Vitória do consumidor na aprovação do Marco Civil da Internet na Câmara

A PROTESTE Associação de Consumidores comemora a aprovação do Marco Civil da Internet, ontem (25), pela Câmara dos Deputados. Trata-se de uma grande conquista dos consumidores, que garante a democracia, a neutralidade das redes e a liberdade de expressão na Internet.

Mas a Associação espera a votação pelo Senado o quanto antes. Há prazo de 45 dias para apreciação do Projeto de Lei nº 2126/2011, após três anos em tramitação na Câmara. Se aprovado como está, o Marco Civil garantirá a neutralidade da rede, segundo a qual todo o conteúdo que trafega pela internet é tratado de forma igual.

Pelo projeto, todas as empresas que prestam serviços no país terão que se submeter à legislação brasileira em relação à privacidade, a retenção de dados pessoais e sigilo de comunicações e registros. Para que haja exceções à neutralidade, é necessário um decreto presidencial depois de consulta com o CGI (Comitê Gestor da Internet) e a Anatel.

As operadoras terão de oferecer a conexão contratada independente do conteúdo acessado pelo internauta e não poderão vender pacotes restritos (preço fechado para acesso apenas a redes sociais ou serviços de e-mail).

Atualmente, a neutralidade é regulamentada pela Anatel. Alguns usuários, no entanto, reclamam da prática de “traffic shaping”, em que a velocidade de conexão é reduzida após uso de serviços “pesados”, como vídeo sob demanda ou download de torrents (protocolo de troca de dados, geralmente utilizado para baixar filmes).

O novo texto do Marco Civil prevê que o tráfego pode sofrer discriminação ou degradação em situações específicas: “priorização a serviços de emergência” (como um site que não pode sair do ar, mesmo com muito acesso) e “requisitos técnicos indispensáveis à prestação adequada dos serviços e aplicações” (caso das ligações de voz sobre IP, que precisam ser entregues rapidamente e na sequência para fazerem sentido).

O projeto, que estava pronto para ser votado há mais de dois anos, foi alvo das operadoras de telecomunicações que fizeram lobby desleal para impedir a sanção da lei, sem as alterações que desejavam.

O Marco Civil é um tipo de “Constituição da Internet”, que se faz fundamental pela ameaça da rede por práticas de mercado, promessas de internet fatiada e oferecimento e venda de pacotes de velocidades diferentes.

Da forma como está disposto o texto do PL, provedores que ofereçam planos de internet para um determinado tipo de serviço não serão mais autorizados, e isso facilitará a vida dos consumidores de um modo geral. Hoje ocorre, por exemplo, de um plano ser oferecido apenas para acessar e-mail, outro só para englobar serviços de voz e acesso a vídeos e assim por diante. O Marco Civil é central para a democratização das comunicações no Brasil.

A PROTESTE faz parte do grupo de entidades da sociedade civil que está fazendo campanha pelas redes sociais para que o Congresso aprove o projeto do Marco Civil da internet para assegurar a liberdade, privacidade e neutralidade da rede. As operadoras de telefonia querem filtrar a rede para tentar impedir o livre acesso a sites e a aplicativos, onde compartilhamos conhecimento, arquivos, músicas e filmes.

Redação

10 Comentários

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  1. “Se aprovado como está, o

    “Se aprovado como está, o Marco Civil garantirá a neutralidade da rede”:

    NAO, NAO VAI.

    A “garantia” da neutralidade da rede ESTA FORA DA LEI e A BASE ALIADA DE TRAIRAS “convencionou” que a NEUTRALIDADE VAI SER GARANTIDA POR DECRETO PRESIDENCIAL.

    Entederam agora?  Eh so um mijado de direita entrar na presidencia que ele vai derrubar o decreto anterior.  A inseguranca continua a mesma POR CAUSA DA BASE ALIADA DE TRAIRAS, ESPECIFICAMENTE DO PMDB.

    Derrubem todos eles o mais cedo possivel.  Contem pros brasileiros o quanto eles foram trairados pelo PMDB.

    Quanto ao PSDB, todo mundo viu:  eles sao trairas mesmo.  Eh a natureza deles.

    1. Eu tb não fiquei mt

      Eu tb não fiquei mt entusiasmada não. Sei lá, parecem que as leis no Brasil não “pegam” de forma alguma qdo visam beneficiar o usuário. Vamos ver se foi bom prá nós. Por enquanto acho que sim, mas depois…..

    2. Só as exceções

      Não é isso. Só as exceções dependem de decreto. E o texto apresenta o que pode ser exceção: tem que trazer benefício aos usuários, não pode ter motivações econômicas. As exceções são do nosso interesse, a neutralidade pura poderia ser um problema para aplicações sensíveis ao atraso.

    3. Gostaria de saber se essa

      Gostaria de saber se essa briga política é por interesse privado x privacidade.

      “A “garantia” da neutralidade da rede ESTA FORA DA LEI e A BASE ALIADA DE TRAIRAS “convencionou” que a NEUTRALIDADE VAI SER GARANTIDA POR DECRETO PRESIDENCIAL.”

      Por que “ESTA FORA DA LEI”?. Porque a dilma ainda não assinou? Que mal há na neutralidade da Internet; não cobrar um serviço gratuito que a natureza nos oferece?

  2. o pobrema é que a inovação avança muito mais rapidamente

    o pobrema é que

    “a inovação avança muito mais rapidamente do que o processo de elaboração de políticas. Jérémie Zimmermann

    […]

    O Facebook é completamente centralizado. O Twitter é completamente centralizado. O Google é completamente centralizado. Tudo nos Estados Unidos. Tudo controlável pelos grupos que controlam as forças repressoras. […] Então, nos Estados Unidos, há galpões enormes cheios até o teto com servidores de muitas empresas diferentes. É nesses locais que a NSA instala alguns de seus pontos de interceptação. A internet poderia existir sem essa centralização, não é que tal tecnologia seja impossível, é só que é simplesmente mais eficiente centralizar tudo. Na competição econômica, a versão centralizada vence. […] Talvez a tendência básica da técnica seja passar por esses períodos de descoberta da técnica, de centralização da técnica, de democratização da técnica – quando o conhecimento sobre como fazer é passado para a próxima geração. Mas acho que a tendência geral da técnica é centralizar o controle naquelas pessoas que detêm os recursos físicos delas. […] A internet é sustentada por interações comerciais extremamente complexas entre fabricantes de fibra óptica, fabricantes de semicondutores, companhias de mineração que extraem os materiais e todos os lubrificantes financeiros que possibilitam o comércio, tribunais para garantir a aplicação das leis relativas à propriedade privada e assim por diante. Então na verdade esse é o topo da pirâmide de todo o sistema neoliberal. Julian Assange

    […]

    Não é segredo algum que, na Internet, todos os caminhos que vão e vêm da América Latina passam pelos Estados Unidos. A infraestrutura da internet direciona a maior parte do tráfego que entra e sai da América do Sul por linhas de fibra óptica que cruzam fisicamente as fronteiras dos Estados Unidos. O governo norte-americano tem violado sem nenhum escrúpulo as próprias leis para mobilizar essas linhas e espionar seus cidadãos. E não há leis contra espionar cidadãos estrangeiros. Julian Assange

    […]

    Houve um investimento gigantesco em vigilância porque as pessoas no poder temiam que a internet pudesse afetar seus métodos de governança. Julian Assange

    […]

    Os ciberguerreiros ou a vigilância em massa são superbaratos em comparação com uma aeronave apenas. Andy Müller-Maguhn

    […]

    Quando nos comunicamos por internet ou telefonia celular, que agora está imbuída na internet, nossas comunicações são interceptadas por organizações militares de inteligência. […] É uma militarização da vida civil.” Julian Assange.

    CYPHERPUNKS Julian Assange / Jacob Appelbaum / Andy Müller-Maguhn / Jérémie Zimmermann. Boitempo Editorial, 2013.

    1. “Dessa forma, preservando

      “Dessa forma, preservando democraticamente a liberdade de escolha dos consumidores, fica preservada também a oferta de pacotes diferenciados, como os de acesso gratuito a redes sociais, que hoje são utilizados por dezenas de milhões de usuários, especialmente nos celulares.”

       

      Vai ser gratuito até alguém criar um aplicativo, dizer que é rede social e pedir equiparação da gratuidade… Para ser rede social precisa do que? “Adicionar amigo”, “criar post”, “enviar foto”…. WhatsApp é rede social? é… Google é rede social? É, pq tá tudo ligado no Google+. Skype é rede social? É… E por aí vai…

  3. E pensar que os brasileiros

    E pensar que os brasileiros ficaram dependentes de um unico deputado com extensa folha corrida. E ninguem faz nada, ninguem toma providencias. E o pior, teremos eleições e, mesmo assim, não vamos nos livrar de tal peça. Quase certo é que ele retornará com maior votação ainda. E não adiante dizer que é devido a grana (não há dinheiro que compre milhares (milhões?) de votos) de campanha. Os brasileiros sabem do seu curriculo e se o reelegem é porque são um bando de abestados.

  4. Sem lei seria bem pior. Com

    Sem lei seria bem pior. Com lei, já burlarão. Imagine sem. 

    Qual a diferença? A diferença é que a pelada terá regras; algumas por enquanto.

    É inaceitável não haver regras mais claras e específicas neste jogo de comunicação (internet).

    O simples fato de não querer regras específicas, mostra o talento ao capitalismo selvagem.

    As regras iniciais, básicas, estão aí, no marco civil da internet. Contestem sem faláceas tipo “liberdade, censura, impossível, deixa como está, byte com cor é mais caro, etc e etc) … Sabemos dos problemas que surgirão ? Vamos resolver, então.

    Qualquer outro caminho (sem regras) pode fazer o carro andar, mas com certeza agradando os acionistas, o capital, o mercado e o lucro.

    O que se pretende é tentar, por lei, por regras que se julgam mais DEMOCRÁTICAS.

    Burlar vão burlar de qualquer forma, mas que vença a democracia que é bem menos ruim. 

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