O futuro de Hillary Clinton

Por Andre Araujo

O tema merece debate sério e não conversinha de bar de batidas.

1. A Secretaria de Estado está no cargo por força de complexa negociação partidaria, não é escolha pessoal de Obama mas sim fruto de uma composição no jogo de poder, do tipo que tambem existe em Brasilia.

2. A linha diplomatica seguida pela Secretaria de Estado não é pessoal e sim resultante de um plano estrategico que, certo ou errado, vem de um conjunto de forças representadas nos Comités de Relações Exteriores da Camara e do Senado, do Conselho Nacional de Segurança, do staff de Planejamento Estrategico do proprio Departamento de Estado, de lobbies empresariais e tematicos.

3. Os usos e costumes de relações internacionais rezam que um Chefe de Estado quando visita outro Pais é recebido pelo Chefe de Estado desse Pais, mas quando um Chanceler ou um Ministro importante de um Pais visita outro pode perfeitamente ser recebido pelo Chefe de Estado desse Pais. Não há uma regra protocolar que diz que Chanceler só é recebido por Chanceler. O Secretario de Estado americano geralmente é recebido por Chefe de Estado, por interesse do Pais anfitrião ou por cortesia diplomatica. Só a ignorancia combinada com a arrogancia pode entender que s Secretaria Hillary Clinton não deve ser recebida pelo Presidente. Não se trata de PIG ou torcida, é mera questão de bom senso e elementar educação, é tambem a praxe mundial. Não se deve esquecer que o Plano de Reconstrução da Europa, lançado em 1947, levou o nome do Secretario de Estado George Marshall e não do Presidente Truman, tal o peso do cargo de Secretario de Estado.

O protocolo diplomatico não é uma lei e sim usos e costumes convencionados para amenizar as relações entre paises e em função disso é praticado.

4. Não tem logica achar que a Secretaria Clinton não vai durar. Porque? Ela executa uma politica de Governo, tem pesonalidade e traquejo para o cargo, o criterio de julgamento está nos EUA e não aqui ou no Irã.

Essa é uma avaliação de realidade, sou contrario a maior parte da politica externa americana mas as analises precisam ter racionalidade e se basear no contexto da realidade e não do tipo “”não gosto dessa mulher””, que não leva à nada e rebaixa o nivel do blog. 

Por Tomás Rosa Bueno

Protocolo, não – cortesia!

É certo que a Hillary Clinton está lá para ficar. É fantasia, à qual se entregam muitos democratas nos EUA e ingênuos pelo mundo afora, dizer que há contradição entre a política dela e a do Obama. A contradição está entre o que os democratas e ingênuos achavam do Obama e a realidade.

Caberia aqui dizer que não há mais condições, nos Estados Unidos, para eleger um presidente que possa de fato enfrentar os interesses constituídos, seja ele democrata ou republicano. Isto pode ser motivo de um comentário separado no qual se possa desenvolver uma análise de por que é assim. Mas não agora.

O que quero comentar agora é a afirmação (muito típica) do André Araújo de que o protocolo diplomático reza que a Secretária de Estado americana seja recebida por chefes de Estado, quando o contrário não é recíproco. Quando o Amorim vai aos Estados Unidos, quem o recebe é a Clinton, se estiver de bom humor. Se não, manda o Valenzuela. Quando a Clinton vai à Rússia, quem a recebe é o Lavrov, e o Hu Jintao não interrompe o que está fazendo para encontrar-se com ela quando ela vai à China. O protocolo diplomático é claro: ministros são recebidos por ministros, chefes de Estado são recebidos por chefes de Estado. Que um ministro seja recebido por um chefe de Estado é uma questão de cortesia, não de protocolo. É uma exceção. E cortesia recebe quem merece. Que um ministro espere, ache que tem direito a ser recebido por um chefe de Estado é uma questão de grosseria. Que a secretária Clinton se dedique a passar pitos nos países que vai visitar antes de sair de casa é uma questão de arrogância, além de grosseria. E nenhum chefe de Estado tem obrigação de receber ministro casca-grossa, mesmo que seja dos Estados Unidos. Muito menos um chefe de Estado a quem a Hillary Clinton insultou pública e repetidamente em foros internacionais.

Na próxima vez que a dama dos miolos de ferro vier ao Brasil, espero que o protocolo seja respeitado e que ela seja recebida com o respeito devido a um ministro de uma potência aliada, e não por um terceiro-secretário recém-nomeado. Mas também espero que a tradição diplomática de passar recados sem ter de dizer nada explícito seja respeitada, e que a secretária mal-educada seja recebida pelo Patriota, ou pelo Pinheiro Guimarães.

Luis Nassif

0 Comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador