A mais nova Joia de Copacabana

O charme do cinema de rua ganha um saudoso reforço em Copacabana. Atendendo às expectativas de moradores e cinéfilos de plantão, o Cine Joia reabre as suas portas nesta sexta-feira na Galeria 680 da Avenida Nossa Senhora de Copacabana.

Cria de Copacabana, Fausto Fawcett comenta a reabertura do Joia:

Fechado desde 2005, o Joia passou por ampla reforma, que manteve, entretanto, a sua estrutura original, como as 87 poltronas coloridas, que foram restauradas, e o letreiro, cuja única alteração foi a retirada do acento devido à nova ortografia.

O “cine mofo”, como era conhecido – problema resolvido com a reforma -, foi fundado na década de 1970 como Cine Hora e já encantou muita gente com suas matinês de desenhos animados e sessões de filmes cult. A proposta de passar o tempo curtindo filmes bons e a preço baixo retorna através dos investimentos de cinco sócios dispostos a devolver ao Rio a cultura dos cinemas de rua.

O empresário Raphael Aguinaga, de 37 anos, e mais quatro sócios se uniram para resgatar o cinema barato e de qualidade. Em 2007, depois de estudar roteiro cinematográfico na França, Raphael se associou ao produtor João Queiroz Filho, que por dez anos foi executivo da Universal.

– Nós procuramos conhecer melhor o mercado de distribuição e exibição de filmes no Brasil e vimos que há uma grande lacuna. O atual modelo de crescimento das salas de cinema no nosso país está vinculado aos shoppings. Por que isso? Falta uma diretriz do Poder Público para popularizar o cinema – diz Raphael.

Cinema para todas as classes

A ideia da Vilacine, que administrará o Joia, é que, uma vez tendo êxito o projeto-piloto, o modelo se multiplique pelo Rio e por outras cidades brasileiras, através da ocupação de salas fechadas ou até mesmo a construção de novas.

A programação, que reflete a filosofia do grupo, incluirá filmes que não costumam entrar no circuito nacional ou que já foram exibidos no passado, mas que o público quer rever. A pré-estreia, que ocorreu na quinta-feira, provou isso ao exibir o documentário britânico “Joy Division”, que mostra cenas inéditas de ensaios shows e da intimidade dos integrantes da carreira meteórica da banda de rock que fez sucesso na década de 1980.

A entrada inteira a R$ 10 e a meia a R$ 5 é, segundo Raphael, o ponto central da democratização do acesso ao cinema. Ele argumenta que hoje quem quer ir ao cinema paga caro pelo filme, pela pipoca e pelo estacionamento.

– Quando você paga os impostos, você financia os filmes. As classes C e D também querem ir ao cinema. O Cine Joia irá atender comunidades como os Morros dos Tabajaras e Chapéu-Mangueira. Queremos contribuir para o debate sobre a situação do cinema no Brasil, onde os ingressos custam mais caro do que nos Estados Unidos e na Europa.

Moradores comemoram reabertura

A psicóloga Heloísa Pernambuco, de 60 anos, mora em Copacabana desde que nasceu e relembra a época em que frequentava o cinema, principalmente nos anos 1980:

– Os filmes eram muito bons. Hoje em dia nós só temos cinemas em shoppings, não existem mais os de rua, como antigamente. Eu lembro que eu ia com amigos e com meu namorado.

Ao saber do valor do ingresso, R$ 10, Heloísa não se conteve:

– Oba! Agora está melhor ainda. Perto de casa e a preço acessível. Estarei lá, com certeza.

A jornalista Liana Carvalho, de 46 anos, que também mora em Copacabana, era frequentadora assídua do cinema.

– Eu ia muito, desde criança. Não tinha só o Joia, havia uns três outros cinemas de rua ali perto. Eu vi desde desenho animado até “O Fantasma da Ópera”. A reabertura do cinema é excelente porque os cinemas de rua em Copacabana praticamente acabaram. E o ambiente é totalmente diferente dos cinemas de shoppings – conta Liana, que diz que o filme que mais marcou a sua vida foi o franco-russo “Leste Oeste”, de 1999.

E para abrir a primeira semana de sessões cuidadosamente escolhidas para o público, será exibido o documentário “Paulo Gracindo – O Bem Amado”. Dirigido por Gracindo Jr.,de 2007, que conta, através de depoimentos de amigos e colegas, a história do ator que viveu o inesquecível Odorico Paraguassu.

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Pelo menos uma luz no fim do túnel… (ops, na telona).

Fonte: O Globo / Cultura

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Laura Macedo

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