Cyro Monteiro e Denis Brean em “Boogie-Woogie na favela”

Cyro Monteiro (1913-1973) gravou, em 1945, de Denis Brean (1917-1969) o samba “Boogie-Woogie na favela”, cuja letra comenta a invasão de ritmos estrangeiros na cultura brasileira. Cyro, no auge da carreira, contribuiu bastante para o sucesso da gravação.

Boogie-Woogie na favela” (Denis Brean) # Cyro Monteiro. Disco Victor (80-0294-A), 1945.

Os pesquisadores Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello, no livro – “A Canção no Tempo” (Vol. 1: 1901-1957) -, relatam os bastidores desse sucesso.

Achando seu nome ótimo para intitular uma casa de secos e molhados, mas péssimo para ser usado por alguém que pretendia seguir uma carreira artística, o compositor Augusto Duarte Ribeiro adotou o pseudônimo de Denis Brean. E deu sorte, pois com esse pseudônimo assinaria grandes sucessos que o credenciariam como um dos melhores compositores paulistas de música popular. O primeiro foi ‘Boogie-Woogie na favela’, uma espécie de ‘samba-boogie’ que comenta a invasão de ritmos americanos em nosso meio, chamando o boogie-woogie de ‘A nova dança que faz parte da política da boa vizinhança’.

Na verdade, o que chegou aqui foi uma versão comercializada do boogie-woogie, conhecida como jitterbug, ou jive, dança nascida de um estilo jazzístico de tocar Blues ao piano. Neste estilo, a mão direita improvisa sobre uma repetida sequencia de baixos, sustentada pela esquerda. Na época vivendo sua melhor fase, Cyro Monteiro gravou com muita graça ‘Boogie-Woogie na favela’”.

Fontes:

– A Canção no Tempo – 85 Anos de Músicas Brasileiras, Vol 1: 1901-1957 / Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello. – São Paulo: Ed. 34, 1997.

– Dicionário Cravo Albin da MPB (Verbetes: Denis Brean/Cyro Monteiro).

– Foto montagem: Laura Macedo.

– Fotos: Capa partitura/Selo disco – Miguel Bragioni (Arquivo Confraria do Chiado/Facebook).

– Site YouTube (Vídeo canal ZeMedela).

Laura Macedo

7 Comentários

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    1. Emocionante…

      Maria Luisa,

      É sempre emocionante rever esse depoimento da Elis sobre o amigo Cyro Monteiro.  E você, também, deixou extravasar, com muita propriedade, sua emoção e me contagiou…

      O outro vídeo – “Tem que rebolar” (José Batista/Magno de Oliveira) -, as performances da dupla Cyro Monteiro e Elizateh Cardoso são fantásticas. Deixo pra você e quem mais chegar o disco completo “A Bossa Eterna de Elizeth e Cyro” – AQUI.

      Beijos.

       

    1. Samba Bop

      Oi Jair,

      “Chiclete com banana” (Gordurinha/Almira Castilho) é outro bom exemplo que demonstra, também, o “toma lá da cá”, entre a nossa música e a americana.

      “Eu só boto be-pop no meu samba / quando o Tio Sam tocar um tamborim / quando ele pegar num pandeiro e numa zabumba / quando ele apernder que samba não é rumba / aí eu vou misturar Maiami com Copacabana / chiclete eu misturo com banana / e o meu samba vai ficar assim…” A princípio foi assinada apenas por Gordurinha. Segundo os pesquisadores Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello existem “algumas gravações com o nome de José Gomes como co-autor e em outras como de Almira Castilho”.

      Amigo Jair, o certo é que é uma delícia! Abraços.

  1. Gostinho de chiclete


    Mal comecei a ler/ouvir, pensei em Chiclete Com Banana, e o Jair Fonseca foi logo ensinando: essa aí é posterior a Boogie Woogie na Favela. Faz pensar também no Zé Carioca, do velho Disney, e nas muitas versões de sucessos americanos dos anos 40 a 60, alguns dos quais costumam agitar nossos bailes no Festas Mil.

    Beijos.

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