O Brasil de FHC

Comentário no post “Cartas de Dilma”

Senhores, 

agradeço a atenção na resposta.

Devo dizer que:

– se ver méritos nos governos FHC significa ser tucano, sim, sou tucano;

– se votar sistematicamente em candidatos do PT significa ser petista, sim sou petista.

Até onde eu saiba, qualquer das duas opções, ser tucano ou ser petista, são válidas e garantidas a mim pela constituição, correto? 

Não me alinho ideologicamente ao governo de FHC, mas reconheço alguns méritos em seu governo:

1 – dos planos estabilização que acabaram com a maioria das hiper-inflações do mundo na primeira metade da década de 90, o Plano Real está certamente entre os planos mais criativos, tendo que lidar com o nível de sofisticação que havia na indexação brasileira, talvez única do mundo;

2 – apesar de ser contra, por ser ingerência nos agentes federativos, entendo que a Lei de Responsabilidade Fiscal cumpriu um papel importante na melhoria administrativa, impedido que políticos em final de mandato esvaziassem o caixa às vésperas de eleição e garantindo os valores a serem destinados a certas áreas da administração local;

3 – FHC, apesar do vexame da reeleição, era um democrata, entendo que as instituições políticas amadureceram durante seu governo, tendo sido o primeiro presidente eleito a passar o cargo a seu sucessor, em muitos anos e, fazendo uma transição bem civilizada;

4 – Por menos que se goste dos yuppies da equipe econômica, acho que eles trouxeram uma certa profissionalização da área, na maioria das vezes entregues a acadêmicos sem visão de mercado. O patamar de interação entre as áreas econômicas e os agentes econômicos aumentou desde então. Admito, porém, que eles exageraram bastante na relação com o mercado;

5 – Acho que o processo de modernização da receita deve muito ao governo FHC, tendo sido muito bem continuado no governo do PT;

6 – Pode se discutir se o programa dos genéricos foi do Serra ou não, mas iniciou-se no governo FHC.

Claro que o governo teve inúmeros e gravíssimos problemas, podemos discordar da sua ideologia, mas temos que reconhecer que havia uma que motivava suas ações. Não se privatizou para roubar, pode ter até havido corrupção, mas havia idéias por trás. A relação com Daniel Dantas pode e deve ser questionada, do mesmo modo que a atual política de criar “campeões nacionais” pode e deve ser questionada.

O que não posso deixar de reconhecer é que FHC foi um grande político e, em seu governo, houve avanços econômicos (às vezes super-dimensionados pela imprensa) e, principalmente, políticos.

Felipe,  talvez meu comentário não tenha sido claro, mas em nenhum momento disse que o Brasil só evoluiu a partir de FHC. O que eu quis dizer é que FHC, Lula e Dilma são políticos extra-classe com idéias e liderança que brilhariam em qualquer parte do mundo e que nao há razão para termos uma visão tão pessimista em relação ao Brasil e à política brasileira, como grande parte da classe A tem. Mão me referi a Getulio, JK, D. Pedro II ou qualquer outro do passado, porque quis contrapor uma visão do meu círculo de relacionamentos, onde é comum se ouvir que “o Brasil não tem jeito”. Não me referi a Itamar Franco pq, embora reconheça qualidades, não o vejo como um político que tenha uma visão mais geral de mundo, além de não ter sido eleito. No frigir dos ovos, a única coisa que quis dizer é que o Brasil de FHC foi melhor que o Brasil pré-FHC, que o Brasil de Lula foi melhor que o Brasil pré-Lula e que, tenho confiança que o Brasil de Dilma será ainda melhor. Você concorda?

Luis Nassif

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