Para cumprir lei, TV fechada compra conteúdo de canal aberto

Nassif, você acredita na “falta de conteúdo nacional compatível com a qualidade” da programação das TVs fechadas? Desculpa, mas ali só tem lixo americano.

Será que não temos conteúdo para mostrar? Se você abrir um espaço para relacionarmos conteúdos para a TV fechada, você pode ter certeza que vai aparecer coisas de cinema!

Da Folha

TV de segunda mão

Canais por assinatura importam conteúdo das redes abertas e reprisam filmes nacionais para cumprir cota de produção brasileira estabelecida pela nova lei da TV paga

ALBERTO PEREIRA JR.
DE SÃO PAULO

No ar desde janeiro na Band, a segunda temporada de “Mulheres Ricas”, reality show em que cinco endinheiradas mostram seus cotidianos extravagantes, estreou faz duas semanas no canal TLC, do grupo Discovery.

A presença de um produto de TV aberta na grade de um canal fechado é sintomática.

Para cumprir a cota de exibição de conteúdo nacional definida pela nova lei que regula a TV paga, em vigor desde setembro último, TVs por assinatura têm recorrido à aquisição de conteúdo de canais abertos.

Na maior parte do tempo, acontece o contrário: TVs abertas absorvem programas de sucesso dos canais fechados. Recentemente, por exemplo, as séries “The Walking Dead” e “True Blood” passaram a ser exibidas no Brasil por Band e SBT, respectivamente.

A operação “tapa-buracos” dos canais fechados é uma tentativa de se adequar à lei, que exige que eles veiculem, em horário nobre, duas horas e 20 minutos semanais de programas nacionais, metade realizada por produtoras independentes.

O Discovery Home & Health incluiu na programação o “S.O.S. Casamento”, que já foi ao ar pelo SBT, em 2011.

O A&E comprou um pacote de musicais da Band, com shows de artistas como Chico Buarque, Dona Ivone Lara e Rita Lee.

A Fox Life prepara para o segundo semestre uma faixa de horário com reprises de novelas da Record, como “Bela, a Feia” (2009).

A partir de setembro deste ano, o total de exibição dos programas nacionais exigido pela lei aumentará para três horas e meia semanais.

“Já faz muito tempo que venho falando que os prazos da lei são difíceis de se tirar do papel”, diz Anthony Edward Doyle, vice-presidente regional da Turner International (dos canais Space, TNT e Cartoon Network).

“Há uma série de fatores que podem atrasar ou dificultar a produção de um programa, que é o objetivo da legislação”, critica o executivo, cujo canal TBS muitodivertido exibe atrações como “Anjos do Sexo”, “CQC” e “É Tudo Improviso”, todos produzidos pela Band.

Segundo André Rossi, diretor de programação da Discovery Networks no Brasil, “Mulheres Ricas” se enquadra nos parâmetros estabelecidos pelas cotas. “Mas isso não é o suficiente para definir a aquisição. A relevância do formato para o TLC e a qualidade de produção são fatores cruciais”, diz o diretor.

SEM QUALIDADE

Há quem prefira sair pela tangente. Comedy Central, Disney, Nick Jr. e DTH Family pediram “dispensa” do cumprimento da cota de produção nacional junto à Ancine, a Agência Nacional do Cinema, que regula o setor.

Eles alegam, entre outros motivos, fatores econômicos e a falta de conteúdo nacional compatível com a qualidade de suas programações.

No caso do Disney, a ABPITV (Associação Brasileira de Produtoras Independentes de TV) alega dificuldade de contato com a representação do canal no Brasil, o que a fez optar pela via direta.

Os processos que analisam os pedidos de dispensa estão em andamento na Ancine.

No início deste mês, uma comitiva de 35 produtores da BTVP (Brazilian TV Producers) aproveitou viagem a Nova York para a feira de produção infantojuvenil Kidscreen e fez visitas à sede da Disney a fim de apresentar projetos que possam cumprir a cota nacional.

Luis Nassif

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