Repensando o papel da Polícia Militar

Tenho admiração pela Polícia Militar de São Paulo. Não apenas pela gloriosa Banda Militar mas pelo nível de formação de seus oficiais. Há uma academia, a peocupação permanente com estudos, análises sobre crimes, mudanças sociais etc., disciplina, planos de carreira. Enfim, é uma organização com vida inteligente, história e, de tempos em tempos, com programas de aprimoramento.

Por tudo isso, é hora do comando da PM, dos ideólogos começarem a analisar mais seriamente as incursões violentas contra cidadãos.

É evidente que a corporação cumpre ordens do poder civil – no caso, o governador de plantão. E nem poderia ser de outra maneira. Mas o preço do desgaste é pago, quase sempre, pela corporação. Joga-se a PM em situações de risco e qualquer arbitrariedade cometida é debitada a ela. Governantes colhem as vitórias; a PM recebe o desgaste.

É hora da corporação, como um todo, planejar sua inserção junto às comunidades, ao governo de Estado e à opinião pública.

Longe de mim propor rebeliões em nome de direitos – que só se justificariam se algum tresloucado, por exemplo, ordenasse atirar contra uma multidão. Mas a PM tem que se armar de outras competências. Tem que dispor de uma área de assistência social, capaz de pensar a maneira menos traumática de tocar operações como a de Pinheirinho. Tem que ser capaz de dialogar com as diversas secretarias e de preparar diagnósticos sobre situações de risco, alertando governantes para suas consequências.

No caso de operações como a de Pinheirinho, a última palavra sobre os procedimentos a serem tomados – para cumprir decisões judiciais ou do governo – tem que ser da PM.

Enfim, tem que ser vista pela população como implacável contra o crime, mas como sensível às tragédias sociais. Inclusive para se armar de legitimidade na hora de aconselhar governantres arbitrários.

Luis Nassif

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