O que falta é um evento catastrófico!

 

Um evento catastrófico em ciências da natureza não significa que haja uma evento que instantaneamente surja uma catástrofe, mas sim que disparado o evento, que pode ser de pouca intensidade como a instabilidade da região perto deste gatilho é grande a tendência é que ele se amplifique e venha a causar agora sim, uma situação catastrófica.

Uma situação catastrófica é algo que é irreversível na natureza causando modificações notáveis da situação inicial, ou seja, passada a catástrofe a situação não retorna a condição inicial.

Pois bem, na sociedade brasileira está se chegando ao ponto de instabilidade que pode na presença de um pequeno gatilho gere-se um evento catastrófico, ou seja, qualquer evento notável que tenha capacidade de mobilizar parte da população pode gerar uma situação deste tipo.

As manifestações de 2013, que independente das suas origens, interesses diretos ou ocultos de grupos que apoiaram e ampliou o movimento inicial o evento ocorrido pode ser considerado um evento catastrófico, surgido de um gatilho inicial que foi o aumento de 20 centavos na passagem. A amplificação do evento catastrófico pode ter sido ampliada por condução da mídia, porém a atuação principal da mesma não foi na criação do evento, foi na manobra desta em direção diferente da inicialmente prevista. Diga-se de passagem que o evento foi de fraca intensidade devido a condição de estabilidade relativa que se vivia na época, se o governo tivesse sido um pouco mais ágil e eficiente poderia ter conseguido mudar o rumo da manifestação, pois ela, como dito, foi um evento de fraca intensidade.

Agora se analisarmos a situação nos dias atuais, com a introdução de leis antissociais, com a condenação do Presidente Lula, com a falência do governo Temer, com a crise econômica que permanece e com a provável ruptura de uma série de serviços públicos, temos um cenário que começa a demonstrar altos graus de instabilidade e quanto mais se amplifica esta instabilidade menor é a intensidade do gatilho necessária para que o evento catastrófico comece.

No artigo de Roberto Kraenkel, A falsa efetividade da matemática nas ciências sociais, tangencia-se o problema da representação do funcionamento do tecido social, como da mesma forma se evitou o mesmo problema no artigo de Eugene Wigner, A Desarrazoada Efetividade da Matemática nas Ciências Naturais, que foi utilizado como base do primeiro escapa também da representação do comportamento social, limitando-se a falar dos problemas de representação matemática das leis simples.

Porém como se vê nos artigos o problema principal é da incerteza das próprias leis físicas, que até um ponto aparecem como exatas e representando a natureza com uma alta acurácia, para posteriormente sofrer dentro do princípio da falseabilidade da ciência, ter demonstrar a sua hipossuficiência de passar de determinados limites.

Entretanto há uma forma de escapar deste enigma com uma técnica que é deplorada pelos físicos e matemáticos em geral, devido a sua simplicidade e efetividade. Esta técnica foi utilizada por N. Kolmogorov, um matemático e físico russo, que resolveu um problema altamente complexo simplesmente por esta técnica centenária, que se chama análise dimensional e teoria dos modelos. A base da Teoria dos Modelos contorna o equacionamento matemático, mas dá soluções nada elegantes, mas altamente efetivas resolvendo a natureza pelo uso da mesma como “máquina” de solução do problema.

Para simplificar o entendimento devemos nos dar conta que os aviões voam desde o início do século XX e todo o seu desenvolvimento por mais de um século progrediu sem a necessidade de complexas soluções matemáticas, mas sim deixando que uma natureza similar resolva pela sua própria existência a solução.

Em resumo, toda a fantástica busca de soluções para problemas que envolvem mais de poucas variáveis, era resolvida por técnicas primárias de engenharia que fizeram os aviões voar corretamente neste período sem que uma equação fosse resolvida. Simplesmente baseando numa premissa que se revelou correta, a simulação de um fenômeno físico por um modelo de menores dimensões análogo a situação que se queira conhecer, não necessita do conhecimento e solução de equações mais complexas, podendo mesmo  nem no modelo nem no protótipo se conhecer perfeitamente as leis físicas que os regem.

A petulância do homem que procura através de leis simplificadas representarem uma situação complexa, impedindo o reconhecimento que mesmo não se conhecendo corretamente estas leis é possível resolver situações bem mais elaboradas.

A Teoria dos Modelos é utilizada de forma empírica, sem este nome, nas ciências sociais. Definem-se situações similares e com aproximações não determinísticas estabelecem-se condições de semelhança entre as situações similares.

Os modelos sociais quando empregados para situações análogas são uma ótima ferramenta para a explicação de eventos do passado, porém quando da previsão de eventos futuros, pois as condições iniciais e as situações de contorno não são as mesmas cria-se dificuldades no processo de identificação de semelhança, desta forma a quantificação do resultado final é ajustado conforme a diferença de situações e conhecendo-se os resultados dos casos múltiplos que são reagrupados.

No uso de técnicas de modelação de eventos sociais futuros há dificuldades de ajustar mesmo em prazo médio a diferença das condições iniciais e de contorno, porém se baseando em conceitos de caos determinístico  é possível conseguir boas aproximações para um curto intervalo de tempo como é feito pelos meteorologistas.

Da mesma forma os fenômenos sociais de curta duração, aproximados pelo determinismo esperado e calculado num curto intervalo de tempo, são uma boa solução para previsão em curto prazo, e baseado nisto pode-se prever que se a condição de instabilidade na situação brasileira pode de carta forma prever a possibilidade de geração de fenômenos caóticos.

O que mais dá certeza na previsão desta previsão ao estabelecimento de uma condição catastrófica a partir de um gatilho inicial está na própria tentativa de estabilidade econômica obtida por uma teorização que tem se demonstrado totalmente inadequada para resolver um problema de crise. Quanto mais dogmática for à equipe econômica, quanto mais for conservada a mesma no poder, mais a situação de instabilidade se agrava.

Retornando a situação político-econômica, a geração de crises quase que semanais é resultado não das ações ou mesmo das inações do governo, mas sim da situação de instabilidade existente. A tentativa de estabilização via os mesmos procedimentos habituais, que já se mostraram ineficientes, prolonga a instabilidade e quando esta continua a ser alimentadas pelos mesmos esquemas tendem a aumentar a sua própria instabilidade e cada vez menor é o gatilho necessário para gerar uma situação catastrófica. Quando e como são as perguntas, que só poderão ser respondidas quando o gatilho fizer a sua função.

Redação

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