Luciano Hortencio
Música e literatura fazem parte do meu dia a dia.
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Vem cá Bitu, vem cá Bitu, vem cá Bitu, vem cá

Por Luciano Hortencio

Obviamente que já solicitei o fonograma VEM CÁ BITU, samba de Saint-Clair Senna interpretado por Neide Martins, ao jornalista pesquisador Miguel Ângelo de Azevedo, na firme esperança de que tivesse relação com a cantiga de roda conhecidissima no Brasil, com o mesmo título. Não deu outra!

Como não sou de dar um passo maior do que a perna, pedi ajuda à minha querida amiga Elvira Drummond, escritora, musicista e professora, recebendo dela o excelente comentário:

“Grata pela oportunidade de ouvir essa maravilha!

Sem dúvida, a composição de Saint-Clair Senna faz uma citação da cantiga de roda VEM CÁ BITU, além de explorar elementos do tema.

No Brasil, a referência mais antiga dessa canção, de origem portuguesa, é a de Alexina de Magalhães Pinto, em seu livro “Cantigas das crianças e do povo”, editado em 1911. A pesquisa de Alexina de Magalhães serviu, inclusive, de base para a obra de Villa-Lobos.

Em algumas coletâneas mais atuais, encontramos a mesma melodia com outra letra, com o título de CAI, CAI, BALÃO. Eis o referido texto:

Cai, cai, balão! Cai, cai, balão!

Na rua do sabão!

Não cai não, não cai não, não cai não…

Cai aqui na minha mão!

Segundo Pedro Nava, a Rua do sabão existia, no início do século XX, no Rio de Janeiro, recebendo posteriormente o nome de Rua General Câmara, o que leva a crer que a letra sofreu alguma modificação, ao chegar no Brasil. É o texto verbal de “Cai, cai, balão!”, que as crianças conhecem atualmente, isto é, as felizardas que chegam a brincar de roda.”

Agradecendo aos queridos amigos Elvira Drummond e Nirez, compartilho VEM CÁ BITU prazerosamente com todos.

 

Vem cá, vem cá Bitu, vem cá Bitu, vem cá Bitu, vem cá.

Não vou lá, não vou lá, não vou lá

Tenho medo de apanhar

 

Não há bem que sempre dure

E eu não quero me arriscar.

Se eu ficar hoje contigo

Vai dar muito que falar. (bis)

 

Vai, não me queiras seduzir

Vai, não me tentes por favor

Vai, tei jeitinho me atrai

E depois que vai ser de mim

Qual será meu fim

 

Luciano Hortencio

Música e literatura fazem parte do meu dia a dia.

27 Comentários

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      1.  
        Pô Luciano, vosmecê além de

         

        Pô Luciano, vosmecê além de ser O Cara é de uma cordialidade sem par. Muito obrigado pela bonita página musical, na voz desta misteriosa e encantadora jovem Neide Martins. Abraçasso, diria o Caetano Veloso.

        Orlando

  1. Valeu, Luciano!

    Esta não consta das “Cantigas de roda e canções infantis do norte de Minas Gerais”, pelo Madrigal Infantil de Montes Claros, minha cidade natal. O LP foi lançado em 1979, a partir de pesquisa do Dr. Hermes de Paula, folclorista da região, sob direção musical de Clarice Maciel (do Grupo de Serestas João Chaves) para Marcus Pereira.

    [video:https://www.youtube.com/watch?v=mYUdLvLxmjQ%5D

    1. O texto de Marcus Pereira para o álbum e sua ficha:

      Nos dias 23, 24, 25 e 26 de março de 1979 estivemos em Montes Claros, lá no meio do Brasil, para gravar dois discos nascidos de nosso encontro com o Dr. Hermes de Paula, Clarice Maciel e com o Grupo de Serestas “João Chaves”. Desse primeiro encontro nasceu o disco “Modinhas”, gravado pelo Grupo, que mereceu do crítico J.R.Tinhorão um comentário com o título de “Só as modinhas de Montes Claros podem nos salvar” o que provocou uma corrida às farmácias, digo às lojas de discos, e todas as pessoas queriam aviar a milagrosa receita.

      Tavinho Moura me disse certa vez que Montes Claros é um gueto cultural. Eu tinha para mim, numa visão demológica que registra as densidades culturais, que Montes Claros era uma mancha escura no mapa musical do Brasil. Na verdade, eu vi e’ouvi isso entre tragos de pinga “Balalaika” que o Tino me obrigava a engolir, certamente com o propósito de comprometer a minha imagem. Montes Claros é uma cidade pequena para os padrões paulistas, no entanto seu Conservatório Musical tem quase 2.000 alunos.

      Este disco foi gravado na casa de Dr. Hermes, chefe de nós todos, por um madrigal de 12 vozes composto por meninas de 6 a 12 anos. O grupo foi formado e ensaiado por Clarice Maciel, que também concebeu o disco e o dirigiu. O repertório foi colhido no acervo reunido pelo incansável trabalho de Dr. Hermes de Paula e nas tradições populares do norte de Minas Gerais. Ao longo da gravação, foi impecável o desempenho do madrigal, que não errou uma vez siquer. A magia da bondade, do talento, da dedicação e do amor à sua terra de Clarice Maciel regeu o madrigal. E sua voz, de raríssima beleza, está presente neste disco e antecipa um outro que com ela gravaremos em breve.

      Algumas canções infantis são interpretadas por cantores do grupo de serestas que é o núcleo de todo o trabalho que nos uniu e que se traduz concretamente em três discos — “Modinhas”, “Cantigas de roda e canções infantis do norte de Minas Gerais” e “Música Popular do Norte de Minas Gerais”. Talvez estes três discos façam o papel do saco de sal que minha avó. me dizia ser preciso a gente comer com uma pessoa para conhecê-la bem. Para mim tiveram o papel de temperar a amizade com um grupo raro de artistas que prossegue teimosamente acreditando no País em que nasceram.

      MARCUS PEREIRA

      – LADO A –

      1 – PANDOLELE – PAM, PAM, PAM – FUI NO MATO .CAÇAR CIPÓ – UNI DUNI TÊ – LÁ EM CIMA DO PIANO – UNA DUNA TENA
      2 – PERIQUITO MARACANÂ – RODA MORENA – PICA PAU DO BICO ROXO
      3 – EU ESTAVA NA ESTAÇÃO – A BARBA DO BODE – DONA MARIQUINHA – PASSARÁ, PASSARÁ – NA MÃO DIREITA TEM UMA ROSEIRA – AQUI NESTA RUA – DOMINE – PSIU, PSIU, PSIU
      4 – OH QUE NOITE TÁO BONITA – TATARATA – CAPELINHA DE MELÃO – PIRULITO QUE BATE BATE – CAVALINHO QUE VAI PRÓ SERTÃO – FUI NO MERCADO
      5 – TINDOLELÊ – BALAIO – SAPO CURURU – OH QUE BELA LARANJA MADURA – A GALINHA DO VIZINHO – MEU PINTINHO AMARELINHO – EU ENTREI NA RODA -CIRANDA, CIRANDINHA
      6 – AO PASSAR DA
      7 – EU ENTREI NA BARCA NOVA – VAMOS, MANINHA – ESTÁ CHEGANDO A HORA – O VAPOR DA CACHOEIRA
      8 – A DANÇA DA CAROCHINHA

      – LADO B –

      1 – A MACHADINHA
      2 – A POBRE DA PEREGRINA
      3 – VOCÊ GOSTA DE MIM
      4 – A FLORISTA
      5 – CONSTÂNCIA
      6 – COCO DE MIN
      7 – SOU FLORISTA BEM GARBOSA

      Vozes solo: Clarice Maciel, João Leopoldo França, Andrea Guimarães, Adélia Miranda, Tico Lopes, Tino Gomes

      Coro infantil: Rivana Rabello Maia, Adriene Martins, Aparecida Cristiane Teixeira, Ana Lúcia Telles, Luciana Correia Coelho, Miriam Walderez O. de Abreu, Marilia O. de Abreu, Cláudia Maria Maldonado, Maria Angela Avellar, Juliana Maldonado Dutra, Maria Helena Avellar, Natalic Marie Claire Oliffson

      Músicos:
      Walmir Oliveira, violão
      Tião Andrade, violão
      Tino Gomes, violão
      Diogenes Nebas, viola
      José Maria L. Duarte, violoncelo

      Participação especial: José Guimarães (arranjador)

      Registramos nossos agradecimentos ao “Centerartes”, de Montes Claros

      Ficha Técnica:

      Produção: Discos Marcus Pereira
      Direção Artística: Marcus Vinícius
      Pesquisa, Coordenação e Direção de Produção: Clarice Maciel
      Assistente de gravação: Fábio R. Pereira
      Gravado em Montes Claros, MG, em 24-3-1979
      Edição e re-mixagem: Spalla
      Gravações, SP
      Capa: Anibal Monteiro
      Foto capa: Tonalidade
      MPL – 9391
      Também disponível em K7 N.° 10391
      Este disco foi gravado e autorizado por Discos Marcus Pereira, empresa financiada pela FINEP – Financiadora de Estudos e Projetos – MADE IN BRASIL

  2. Cai, cai, balão – de Assis Valente

    [video:https://www.youtube.com/watch?v=PLT4ORYoMuU%5D

    Cai, cai, balão! Você não deve subir Quem sobe muito Cai depressa sem sentir A ventania De sua queda vai zombar Cai, cai, balão! Não deixe o vento te levar Numa noite na fogueira Enviei a São João O meu sonho de criança Num formato de balão Mas o vento da mentira Derrubou sem piedade O balão do meu destino Da cruel realidade Atirada pelo mundo Eu também sou um balão Vou subindo de mentira No azul da ilusão Meu amor foi a fogueira Que bem cedo se apagou Hoje vivo de saudade É a cinza que ficou!***

    Pobre Assis Valente… 

    Mas, diga, mestre Luciano. Essa canção também foi inspirada em ”Vem cá, Bitu” ?

    1. Marrom

      Só marromeno. A introdução e o final trazem sim compassos de Vem Cá Bitu ou como as crianças de hoje conhecem Cai, cai, Balão. Só que é só como referência. A melodia é totalmente diferente e retrata o estado de espírito em que vivia Assis Valente.

      Viva Assis Valente, excelente compositor!

    1. Villa-Lobos e Vem Cá Bitu! (Cai Cai Balão)

      Aqui sim, como muito bem explicado no texto da escritora e musicista Elvira Drummond, há a adaptação de Villa Lobos para a cantiga de roda que herdamos de Portugal.

      Abraço do luciano

  3. Ola, como vai você?

    E além de ser apresentada a canção Vem ca Bitu, quem foi Neide Martins? Vc sempre nos traz intérpretes das quais quase nada sabemos delas. Adora ver essas fotos antigas e imaginar coisas (nisso sou boa 🙂 , mas na verdade, como chegaram à gravar uma musica (coisa que era inaceitavel para a maioria absoluta das familias dessa época), fizeram sucesso? Ainda estaria viva? Neide era o nome ou pseudönimo?

    Como diz JNS, quero saber mais sobre as velinhas do Lulu. Ou do Nirez 🙂

    1. Neide Martins era um anjo!

      Seria Neide Martins um anjo? Nada sobre sua biografia, nem ao menos data de nascimento ou morte. Gravou dez músicas em 06 78rpm, de 1937 a 1939. Assim como apareceu, sumiu. Você não concorda comigo? Veja que até há uma auréola em sua foto. Alguém poderia confirmar isso? Em caso contrário, alguma notícia sobre a intérprete Neide Martins?

      Se não aparecer alguma notícia sobre a biografia de Neide Martins, baseado na foto em que a excelente intérprete aparece com uma auréola, está proclamado. NEIDE MARTINS ERA UM ANJO!!!

       

      1. Neide Martins

        Eu sei que no Cravo Albin tem um verbete com o nome Neide Martins, que imagino ser a nossa Neide. Mas não sei porquê não consegui acessa-lo. Se era anjo, quem sabe, mas que era uma graça de moça e tinha humor, isso se vê pelas fotos e suas gravações.

          1. Mistério!

            So agora consegui acesso ao Cravo Albin. O resumo Cantora realmente é desalentador. Pelo menos tem (toda) discografia de Neide Martins, mas desconfio que o Nirez tenha toda ela…

             Discografia
            (1939) Uma estrela brilhou/Eterno sonho • Odeon • 78(1939) Era uma vez.. • Columbia • 78(1938) Nossa terra!/Não sorri assim pra mim • Odeon • 78(1937) Para com isso/Vem cá, Bitu • Odeon • 78(1937) Que fim levou você • Victor • 78(1937) Arlequim • Victor • 78

             

  4. Bituzando

                       Não mexe com quem tá quieto

                       Isso aquí é um papo de buteco

                      

    Antigamente

    – até hoje ele continua olhando apenas pro próprio umbigo e não prestigia as contribuições de mais ninguém ao LNO  -, o Tenor do Ceará dizia, algo parecido com:

    – “Dentro da política de divulgar músicas antigas, sem chances de aparecer nos meios de comunicação, distribuo apenas o fonograma através do YouTube, porque a Internet já tem muitas informações sobre cantores, compositores e canções.”

    Pois bem:

    Comecei a atirar petardos de Arte Naif nos postinhos insossos e descolorizados do Véim que, em mais de uma oportunidade, reclamou dos abusos insanos. No entanto, a partir daí, ele iniciou um processo lento, gradual e seguro de acrescentar alguns dados e pigmentar o seu material sacado do enferrujadaço, mas riquíssimo baú de músicas da MPBA – Música Popular Brasileira das Antigas.

    Lembrete:

    Tem muita “coisinha nova”, que o Mineirinho é super chegado – aí cê dexa!

    Agora eu digo:

    Depois do lançamento do compêndio de chistes do seu deseruditado material recolhido em torno das sapientíssimas expressões populares, o Mineirinho iniciou a desconstrução do circunspecto Dr. Luciano, que foi transformado, à forceps, em Lulu, Véim, Tarzan do Manguezal, Jandaya Libydinoza, Caranguejo Abençoado, Siriúba Espaventada, Lobo do Mar do Ceará, entre outros apelidos, dos quais ele deve morrer de raiva, mas finge que não tá nem aí…

    Ele é bobo

    Nunca vai, espertamente, revelar a sua sanguinolenta vontade de sacar a enzinabrada peixeira e capar todo mundo, que fica enchendo o seu saquinho.

                      

                      Vem cá Bitú!

                      FUI!

    1. Papo de bebum

      E cadê a SSMB? Vamos reativa-la? Estou convidando a irmã Vânia, que passou todas as férias rezando num santuario baiano, portanto esta totalmenta apta a adentrar à SSMB. E quem sabe outras irmãs e irmãos juntem-se a nos? Lenita e Jair também são convidados a fazerem parte da Santa Seita da Macaxeira Benta. A melhor seita ja inventada por estas plagas. Vamos nos unir e ouvir a boa musica das velhinhas do Nirez.

  5. O melhor dessas descobertos

    O melhor dessas descobertos do Luciano é que nunca fica na obra em si; sempre vêm desdobramentos fantásticos.

    Maravilha!

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