A culpada

Sou feita: de animal e de poesia.
Desde uma árvore retorcida, suplico o verso mais bonito!
Como se para escrever poesia, tivesse que ser a minha a mais bonita.
Ah! Como perdi o juízo tão cedo!
Em querer tanto, sendo apenas uma mulher cheia de espantos!

Sou feita: de fino gesso e de pintura.
Desde o apartamento do terceiro andar, que susto levo da vida todos os dias!
Como se para viver, precisasse responder todo amanhecer ao berro do nascer.
Ah! Que esquecida sou desta vida!
Abro a janela e não consigo ver que tudo é apenas mais um dia.

No dia em que o animal não se der bem com a poesia..
Qual arreio de cavalo haverá para mim neste mundo!

No dia em que o corpo não se der bem com o espelho..
Qual impulso guardarei antes de quebrar todos os vidros!

Piso em reflexos, domo instintos.
Vivo entre tudo isso.
E nem ao menos é muito, a poesia que sempre parece pouca!

*escrito 23 de junho, 2015.

Redação

0 Comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador