Luciano Hortencio
Música e literatura fazem parte do meu dia a dia.
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O cantor gaúcho Carlos Carriê

Dom JNS e luciano hortencio

 

Há muito tempo vinha esperando um golpe de sorte para postar no youtube três interpretaçõs do cantor gaúcho CARLOS CARRIÊ. Malgrado ter os fonogramas e saber que as gravaçõs são da MOCAMBO, não tinha qualquer informação adicional sobre o “vocalista mais simpático do rádio rio grandense”, como se lê acima.

Ontem recebi do amigo Samuel Machado Filho o fonograma do bolero MELANCOLIA e uma página da Revista do Rádio, que recortei por não ser o restante da página atinente ao cantor. Assim, fiz o milagre dos pães com a imagem que tinha, porém nenhuma informação a mais consegui obter.

Minha amiga e professora Laura Macedo obteve sucesso aqui ontem, pois conseguiu uma excelente foto de Diamantina Gomes e outras contribuições. Quem sabe hoje não será meu dia de sorte?

 

Acertei no milhar! Ontem realmente era meu dia de sorte!

Dom JNS conseguiu importantíssimas informações sobre CARLOS CARRIÊ, que integrarão e enriquecerão sobremaneira esse Post.

 

Carlos Carriê.

 Cantor da Rádio Nacional.

* Nome: Severino do Brasil Manique Júnior.

* Não fuma, não joga e só bebe socialmente.

* Gosta de jogar xadrez e ler bons livros; ver bons filmes; ouvir boa música (seja cantada ou orquestrada); de viajar; de crianças; de gente sincera; de futebol; de boa poesia; de falar espanhol; de manhãs no interior (campo); do Rio (a cuja acolhida é grato); de liberdade com responsabilidade; de respeito a toda e qualquer pessoa (desde a mais humilde a mais rica).

* Não gosta de gente falsa; de bajulação; de elogio “de corpo presente”; gente bisbilhoteira; misturar sua vida privada com a profissional; lugar barulhento; ver maltratar quem quer que seja.

* É oficial da reserva do Exército; taquígrafo; jornalista, técnico diplomado em relações humanas e relações publicas, em legislação sindical e do trabalho, tem curso de oratória; está freqüentando o curso de selecionador e provador de café; é assistente técnico do Serviço Público Federal.

* Se não fosse o que é, gostaria de ser advogado criminalista.

* É contra a pena de morte e toda espécie de violência.

* É contra qualquer espécie de preconceito.

* Idealizou, fundou e dirige a “Divulbrás”, órgão de divulgação positiva das coisas.

* Canta em espanhol, inglês, italiano e francês, além do idioma pátrio.

* Começou a cantar em Porto Alegre, sua terra natal, onde atuou nas rádios Difusora, Farroupilha e Gaúcha, quando, então se transferiu para a Nacional.

* Acaba de gravar na Mocambo – de cuja gravadora é exclusivo – onde tem criado grande sucessos como “A última vez que eu vi Paris”, “Melancolia”, “Ribalta”, “Arriverdeci”, “Roma”, etc, – o beguine “Romântica” (1º prêmio no Festival de San Remo de 1960) e o samba “Minha Serenata”, de autoria de Bidu Reis e Murilo Latini, com os quais crê poder alcançar mais um sucesso.

 

 

O ÚNICO SOFREDOR

Oziel Peçanha | Correio da Manhã / BNDigital | 27 de Abril de 1960

A Câmara dos Vereadores do então Distrito Federal, não regateou títulos de Cidadão Carioca a um sem-número de radialistas. Seria justo que um dia cobrassem esta dívida, o que aconteceu por ocasião da transformação da nossa Cidade em estado da Guanabara. Pretenderam alguns legisladores que a marcha “Cidade Maravilhosa”, agora o hino oficial do Estado, fosse interpretada por gente do Rádio. Apenas um apareceu e não foi nenhum Cidadão Carioca nem mesmo nato: Carlos Carriê, gaúcho de nascimento, mas carioca de coração o que faz sempre questão de comprovar em retribuição a boa acolhida recebida durante os longos anos em que aqui vive a serviço da radiofonia. Embora não tenha sido lembrado pela Câmara como tantos outros, Carlos Carriê, fiel aos seus sentimentos, com a sua bonita voz comandou a massa que compareceu às festividades na entoação do hino dos cariocas. Não se complexou por não ter recebido as honrarias de Cidadão Carioca.

Comparecer só, na qualidade de bom cidadão e, ainda, na de compenetrado profissional de Rádio não contrariou o cantor da Rádio Nacional. Mas, se o encontramos bastante deslocado foi porque o deixaram como um visitante qualquer, apenas, das 22 horas do dia 20 até as 5 horas do dia 21 e de lá saiu sem receber ao menos um muito obrigado. Sem que fosse reconhecido que sendo um gaúcho, fez questão de participar dos festejos que, a rigor, deviam pertencer aos cariocas.

Felizmente, disse ele, na ocasião, a este colunista; !eu sou o único sofredor, entre centenas de radialistas nesta Cidade Maravilhosa que considero, também, minha.”

 

 

 

 

Luciano Hortencio

Música e literatura fazem parte do meu dia a dia.

26 Comentários

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  1. Tanguista simpatico

    Bom dia, Luciano!

    De Carlos Carriê eu não sei nada, apenas que cantava tangos também. E pensando em tango, Rio Grande, proximo da Argentina e Uruguai, pensei num Doc do Youtube, bem antigo, em que se conta La historia del tango.

    Se não conhece ainda, boa degustação!

    [video:https://youtu.be/uIzMmX2EWUE%5D

  2. Equinocio da Primavera

    E como hoje começa a primavera (quer dizer, amanhã mais precisamente), teve ate eclipse solar por aqui hoje. Deixo alguns calmantes para os olhos:

     

     

     

  3. A capivara

     

      Carlos Carriê

      Cantor da Rádio Nacional

    * Nome: Severino do Brasil Manique Júnior

    * Não fuma, não joga e só bebe socialmente

    * Gosta de jogar xadrez e ler bons livros; ver bons filmes; ouvir boa música (seja cantada ou orquestrada); de viajar; de crianças; de gente sincera; de futebol; de boa poesia; de falar espanhol; de manhãs no interior (campo); do Rio (a cuja acolhida é grato); de liberdade com responsabilidade; de respeito a toda e qualquer pessoa (desde a mais humilde a mais rica).

    * Não gosta de gente falsa; de bajulação; de elogio “de corpo presente”; gente bisbilhoteira; misturar sua vida privada com a profissional; lugar barulhento; ver maltratar quem quer que seja.

    * É oficial da reserva do Exército; taquígrafo; jornalista, técnico diplomado em relações humanas e relações publicas, em legislação sindical e do trabalho, tem curso de oratória; está freqüentando o curso de selecionador e provador de café; é assistente técnico do Serviço Público Federal.

    * Se não fosse o que é, gostaria de ser advogado criminalista.

    * É contra a pena de morte e toda espécie de violência.

    * É contra qualquer espécie de preconceito.

    * Idealizou, fundou e dirige a “Divulbrás”, órgão de divulgação positiva das coisas.

    * Canta em espanhol, inglês, italiano e francês, além do idioma pátrio.

    * Começou a cantar em Porto Alegre, sua terra natal, onde atuou nas rádios Difusora, Farroupilha e Gaúcha, quando, então se transferiu para a Nacional.

    * Acaba de gravar na Mocambo – de cuja gravadora é exclusivo – onde tem criado grande sucessos como “A última vez que eu vi Paris”, “Melancolia”, “Ribalta”, “Arriverdeci”, “Roma”, etc, – o beguine “Romântica” (1º prêmio no Festival de San Remo de 1960) e o samba “Minha Serenata”, de autoria de Bidu Reis e Murilo Latini, com os quais crê poder alcançar mais um sucesso.

    Meu Rei

    A minha ação investigativa vai custar caro procê, Mano Véi.

    Puxei a capivara do hômi – na Biblioteca Nacional Digital do Brasil – pra você ficar de zói nele.

    Confesso que fiquei tão encabulado com tantos predicados reunidos neste indivíduo que imaginei, durante a leitura da capivara dele, que estavam falando de mim, uai.

    Fui!

    1. Romântica

       

      Dino Verde

      Renato Rascel

      Júlio Nagib

       

      Tu és romântica

      Amar-te é reviver em mim

      Antiga ilusão de ter paixão

      De amor sem fim

      Tu és romântica

      Contigo sentirei enfim

      Nascer todo calor

      Um sol de amor no coração

      Tu és a música

      Que eu sempre quis compor

      Inspiração de ter um paraíso de amor

      E eu romântico

      Meu sonho bom é só meu bem

      O coração vou dar somente a ti e a mais ninguém

      Gravações:

      Tony Campello (Odeon)

      Carlos Carriê (Mocambo)

      Roberto Audi (Copacabana)

      Mocyr Franco (Copacabana)

       

      NOTAS DISPERSAS PUBLICADAS NO CORREIO DA MANHÃ

      CARLOS CARRIÊ e Adelaide Chiozzo são os cantores que tomarão parte na audição de hoje de “Seu Criado”, pela Radio Nacional, no horário das 13:35. Produção de Lourival Marques e apresentação de César Ladeira (Seu criado) e Daisy Lúcidi (Secretária)

      PROMESSA

      Carlos Carriê, uma das bonitas vozes da Nacional, está nos prometendo um sucesso para breve dias: a Mocambo vai promovê-lo

    2. Quero agradecer A Sr Luciano Hortencio pelo desempen

      Gostaria  de  imformar  que  a  irmã   do  cantor  carlos  carriê   ,esta  viva  e  mora  no  Rio   Grande  Do  Sul  junto  com  sua  filha  Magda  Manique  Machado   Bairro  Nonoai  junto  tambem   com  a  sobrinha  de  Carlos   Carriê  celular;  da  Magda Manique  Machado e  (51) 85836777  

      e  meu  celular  caso  o  Sr  queira  mais  imfomações   e  (62)  996972198  um  abraço  e  muito  obrigado  

       

       

       

       

       

      1. Ao Carlos Fernando Manique Machado!

        Envio fraterno e afetuoso abraço a todos os femiliares do grande Carlos Carriê.

        Caso tenham alguma foto ou algum áudio do grande cantor, envio meu email com grande satisfação:

        [email protected]

         

        luciano hortencio

  4. Sergio Bittencourt

    A Reunião do Beco

    [ Na sua coluna no Correio da Manhã, Sergio Bittencourt conta, “tintim por tintim”, os pormenores da reunião realizada no Beco das Garrafas, no Rio de Janeiro, no dia 24 de outubro de 1964, e relata o perrengue enfrentado por artistas do naipe de Elis Regina, para receber o cachê devido por apresentações nas emissoras de televisão, na década de 60 ]

    [video:https://youtu.be/P0LiAW9Es0g width:600 height:450]

    Anteontem, a partir das 20 horas, artistas de Televisão não contratados reuniram-se na boate Litle Club, no Beco das Garrafas, a fim de tomar uma posição definitiva contra a falta de cachês pelas telemissoras cariocas. Comparecemos, eu e Hugo Dupin, do “Diário de Notícias”, pois foi de nossas respectivas colunas que saiu o grito primeiro, o alerta, a sacudidela, a denúncia. Dos nossos escritos aconteceu a onda, e da onda a idéia altamente válida da reunião.

    A situação é mesmo caótica. As telemissoras não estão pagando os cachês prometidos, quando requisitam a participação dos artistas. Exceptuando a Tupi, que aos dias 10 de cada mês paga religiosamente, todas as outras prefere a dívida, mas a dívida sem nenhuma segurança para o credor – no caso, o infeliz artista. Dou a vocês alguns flashes da reunião do Beco, na noite de terça-feira:

    *** Compareceram à reunião os seguintes profissionais: Trio Yrakitan, Ciro Monteiro, Os Cariocas, Ivete Garcia, Luiz Cláudio, Pacífico Mascarenhas, Roberto Nascimento, Ernani Filho, Copa Trio, Sergio Malta, Osmar Filho, Doris Monteiro, Bossa 3, Lucienne Franco, Tenório Jr. Trio, Norma Suely Sigrid, Elis Regina, Pery Ribeiro, Orlan Divo, Tito Madi, Pedro Paulo, Marcos Vale, Wilson Simonal, Helena de Lima, Flora Purim, Carlos José, Sylvio Cesar e Silvinha Telles.

    *** Quarenta profissionais, portanto. Todos com seus cachês atrasados, e sem esperança alguma de recebê-los de imediato.

    *** Abriu a reunião o cantor Joãozinho, do Trio Yrakitan, Seguiram-se outros oradores.

    *** Como as vozes começara a se confundir, Carlos José viu-se nomeado presidente da reunião, com a missão de conceder a palavra pela ordem.

    *** Presente ao Litle Club o cantor Carlos Carriê, representando o Sindicato dos Radialistas. Lutou durante todo o tempo para que a causa fosse levada ao Sindicato, que agiria pela chamadas “vias legais”. Ninguém concordou, registrando-se, inclusive, um início de desentendimento entre o pianista e compositor Sergio Malta e o compositor Carriê.

    *** Em verdade, o Sindicato até agora disse nada a respeito do problema. Tinha conhecimento da irregularidade, mas nada fez ou procurou fazer. Para Carlos Carriê, ali em nome do Sindicato, todo artista atingido pela sonegação do se “cachê” deveria procurar o Departamento Jurídico do Sindicato. Carriê, porém, esqueceu-se de que a situação se generalizou rapidamente, deixando de se importar o “cachê” do Sr. Fulano foi pago ou não – mas, sim, se todos os artistas, chamados a “cachê” estão recebendo em dia.

    *** Do meu canto, pude observar o desespero de Carriê: um movimento puramente reivindicatório, sem a mais livre implicação ideológica, escapara do Sindicato. Parte considerável de uma classe resolvera reunir-se e deliberar, sem consultas. O Sindicato, porque se omitira, fora esquecido, relegado a terceiro ou quarto planos – Carlos Carriê sentiu o problema e assustou-se.

    *** De início, um caderno de assinaturas correu por todas as mãos. Ninguém temia a possibilidade de um boicote por parte das direções. Assinaram todos, propondo-se logo que o Caderno fosse entregue aos dois jornalista presentes – Dupin e eu – para que tirássemos os nomes e publicássemos.

    *** Defendendo a atitude mais radical (paralisação imediata de todos os artistas trabalhando à base de “cachês” falaram o violonista Roberto Nascimento, a cantora Silvinha Telles, o cantor Wilson Simonal. Sergio Malta defendeu uma campanha maciça pela imprensa.

    *** Hugo Dupin, em dado momento, pediu a palavra para comunicar que o Sr. João Batista do Amaral, pai, havia dito, no interior de “Marimbas, a seguinte frase: – A TV_Rio não precisa de artistas, os artistas é que precisam da TV_Rio!

    *** Fiz, então outro comunicado, informando que o mesmo Sr. João Batista do Amaral, pai, na presença de Moacyr Arias e Reynaldo Dias Leme, dissera, com toda a ênfase: – Artista que for à Justiça cobrar cachê, nunca mais entra no pátio da minha Estação. E não adianta correr para esses tais de Sérgio Bittencourt e Hugo Dupin!

    *** Carlos Carriê, enquanto isso lutava para levar a causa ao Sindicato, não sendo ouvido. Havia um problema imediato a ser resolvido e, de imediato, nada o Sindicato poderia fazer. Surgiu a idéia da passeata.

    *** Paralelamente ao problema dos “cachês”, falou-se das questões dos ensaios não pagos e da ilegalidade do cachê. Carriê levou ao conhecimento de todos que, mesmo trabalhando a cachê, depois de algum tempo o artista adquire direitos de empregado contratado, em caso de dispensa. Estes problemas ficaram para decisão posterior – aí, sim, através do Sindicato dos Radialistas.

    *** Ausências notada e comentadas: Dorival Caymmi e Reinaldo Dias Leme. Haviam prometido ir.

    *** O produtor da Phillips do Brasil, Armando Pitigliani, deu a idéia de um espetáculo num dos teatros da cidade, às segundas-feiras, para angariar dinheiro a ser emprestado na campanha.

    *** Ciro Monteiro sugeriu a compra de um horário na TV_Continental e, nele, a apresentação de um programa com a participação dos artistas não contratados.

    *** Pery Ribeiro mostrou-se contrário à paralisação imediata.

    *** Aventou-se a hipótese de também o Rádio ceder um horário. As Rádios Continental e Guanabara foram logo lembradas. Suas direções deverão ser procuradas.

    *** A última a chegar à reunião do Beco foi a cantora Helena de Lima.

    *** Buscava-se uma solução imediata. Três opiniões entravam em choque: os mais radicais defendiam a tese da paralisação imediata, ali mesmo; os mais moderados pediam uma segunda reunião e a designação de uma comissão que orientasse todo o movimento; Carlos Carriê brigava para levar a causa até o sindicato, sem êxito, porém.

    *** Os mais atuantes durante a reunião: Tito Madi, o pistonista Pedro Paulo, o violonista Roberto Nascimento, a cantora Silvinha Telles, o baterista Dom Um, Ernani Filho, Carlos José, Doris Monteiro, Norma Suely, Sérgio Malta e Ciro Monteiro.

    *** O mais calado: Severino Filho, do conjunto Os Cariocas.

    *** O cantor Ernani filho declarou ter 600 mil cruzeiros para receber de estações de TV. E, quando vai buscá-los, nem é recebido.

    *** Contou-se recente atitude tomada por Quartera, dos Carioca. Em nome do conjunto, o rapaz vinha procurando receber um “cachê” atrasadíssimo, na TV_Excelsior. Indicaram-no o Sr. Elano de Paula, mas o Sr. Elano simplesmente se negava a recebê-lo. A última vez que compareceu à Excelsior, Quartera, perdendo a calma, redigiu um bilhete pornográfico a Elano e desistiu de receber.

    *** Vários artistas contratados (dos quais omito o nome por motivos óbvios) telefonaram para a boate, incentivando os colegas.

    *** Os mais apaixonados pela causa: Tito Madi, Ciro Monteiro, Roberto Nascimento, Doris Monteiro e Silvinha Telles.

    *** Carlos Lyra foi outra ausência notada. Prometera ir.

    *** Mister Éco (colunista) também não compareceu. Havia hipotecado solidariedade através da coluna.

    *** A certa altura, Tito Madi pediu que levantassem o dedo todos os que tinham “cachês” atrasados a receber das estações. Os únicos a não ter: Dupin, eu Armando Pitigliani. Não somo artistas.

    *** Até Carlos Carriê tinha.

    *** Max Gold assistiu a toda a reunião, sem interferir.

    *** Por fim, foram tomadas as seguintes decisões: os artistas presentes à reunião do Beco das garrafas parariam; e, hoje, no mesmo local, porém às 18 horas, nova reunião será realizada. Medidas logo aprovadas, por unanimidade.

    *** Doris Monteiro apresentou-se com um problema: tinha sido convidado por Chacrinha para ser homenageada. O baterista Dom UM, idem. A comissão solicitou-lhes que não fossem. Pelo menos naquele instante, ambos concordaram, submetendo-se à decisão. Receberam aplausos.

    *** Fica, pois o aviso: hoje (quinta-feira), no Beco das Garrafas, nova reunião de artistas não contratados por telemissoras. Todos devem comparece, sem exceção. Às 18 horas. Lá estarei novamente.

    [video:https://youtu.be/BOQhuYr1fDs width:600 height:450]

    1. Um domingo noticioso

       

      Sergio Bittencourt na sua coluna “Bom dia, RIO”

      Dia 25 de outubro de 1964, no Correio da Manhã

      BNDigital

       

      1 – Baden Powel encontra-se no estrangeiro …

      2 – Hoje, na avenida Chile, um lodaçal …

      3 – Muito interessante o descaso da maioria do colunistas pelo problema dos cachês. Gente que vive, diariamente, da notícia que determinado artista possa representar, alguns até intimamente compromissados com determinados profissionais – nem tocam no assunto. Eu esperava isto. Depois da “revolução”, é a primeira atitude de uma classe, uma classe menor e menos protegida, uma classe tida “de brincadeira”. Os chamados “papas’ do colunismo calaram-se, quando deveriam, na pior das hipótese, noticiar o que vem acontecendo. Parece haver uma espécie de mordaça, ou então medo aos quilos.

      4 – O tópico 3 refere-se a todos os colunistas especializados que, até o momento, não noticiaram a greve dos cachês. Sem exceções.

      5 – Tem caído alguma chuva e a Presidente Vargas …

      6 – A TV_Rio importou mais um artista estrangeiro, na base do milhão: Trini Lopez, a sua alcunha. É alienado até a medula, ídolo de uma pseudo juventude, aquela que eu entendo como “visceralmente desocupada”. Os disk-jóqueis já estão assanhados, promovendo a importação. Enquanto isso, artistas nacionais brigam para receber cachês, atrasados desde maio.

      7 – Acabou o programa, o ótimo programa “Vip Show” …

      8 – Muitas portas fechadas para o locutor Reynaldo Dias Leme …

      9 – Ciro Monteiro confessou, durante a segunda reunião de artistas não contratados, que está sem trabalhar em TV há quase dois meses. Parou por conta própria, porque não entende falta de respeito a um artista da sua idade. Já nem se trata mais do seu prestígio, da sua importância no cenário musical, da sua honestidade profissional – mas, da sua idade. Endosso a opinião de Ciro Monteiro.

      10 – Ate sábado, pela manhã, a Rio negava-se a manter qualquer entendimento com os artistas que reclamam cachês atrasados. Desautorizados pelo Sr. João Batista do Amaral, pai, nenhum dos diretores pôde, sequer, tentar uma aproximação. Escrevo no sábado, pela manhã, poucas horas antes da terceira reunião do Beco das Garrafas. Pode ser que a Rio resolva ceder, mas não creio. O Sr. João batista do Amaral, pai, é o autor da célebre frase, a mais imbecil dita, até hoje, dentro de uma estação de TV: – A TV_Rio não precisa de artistas. Os artistas é que precisam da TV_Rio.

      Esta, a mentalidade de um homem. Sua estação fatura pra lá de 370 milhões, muitos desses milhões gastos em permutas. Hoje, domingo, João Batista do Amaral descansa numa fazenda do Estado do Rio, e nem quer saber se deve, a quem deve, e quando pagará. Papel triste, incompatível com o grisalho dos seus cabelos.

      11 – Amanhã, em frente à sua estação, no clube Marimbas, por certo um dos dois, pai ou filho, achará graça de não pagar aos seus credores. Entre duas doses de uísque, fará ameaças a quem reclamar pagamento.

             Creiam: a queda da Rio será na vertical, e para sempre.

      1. Parceirinho Maior

         

        É muito elegante e gratificante a inclusão do jns_zinho como co-autor em uma arte exclusiva do Mestre.

        Mas não deveria:

        Você é o sujeito que “cavuca fundo” estas peças raras para lembrar que a cultura popular existe além da massificação e do rolo compressor do mainstream.

        Eu só entrego intervenções que podem ou não contribuir, sem abandonar o riso e a pilhéria, sob o risco de desagradar exageradamente (se for só um pouquinho, tá de boa, uai!).

        Entenda, Meu Rei, que um sujeito abusado, que é identificado por três consoantizinhas, grafadas em caracteres minúsculos, jamais pretende alcançar a glória celestial e a fama – portanto, não rogai por mim, Tenor – e que ele fica feliz por, apenas, encaminhar um catado de informações ao seu blog caranguejado – aqui, sim, me sinto bem!

        Gostaria que você entendesse que, ao zoar as sua “véinhas”, estou, justamente, chamando a atenção para o extraordinário trabalho de garimpagem das preciosidades com as quais você brinda a todos que se interessam por este tipo de registro neste blog.

        Eu não “quero dizer, agora, o oposto do que eu disse antes” ao, enfatizar, que os apelidos, que eu coloco na Vossa Excelência, podem ser entendidos como um processo orquestrado para humanizar um sisudo(?) Dr. Luciano, que poderia entrar no radar de um desavisado frequentador do blog, como apenas um circunspecto e formalíssimo apreciador de canções antigas.

        Compreenda, também, Lulu, que, para este carrapato mineiro, não há nada inatacável e que as pedradas recebidas sinalizam para comentários notados pelo sim ou pelo não; para bem ou para o mal; pro que der e vier.

        Por isso, curto, com a alma lavada e enxaguada pelas tribulações da vida, quando colocam 5, 4, 3, 2 ou 1 estrelinha amarela, para atribuir valor ao comment, porque o calvário insano é não ter nenhuma estrela.

        Protegei-me, de qualquer modo, meu São José das Éguas Russas!

        Sua benção Guru.

        Flui!

  5. Carriê

    O ÚNICO SOFREDOR

    Oziel Peçanha | Correio da Manhã / BNDigital | 27 de Abril de 1960

    A Câmara dos Vereadores do então Distrito Federal, não regateou títulos de Cidadão Carioca a um sem-número de radialistas. Seria justo que um dia cobrassem esta dívida, o que aconteceu por ocasião da transformação da nossa Cidade em estado da Guanabara. Pretenderam alguns legisladores que a marcha “Cidade Maravilhosa”, agora o hino oficial do Estado, fosse interpretada por gente do Rádio. Apenas um apareceu e não foi nenhum Cidadão Carioca nem mesmo nato: Carlos Carriê, gaúcho de nascimento, mas carioca de coração o que faz sempre questão de comprovar em retribuição a boa acolhida recebida durante os longos anos em que aqui vive a serviço da radiofonia. Embora não tenha sido lembrado pela Câmara como tantos outros, Carlos Carriê, fiel aos seus sentimentos, com a sua bonita voz comandou a massa que compareceu às festividades na entoação do hino dos cariocas. Não se complexou por não ter recebido as honrarias de Cidadão Carioca.

    Comparecer só, na qualidade de bom cidadão e, ainda, na de compenetrado profissional de Rádio não contrariou o cantor da Rádio Nacional. Mas, se o encontramos bastante deslocado foi porque o deixaram como um visitante qualquer, apenas, das 22 horas do dia 20 até as 5 horas do dia 21 e de lá saiu sem receber ao menos um muito obrigado. Sem que fosse reconhecido que sendo um gaúcho, fez questão de participar dos festejos que, a rigor, deviam pertencer aos cariocas.

    Felizmente, disse ele, na ocasião, a este colunistas, eu sou o único sofredor, entre centenas de radialistas nesta Cidade Maravilhosa que considero, também, minha.

    1. Meu REI!

      Não sou covarde e vou te dar um prêmio extra!

      As tuas pesquisas valeram a pena e estão incluídas no Post, por óbvio.

      Eis o prêmio, ou melhor, os prêmios!!!

       

       

       

       

       

       

      FLÓI!

      1. A Cidade

         

        Bom dia, RIO

        Sergio Bittencourt

        27 de Outubro de 1964

        Correio da Manhã / BNDigital

         

        Tédio

        Num dos seus imensos e inúmeros acesso de tédio, Carlos Alberto abriu a máquina e escreveu que o movimento dos cachês é uma palhaçada. A turma pulou de raiva, e até andaram me contando fatos impublicáveis do rapaz. Arquivei na memória os caso, e parto, em defesa de Carlos Alberto, repetindo o conselho que Antonio Maria lhe deu por escrito, dias antes de ir embora: “Leia e viaje um pouco mais, Carlos. Você vai ver que as suas opiniões vão mudar muito”.

        Cachês

        Na sexta-feira, alguns artistas foram à presenças de Moacyr Arêas, na Rio. Queriam uma reunião, mas Arêas, sem ao menos mandá-los sentar, marcou logo a entrevista para ontem, segunda-feira, no fim da tarde. Os resultados dessa reunião com a direção da Rio serão relatados, hoje, terça-feira, pouco depois das 18h, no Litle Club, Beco das Garrafas. Todos deverão estar presentes.

        Concordou

        Os que estiveram com Felício Maluy, na Excelsior, voltaram entusiasmados. Como eu havia prevenido, endossando informações do Sr. Wilton Franco, o canal 2 quer mesmo saldar as suas dívidas. Na reunião de sábado, da qual não saiu nenhum resultado positivo, a atitude de Felício Maly foi demoradamente aplaudida.

        O Sindicato

        Representando o Sindicato dos radialistas, compareceu à reunião de sábado passado, no Litle, o cantor Carlos Carriê. Mais uma vez tentou levar a causa para o órgão de classe, não conseguindo. Na oportunidade, contou-se que as cantoras Dircinha Batista e Dalva de Oliveira haviam-se negado a tomar parte do movimento paredista decretado pelos artistas não contratados.

        A Rio

        Escrevo na segunda-feira, e até agora a Rio não quer pagar o que deve, a quem deve. A atitude afobada de Moacyr Arêas (o encontro entre Arêas e a s comissão durou menos de três minutos), prova a disposição de continuar devendo, sem nenhuma explicação. De Tanguá, em Angra dos Reis, o Sr. João Batista de Amaral, pai, não determinou coisíssima alguma. Hoje, durante a quarta reunião, saberemos os resultados obtidos na segunda entrevista dos artistas não contratados com a alta direção do canal 13. Aguarde-se.

  6. Cachês

     

    Grande Reunião Decidirá

    Sergio Bittencourt | Correio da Manhã | 29/10/1964

     

    Volto a ceder este espaço à causa dos cachês. Uma causa, pelo que pude observar, já com algum gosto de vitória – embora doa Teresa Cesário Alvim não ache.

    Em quatro ocasiões compareci ao Litle Club, no Beco das Garrafas, para assistir às reuniões dos artistas (alguns) não contratados. Acabei sempre participando dos debates, pois desta coluna, e da coluna do Hugo Dupin, surgiu toda a onda. Sem desejar a paternidade da “criança”, não consegui ficar calado em nenhuma das ocasiões.

    Interferi quando o Sr. Carlos Carriê tentou, ardilosamente, levar a causa para o Sindicato, um Sindicato, hoje, amorfo, obsoleto e omisso; um Sindicato com visíveis tendências políticas – o que não se registrou em momento algum, com o movimento que ajudei a deflagrar. Auxiliado por Sérgio Malta, Roberto Nascimento, Ciro Monteiro, Wilson |Simonal, Tito Madi, Carlos José, Doris Monteiro e outros, consegui manter uma causa, absolutamente lícita, acima de qualquer objetivo político ou ideológico. Esta, a grande luta travada por mim e por Hugo Dupin.

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    Chegavam, a todo instante, notícias: Peri Ribeiro resolveu assinar com a Excelsior, e assinou mesmo. O Trio Yrakitan também já é contratado. Dalva de Oliveira, Dircinha e Linda Batista não querem nada com o movimento. Chacrinha chamou a coisa de palhaçada. Carlos Alberto, pela coluna, chamou de carnaval. Thor Carvalho está todo na briga, seja qual for a resolução. Atores a cachê querem se solidarizar com a causa. Doris Monteiro negou-se a assinar contrato. Simonal está quase assinando. Moreira da Silva disse, não sei pra quem, que topa qualquer parada. Caymmi acha tudo muito bonito, mas não acredita nem em movimento, nem em direção de telemissora. Mas, acha bonito. Reynaldo Dias Leme avisou que vinha, não veio.Elano de Paula, na Excelsior, só tem esta missão: regularizar os pagamentos. A Rádio Guanabara concordou em vender um horário aos paredistas. A TV_Continental, idem. Cada um diz que tem patrocinador. Tem gente com três patrocinadores. Ciro Monteiro não trabalha em TV há dois meses. Vai ser fundado um Clube de Artistas. João Batista do Amaral, pai, foi para Tanguá, etc. e tal.

    Eram notícias que chegavam a qualquer momento, sem aviso. Vencido o Sindicato, o mesmo Sindicato que, através de Carriê, admitia nada poder fazer de imediato, passou-se a tentar um encontro com diretores das Televisões. Foi-se à Excelsior, depois de se ouvir Wilton Fraco atentamente. No canal 2, Felício Maluy propôs ir pagando, pagando, até que em fins de novembro não devesse nem mais um níquel.

    E daí pra adiante, todo e qualquer artista receberia seu cachê, fosse quanto fosse, dias após ter trabalhado. Na Rio, Moacyr Arêas adiou uma reunião, sem mesmo começá-la. Mas, na segunda-feira, recebeu os artistas na sua ante-sala, de pé e de má vontade. Antes o alto comando da Rio havia se reunido (João Batista do Amaral, pai; João Batista do Amaral, filho; Walter Clark; Arêas). Motivo: nota aqui publicada, informando encontrar-se o Sr. João Batista do Amaral, pai, em Tanguá, totalmente alheio às dívidas da sua empresa. João Batista do Amaral, pai, jurou não ter conhecimento da irregularidade, corroborando, assim, minha notícia. Não sabia, mesmo, quanto deve, a quem deve, e por que deve.

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    Aos artistas que foram à Rio, Arêas apresentou a sua fórmula, não muito diferente da Excelsior. Disse ter a Rio, muita vontade de substituir o papelucho, sem validade jurídica alguma, por uma espécie de contrato para, apenas, uma espécie de contrato para, apenas, uma audição. Esse documento, segundo Arêas, representaria maior segurança para o artista.

    Que dizer, Arêas, como porta-vez da direção, admitiu a desonestidade, pela má-fé, na emissão dos papeluchos assinados por contra-regras.

    Anteontem, terça-feira, fui mais uma vez ao Beco das Garrafas. A reunião havia sido assentada para as 18 horas, havendo controvérsias, porém. Poucos artistas foram até o Litle Club, diga-se a bem da verdade. Senti, então, o enfraquecimento de um movimento, no qual entrei todo, de graça, e dramaticamente. Entrei e, comigo, entraram mais alguns.

    Começou a chegar gente, e gente começou a não chegar. Poderia ser o fim, a derrota estúpida e irrecuperável. Fêz-se o debate, após a comunicação do que tinha sido resolvido pela direção da Rio. Hugo Dupin ausente, por motivos pra lá de justos (sofreu um acidente automobilístico, e , assim mesmo compareceu à reunião de sábado), me fez entender ser, aquela, a hora exata de uma resolução mais ampla, mais profunda, mais objetiva, mais conseqüente.

    E, sem ser cantor, nem ator, nem garoto-propaganda, não trabalhando a cachê em nenhum dos meus empregos, pedi a palavra, pondo em pauta uma sugestão: Dupin ofereceu o auditório do seu jornal, com capacidade para 400 pessoas; Dupin está na briga até a medula; eu, até os sapatos; os aqui presentes, também. Já são poucos, embora os resultados possam ser vistos como muitos. Uma reunião-monstro, com a participação de todos os artistas não contratados, cantores ou não, famosos ou anônimos, músicos, atores, enfim, parte considerável, e de peso, resolveria a situação de uma vez por todas. Uma reunião para a qual se convidaria dois “extras”: um diretor da Rio, outro diretor da Excelsior. Uma assembléia, um auditório, uma platéia, numerosa e válida, reivindicando, mas parlamentando. Por exemplo 300 profissionais de frente para dois patrões, portas fechadas, objetividade e bom-senso, tranquilidade e firmeza.

    Artistas famosos, realmente solidários com a causa, iriam às redações dos jornais, aos microfones das emissoras de Rádio, e conclamariam, em termos positivos, todos os que ainda não aderiram. Sem interferência de deputados, governador ou Sindicato. Sem nenhuma outra meta, a não ser receber os cachês do passado, do presente e do futuro. Contam, os artistas, com alguma boa vontade da direção da Excelsior. A Tupi não deve, e a Continental não paga mesmo – pra que discutir com a Continental? Falta a Rio responder mais positivamente e a contento. Falta o acerto final, e esse acerto só poderá adquirir validade absoluta, se firmado dessa forma.

    Os artistas presentes no Litle Club aceitaram de pronto a sugestão. E passaram, logo, à formulação de um esquema seguro para a concretização da idéia. Suspirei fundo e mais tranquilo.

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    Agora as minhas preocupações são duas: ajudar na conclamação do maior número d profissionais, e não deixar (desaconselhando), que certos “fichinhas” tomem o partido de um movimento reivindicatório, puro em suas raízes, para golpes eleitoreiros. Já existem deputados de olho no problema e na reunião-monstro. Pelo menos os que, na terça-feira, compareceram ao Beco, prescindem, por ora, de qualquer tipo de solidariedade, ou reforço, vindo de político. A idéia é única e pura: receber cachês prometidos hoje, receber cachês de amanhã. Conscientes de que formam, indiscutivelmente, uma casta, uma elite em evolução, os artistas que eu vi no Beco das Garrafas admitem-se antes de tudo, como gente, cidadãos, brasileiros e trabalhadores. Tem, cada um a certeza do seu significado e do seu valor profissional.

    E são credores imbuídos de razões e justificativas para exigirem a regularização imediata e decente de uma situação caótica, vergonhosa. Isto, em síntese, é o espírito reinante.

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    Outras questões, de igual importância, surgem, hoje, como inadiáveis. Uma delas, o problema das gravações em vídeo-tape. Inúmeras são as reclamações contra estações de TV que chamam o artista para trabalhar, fixam um cachê, e sem permissão desse artista, apresenta-o pelo Brasil afora, auferindo lucros fabulosos com isto. Resultado, já constatado: as melhores praças de trabalho (São Paulo, Salvador, Recife, Belo Horizonte, Brasília, Porto Alegre) passam a não precisar mais da presença, “ao vivo”, do profissional. Há o vídeo-tape, nítido, atual, pela Televisão, portanto entrando na sala das casas sem pedir licença. E quanto ganhou o artista? Ganhou, precisamente, o correspondente a uma única apresentação. E quanto cobra a estação por vídeo-tape com aquele artista? Milhões, lógico.

    O artista, no Brasil, fatura mesmo é viajando. Se ele chega à determinada cidade, sem ser chamado, na tela da televisão (que ainda fascina o inferior) então, pra que chamá-lo, pagar-lhe a estada e mais um altíssimo cachê que justifique sua viagem? O raciocínio é claro.

    E quem vem ganhando fortunas em cima desse artista? As Televisões, a torpeza das Televisões, a venalidade de certos patrões. Quando o Sindicato vai mexer nesse angu? Por certo, virá o Sr. Carlos Carriê, a mando do Sindicato, dizer que não tinha conhecimento do fato, como não tinha conhecimento do fato, como não tinha noção do problema dos cachês – afinal, que é que Sindicato sabe, senhores? Pelo menos, que existem patrões e empregador?

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    Falta-me espaço para continuar, hoje. Mas há para dizer que, daqui a uma semana, todos os artistas não contratados, todos os artistas absolutamente conscientes da sua condição de humanos e responsáveis, têm um encontro marcado, no auditório do “Diário de Notícias”. Todos deverão ir, porque os diretores das telemissoras irão. Não existe motivo para medos nem mesmo apreensões. Vocês, artistas credores, estão transbordando de razões e justificativas. As direções sabem disto, podem não sair por aí propalando; mas, sabem.

    A partir de amanhã, começarei a noticiar quem vai, quem não vai, que “já foi”…

  7. Ao amigo Luciano!

    Amigo Luciano,

    Tive sorte na pesquisa sobre o seu homenageado Carlos Carriê.

    Vou colocar algumas fotos e envio as outras por e-mail.

    Grande abraço.

     

     

     

  8. Carlos Carriê – meu pai

    Somente hoje, 12/03/2016, tomei conhecimento desta matéria sobre meu pai.

    Fiquei muito emocionada pela delicadeza e riqueza de detalhes. Ouvir novamente a voz de meu pai cantando, foi como uma viagem no tempo,à minha infância.

    Parabéns ao Luciano Hortêncio, à Laura Macedo e a quem mais que tenha colaborado com este trabalho.

    Profunda gratidão.

    Um abraço afetuoso,

     

    Lorena M. Manique

     

    1. À Lorena M. Manique!

      Muito obrigado pelo gentilíssimo comentário e parabéns por ser filha do grande Carlos Carrié!

      Abraço afetuoso do luciano

  9. Boa tarde,
    Fico muito contente em encontrar informações do meu pai SEVERIANO DO BRASIL MANIQUE JR.
    Após o golpe de 64, meu pai, assim como muitos outros da Rádio Nacional e Gaúcha, tiveram um hiato em suas carreiras. Após alguns anos, ele voltou a cantar, mas logo começou a estudar para ingressar na carreira diplomática. Viajou para Argentina, Perú e Paraguay, locais onde ficou como Vice-consul do Brasi até 1990.
    Retornou junto com a familia, continuou cantando apenas em encontros de familia até seu falecimento em Dezembro de 1997. Possuo todos os discos do meu pai. Alguns, consegui digitalizar com sucesso, outros, preciso de aparelho que o faça com boa qualidade.

    Parabéns pelo excelente trabalho de pesquisa e divulgação.

    Rodrigo M. Manique

  10. Boa noite,
    Gostaria de enviar algumas fotos do meu pai da época da Radio Nacional e Gaúcha, qual seria o endereço de e-mail, por gentileza. Tenho algumas revistas e jornais da época que comecei a escanear.

    Um abraço,
    Rodrigo M Manique

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