa?

Sem muitas cerejas na bacia, quero viver ao lado
de gente humana, muito humana;
que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com
triunfos, não se considera eleita antes da hora,
não foge de sua mortalidade, caminhar perto de
coisas e pessoas de verdade,
O essencial faz a vida valer a pena.
E para mim, basta o essencal!.

Video: Antonio Abujamra declama “O valioso tempo dos maduros”

http://youtu.be/62PBhLFTcuM

Redação

15 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1.  
    Que tal estabelecer de

     

    Que tal estabelecer de forma incontestável a autoria e talvez o próprio título? Transcrevo trecho de resposta de Ricardo Gondim a uma leitora:

     

    “Não, Daisy, o texto não é do Rubem Alves. Ele é meu! Eu o escrevi. Está em meu livro “Creio, mas Tenho Dúvidas”, publicado pela Editora Ultimato, com registro no ISBN, consta na página 107.

    Portanto, se alguém, inescrupulosamente, atribui o texto a Rubem Alves, está sendo desonesto comigo e com a minha produção intelectual. Inclusive, sugiro que você pergunte diretamente ao Rubem Alves, se é de sua lavra “O Tempo que Foge”. Sendo ele um homem digno, honesto e verdadeiro, certamente, reconhecerá que o texto é meu.

    Grato. Como você duvida da minha integridade, lamento, mas o mesmo texto tem sido atribuido a várias pessoas, inclusive a Mário de Andrade.”

    Que fique clara a minha preocupação com a questão da autoria, independentemente de qualquer juízo de valor a respeito do conteúdo. Em paralelo com a riqueza que nos trouxe, a internet produziu um fértil filão de apócrifos. Um pouco de cuidado com a verificação de autoria talvez tivesse efeito salutar em fazer definhar tal filão.

    Saudações

     

  2. Retiro

    Trechos do Documentário – “Paulinho da Viola – Meu Tempo É Hoje”

    Lançamento 2003

    Direção – Izabel Jaguaribe

    Retiro

    Composição: Paulinho da Viola

    Meu tempo às vezes se perde
    Em coisas que não desejo
    Mas não repare esse lado
    Pois meu amor é o mesmo
    Nos momentos de carinho
    Eu me desligo de tudo
    Nos braços de quem se ama
    É fácil esquecer o mundo

    Às vezes eu me retiro
    E nada me faz sentido
    Só há um canto na vida
    Aonde eu me refugio
    Afasta as sombras que eu vejo
    Em teus olhos tão aflitos
    Você conhece minhÂalma
    E quando quer me visita  [video:http://www.youtube.com/watch?v=7GyLkEyXZqc%5D

  3. Que poema!

    Eu acrescentaria no remate final: A VIDA COMEÇA TODOS OS DIAS!

    E aproveito para relembrar Guilherme de Almeida:

    OS BARQUINHOS DE PAPEL

    Quando a chuva cessava e um vento frio
    franzia a tarde tímida e lavada,
    Eu saía a brincar pela calçada
    Nos meus tempos felizes de menino

    Fazia de papel toda uma armada
    e, estendendo meu braço pequenino
    eu soltava os barquinhos sem destino,
    ao longo das sargetas, na enxurrada…

    fiquei moço.E hoje sei, pensando neles,
    Que não são barcos de ouro meus ideais
    Que são feitos de papel,tal como aqueles
    Perfeitamente, exatamente iguais…

    Que os meus barquinhos, lá se foram êles!
    Foram-se embora e não voltaram mais

     

  4. Essência é essencial

    Quando escrevi o texto abaixo, incorporei a ele esse que foi postado aqui no blog, dizendo que era de autor desconhecido. Há pouco tempo ele chegou às minhas mãos novamente como de autoria de Mario de Andrade, mas Felippe, um colega de Florianópolis, pesquisou e disse que era de Ricardo Gondim.

    Aí vai.

    Essência é essencial

    Há um filme interessante chamado “Encontro Marcado”, com Anthony Hopkins (como sempre fantástico, interpretando um magnata da mídia), Brad Pitt e Claire Forlani (meu Deus do céu, ela é linda). A morte (Brad Pitt) vem buscar Anthony Hopkins, mas antes resolve passar algum tempo convivendo com ele e a sua família. Na festa de seu aniversário de 60 anos (se não me engano), sabendo que naquela noite a morte o levaria, num pequeno discurso ele diz; “60 anos, como foi rápido”.

    Costumamos não ter noção de muita coisa. Do quão rápida é a vida é uma delas. Graças a essa insensatez, nos aborrecemos e nos consumimos com pessoas e coisas bobas, pequenas. Consumimos a nossa energia por tão pouco, quando devíamos buscar viver melhor. Não faz nenhum sentido, mas é assim. Quantas vezes vemos exemplos, lemos mensagens (hoje em dia então com a Internet), nos conscientizamos de que não vale a pena, mas, dali a dez minutos, estamos de volta à indignação por quem não merece.

    Olhe em volta. Muita pobreza de espírito, mediocridade, egos fora de controle. Mas, o que é que você tem com isso, não é da sua conta. Vá viver o tempo que lhe resta, esqueça “esses caras”. Você consegue?

    Já sentiu perda de tempo em algumas discussões? A coisa num nível superficial, sem qualquer tipo de compromisso, dizer por dizer. Não tenho mais tempo para isso. Afasto-me.

    Deparei-me com um pequeno texto, de autor desconhecido, que diz tudo. Vejam.

    Quando se tem 50 anos ou mais

    Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para a frente do que já vivi até agora. Tenho muito mais passado do que futuro.

    Sinto-me como aquele menino que ganhou uma bacia de jabuticabas. As primeiras, ele chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço.

    Já não tenho tempo para lidar com mediocridades. Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflados. Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte.

    Já não tenho tempo para conversas intermináveis, para discutir assuntos inúteis sobre vidas alheias que nem fazem parte da minha. Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar da idade cronológica, são imaturos.

    Detesto fazer acareação de desafetos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário geral do coral. Lembrei-me agora de Mário de Andrade que afirmou:
    ‘As pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos’.

    Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa…

    Sem muitas jabuticabas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana; que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade, caminhar perto de coisas e pessoas de verdade,
    O essencial faz a vida valer a pena.

    E para mim, basta o essencial!

     

    Há alguns anos atrás li vários livros de Roberto Freire* entre os quais “Sem tesão não há solução”. Vou roubar esse título dele.

    Sem essência não há solução.

     

    * Roberto Freire (1927-2008) – Escritor, dramaturgo, jornalista, médico, psicanalista, criou a Soma, uma terapia anarquista, baseada nas idéias revolucionárias do psiquiatra austríaco Wilhelm Reich.

    1. Gostei!

      Poxa Ronaldo!

      Muito bonito, muito prazer e vamos conversar mais, aqui ali mais nao desapareca nao!

      Obrigado assim mesmo

      Poderia fazer uma bonita recordacao e homenagem a ele aqui, recolocando sua obra e pensamento. Ha! nao li todos os seus livros e sera que acho na web?

      Balada para os Protomutantes

       

       

        Para Roberto Freire (1927-2008)

       

      A atual maioria autoritária, bélica e antiecológica,

      a gritante situação de injustiça social sempre no ar.

       A pedagogia mesma autoritária burguesa e religiosa

      e a eterna e surda ameaça da hecatombe nuclear.

       

       

      Neuróticos e psicóticos gerados pela antipsiquiatria,

      as velhas ditaduras, econômicas ou de estado.

      O sacrifício versus o prazer, a luta das ideologias,

      o povo como uma praga de gafanhotos arcaicos.

       

       

      O paternalismo que cria dependência filial

      nos planos emocional, intelectual e econômico,

      o duplo vínculo na comunicação, tão fatal

      na desintegração do ser como autônomo.

       

       

      A aceitação do amor só de forma complementar

      que cria nefastas dependências e parasitismos.

      A regra de um pelo outro sempre se sacrificar,

      o cadáver ambulante do gasto amor feito donativo.

       

       

      Nas famílias e nas escolas, como método, a chantagem,

      migalhas, pela Igreja ou pelo Estado, ou a condenação.

      Pessoas que passam a vida sofrendo por não aceitarem

      que os relacionamentos acabam, mas o amor não.

       

       

      As tendências incontestáveis de um mundo cibernético,

      anunciam a nova raça que surge neste terceiro milênio:

      São os mutantes culturais, os protomutantes, éticos,

      uma pequena vanguarda do humano comportamento.

       

       

      Sociais-anarquistas, eles vão criar o futuro da sociedade

      com o amor e todo relacionamento suplementar, lúdico.

      A compreensão de cada ser pela sua única originalidade,

      poder amar, ser livre, ser original e poder ser único.

      http://ronaldo.teixeira.zip.net/arcp011-03-27_2011-04-02.html

       

       

  5. Luiz Alberto,
    Realmente, é

    Luiz Alberto,

    Realmente, é mais um caso, entre tantos na internet, de autoria falsamente atribuída. O texto parece ser realmente de Ricardo Gondim, que pode comprovar pois o publicou em livro.

    Obrigado pela correção

    Gilberto Cruvinel

  6. O Tempo Que Foge

    Nassif: tenho pra mim que o Sr. Gilberto Cruvinel equivoucou-se na autoria do texto “O Valoso Tempo dos Maduros”. Em meados de 2009 recebi semelhante escrito e busquei nos meus arquivos sobre Mario de Andrade a confirmação. Devo dizer que deste poeta, ensaista e romancias aprendi admirar a obra literária através de um dos seus dissípulos, o saudoso amigo e mestre Fernando Gois, acadêmico do Arouche, que recomendava cuidado no trato de autoria do mestre da Lopes Chaves, pois a obra esparsa dele era imensa. Por mais de 6 meses nada de positivo consegui, até que me informaram ser o texto de autoria do Sr. Eugênio Gudim, com o título “O Tempo Que Foge”, tambem apropriado ao escrito. E como em contrario nada me trouxeram, tive por bem admitir a autoria deste último. Inclusive, no autono de 2010 fiz um clip musicado a respeito, que, infelizmente, não pude introduzi-lo aqui.

  7. O tempo

    O texto é lindo, pensei que era de Rubem alves, possui o estilo dele mas não importa, o que importa é que é lindo e a partir do momento em que está na net é nosso! de quem ama um bom texto e quando sentimos as palavras do autor como se fora para nós em especial passa a ser meu, seu e de quem amar.

    Parabéns ao autor e obrigada por tanta beleza! Num momento em que todos nós choramos a ausência de Rubem Alves que hoje está com as estrelas fazendo poemas por lá!

  8. Belo texto. Conheci hoje, atribuído a Mario de Andrade. Fiquei com dúvida e vim pesquisar o autor. Ainda bem que achei. Precisamos dar os devidos créditos a quem, de fato, faz jus. Vou ler o texto hoje em uma reunião pedagógica.

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador