Emergentes e submergentes

Enviado por: Caiçara

Maravilha este tema Nassif!!

A nossa socialite chinfrin é francesa por natureza. Como diz o pessoal do morro, “comédia”. O burro burguês e seus dourados vive dando espetáculo de mau gosto, no vestir, no falar e, principalmente, quando é interpelado num American pub sobre seus conceitos diante dos problemas sociais. Geralmente anda em bando, dois figurões bem-sucedidos, meio bicheiro, meio empresário, acompanhados a braços laçados com suas ilustres patroas, fazem a festa nas mesas redondas para os seus puxa-sacos.

Em geral são muito grosseiros, não servem como parâmetro para nada. Já estão classificados, por uma parte da sociedade com um mínimo de critica, como caricatos.

Tem também a segunda categoria: dos chics emprobrecidos. Este tipo é facilmente encontrado circulando em livrarias e cafés, desculpe, “bistrôs”, entre o centro da cidade do Rio de Janeiro e o Leblon. Frequenta até roda de choro. Sua principal especialidade é frequentar a Lapa e passar então a discutir o, classificado por eles, “samba de raiz”. O que é, na prática, samba de raiz? É uma espécie de samba extraído da raiz do pé de chuchu, uma coisa sem gosto que se distancia e muito da naturalidade do samba que nasce do coração, como dizia Noel. É um samba discutido que bate à porta ou aos ouvidos só dos chics, disso o Rio está cheio. Já viu né, como diz o ditado, este chuchu no Rio dá mais que na serra.

Este sujeito pós-Brasília se sentiu abandonado, mas guarda com ele os requintes de outrora. Sonha com o estado da Guanabara e repudia, principalmente, o morador da Barra. É daí que sai o termo “emergente”. Na cabeça desse cara chic empobrecido, filho ou neto de algum bem-aventurado, o morador da Barra é um açougueiro grosso, sem cultura, que gosta de pagode de praia e sonha em ser amigo de algum jogador famoso, mesmo não estando mais em cena. Geralmente mora na Barra.

A coisa não para por aí. Por mais fragmentado que tudo isso pareça, o grosseirão emergente sonha com Miami. E o chic falido que anda pelas bandas de Laranjeiras, Flamengo e Ipanema, sonha com Paris, inda mais quando vê Chico Buarque caminhando na cidade-luz em seu novo DVD. Aliás, este novo pobre remediado que já teve alguma posição, se acha um pouco parceiro de Chico, de Chico só não, de Vinícius, de Tom, diz aos outros que frequentava a casa de Nara e por aí vai.

Em todos os sentidos, habita sim, uma empáfia social na cabeça de boa parte do mediano remediado ao rico herdeiro. O tal francesismo que você diz continua, é cômico? Sim, e como! Mas existe.

Está vindo uma sociedade bonita, muito bonita, cheia de brios, acompanhando o couro de D. Ivone Lara, aquela coisa que vai chegando aos poucos, de brilho inigualável. Esses meninos e meninas empacotadores de supermercado, balconistas de pequenas lojas, essa gente que cruzamos a toda hora, está se reciclando, está estudando, está querendo muito entrar de cabeça na condição de cidadão.

Você, que inúmeras vezes, fala dos butecos que servem deliciosos pães com pernil “manjar dos deuses” com um limãozinho, percebe nitidamente Nassif que há um mundo extremamente rico, cheio de histórias, original, alegre, de uma auto-crítica de extremo bom gosto neste universo que o preconceito não vai. Azar o deles. Não serão avisados dessa sociedade que está surgindo, serão atropelados como foram todos aqueles que acreditaram piamente na capacidade de manipular um resultado eleitoral através de clichês panfletáros como o exacerbamento dos escândalos e o linchamento público.

Esta sociedade que é feito uma rocha, que não mexeu sequer uma palha, xinga a outra de preguiçosa e acomodada com o benefício do bolsa-família. Mas não se preocupe, esses peroás de fim de festa chic que entraram de penetra na festa, vão desaparecer com o tempo. O empresário brasileiro, digo, o empresário sério, já percebeu que sua relação em torno do seu universo e seu universo é a sua empresa, seus funcionários e sua sociedade é que vão lhe dar suporte para a prosperidade. O preconceito é só uma questão de dias. Virou garrafa de boliche, estão caindo de maduros.

Luis Nassif

25 Comentários

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  1. Confesso que como pequena
    Confesso que como pequena burguesa, mas esclarecidéééérrima, tive que enxugar várias lágrimas ao ler ….

    Sanduichje de pernil com limão ahhhhhhhh Uma galinha com farofa em Momganguá….dois pasteis um chopes…

  2. Quero cumprimentar o leitor
    Quero cumprimentar o leitor que posta com o nome de Caiçara.Que belo texto irmão!E reitero as suas palavras finais:Somente os empresários que tiverem sensibilidade social,sobreviverão,pois o trabalho(setor que só fez a riqueza do capital)acordou para a nova realidade,e quem não ver isto,vai acabar que nem acabaram,há pouco tempo atráz(dá até pra lembrar das suas glórias)o MAPPIN,a VASP,a MESBLA,a VARIG a DELFIN, o BANCO SANTOS,o BANCO NACIONAL,o EXXEL,o NOROESTE,o MERIDIONAL,e outros menos potentosos,que esqueceram-se da regra número 1 da economia em época de globalização;ou você divide o lucro,com quem oajudou a ganha-lo,ou seus colaboradores o destroirão na mesma velocidade com que o contruiram.

  3. Parece um texto do
    Parece um texto do pirata…fica no idilico c/ umas pitadas de realidade. Mas acredito q preconceito existe haa seculos, e talvez, ate, seja inerente a nossa sociedade. Pode mudar de cara, mas sempre existiu.

  4. Não vejo assim não.
    Esses
    Não vejo assim não.
    Esses meninos e meninas empacotadores de supermercado, balconistas de pequenas lojas, estão estudando à noite em cursos superiores de péssima qualidade, apenas para ter um diploma que garanta algum lugar no mercado de trabalho. Se tiverem sorte, podem encontrar um emprego mal remunerado, mas terão poucas perspectivas de ascenção social ou sequer melhoria de vida. Os mais ousados partem para o exterior; muitos com diploma universitários são trabalhadores de serviços pesados, sujos e perigosos em fábricas japonesas. Outros buscam obter a cidadania estrangeira a que têm direito como descendentes de imigrantes sonhando em ir para a Europa (até a mulher do Lula tem cidadania italiana).
    Por outro lado, alguns poucos que conseguem bons empregos em instituições bancárias e financeiras, setor punjante da nossa sociedade, certamente merecido pelo “conhecimento e esforço” empregados na arbitragem de juros.

  5. Quem nunca comeu um sanduiche
    Quem nunca comeu um sanduiche de pernil de boteco, acompanhado por um chopinho gelado realmente deve preferir pagar R$200,00 por um fois gras de segunda, em algum bistrô de cozinheiro francês de terceira…. eles merecem, se julgam chiques! Em breve eles é que serão discriminados por suas ações e opiniões dignas do período feudal.
    Se consideram culturalmente superiores, quando não passam cabeças feitas pela ignorância total do mundo real, não passam de senhores e senhoras de engenho; ainda não entenderam que a senzala e a casagrande não são mais viáveis, que esse tempo passou, que o mundo e a vida digna, devem ser para todos.

  6. Sou paranaense e acredite, a
    Sou paranaense e acredite, a coisa é muito pior no interior dos estados do Sul. Existe aqui uma “elitizinha da soja” (pequena mas barulhenta egocentrica que adora colunas sociais e exposições futeis), que até Hitler se sentiria constrangido de sentar em uma mesa e conversar sobre o país. Racistas, e preconceituosos de todas as formas de preconceitos possiveis. Se veêm melhores, mais cultos, mais civilizados que os compatriotas. Ridicularizam os paulistas, os cariocas e os mineiros, descriminam os nordestinos e falam de separar o Sul. Acabam desafiando a física mostrando que do absoluto vácuo (mental no caso) muita besteira pode sair. Felizmente como eu disse, são uma minoria que quem sabe agora falída vai aprender um pouco de humildade.

  7. Caiçara,

    Minhas
    Caiçara,

    Minhas congratulações !
    Completou com brilho ímpar, o post do Nassif. Sou seu fã desde já.
    Continue nos prestigiando com sua presença neste BLOG.

    Marques

    Marques

  8. Parabéns Caiçara!
    Lembrando
    Parabéns Caiçara!
    Lembrando Milton Nascimento:
    Lá vem a força, lá vem a magia
    Que me incendeia o corpo de alegria
    Lá vem a santa maldita euforia
    Que me alucina, me joga e me rodopia

    Lá vem o canto, o berro de fera
    Lá vem a voz de qualquer primavera
    Lá vem a unha rasgando a garganta
    A fome, a fúria, o sangue que já se levanta

    De onde vem essa coisa tão minha
    Que me aquece e me faz carinho?
    De onde vem essa coisa tão crua
    Que me acorda e me põe no meio da rua?

    É um lamento, um canto mais puro
    Que me ilumina a casa escura
    É minha força, é nossa energia
    Que vem de longe prá nos fazer companhia

    É Clementina cantando bonito
    As aventuras do seu povo aflito
    É Seu Francisco, boné e cachimbo
    Me ensinando que a luta é mesmo comigo

    Todas Marias, Maria Dominga
    Atraca Vilma e Tia Hercília
    É Monsueto e é Grande Otelo
    Atraca, atraca que o Naná vem chegando

  9. Espantoso!
    Um análise das
    Espantoso!
    Um análise das contradições sociais cariocas sem mencionar tiros e dorgas!
    Simplesmente soberbo!
    Isso é que é presente de virada de ano.
    Sds
    Alan

  10. Será que esse preconceito
    Será que esse preconceito virou “garrafa de boliche”?

    Será que está mesmo caindo?

    Será que são tantos assim que o perceberam?

    Creio que esta última eleição deixou muito claro o que disse o Nassif e nossa colega Caiçara.

    Porém, não tenho a sua esperança, Caiçara.

    A hipocrisia dos remediados (que querem ser “elite” e se afastar “dos ignorantes de baixo”) é sem limites.

    A máscara caiu, mas não a pose.

    E infelizmente nossa mídia é feita por estes e para eles. O bombardeamento de imagens segregacionistas manter-se-á.

    E o amplo apoio a Alckmin de larga parcela do empresariado demonstra isso. Pois apesar de considerarem que Lula “fez o dever de casa” (tosca ilusão), votavam no ‘branco, com anel de dotô’ que representava o “moderno” contra o “atraso” das políticas sociais.

    Mas, se mais pessoas trouxerem o assunto à baila, talvez possamos realmente repensar o País.

    Parabéns ao Nassif por trazê-lo aqui.

    Espero que a discussão prossiga e prospere.

    Precisamos repensar a Nação. Devemos deixar de pensar no “povo” como “ele”, para nos entender como “Nós, o povo”.

  11. “Esta sociedade que é feito
    “Esta sociedade que é feito uma rocha, que não mexeu sequer uma palha, xinga a outra de preguiçosa e acomodada com o benefício do bolsa-família.”
    ( infelizmente já escutei muito isso e felizmente nunca aceitei tão proposição)
    o texto é bom que chegou a cair a lagrima de um olho só.
    hahaha…..é serio.

  12. Esse ca´çara tá babando de
    Esse ca´çara tá babando de louco…e o Nassif mais uma vez perdeu a chance de deixar uma abobrinha dessas de fora…
    Quanta baboseira…
    O cara se dá o nome de caiçara, mas é um frustrado na vida, por isso esse besteirol sem pé nem cabeça…

  13. Mandou ver bonito!
    Mas também
    Mandou ver bonito!
    Mas também vejo um outro lado, de gente com pouco acesso à educação e que tem como única saída a escola pública onde falta disciplina e cobrança de resultados (de todos os lados). Isso desprepara nossa nova geração, a parte que tem brio e sabe que precisa se informar para crescer. A outra parte, que só quer saber de praia e arrocha (já ouviu? é de uma pobreza mental imensa e nem sequer tem a raça da Quebra-Barraco) não me inspira nada de bom. Esses Arrochjistas (como os chamo na Bahia) unem o pessoal de classe mais baixa ignorante que não aprendeu sobre a urgência de deixar de sê-lo aos filhinhos de papai igualmente ignorantes e apenas mais endinheirados. Aqui no Sul da Bahia, historicamente rica em dinheiro que nunca ficou aqui (antes era o Cacau, agora é oquê?) e em pobreza e ignorância endêmicas eu vejo gente jovem com força mas sem instrumentos para crescer e gente jovem sem a mínima vontade de fazer nada. Boa parte dos que tem sucesso vão embora, deixando o nivelamento por baixo que explica em parte a pobreza das lideranças políticas das Terras do Sem-Fim (que ainda aguardam um começo).

  14. Caiçara e Boetius têm razão.
    Caiçara e Boetius têm razão. Só diminuirão esses malditos preconceitos quando tivermos bibliotecas e muitas, muitas livrarias em todas as cidades, onde hoje só há pontos de droga e “points” de amantes do rodeio. Só a educação de qualidade e para todos nos salvará. Por que não discutir o conteúdo do nosso ensino?

  15. Tenho a impressão que o
    Tenho a impressão que o Caiçara é um dos sujeitos mais lúcidos que já escreveram pro Nassif.
    Vocês já viram o que ele escreveu lá embaixo no post sobre inclusão social e desenvolvimento?

  16. Eu num arrecebi o decimo
    Eu num arrecebi o decimo terceiro ,e não deu nem para sanduba de pernil com chopes. Vocês tão bem demais pilotando seus PCs …hehehe

  17. Acho que, aqui no Rio, terra
    Acho que, aqui no Rio, terra da Vênus Platinada, ainda há coisa pior que os/as socialites de “natureza francesa”, emergentes da Barra e novos pobres da Lapa: são as celebridades e candidatos(as) a celebridade.

    Vale tudo pra sair na notinha de alguma coluna social, vale tudo pra cavar uma foto num site, numa revista. Vale sair sem calcinha e torcer pra que flagrem a periquita; vale ficar horas na fila de um restaurante badalado onde vão colunistas e paparazzi (porque eles sabem que as celebridades e candidatos a celebridades estão lá a espera de “flagrante”); vale elaborar com a assesoria de imprensa uma estratégia que chame a atenção da mídia (como fazer festa de aniversário pro cachorrinho); vale transformar o filho e a intimidade em gancho para uma matéria na revista Caras ou Quem (ainda que as cenas de intimidade sejam pura cenografia produzida); vale batalhar por um namorado jogador de futebol; vale “se abrir” para o público para dizer que é lésbica e enviar para o jornal a foto com beijo na boca da namorada…

    Como se não bastasse ver essa gente estampada em jornais, revistas e televisões – exibindo-se a si mesmas e vendendo os cosméticos da vida – ainda temos que ouvir deles lições de moral sobre a falta de ética na política.

    Esse povo vive em torno de si mesmo, são autorreferentes, se acham lindos, não têm desconfiômetro… mas têm público para suas farolices, inclusive a moça do caixa do supermercado, a balconista, toda essa gente que merece ter vez, oportunidade…

    Gostaria muito de ver os(as) faroleiros(as) caindo como garrafas de boliche. Só não sou tão otimista quanto Caiçara. Ao menos no curto e médio prazos. A Vênus Platinada teria que se enfraquecer muito, a indústria cultural, tal como ela é hoje, também. E a minha falta de otimismo (no médio e curto prazos) se dá porque vejo sempre muitas críticas à visão político-econômica das mídias, mas não à cultura autorreferente que ela dissemina… até mesmo os empacotadores, balconistas e congêneres se enebriam com essa cultura.

    A minha prece, a minha torcida é pra que “essa gente que cruzamos toda hora” não queira só o paraíso cosmético do consumo e do narcisismo prometido pelas mídias.

  18. Engraçado; o mundo dos
    Engraçado; o mundo dos empacotadores de supermercado é tão maravilhoso, com seu pernil, seu ovo colorido, pinga com cambucí (lembram dessa?) que precisamos avisar urgentemente os jogadores de futebol(em geral ex- empacotadores) para não irem jogar na Europa. É muito ruim viver em Lyon (Juninho Pernambucano – Paul Bocuse), Ronaldinho – Palma de Mallorca, Kaká – Vittorio Emmanuelle, etc.
    O preconceito merece pena de morte mas esse ” A classe operária vai para o paraíso”, vamos e venhamos.
    A mobilidade social é que faz os grandes países-novos. Levar para o lado pessoal incorre em grandes erros.
    A propósito lembro de um velho ditado português (cínico mas quem convive sabe que é verdadeiro);
    – Não sirvas a quem serviu, não peças a quem pediu.

    Abraços.

  19. Rio registra novas ações
    Rio registra novas ações criminosas; polícia mata suspeitos
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    da Folha Online

    A polícia voltou a registrar ações criminosas no Rio, na madrugada deste sábado. A onda de violência iniciada na última quinta-feira (28) causou a morte de dez civis e dois policiais militares, além de suspeitos.

    Na madrugada deste sábado, criminosos atiraram contra o prédio da 34ª Delegacia, em Bangu. Um morador de rua que estava nas proximidades ficou ferido.

    Silvia Izquierdo/AP

    Pessoas observam ônibus queimado na Cidade Alta durante série de ataques no Rio
    Na favela do Muquiço, cinco suspeitos foram mortos por policiais que participavam de uma operação. A PM afirma que, com o grupo, foram apreendidos dois fuzis, duas pistolas, oito bombas caseiras, uma granada e um revólver calibre 38.

    Na região da favela Nova Holanda, nas proximidades da avenida Brasil, os policiais apreenderam dois coquetéis molotov, quatro bombas caseiras e um radiotransmissor. Os suspeitos fugiram.

    Outra ação ocorreu nas proximidades do Shopping Carioca, em Vicente de Carvalho. Segundo a polícia, criminosos passaram atirando, mas há suspeitas de que se tratava de assaltantes em fuga.

    Na Pavuna, um grupo que supostamente se preparava para uma falsa blitz trocou tiros com a PM. Um suspeito morreu.

    Em Seropédica, homens invadiram a delegacia e teriam roubado armas. A quantidade não foi confirmada.

    Vítimas

    Na madrugada de quinta, a série de ataques deixou 18 pessoas mortas. As vítimas foram sete ocupantes de um ônibus da viação Itapemirim, que foi queimado; dois policiais militares; uma vendedora ambulante, um homem e sete suspeitos.

    A oitava vítima do ataque ao ônibus morreu na madrugada deste sábado, no Hospital Pedro Segundo. A vítima, identificada como Elias Batista dos Santos, sofreu queimaduras em aproximadamente 70% do corpo e não resistiu aos ferimentos.

    O veículo, que havia saído de Cachoeiro de Itapemirim e seguia para São Paulo, foi surpreendido no trevo das Missões, que liga a avenida Brasil à rodovia Washington Luís. Um dos criminosos entrou, roubou passageiros, jogou gasolina no corredor e depois ateou fogo no ônibus, que levava 28 passageiros. Sete morreram na hora, carbonizados.

    A Secretaria da Segurança informou na sexta-feira (29) que, a partir de informações cedidas pela Itapemirim, conseguiu localizar as famílias de seis das vítimas, identificadas como: Celso da Silva, Jaci Maria de Jesus Silva, Florentino Alves Pereira, Horminda dos Santos Grande, Jair da Silva Paes e Liane da Silva Paes de Souza.

    Os corpos dos sete carbonizados serão identificados por meio de exames de DNA. A expectativa é de que o resultado saia dentro de 30 dias.

    Isolamento

    A SAP (Secretaria de Administração Penitenciária) do Rio isolou seis presos acusados de terem coordenado a série de ataques, que atingiram ônibus, delegacias, carros e cabines da Polícia Militar na quinta-feira. Além dos mortos, a onda violência deixou mais de 20 feridos.

    Os presos –entre eles Márcio Nepomuceno dos Santos, o Marcinho VP, e Elias Pereira da Silva, o Elias Maluco– foram encaminhados para o RDD (Regime Disciplinar Diferenciado) no presídio de Bangu 1 três dias antes da série de ataques –quando o plano teria sido descoberto pela SSP (Secretaria de Segurança Pública).

    Em São Paulo, Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, chefe do PCC (Primeiro Comando da Capital) –acusado de liderar três ondas de ataques– é mantido no RDD de Presidente Bernardes (589 km a oeste de São Paulo).

    Para evitar novos incidentes no feriado prolongado de Réveillon, 20.734 policiais civis e militares estão nas ruas para reforçar o policiamento. Além disso, a PM ocupou 23 favelas.

    Motivação

    O secretário de Segurança Pública, Roberto Precioso, disse acreditar que as ações tenham sido motivadas por possíveis mudanças na política da administração penitenciária a partir de 2007, com a mudança de governo. Para ele, os presos temem o endurecimento do regime disciplinar, que pode causar prejuízos às facções criminosas.

    Já o secretário da Administração Penitenciária, Astério Pereira dos Santos, disse que as ações foram uma reação às milícias de policiais e ex-policiais que tomam conta de morros e favelas na cidade.

    Com LÍVIA MARRA, editora de Cotidiano da Folha Online e CAROLINA FARIAS, da Folha Online

    ACORDA “CAIÇARA”

  20. A capacidade de a mente
    A capacidade de a mente humana fantasiar a realidade é mesmo impressionante. Uma dessas fantasias é querer que a cidadania plena seja um mero desejo, um anseio, um sonho individual ou coletivo que se materializa por si só, cai do céu, por assim dizer. Vamos esperar sentados, deitados até, meus concidadãos; os fatos dizem o contrário.
    Vimos uma crise impensável no serviço mais elitizado do país, mais glamuroso, preocupado em fazer de um simples mortal um quase-rei, a saber: a aviação. Sabem o porquê da crise? Respondo prá vocês. Essa crise na aviação se deveu ao aumento do número de usuários (inclusive aspirantes a cidadãos), para o qual a estrutura do setor não estava preparada. E não estava preparada porque o poder público não quis abrir o setor para aqueles fora da elite que sempre viajou de avião, pagando à vista, cheirando a legítimo perfume francês. Afinal, papai Santos Dumont foi um belo expoente da elite ecomômico-financeira e pensante do país! Por que a aviação então seria algo acessível às massas? Façam-me o favor!…
    Mas aí, as companhias aéreas, seguindo o “american way of life”, começaram a oferecer assentos mais baratos que poltrona de ônibus interestadual, pagáveis em dez vezes sem juros no cartão de crédito (que até o morador de rua pode ter), e foi o que se viu. Os aeroportos viraram campos de concentração, algo que nem as rodoviárias conseguiram fazer. E olha que prá freqüentar rodoviária em época de feriado tem de ter saúde.
    E assim é com os serviços de saúde (a verdadeira, não esse zumbi que atende pelo nome de SUS), educação ( a verdadeira, não esse outro zumbi chamado ensino público), e transporte (o verdadeiro, não esse cadafalso permanente, mais conhecido como malha viária brasileira); tudo voltado para uma parcela ínfima da população a que costumamos chamar de elite, esse povinho afluente que realmente importa, que se auto-regula, se auto-expurga, que se afrancesa, americaniza, anglicaniza ( e daí?), e que está deveras preocupada com a devida regularização de seus vôos (enquanto o resto de nós anda de carro ou ônibus mesmo ou fica em casa) e não quer nem saber se os empacotadores de supermercado e afins se tornaram cidadãos ou não. “Comme il faut”.

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