Clipping do dia

As matérias para serem lidas e comentadas.

Redação

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  1. O cérebro, esse gaiato

    Flávia Oliveira – Home O Globo

    Vexame maior para a geração que chegou à adolescência nos anos 1980, não fui ao primeiro Rock in Rio. Mas me lembro bem

    Eu não fui à primeira edição do Rock in Rio. Sim, é verdade. Vexame supremo para a geração de cariocas que adentraram a juventude nos anos 1980, perdi o “Rock in Rio, a origem”. Não assisti ao longa que deu origem à série. Tinha 15 anos e nenhum dinheiro naquele início de 1985. Fiquei fora do festival dos festivais, versão brasileira de Woodstock, que ora completa 30 anos. A confissão, ainda que tardia, traz alívio. Já não é preciso desviar o olhar, sorrir amarelo movendo afirmativamente a cabeça, mentir.

    Mas como são misteriosos os caminhos, não da amizade, como eternizou em verso Vinícius de Moraes, mas do cérebro, esse gaiato que nos acompanha. De súbito, vem a lembrança. Fui, sim. Engrossei o 1,38 milhão de espectadores dos dez dias de festival. Juro que um tênis fossilizado com meu DNA haverá de ser resgatado de escavações arqueológicas no futuro distante da Barra da Tijuca. Afundei no lamaçal até as canelas. Beijei na boca de um completo desconhecido, cabeludo e encharcado pelas chuvas torrenciais daquele janeiro. Comi um dos 58 mil hambúrgueres vendidos num só dia, façanha registrada no Guinness Book. Sei dos bilheteiros que, iniciado o primeiro show, abandonavam as roletas e se jogavam no rock’n roll.

    Perdi a voz de tanto berrar “Love of my life” a um Freddie Mercury descamisado, legging branca e faixa vermelha a abraçar-lhe a cintura. Ajudei a ressuscitar a carreira de James Taylor, fazendo coro de “You’ve got a friend”. Celebrei a Nova República, cantando com Cazuza e Barão Vermelho “Pro dia nascer feliz”, pela eleição (indireta) do presidente Tancredo Neves, o primeiro civil após mais de duas décadas de ditadura, sem saber que ele jamais adentraria o Palácio do Planalto.

    Eu não estava lá. Mas me lembro. De tanto ouvir histórias, ouvir gravações, assistir aos vídeos, sei de cor o Rock in Rio. Obra do cérebro, explica o professor Ivan Izquierdo, diretor do Centro de Memória da PUC-RS. O fenômeno, completa, tem até nome: memória falsa. Não tem diagnóstico, porque não está relacionado à patologia. É situação comum, que avança junto com a com a idade. O neurocientista, nascido na Argentina e radicado no Brasil há quase meio século, é dos mais importantes cientistas do país. “Todos estamos cheios de memórias fictícias; não é nenhum sintoma de nada. É um fenômeno muito humano. Ou talvez muito animal”, comenta.

    A sensação de ter vivido, encarnado a experiência alheia tem a ver com os mecanismos de fixação das memórias. Elas se gravam, ao mesmo tempo, no hipocampo (estrutura dentro do lobo temporal) e em várias regiões do córtex cerebral. A cópia guardada no hipocampo, ensina o mestre, é a principal, a que reconhecemos como nossa. Os demais registros estão mais sujeitos a mudanças. Podem, por isso, ser alterados e misturados a novas experiências, com o passar dos anos. “São essas memórias que, um dia, passam a ser lembradas como próprias, ainda que, na verdade, não o sejam. Mas a gente as confunde com a realidade. E quanto mais vivemos, mais memórias falsas acumulamos”, sentencia Izquierdo.

    Estão explicadas as lembranças tão reais do primeiro Rock in Rio, ao qual não compareci, mas registrei. E resolvidos tantos outros mistérios da vida brasileira. É provável que resida aí também o milagre do Maracanazo. Só o maroto cérebro seria capaz de transformar em milhões os 200 mil protagonistas do silêncio absoluto após o gol de Ghiggia, que deu ao Uruguai a Copa de 1950. Ainda hoje, eu fecho os olhos e ouço.

     

  2. Quando Janot vai tomar as providências?

    Youssef financiou campanha de Alvaro Dias.

      Em depoimento concedido à CPI da Petrobras o doleiro confirmou que fez e financiou a campanha do senador com parte do dinheiro da prefeitura de Maringá  Jornal GGN – Em depoimento concedido à CPI da Petrobras, na Câmara dos Deputados, dia 25 de agosto, o doleiro Alberto Youssef confirmou que fez e financiou a campanha do senador Alvaro Dias (PSDB-PR), sendo parte do dinheiro desviado da prefeitura de Maringá (PR).   Ao ser perguntado pelo relator da comissão, deputado Luiz Sérgio (PT-Rio), se teria alugado um jato utilizado tanto pelo doleiro como por políticos de Maringá, Yossef respondeu que na época fez a campanha do parlamentar com o auxílio do avião. “Parte dessas horas voadas foram pagas pelo [Luiz Antônio] Paolicchi, que foi secretário da Fazenda da prefeitura de Maringá”, confirmou.   Veja em vídeo o trecho da entrevista com o doleiro Youssef  [video:https://vimeo.com/139071343%5D

  3. Tornozeleiras em todos eles

    domingo, 13 de setembro de 2015

     

    Fonte: http://osamigosdopresidentelula.blogspot.com.br/2015/09/alckmin-paga-com-dinheiro-publico-r-15.html

     

    Alckmin paga com dinheiro público R$ 1,5 mi para João Doria Jr. pedir impeachment de Dilma

     
    Os tucanos fazem a festa no cofre público. Quem paga é o povo
     O governador Geraldo Alckmin (PSDB) usou dinheiro em 2014 e 2015 para fazer anúncios em revistas do pré-candidato tucano à Prefeitura de SP. João Doria, como pagamento, organizou uma festa para os tucanos em Nova York, ode falou sobre  impeachment de Dilma. João Doria recentemente  também  convidou o juiz Moro, com todas as despesas pagas,  para dar uma palestra no Lide Nas propagandas, valor pago por página é maior que em revistas de grande circulação, como ‘Exame’ e ‘Época’ O governo do Estado de São Paulo, comandado pelo tucano Geraldo Alckmin, pagou R$ 1,5 milhão ao empresário João Doria Jr., um dos pré-candidatos do PSDB à prefeitura paulistana, por anúncios veiculados em sete revistas da Doria Editora, entre 2014 e abril deste ano. Os pagamentos foram intermediados por duas agências publicitárias contratadas pelo governo, a Mood e a Propeg, escolhidas por licitação, e seguiram os trâmites que regulam a publicidade estatal. Doria é presidente do Lide (Grupo de Líderes Empresariais), que organiza eventos para empresários de diversas áreas, como o Fórum de Comandatuba, na Bahia. Sua editora possui 19 títulos, que em boa parte são atrelados aos encontros que promove. Em um dos casos, o governo pagou R$ 501 mil por um publieditorial –formato em que o anúncio é semelhante a uma reportagem– de nove páginas na revista “Caviar Lifestyle”, que declara circulação de 40 mil exemplares.
    Há casos em que os valores pagos pelo governo foram proporcionalmente maiores em anúncios da editora do que em revistas consolidadas, que passam por verificação independente de circulação.
    Alckmin paga mais de 500 mil para a revista “Caviar estilo de vida” No dia 5 de dezembro, o governo pagou R$ 259 mil por um anúncio de oito páginas na revista “Meeting & Negócios”. Em 15 de janeiro, repassou R$ 202 mil por um anúncio de quatro páginas na revista “Líderes do Brasil”.
    Uma propaganda com o dobro do tamanho na “Exame”, da Editora Abril, custou R$ 292 mil. Também em janeiro, por um anúncio de duas páginas na “Época”, da Editora Globo, o governo pagou R$ 71 mil. Já a Editora Três cobrou R$ 479 mil do governo por 18 páginas na “IstoÉ”. Nenhuma das revistas da Doria Editora é certificado pelo IVC (Instituto Verificador de Comunicação), que audita a distribuição das principais publicações –como as outras revistas citadas.
    PROXIMIDADE

    Doria é filiado ao PSDB desde 2001, segundo o TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Ele foi secretário de Turismo na prefeitura de Mário Covas (1983-86), mas nunca disputou eleições. O empresário mantém relação próxima com Alckmin, a quem apoiou na campanha à reeleição no ano passado.
    Durante a disputa, o grupo organizou encontros entre empresários e os três principais candidatos. Além de Alckmin, foram convidados Paulo Skaf (PMDB), presidente da Fiesp
    Mesmo nos encontros organizados para os adversários falarem a empresários, Doria ressaltava ao microfone que apoiava a candidatura de Alckmin. Três semanas antes do primeiro turno, Doria organizou um jantar em homenagem ao governador em sua casa. Além dos principais expoentes do PSDB, como o senador Aécio Neves (MG) e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, empresários foram ao evento demonstrar apoio a Alckmin. Neste ano, em maio, Doria homenageou Alckmin em Nova York, durante encontro organizado pelo Lide em parceria com a Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos. Na semana passada, o governador compareceu a dois encontros do grupo de empresários, na capital paulista.
    A mesma pratica desde 2006
     Em 2006,o governador de São Paulo era também  o mesmo de hoje, Geraldo Alckmin do PSDB. Na época,  Alckmin prometeu dar um “banho de ética” no país. O banho de ética anunciado pelo candidato tucano à Presidência da República tornou-se uma ducha de água fria com o resultado de uma auditoria na área de publicidade da Nossa Caixa, que revelou que,  o tucano usou o banco oficial para patrocinar eventos da Rede Vida e da Rede Aleluia de Rádio. Autorizou a veiculação de anúncios mensais na revista Primeira Leitura, publicação criada por Luiz Carlos Mendonça de Barros, ministro das Comunicações no governo Fernando Henrique Cardoso. Todos sabem que a Nossa Caixa quebrou e o tucano vendeu para  o governo Lula. Tal como agora, em que a Folha de São Paulo publica notinha: “Gestão Alckmin paga R$ 1,5 mi a Doria Jr.”:  ~mas só hoje ~ e em letras miúdas, a  Nossa Caixa beneficiou aliados de Alckmin.Emissoras de rádio, TV e revistas de São Paulo foram beneficiadas por contratos de publicidade do banco oficial Nossa Caixa com a influência de deputados estaduais da base do governo de Geraldo Alckmin (PSDB), de acordo com a matéria de  jornais
    “O governo Geraldo Alckmin (PSDB) direcionou recursos da Nossa Caixa para favorecer jornais, revistas e programas de rádio e televisão mantidos ou indicados por deputados da base aliada na Assembléia Legislativa”
    Ao analisar 278 pagamentos da Nossa Caixa a duas agências responsáveis pela publicidade do banco, uma auditoria apontou irregularidades em 255. O valor total dos contratos giraram em torno de R$ 25 milhões.

    E tem mais : Blogueiro antipetista recebe pagamentos do governo Alckmin
     Fernando Gouveia se apresenta com o pseudônimo Gravataí Merengue e como “CEO”, ou executivo principal, do site Implicante, que publica e ajuda a difundir notícias, artigos, vídeos e memes contra o PT e a presidente Dilma Rousseff.

    O blogueiro que distribui propaganda antipetista a milhares de seguidores na internet recebe há dois anos pagamentos mensais por serviços de comunicação prestados ao governo Geraldo Alckmin (PSDB) em São Paulo.

    De acordo com documentos oficiais, a empresa do blogueiro recebeu R$ 70 mil por mês de outubro de 2014 a março deste ano.
      Aos poucos vai se revelando quem paga os anti petista para usar os desavisados a saírem às ruas gritando por  impeachment. E vocês achando que tudo era de graça!. Vale lembrar que o tucano Dória também era o dono do Cansei, que queria derrubar Lula.     

     

  4. Youssef confirma ter

    Youssef confirma ter financiado Álvaro dias, mas tucano ‘não vem ao caso – texto e video

    Doleiro foi claro ao dizer que foi contatado por secretário de prefeito de Maringá na campanha do senador, que em 2000 foi candidato ao governo do Paraná. Passou “despercebido”

    Fonte:

    http://www.redebrasilatual.com.br/blogs/helena/2015/09/youssef-confirma-ter-financiado-alvaro-dias-mas-tucano-nao-vem-ao-caso-3128.html

  5. Risco de Impeachment subiu

    por 

    Guga Chacra –   

    Correspondente da Globo News em Nova York – .O risco de Impeachment de Dilma subiu para 40%, de acordo com a consultoria de risco político Eurasia, a mais importante dos EUA. O relatório acabou de ser enviado para bancos e fundos de investimento americanos. O valor anterior era de 30%, ou dez pontos percentuais a menos

     

  6. .

    Mário Magalhães: Dilma arrisca-se a acabar sozinha, se aderir às ideias e modelo da direita rejeitados pela maioria dos brasileiros

    Ensaio de suicídio político: o 2º governo Dilma

    Mário Magalhães,em seu blog no UOL

    14/09/2015 10:40

    blog-datafolha-2015-01

    Os números do Datafolha reproduzidos acima são prenhes de lições sobre o que ocorre no Brasil no século 21. Ajudam a entender quem ganhou. E por que esperneiam certos segmentos sociais. Foram publicados ontem na “Folha”, em artigo de Mauro Paulino e Alessandro Janoni, a propósito do filme “Que horas ela volta?”.

    Nos dois governos Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010) e na primeira administração Dilma Rousseff (2011-2014), despencou a presença de duas classes socioeconômicas mais pobres, classificadas como “excluídos” e “média baixa”. Em contraste, aumentou a de “média intermediária” e “média alta”. Noutras palavras, a despeito da persistência da desigualdade obscena, o Brasil ficou menos desigual.

    Uma das consequências é metade da “classe média intermediária” ser formada por jovens de 16 a 24 anos, que não passam de 35% do total da população. Em 2005, 8% desse jovens ostentavam escolaridade superior. Em 2015, o índice pulou para 17%, mais do que o dobro, numa ascensão que entusiasma ou incomoda, a depender do país desejado.

    Não é preciso ser cientista político ou marqueteiro esperto para compreender que tais conquistas sociais foram determinantes para a reeleição da presidente em outubro do ano passado.

    O mesmo Datafolha que constata o Brasil andando para frente apurou em agosto que míseros 8% dos brasileiros aprovam o desempenho de Dilma em seu novo mandato, menos de um ano depois do triunfo eleitoral.

    Ao contrário da sentença de Pelé, para quem o brasileiro não sabe votar, os cidadãos são muito mais conscientes do que costumam julgar alguns iluminados. Tinham seus motivos para reconduzir a petista, assim como têm outros, agora, para reprová-la.

    É certo que, renovando tradições intolerantes cujo paroxismo se conheceu em 1954 e 1964, grupos sobrepujados no pleito conspiram por um golpe contra a soberania do voto popular. É golpe porque, embora previsto na Constituição, o instituto do impeachment estabelece como requisito crimes e práticas presidenciais inexistentes _a roubalheira da autoria de correligionários e aliados não teve endosso de Dilma, confirmam policiais, procuradores e juízes.

    Dilma Rousseff fará muito mal, contudo, se identificar nos outros, e não nela, a responsabilidade maior pela crise econômica e política. Se mantiver o roteiro, reforçará as trincheiras dos que pretendem afastá-la em golpe envergonhado ou escancarado, desprezando a batalha constitucional via sufrágio.

    O maior engano da presidente foi desonrar os compromissos que fizeram com que a maioria dos cidadãos lhe confiasse mais quatro anos no Planalto. Ela prometeu que, em qualquer cenário, não seriam cobrados novos sacrifícios da população historicamente mais sacrificada. Faz o contrário. Estimula o desemprego, sufoca saúde e educação, corrói a renda e empreende castigos como dificultar a aquisição de imóveis por beneficiários do programa Minha Casa, Minha Vida. É extenso o inventário da regressão social, ferindo progressos obtidos nos últimos anos e ameaçando conquistas como as evidenciadas nos gráficos lá no alto. Dilma prejudica sua base social, enquanto prestigia o capital financeiro por meio da disparada dos juros. Toca um arrocho cruel, o mal denominado “ajuste”.

    Outro aspecto que não deve ser minimizado é a inépcia de gestão. Esqueça-se, por um momento, o elemento essencial da fragilidade política da presidente que é o abandono ou enfraquecimento de posturas favoráveis aos brasileiros mais pobres, sem os quais Aécio Neves a teria superado. Para implementar qualquer política é necessário um mínimo de eficiência administrativa, que parece escassa. Para que propor o regresso da CPMF sem ter em conta a grita _justa ou não_ que causaria? Por que provocar quem está quieto, como ocorreu em relação às Forças Armadas (novamente, não se trata de fazer juízo sobre as mudanças)? Nos dois casos, assim que chiaram, o governo estonteado recuou.

    Acumulam-se chantagens contra Dilma, que vai se rendendo a elas, na ilusão de ganhar tempo. É um engano, a experiência recente demonstra. Quanto mais a presidente cede, mas lhe exigem a renúncia _não apenas do mandato, mas sobretudo da plataforma que a impulsionou à vitória em outubro. O objetivo de quem mais a pressiona é impedir, com Dilma no cargo ou não, a manutenção de políticas de vasto respaldo popular.

    Como o governo age em relação às novas levas de desempregados? Oferece incentivos robustos para grandes empresas, mas encrenca com os trabalhadores que buscam o seguro desemprego. Em vez de exigir que os mais ricos paguem mais impostos, estuda levar a conta também aos que menos têm e são os que relativamente mais contribuem. “Remédio amargo”, na expressão de Dilma, pode ser de fato necessário. Mas ela assegurou que não seria ministrado aos mais desfavorecidos de uma das nações mais desiguais do planeta.

    A presidente se comporta como o time que se fecha na defesa, em tese para contra-atacar. Só que, o futebol ensina, os retrancados chamam o adversário para cima, e quase sempre vence quem encurrala o antagonista. Não é abrindo mão da agenda consagrada pelos eleitores que Dilma obterá trégua dos seus inimigos.

    Ainda no tempo em que muitos analistas apontavam no PSDB o maior perigo para Dilma, este modesto blog enfatizava que o comportamento do PMDB seria decisivo. Dito e feito.

    Assim como uma das principais diferenças de 2015 com 1964 é o empenho do grande empresariado em virar a mesa. Se isso acontecer agora, a situação de Dilma se tornará dramática, ou ainda mais dramática.

    Os movimentos de Michel Temer são relevantes, mas o desenlace da crise não depende exclusivamente das ambições do vice. A delação premiada do lobista Fernando Baiano na Operação Lava Jato pode ser fatal para muitos próceres peemedebistas. Até para quem não foi mencionado como suspeito até aqui.

    Ao contrário do que ecoa um discurso midiático quase único empurrando Dilma à ruptura definitiva com aqueles que a bancaram pelo voto em outubro, a presidente conserva a capacidade de reagir.

    Mas, se radicalizar na política à direita, pode caminhar para o suicídio político. Há muitas maneiras de se entregar. Uma delas é aceitando o inaceitável, a adesão do Executivo às ideias e ao modelo rejeitados democraticamente pela maioria dos brasileiros. Se não mudar, Dilma arrisca-se a acabar sozinha, atropelada por um retrocesso institucional catastrófico.

    Cadê a coragem que a vida quer da gente?

    http://www.viomundo.com.br/politica/mario-magalhaes-dilma-arrisca-se-a-acabar-sozinha-se-aceitar-o-inaceitavel-a-adesao-as-ideias-e-modelo-da-direita-rejeitados-pela-maioria-dos-brasileiros.html

  7. *

    O negócio global da droga

    http://www.redebrasilatual.com.br/revistas/110/o-negocio-global-da-droga-3700.html

    O poder do crime organizado conta com a estrutura do sistema financeiro, dos paraísos fiscais e a conivência de parte da sociedade. Negócios do narcotráfico movimentam 1,5% do PIB mundial

    por Helder Lima publicado 12/09/2015 14:45, última modificação 14/09/2015 16:05 MENDONÇAcapa seringa

    O debate sobre enfrentamento aos problemas das drogas ilícitas raramente vai além da necessidade da guerra ao consumo e aos traficantes e da internação de usuários. Qualquer coisa fora disso é difícil debater, seja nos veículos de comunicação, nos meios ditos especializados, nos parlamentos ou nos sistemas de segurança pública. A postura acaba até por reforçar o preconceito de quem ainda acha que o próprio usuário deve ser punido. Não por acaso, o preconceito move as ações policiais do dia a dia. Os usuários muitas vezes acabam presos e, por serem pobres, negros e periféricos, enquadrados como traficantes.

    A Lei federal 11.343, de 2006, sancionada com o espírito de atenuar os flagrantes com drogas, prevendo medidas de reinserção social para usuários, acabou produzindo efeito inverso. Desde então, a população carcerária no país presa por tráfico cresceu mais de 300%, de 31 mil presos para 138 mil em 2013. À primeira vista, pode parecer que a repressão às drogas foi eficiente. Mas o fato é que jovens usuários estão sendo presos como traficantes – uma distorção para a qual só agora algumas autoridades parecem despertar, com o debate da descriminalização do porte de drogas para uso próprio levado ao Supremo Tribunal Federal (STF).

    Nesse cenário, o grande traficante jamais aparece. E a polícia atua enxugando gelo, combatendo a base da pirâmide hierárquica do tráfico, enquanto o comércio de drogas concentra cada vez mais poder econômico, no Brasil e no mundo. “No Brasil, quem vai preso é o favelado da boca de fumo. As drogas produzem muito lucro, e o cara que ganha mais não está visível, é quem compra no atacado”, afirma o vice-presidente do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais (IBCCRIM), Cristiano Maronna. A entidade participou, em maio, do lançamento da Plataforma Brasileira de Política de Drogas (PBPD), com o objetivo de promover um debate mais realista do assunto e defender a descriminalização das drogas.

    Falar em “economia das drogas” atualmente significa se reportar a uma indústria que terminou a primeira década do milênio com um faturamento anual de US$ 870 bilhões, segundo o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (Unodc). A concentração no comércio de drogas ilegais corresponde a 1,5% de todas as riquezas produzidas no globo, o Produto Interno Bruto (PIB) mundial, e movimenta 40% das demais frentes de negócios mantidas pelo crime organizado globalmente, como tráfico de armas, de pessoas e lavagem de dinheiro, entre outros, que giraram US$ 2,1 trilhões, ou 3,6% do PIB global, ainda segundo a Unodc, com base em dados do final da década passada.

     

    ADRIANO VIZONI/FOLHAPRESSEFEITO INVERSODepois de lei destinada a atenuar flagrantes, jovens usuários estão sendo presos como traficantes

    A chave da conexão

    A lavagem de dinheiro e a evasão de divisas – impossíveis de serem operadas sem a participação de engrenagens que movem o sistema financeiro globalizado – são a base da sustentação administrativa e financeira das organizações criminosas. “As atividades relacionadas ao narcotráfico têm raízes espalhadas por todo o mundo, os entorpecentes trafegam entre diversos países até efetivamente chegar ao consumidor final. O financiamento dessas atividades passa pelos crimes de lavagem e evasão, mas é um tanto quanto difícil mensurar qual cifra corresponde a essa modalidade”, afirma o financista Fábio França, professor e especialista em sistema financeiro nacional. “A lavagem de dinheiro é a conexão entre as ilegalidades”, reforça Cristiano Maronna.

    A Unodc estima que cada US$ 1 investido da produção de psicoativos ilícitos – como maconha, cocaína, ecstasy, heroína – se transforma em US$ 7,3 com as vendas no atacado e em US$ 25 no varejo. Mas não é só nos números que os negócios com drogas são superlativos. Para chegar a esses resultados, em torno do mundo do narcotráfico giram técnicas de administração e estratégias de negócios de fazer inveja a qualquer setor regulamentado da economia.

    A economista Taciana Santos de Souza adotou o tema “economia das drogas” para a sua tese de mestrado na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), concluída neste ano. Segundo ela, o narcotráfico é uma indústria com grande capacidade de adaptação e inovação. “Constantemente, são criados novos processos de produção, novas substâncias psicoativas, novas rotas, novas formas de comercialização, novos insumos. A velocidade de inovação e adaptação é, antes de tudo, condição de sobrevivência e de crescimento dos negócios”, afirma.

    O escritor italiano Roberto Saviano vai mais longe: “Não pode existir a criação de um poder econômico criminoso sem uma conivência e uma aliança com a burguesia saudável do país. É este o elo que precisa ser descrito. A periferia napolitana bomba dinheiro do centro da Itália”, afirma Saviano, que compara o fenômeno italiano com as favelas brasileiras – vulneráveis ao mundo criminoso brasileiro “bombam dinheiro da economia legal brasileira”, afirma, referindo-se à lavagem de dinheiro com o comércio de drogas.

    Esse depoimento de Saviano foi gravado em vídeo no início de julho. Convidado para o Festival Literário de Paraty (Flip), o escritor não veio por questões de segurança. Ele vive sob proteção da polícia desde que foi ameaçado de morte pela máfia italiana, por conta do livro e do filme Gomorra, que tratam da máfia de Nápoles. O filme foi lançado em 2008, com ampla repercussão mundial. Em setembro de 2014, foi lançado no Brasil outro título seu, Zero Zero Zero, em que descreve as operações e estruturas de poder dos cartéis do narcotráfico mundial, principalmente com a cocaína, que ele chama de “petróleo branco”.

    Com base em diversas investigações policiais a que teve acesso para construir sua narrativa, Saviano afirma no livro que as ações do crime organizado representam hoje uma verdadeira ameaça à democracia. “A crise econômica, as finanças devoradas pelos derivativos e pelos capitais tóxicos, o enlouquecimento das bolsas: em quase toda a parte estão destruindo as democracias, destroem o trabalho e as esperanças, destroem créditos e vida. Mas o que a crise não destrói – ao contrário, fortalece – são as economias do crime”, constata.

    Estrutura sistêmica

     

    JULIANA SPINOLA/DEMOTIX/CORBIS/LATINSTOCKOUSADIA MARCHALegalização desponta como caminho contra cadeias de produção ilegais

    O crescimento da economia mundial desde os anos 1960 segue em paralelo ao crescimento do poder do narcotráfico e das outras práticas ilegais, que na verdade são subprodutos da globalização. Mas a crise mundial de 2008, que neste ano abala o Brasil com mais intensidade, teve sua origem nos paraísos fiscais. Desde então, ganhou força uma tendência à regulamentação, com exigência de compromisso com a transparência.

    Essa tendência à adoção de marcos regulatórios, que se contrapõe ao discurso neoliberalista em defesa da liberdade dos mercados, é reflexo das forças governamentais, policiais e repressoras tentando seguir os fluxos do dinheiro ilegal. “A Fifa (Federação Internacional de Futebol) é um caso claro de corrupção em entidade privada, que permitiu que indivíduos estrangeiros na Suíça fossem presos por ordem da polícia norte-americana. O ponto em comum é a lavagem de dinheiro. Fifa não é droga, mas precisa ocultar a origem do dinheiro, e por isso usa a lavagem”, afirma Cristiano Maronna, do IBCCRIM, lembrando que organizações terroristas como a Al Qaeda e o Estado Islâmico também adotam o mecanismo da lavagem de dinheiro.

    Em 2010, foi aprovado o Foreign Account­ Tax Compliance Acts (Fatca), que entrou em vigor em julho de 2014. São regras que permitem ao governo dos Estados Unidos tributar fora de seus limites geográficos e promovem regras bilaterais com países e instituições financeiras. “Os Estados Unidos têm poder de fiscalizar a lavagem de dinheiro a partir da identificação de operações suspeitas. Vão desvelando o novelo, em negócios e pessoas com movimentações incompatíveis. Mas ainda existe um grande obstáculo, que são os paraísos fiscais”, afirma Maronna. Um dos desdobramentos do Fatca se deu em 2013, quando cinco das principais economias da União Europeia – França, Alemanha, Espanha, Itália e Reino Unido – resolveram adotar programas contra a evasão fiscal com base no tratado dos norte-americanos.

    Além da adoção de marcos regulatórios contra as práticas financeiras ilegais, a legalização das drogas tem despontado em diversos países como caminho efetivo para romper as cadeias de produção ilegais. “Eu apoio a legalização fortemente regulamentada pelo Estado”, afirma ­Taciana. “Essa é a minha perspectiva e que parte inicialmente da maconha, que é a substância psicoativa mais utilizada no mundo. No último relatório da ONU, em 2014, eles estimaram que, no ano de 2012, 177 milhões de pessoas no mundo fizeram uso de maconha, e por conta desse mercado consumidor vai ser o que mais vai movimentar dinheiro. Além disso, a maconha vai ter um padrão de uso que vai ter o menor risco, porque é uma substância psicoativa milenar, não há relatos de mortes por overdose, e principalmente porque a maconha é uma substância natural, e isso vai fazer diferença na cadeia produtiva das drogas.”

    Lavagem de dinheiro sangra R$ 500 bi por ano

    A economia e a política do país são reféns da lavagem de dinheiro. Enquanto a atividade econômica perde R$ 500 bilhões por ano com essa prática, a política se contamina muitas vezes com recursos de empresas de fachada, usadas para esse fim. O senador Fernando Collor (PTB-AL), por exemplo, declarou à Justiça Eleitoral ter feito empréstimos de R$ 7,4 milhões na eleição do ano passado a uma empresa de sua propriedade, considerada de fachada pelos investigadores da Lava Jato. Os recursos perdidos anualmente representam 18,4 vezes o orçamento do Bolsa Família em 2015. E quase cinco vezes a meta do ajuste fiscal autoimposta pelo governo, de R$ 103 bilhões. “Imagine esse os valores destinados a políticas sociais? A distribuição de renda? A infraestrutura em locais de vulnerabilidade? São cifras capazes de mudar a história para melhor”, afirma o professor Fábio França, especialista em sistema financeiro nacional. Confira a entrevista.

    O que é lavagem de dinheiro e o que é evasão de divisas?

    A Lei 12.683/12, em seu artigo 1º, define lavagem de dinheiro como: “Ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, disposição, movimentação ou propriedade de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de infração penal”. Ou seja, toda movimentação financeira de dinheiro, bens, propriedades oriundas de práticas ilegais é considerada lavagem de dinheiro.Sobre evasão de divisas, a Lei 9.069/95 dispôs inicialmente sobre o tema em seu artigo 65º, porém, a partir de 2012 e da promulgação da Lei 12.685/12, o referido artigo passou a ter a seguinte redação: “O ingresso no país e a saída do país de moeda nacional e estrangeira devem ser realizados exclusivamente por meio de instituição autorizada a operar no mercado de câmbio, à qual cabe a perfeita identificação do cliente ou do beneficiário. § 2º O Banco Central do Brasil, segundo diretrizes do Conselho Monetário Nacional, regulamentará o disposto neste artigo, dispondo, inclusive, sobre a forma, os limites e as condições de ingresso no país e saída do país de moeda nacional e estrangeira”.Toda remessa de valores para fora do país, em valores superiores a R$ 10 mil, deve ser mediada por uma instituição financeira autorizada a essa finalidade, que deverá identificar o cliente que está fazendo a operação. E toda manutenção de recursos acima de US$ 100 mil que não for devidamente comunicada ao Banco Central será considerada evasão de divisas.

    Qual o tamanho do prejuízo que essas práticas produzem na economia?

    De acordo com o Global Financial Integrity (GFI), organização de pesquisa e consultoria sediada em Washington, o Brasil perdeu em média 1,5% do PIB ao ano entre 1960 e 2012, com a entrada e saída de dinheiro de maneira ilegal e criminosa. Nos últimos dez anos, com um valor estimado em U$ 217 bilhões, de acordo ainda com a mesma organização, as remessas ilegais de recursos superam em 113% as remessas legais. Cerca de R$ 500 bilhões ao ano é o prejuízo na economia brasileira decorrente da prática de crimes de lavagem de dinheiro.

    E na economia mundial?

    Em torno de 2% a 3% do PIB mundial.

    As obras de arte apreendidas indicam que esse é um dos caminhos da lavagem de dinheiro?

    Sim, pois obras de arte são atemporais, e o juízo de valor sobre elas demanda questões emocionais e não apenas mercadológicas, o que faz com que sua precificação seja passível de severas diferenças entre real e estimativa. Além disso, o fato de serem ainda patrimônios mundialmente negociáveis e de em grande parte das vezes os proprietários não gostarem de ser identificados facilita muito a prática desse comércio com a finalidade de lavar dinheiro.

    Quais são os outros caminhos?

    São muitos, desde a pequena sonegação do comerciante que não emite nota fiscal até a grande investida através de empresas de fachada, que podem ter várias formas de financiamento, que vão de sonegação fiscal a tráfico de entorpecentes, comercialização de produtos contrabandeados ou piratas.

    Por que existe lavagem de dinheiro e evasão de divisas no Brasil e no mundo? Falta regulação internacional e nacional?

    Regulação existe. No Brasil, temos o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), órgão extremamente investigativo e combativo. O que falta não é regulação, mas sim, e isso no mundo todo, um combate mais efetivo em todos os âmbitos da sociedade. Não faz sentido o pequeno cidadão se indignar com essas cifras apresentadas acima e se esquecer que pela manhã comprou produtos piratas. Não faz sentido o comerciante reclamar que se houvesse menos desvios de lavagem de dinheiro a economia estaria melhor, se ele se sujeita a comprar mercadorias sem nota fiscal e revender sem nota fiscal.

    No meu entender, é uma questão muito ampla e, em alguns aspectos, faz parte da cultura ser conivente, mesmo que sem querer, com práticas de lavagem de dinheiro. Falta incentivo à denúncia por parte de qualquer um que presencie possíveis indícios.

    Você diria que a fome e a pobreza estão relacionadas a essas práticas?

    Certamente. Imagina esses valores destinados a políticas sociais? A distribuição de renda? A infraestrutura em locais de vulnerabilidade? São cifras capazes de mudar a história para melhor.

    Quais prejuízos essas práticas promovem à democracia, uma vez que do ponto de vista político esse dinheiro também acaba financiando campanhas eleitorais, ou não?!

    São imensos os prejuízos, pois imagine uma empresa de fachada, usada com fins de lavagem de dinheiro, financiando a campanha de um agente político para que esse, se eleito, legisle em benefício dessa ilegalidade, propondo que as regras e a regulação sejam menos severas.

    Ou ainda, o financiamento de campanhas através de dinheiro oriundo do narcotráfico, de organizações criminosas, com o objetivo de que seus eleitos também trabalhem para o afrouxamento de leis. Por isso é de extrema importância a proibição do financiamento privado de campanhas, e nesse ponto, vivemos recentemente um imenso retrocesso.

    É possível dar alguma dimensão, alguma medida, de como a lavagem de dinheiro e a evasão de divisas estão relacionadas ao narcotráfico?

    As atividades relacionadas ao narcotráfico têm raízes espalhadas por todo o mundo, os entorpecentes trafegam entre diversos países até efetivamente chegarem ao consumidor final. O financiamento dessas atividades com certeza passa pelos crimes de lavagem de dinheiro e evasão de divisas, mas é um tanto quanto difícil mensurar cifras correspondentes a essa modalidade.

    Quais são as empresas ou segmentos de atividade que adotam essas práticas?

    Foi habitual até algum tempo atrás postos de gasolina serem muito, mas muito utilizados para essa prática. Outros segmentos também já foram alvos: ramo imobiliário, empresas transportadoras, revendedoras de veículos, casas de factoring, comerciantes de joias e objetos de arte, instituições religiosas – estas com certa facilidade e frequência, uma vez que são movidas a doações, e doações são dificílimas de serem mensuradas.

        

  8. *

    S&P precisa rebaixar nota do país mais quatro vezes para chegar ao nível de FHC

    http://www.redebrasilatual.com.br/economia/2015/09/s-p-precisa-rebaixar-nota-do-pais-mais-4-vezes-para-chegar-ao-nivel-de-fhc-6923.html

    Na época em que o país foi governado pelo tucano, nota máxima obtida foi ‘BB-‘, o que estava abaixo do grau de investimento que o Brasil só obteve em 2008, no segundo mandato de Lula

    por Helder Lima, da RBA publicado 14/09/2015 13:30, última modificação 14/09/2015 15:31Comments  rating sp.jpg

    São Paulo – A agência de classificação de risco Standard & Poor’s precisa rebaixar a nota do Brasil mais quatro vezes para que se chegue ao nível de classificação da época do governo de Fernando Henrique Cardoso, quando a nota máxima obtida foi ‘BB-‘, em janeiro de 2001, para depois, em julho de 2002, ser rebaixada a ‘B+’.

    Enquanto a nota de risco cai, a taxa de juros aumenta, como mostra a comparação desses dois períodos sob FHC, quando a Selic era de respectivamente 15,19% e 17,86%.

    Segundo a escala da agência, o desejado ‘grau de investimento’, que atrai capitais para o país, só foi obtido pelo Brasil em 30 de abril de 2008, portanto, no auge do segundo mandato de Luiz Inácio Lula da Silva. Desde então, a classificação subiu um degrau em 2011, para voltar agora ao nível de 2008.

    O economista e professor da Unicamp Pedro Rossi concorda que a mídia tradicional está dando uma importância exagerada ao rebaixamento da nota para agravar a crise política. “A gente não pode negar que isso tem efeitos reais, porque o setor financeiro e o setor real são coisas coladas, e infelizmente a nossa economia sofre muito os efeitos da especulação inerente ao setor financeiro, e o arbítrio que esse setor confere à economia. A expectativa dos agentes financeiros acaba rebatendo na economia real. Mas o que eu acho que a gente tem de questionar é a importância desse tipo de nota na tomada de decisões políticas”, afirma, suspeitando de sua adoção como critério na condução de políticas econômicas.

    A credibilidade da S&P também não é das melhores. A agência foi acusada de fraude em 2008, ao classificar o banco Lehman Brothers com grau ‘A’, ignorando os títulos podres que levaram o banco a quebrar em 15 de setembro de 2008, detonando a crise mundial. “É extremamente questionável a atuação dessas agências porque elas são privadas, financiadas pelo setor privado, elas são alvos de inquéritos em vários lugares do mundo, elas pagaram multa por manipulação, por fraude, e que ranquearam os ativos pobres norte-americanos como excelente às vésperas da crise nos Estados Unidos, então, seus critérios são extremamente questionáveis”, diz o economista.

    E mesmo que houvesse uma atuação ética da agência, ainda assim sua avaliação seria questionável, na opinião do economista. “No fundo eles estão avaliando uma coisa específica que é a saúde do país diante do credor. E o que é bom para o credor não é necessariamente bom para a população ou para a estratégia a ser seguida pelo país”.

     

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