O ensino de Lacan e o discurso do psicanalista

Seminário: O ensino de Lacan e o discurso do psicanalista

Sugerido por Ivanisa Teitelroit Martins

Redação

7 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Allan Watts

    Why do we love nonsense? Why do we love Lewis Carroll with his “‘Twas brillig, and the slithy toves did gyre and gimble in the wabe, all mimsy were the borogoves, and the mome raths outgrabe…”? Why is it that all those old English songs are full of “Fal-de-riddle-eye-do” and “Hey-nonny-nonny” and all those babbling choruses? Why is it that when we get “hep” with jazz we just go “Boody-boody-boop-de-boo” and so on, and enjoy ourselves swinging with it? It is this participation in the essential glorious nonsense that is at the heart of the world, not necessarily going anywhere. It seems that only in moments of unusual insight and illumination that we get the point of this, and find that the true meaning of life is no meaning, that its purpose is no purpose, and that its sense is non-sense. Still, we want to use the word “significant.” Is this significant nonsense? Is this a kind of nonsense that is not just chaos, that is not just blathering balderdash, but rather has in it rhythm, fascinating complexity, and a kind of artistry? It is in this kind of meaninglessness that we come to the profoundest meaning.

  2. A originalidade da clínica psicanalítica

    A originalidade da psicanálise,  lalingua e as janelas sobre o inconsciente

    Jornada Interna da SPID – 1o semestre de 2014

    Este trabalho se constroi criticamente a partir de algumas questões que estão embutidas na concepção da “nova clínica” e das “novas patologias” que em nossa opinião são tentativas de salvar a clínica psiquiátrica. Uma concepção que se inscreve em uma clínica de normas e não da lei, para retomar uma distinção de Michel Foucault. Do ponto de vista psicanalítico, se é normal na estrutura e são os elementos desta que se trata de cernir ao lhes reduzir à sua mais simples expressão. Na clínica que se transmite, o analista está incluído. A originalidade da psicanálise não se apoia sobre um aparato conceitual sistematizado mas sobre a dit-mansion da língua com  janelas que se abrem sobre o inconsciente.

    Em 1973, em Televisão, Lacan opõe a psicoterapia e a psicanálise e as situa em duas vertentes diferentes quanto à sua relação com a linguagem e o inconsciente: a psicoterapia se situa sobre a vertente do sentido, do bom sentido , da sugestão, e esta recupera algo de propedêutico. A esta vertente de sentido se opõe a vertente do signo e de um inconsciente estruturado como linguagem. Esta é uma oposição a ser decifrada como a oposição fregeana do Sinn (sentido) e da Bedeutung (significação, referência) – citada em Problemas cruciais para a psicanálise de Jacques Lacan. Uma oposição que estruturaria a psicoterapia e que excederia o campo da psicanálise, levando em conta a problemática da nominação,  enquanto na clínica o que se trabalha é o passe.

    A verdadeira clínica psicanalítica é aquela que vem do dizer do analisante que testemunha e não aquela do analista que comenta e exibe vinhetas clínicas. Há uma fenda irredutível entre o que diz o analisante de sua análise e o que diz o analista.

    O ser do analista é formado por uma metade do sinthoma do analisante – como sujeito suposto saber – e como objeto parcial de sua história. No momento em que o analista puder saber alguma coisa de seu ser, no fim de uma análise, por exemplo, ele decai como semblante do objeto pequeno a. É sempre no só-depois do dizer de um analisante que pode-se dizer se houve análise e não pela transmissão do que se apresenta sobre um outro presumivelmente analisado.

    No lugar deste ser o analista é devolvido à sua falta a ser, seja seu desejo que permanece um x que se pronuncia ics. Um x articulado (desejo inédito, advertido…) ou articulável.

    O analista encarna a função de corte quando ocupa um lugar na transferência e no discurso analítico e é verdade que “os psicanalistas fazem parte do conceito do inconsciente uma vez que se colocam no lugar do endereçamento”. – citado em Posição do Inconsciente de Jacques Lacan em Escritos.

    O Um encarnado na lalíngua é algo que continua indeciso, indecifrável entre o fonema, a palavra, a frase, assim como em todo o pensamento. Isso é o que está no que se chama de significante mestre. O corte criado a partir do Um não é determinado por antecipação e não faz código, mas se constitui como segmento de corte para uma outra segmentação, um S índice2 que Lacan a partir de 1969 chama saber. Todo o esforço de Lacan consiste em formular a relação deste S índice 1 ao S índice 2, a relação de um corte a um outro corte. Em seu seminário “Mais Ainda” a relação de um corte a um outro corte torna-se algo do nó borromeu, uma ponta de fio em torno do qual se faz nó e vem a se enodar a um outro corte.

    Se há alguma coisa que encarna bem a clínica psicanalítica é que esta é a clínica do sujeito. Não do sujeito absoluto, não do sujeito do conhecimento, não do sujeito filosófico ou psicológico e sim do sujeito dividido, do sujeito como corte. Na transmissão da clínica é preciso se questionar para saber se o corte que é feito sobre a falação corresponde àquele do sujeito: do sujeito como corte do imaginário, do simbólico, do real.

    E as questões se colocam: qual é o referente de um corte? Trata-se de uma metáfora? Qual é o real do corte? Não é suficiente que o termo corte seja apropriado pela linguagem para qualificar as experiências clínicas, além do mais é preciso que aconteça no contexto da própria experiência.

    A prática das vinhetas clínicas tão difundida nos dias de hoje como meio de transmissão é neste contexto, um erro, que se redobra às vezes a partir da contra-transferência, além de dar consistência a um fantasma do analisante: o de fornecer o material para que seu analista construa um caso. A vinheta institui sobre o analisante um fantasma. E dá a ilusão de um acesso direto à realidade da clínica, fazendo com que se esqueça da construção que a sustenta, do método que a orienta, da inclusão do analista no sinthoma. O analista nega o ato pelo qual ele isola um momento de análise como fato clínico. A vinheta clínica projeta uma cortina de fumaça sobre a inclusão do analista em sua relação aos fundamentos da clínica e mascara a parte do intransmissível que há em toda transmissão.

     

                                                    Ivanisa Teitelroit Martins

                                                    23 de agosto de 2014

    1. J C Pompeu

      Não consigo iluminar as estrelas abaixo do seu texto. Deve haver um limite determinado para cada participante. Gostaria de agradecer sua colaboração. Somente faltou dizer o nome do entrevistado. Abraço fraterno

  3. GGN-NASSIF é também um blog intrigante!

    GGN-NASSIF é também um blog intrigante! nas vagas horas de um domingo entediante…

    O senhor conheceu Lacan muito bem.

    Fomos muito amigos durante alguns anos. Íamos com os Merleau-Ponty almoçar em Guitrancourt, onde ele tinha uma casa. Quando minha mulher e eu estávamos procurando uma casa de campo, Lacan tinha acabado de comprar um DS, que queria dirigir. Partimos em expedição a quatro, foi muito divertido. Precisava ver Lacan desembarcando num hotel chinfrim de cidade do interior e ordenando, do alto de sua majestade imperial, que lhe preparassem um banho imediatamente!

    Nunca falávamos sobre psicanálise ou filosofia; preferíamos arte e literatura. Sua cultura era muito vasta, adquiria quadros e obras de arte; isto era assunto para nossas conversas.

    Quando o senhor começou seus cursos na Quinta Seção da École des Hautes Études, ele também começou seu famoso “seminário”. O senhor teve oportunidade de assistir a ele?

    Mais tarde, e apenas uma vez, o primeiro que ele deu na rua de Ulm. Quando lhe fecharam a Escola Normal, mesmo convencido de que ele não tinha razão, intervim junto a Braudel para que a École des Hautes Études o acolhesse.

    Que acha dos trabalhos dele?

    Precisaria compreendê-los. E sempre tive a impressão de que, para os seus ouvintes fervorosos, “compreender” não queria dizer a mesma coisa que para mim. Eu precisaria de cinco ou seis leituras. Merleau-Ponty e eu conversávamos às vezes sobre isso, concluindo que nos faltava tempo.

    No entanto, o senhor o citou…

    Acho que uma única vez, sobretudo por amizade.

    Apesar da amizade, o senhor se aborreceu quando associaram o nome dele ao seu na constelação do “estruturalismo”.

    Confesso que sim; mas naquele momento ele tinha se transformado numa espécie de guru e nossas relações tinham esfriado bastante.

    Élisabeth Roudinesco afirma, na sua História da psicanálise, que Lacan sempre se sentiu muito infeliz por sua falta de inserção universitária. Especialmente porque não fazia parte do Collège de France…

    Ele nunca falou sobre isso, mas é possível.

    O senhor nunca pensou em apresentar a candidatura dele ao Collège de France?

    A ideia não me ocorreu. E ele, por sua vez, acabei de lhe dizer, nunca me fez a menor alusão, tampouco a Merleau-Ponty, pelo menos não na minha frente.

    De perto e de longe. Claude Lévi- Strauss & Didier Eribon. Cosac Naify, 2005.

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador