Barbosa: Dirceu era mandante de compra de apoio político

Da Folha

Relator diz que Dirceu controlava ‘destinos da empreitada criminosa’

Ao encerrar sua fala sobre a participação do ex-ministro José Dirceu no mensalão, o relator do processo no STF (Supremo Tribunal Federal), Joaquim Barbosa, afirmou nesta quarta-feira (3) que “está comprovado” que o petista “controlava os destinos da empreitada criminosa”.

Segundo o ministro, por conta do “elevadíssimo” cargo no Executivo, Dirceu adotou uma postura discreta para evitar sua ligação com o esquema.

“Atuava em reuniões fechadas, jantares, encontros secretos, executando os atos de comando, direção, controle e garantia do sucesso do esquema criminoso executado mediante divisão de tarefas em que as funções de cada corréu encontravam nítida definição”, disse.

Ele afirmou que Dirceu foi o “mandante” da compra de apoio político nos primeiros anos do governo Lula (2003-2010) e “controlava os destinos da empreitada criminosa, atuava em jantares secretos, executando os atos de direção e garantia do esquema criminoso mediante divisão de tarefas”.

Ao longo de mais de três horas, Barbosa mostrou relações de Dirceu com o empresário Marcos Valério, o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, e dirigentes de bancos que abasteceram o chamado valerioduto.

Para o ministro, Dirceu teve responsabilidade sobre os empréstimos fictícios do esquema que liberavam dinheiro para parlamentares nas vésperas e após votações importantes para o Executivo no Congresso.

“O acusado Jose Dirceu tinha proximidade e influência superlativa sobre os demais réus”, disse.

Barbosa apontou ainda que a relação de Dirceu com Valério era íntima e que o empresário teria feito “favores” utilizado o esquema para resolver problemas de uma ex-mulher do petista.

“O conjunto probatório sobre os pagamentos efetuados por Delúbio e Marcos Valério a parlamentares colocam o então ministro da Casa Civil na posição central da organização e da prática, como mandante das promessas de pagamento das vantagens indevidas a parlamentares para apoiar o governo”, disse.

Segundo o ministro, ele “comandou a atuação” do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e do empresário Marcos Valério.

“Entender que Marcos Valério e Delúbio Soares agiram e atuaram sozinhos, contra o interesse e a vontade de Dirceu, nesse contexto de reuniões fundamentais, é inadmissível”, disse o relator.

Barbosa afirmou que, na polêmica viagem a Portugal de Valério, de seu advogado Rogério Tolentino e do ex-dirigente do PTB Emerson Palmieri, o empresário disse que falava em nome de Dirceu. Na viagem, Valério e Palmieri teriam ido a Lisboa para discutir a venda da Telemig Celular para a Portugal Telecom.

“Pela envergadura das pessoas envolvidas, percebe-se de modo claro que Marcos Valério falava em nome de José Dirceu, e não como pequeno e desconhecido publicitário de Minas Gerais. Atuava como seu broker”, afirmou.

Luis Nassif

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